Revista inTerValo n° 273 - Março/1968 |
Vista aérea do Solar da
Fossa, demolido para dar lugar ao shopping Rio Sul
|
Botafogo, Rio de Janeiro, Pensão Santa Terezinha [Solar da Fossa] |
Modinha
composta pelo compositor baiano na época em que morava no Solar da Fossa.
"... fui morar no apartamento que tinha sido de Caetano e Duda [Machado], onde fiquei até o final de 1968. Dias depois da minha mudança, Caetano apareceu para pegar algumas coisas que tinham ficado para trás, entre elas o troféu de programa "Esta noite se improvisa" e uma partitura de uma música inédita, Não posso me esquecer do adeus, que seria gravada anos depois por Nana Caymmi".
"... fui morar no apartamento que tinha sido de Caetano e Duda [Machado], onde fiquei até o final de 1968. Dias depois da minha mudança, Caetano apareceu para pegar algumas coisas que tinham ficado para trás, entre elas o troféu de programa "Esta noite se improvisa" e uma partitura de uma música inédita, Não posso me esquecer do adeus, que seria gravada anos depois por Nana Caymmi".
[Sueli Costa, Solar da Fossa, página 96]
Música y letra: Caetano Veloso
© 1966 Musiclave Editora
Musical Ltda.
Não posso me esquecer do adeus
Te esquecer, meu amor
Que vou fazer dos sonhos meus
Sem você, meu amor?
A noite tão comprida
Depois da despedida
Não posso me esquecer do adeus
Nunca mais, nunca mais
Não posso mais viver em paz
Meu amor, sem você
Deste um adeus para jamais
Vou sofrer, vou morrer
O meu amor aflito
O teu olhar bonito
Não posso me esquecer do adeus
Nunca mais, nunca mais
Não posso mais viver em paz
Sem você, meu amor
Sem você, meu amor
1978 - QUARTETO em CY
6037 9626 / 1:33
Álbum "Querelas do Brasil"
Philips LP 6349 351, B-6.
1/6/1979 -
Programa do Show
“Quarteto
em Cy em 1000 Kilohertz", Teatro Vanucci, Shopping da Gávea (RJ)
|
Álbum "Alma Serena"
1996 - Fernanda Montenegro - Foto: Cristina Granato |
1996 - Marisa Gata Mansa [1938/2003] Foto: Cristina Granato |
Rosa Maria, Cissa Guimarães, Fernanda Montenegro, Lúcia Veríssimo,
Elymar Santos e Caetano Veloso |
Bibliografía
SINOPSE
VAZ, Toninho. Solar da Fossa - Um território de liberdade, impertinências, ideias e ousadias. Rio de Janeiro: Casa da Palabra, junho 2011. 2ª Edição. 256 páginas.
Sai amanhã 'Solar da Fossa', livro que conta saga da pensão onde fermentou, nos anos 60, o caldo do pop nacional
O GLOBO
Toninho Vaz reconstitui a vida artística e criativa
que ocupou o Solar da Fossa, ou a pensão Santa Teresinha, uma mítica construção
colonial que foi fechada e demolida em 1972 para a construção do shopping Rio
Sul. O lugar foi freqüentado por uma turma libertária e talentosa da qual
fizeram parte Caetano Veloso e Paulinho da Viola. O livro procura resgatar uma
parte do cotidiano carioca, revelando histórias reais que tiveram o Solar como
cenário. Um relato precioso sobre o Rio de Janeiro e seus personagens mais
ilustres.
São
Paulo, quarta-feira, 18 de março de 2009
Autor bloqueia publicação de livro sobre o Solar da Fossa
DA SUCURSAL DO RIO
O jornalista Toninho Vaz, 61, obteve anteontem uma
liminar impedindo que a editora Record distribua nesta semana seu livro
"Solar da Fossa". Vaz diz que a edição é "uma versão
desatualizada de 2007" e sem fotos, pois ele recolheu o material após o
fim do contrato, em 18 de janeiro passado.
VAZ, Toninho. Solar da Fossa - Um território de liberdade, impertinências, ideias e ousadias. Rio de Janeiro: Casa da Palabra, junho 2011. 2ª Edição. 256 páginas.
O ESTADO DE S. PAULO
Casa da mãe Jurema
Sai amanhã 'Solar da Fossa', livro que conta saga da pensão onde fermentou, nos anos 60, o caldo do pop nacional
Jotabê
Medeiros
07
Julho 2011
De
1964 a 1971, uma pensão instalada num casarão de dois andares na Avenida Lauro
Sodré, em Botafogo (onde hoje é o Shopping RioSul) abrigou a grande faísca da
cultura pop brasileira. Ali viveram, em momentos simultâneos ou distintos, Gal
Costa, Tim Maia, Paulo Coelho, Paulinho da Viola, Betty Faria, Antônio Pitanga,
Zé Kétti, Guarabyra, Caetano Veloso, entre inúmeros outros.
Os
de passagem eram igualmente famosos: o bailarino Lenny Dale, o escritor francês
Jean Genet, o cantor Milton Nascimento, o ator José Wilker, o artista plástico
Hélio Oiticica. Ali foram gestadas canções como Alegria Alegria, de Caetano Veloso, e Sinal Fechado, de Paulinho da Viola. O guitarrista dos
Fevers e o policial do esquadrão da morte Mariel Mariscott exibiram sua batida
(o primeiro) e suas correntes de ouro (o segundo).
"Curtíamos a falta de comida e a luta pelo sucesso", conta hoje a atriz Darlene Glória.
O Solar da Fossa ficou para a cultura pop
brasileira como o Chelsea Hotel para a cultura pop nova-iorquina (no lendário
Chelsea viveram artistas como Patti Smith, Robert Mapplethorpe, Joni Mitchell,
Janis Joplin, Jimi Hendrix, Leonard Cohen e outros). O problema é que a história
do Solar esfarelou-se com sua demolição, em 1974.
Finalmente, chega às livrarias amanhã um volume que
conta toda essa história, remontada pelo escritor curitibano Toninho Vaz (autor
de O Bandido que Sabia Latim, biografia de Paulo Leminski). Solar da Fossa - Um Território de
Liberdade, Impertinências, Ideias e Ousadias (Ed. Casa da Palavra)
chega com um atraso de 3 anos - chegou a ser impresso na Ed. Record, mas um
desacordo entre autor e editora melou a publicação.
Na pensão da sexy e misteriosa Dona Jurema, figura
que excitava a imaginação dos moradores (e que é descrita por Caetano Veloso no
libro Verdade Tropical), o mundo cultural brasileiro como o conhecemos
hoje dividia cigarros e bebidas e sonhava com o futuro. Chico Buarque conheceu
Marieta Severo ali naquele pátio. Caetano compôs ali sua primeira canção
tropicalista, Paisagem Útil.
Solar da Fossa era o nome de "fantasia"
do local, batizado pelo carnavalesco salgueirense Fernando Pamplona - que foi
parar lá após separar-se da mulher. Seu verdadeiro nome era Pensão Santa
Terezinha. O homem ia à Lua, vivia-se a Era de Aquarius, o AI-5 tolhia as
liberdades políticas, Charles Manson assassinava Sharon Tate. No Solar, o clima
era outro: solidariedade, parcerias artísticas, delírio, ritmo dionisíaco regado
a uísque London Tower e conhaque Dreher. E galhofa. O compositor Guarabyra
dedicou-se a usar seu gravador para registrar ruídos de uma transa do ator
Antônio Pedro com a namorada, e cujo resultado foi exibido no Teatro Casa
Grande.
Quase ninguém tinha carro, atravessava-se o Túnel
Novo a pé; jogavam-se peladas no pátio, ensaiavam-se peças de teatro e musicais
pelos quartos, escreviam-se romances que mudariam a história da literatura (foi
lá que Paulo Leminski escreveu o seu famoso Catatau). "A média de idade no
Solar devia ser de 23, 24 anos. Eu era dos mais jovens - 19 anos quando fui
morar lá, em dezembro de 1967, depois de mais de um ano de flerte com o
lugar", conta o escritor Ruy Castro.
"No meu apartamentinho no Solar da Fossa, comecei a compor uma
canção que eu desejava que fosse fácil de apreender por parte dos espectadores
e, ao mesmo tempo, caracterizasse de modo inequívoco a nova atitude que
queríamos inaugurar", escreveu Caetano Veloso em suas
memórias. "Tinha de ser uma marchinha alegre, de algum modo contaminada
pelo pop internacional, e que trouxesse na letra algum toque crítico-amoroso
sobre o mundo no qual esse pop se dava". E assim nasceu Alegria Alegria
("Mandei plantar / folhas de sonho no Jardim do Solar").
"O Solar tem um perfil mítico porque muito se
fala dele e pouco se conhece. A maioria diz: Eu já ouvi falar!", conta o
autor, Toninho Vaz. Ao contrário da tradição europeia e americana, que põe
plaquinhas nos lugares onde a História se desenvolveu, do Solar - ficaria ali
entre o Canecão, o Shopping e o túnel - não sobrou nem poeira. Vive só na
memória dos que o habitaram.
NASCIDAS NO SOLAR
Músicas
compostas no local
-
Cristina e Padre Cícero, de Tim
Maia
-
Alegria Alegria; Panis et Circenses e Paisagem Útil, de
Caetano Veloso
-
Quero voltar pra Bahia;
Pingos de amor; Um chope pra distrair,
de Paulo Diniz
-
Roda Viva, o arranjo do
MPB 4 para a música de Chico
-
Sinal Fechado, Paulinho
da Viola
-
Stella, de Fabio
Toninho
Vaz trabalhou no projeto durante três anos - ele foi amigo de dois moradores
ilustres, os poetas Paulo Leminski e Torquato Neto. "Mas eu nunca morei na pensão. Apenas pude ver rapidamente o
casarão pelo lado de fora". Quando pediu uma entrevista para um outro
ilustre antigo morador, o escritor Ruy Castro, ele teve uma surpresa: o
escritor (que não conhece pessoalmente) não só o ajudou com dicas e memórias
como ainda se dispôs a escrever o prefácio do volume.
Vaz
crê que existam poucos registros fotográfico do Solar porque "era uma
época onde as xeretas imperavam e poucos moradores do Solar tinham uma câmera;
eram ‘duros’". O autor pretendia que o libro Solar da Fossa saísse em 2009, mas, segundo
conta, a antiga editora, Record, deixou o prazo do contrato, de três anos,
vencer. "O contrato estava anulado naturalmente, por negligência da
editora. Eu fiz um comunicado acusando isso. Eles, então, imprimiram o livro à
noite, depois de terem me devolvido os originais", conta.
Foi
um quiproquó. Toninho Vaz conseguiu recolher os livros com uma liminar. Os já
impressos ficaram armazenados nos últimos anos na editora, cerca de 4 mil
exemplares. "Poucos exemplares
vazaram, principalmente com defeitos de gráfica que foram parar em sebos. O
juiz arbitrou em R$ 50 cada exemplar colocado à venda. Eles recolheram o pouco
que tinha saído", lembra.
Quando
foi anunciado o despejo do Solar, o Rio chorou. "Para onde irão agora os artistas pobres, os provincianos, as
meninas desquitadas?", escreveu em sua coluna no Jornal do Brasil o
cronista José Carlos de Oliveira. "Deixei
o Solar como morador em 1969 e, por sorte, estava longe quando o demoliram. Até
hoje sinto certo travo em subir ao shopping que construíram em seu lugar",
diz Ruy Castro.
Gal Costa, no Solar da Fossa |
2015 |
O GLOBO
Solar da Fossa, berço da cultura brasileira, vai virar musical
POR CLEO
GUIMARÃES
06/02/2015
Tudo vira musical hoje em dia, e é claro que o
Solar da Fossa, casarão de Botafogo que reuniu os maiores talentos da cultura brasileira
— Caetano, Gal Costa, Paulinho da Viola,
Tim Maia, Paulo Leminski— no
período mais duro da ditadura militar, não ia ficar de fora dessa. Com texto de
Daniela Pereira de Carvalho e direção de Felipe Vidal, “Contra o vento” estreia
em abril, no CCBB.
Aliás e a propósito
Foi lá que Caetano compôs “Alegria, alegria”. A
casa, onde hoje fica o shopping Rio Sul, é homenageada em “Panis et circencis”.
(“Mandei plantar folhas de sonhos no jardim do Solar...”).
Maio 2015 |
O espetáculo musical tem como pano de fundo o Solar
da Fossa, lendária pensão que funcionava num casarão do final do século 18,
situado no bairro carioca de Botafogo, onde moraram nomes fundamentais das
artes e do pensamento nos anos 1960, como Caetano Veloso, Gal Costa, Tim Maia,
Paulo Leminski, Paulo Coelho, Aderbal Freire Filho, Capinan, Zé Kéti, Paulinho
da Viola, Guarabyra, Naná Vasconcelos, Betty Faria, Tânia Scher, Paulo Diniz,
Adelson Alves, Fernando Pamplona, Nelson Ângelo, Fábio, Rogério Duarte, Ronaldo
Duarte, Ruy Castro, Clóvis Brigaggão, Moreira Franco, Cristovam Buarque, Sueli
Costa.
O musical conta a história de um diário (fictício),
que teria sido encontrado quando da demolição do Solar da Fossa. Este diário
tem, presas à sua capa, somente as primeiras páginas, datadas de 1967, e as do
final, de 1969, todo o conteúdo do meio estaria espalhado por entre páginas
desordenadas, organizadas em três blocos. A plateia toma conhecimento disso por
intermédio dos atores do espetáculo, que no início de cada apresentação mostram
ao público este diário, repleto de relatos escritos, desenhos, fotos, poemas
concretos e mensagens cifradas.
As canções do espetáculo:
1. PRA CADA NÃO, UM SIM (Música e
Letra: Luciano Moreira)
2. BEM-VINDA AO SOLAR (Música e Letra:
Felipe Vidal e Luciano Moreira)
3. UM DIA DESSE, EU ME CASO COM VOCÊ (Música:
Kassim / Letra: Torquato Neto)
4. YES, NÓS TEMOS BANANAS (Música e
Letra: Braguinha)
5. PENETRADA PELO TEATRO (Música: Felipe
Vidal / Letra: Daniela Pereira de Carvalho)
6. FRENTE PLURIPANSEXUAL (Música e
Letra: Felipe Vidal)
7. DOMINGO NO PARQUE (Música e Letra: Gilberto
Gil)
8. CABEÇA MATE (Música: Luciano Moreira / Letra: Felipe Vidal e
Luciano Moreira)
9. PANIS ET CIRCENCIS (Música e
Letra: Caetano Veloso e Gilberto Gil)
10. TÃO LEVE (Música: Luciano Moreira / Letra: Felipe Vidal e
Luciano Moreira)
11. ROCKSAMBA (Música: Luciano Moreira / Letra: Felipe Vidal e
Luciano Moreira)
12. FOR HER (Música: Luciano Moreira / Letra: Felipe Vidal)
13. CAÓTICO (Música: Luciano Moreira / Letra: Felipe Vidal)
14. TRÊS DA MADRUGADA (Música: Carlos
Pinto / Letra: Torquato Neto)
15. TEMA DE ANA (Música e Letra: Felipe
Vidal)
16. PORTAS ABERTAS (Música e Letra: Felipe
Vidal e Luciano Moreira)
17. PARQUE INDUSTRIAL (Música e
Letra: Tom Zé)
18. O MEU LUGAR É AQUI (Música:
Luciano Moreira / Letra: Felipe Vidal e Luciano Moreira)
19. SINAL FECHADO (Música e Letra: Paulinho
da Viola)
20. GRAN CIRCO ROMANO (Música e
Letra: Luciano Moreira)
21. ALEGRIA, ALEGRIA (Música e Letra: Caetano
Veloso)
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