O
nome do filme se refere a uma frase que certa vez Caetano Veloso falou para
Ricardo Barreto: ‘Essa música (Você não soube me amar) foi feita por quatro autores, né? Você sabia que
parceria de mais de três foi o diabo que fez?’”.
9, 10 e 11 de fevereiro de 1982 |
1982
BLITZ
[Evandro Mesquita /
Ricardo Barreto / Antônio Pedro / William Forghieri / Márcia Bulcão / Fernanda
Abreu / Lobão]
A. VOCÊ NÃO SOUBE ME AMAR (Evandro Mesquita/Guto Barros/Ricardo Barreto/Zeca Mendigo)
B.
EMI – ODEON S 7” n° 31C 004
420228
1982
BLITZ
[Evandro Mesquita /
Ricardo Barreto / Antônio Pedro / William Forghieri / Márcia Bulcão / Fernanda
Abreu / Lobão]
A. VOCÊ NÃO SOUBE ME AMAR (Evandro Mesquita/Guto Barros/Ricardo Barreto/Zeca Mendigo)
B. VOCÊ NÃO SOUBE ME AMAR (Evandro Mesquita/Guto Barros/Ricardo Barreto/Zeca Mendigo)
Valentim de Carvalho / EMI S
7” (45 rpm) n° 11C 008-420215 [Portugal]
Foto: Luiz A. Novaes / Folhapress |
Foto: Luiz A. Novaes / Folhapress |
Foto: Luiz A. Novaes / Folhapress |
Vetadas pela censura: Ela quer morar comigo na lua
e Cruel
cruel esquizofrenético blues
1982
BLITZ
[Evandro Mesquita /
Ricardo Barreto / Antônio Pedro / William Forghieri / Márcia Bulcão / Fernanda
Abreu / Lobão]
Álbum AS AVENTURAS DA BLITZ
EMI-Odeon LP 31C 064 422919.
Direção
de Produção: Mariozinho Rocha
1983
Revista Contigo!
n° 419 - 1 de outubro de 1983
Lançamento do segundo LP do Blitz: 10 de setembro de 1983.
1983
BLITZ
[Evandro Mesquita /
Fernanda Abreu / Marcia Bulcão / Ricardo Barreto / Antônio Pedro Fortuna / William
"Billy" Forghieri / Juba]
Álbum
“Rádio Atividade”
EMI
ODEON LP 31C 064 422934
Lado A
1. A
ÚLTIMA FICHA (Ricardo Barreto/Evandro Mesquita/Chacal)
2. RIDÍCULA (Evandro Mesquita/Ricardo Barreto)
3. CHARME
DE ARTISTA (Bernardo Vilhena/Ricardo Barreto)
4. SÓ O
AMOR (Antônio Pedro/Ricardo Barreto/Evandro Mesquita)
5. A
DOIS PASSOS DO PARAÍSO (Evandro Mesquita/Ricardo Barreto)
6. APOCALIPSE
NÃO (Evandro Mesquita/Ricardo Barreto)
Lado B
1. WEEKEND (Ricardo Barreto/Evandro Mesquita)
2. MEU
AMOR QUE MAU HUMOR (Antônio Pedro/Evandro Mesquita)
3. O
TEMPO NÃO VAI PASSAR (Fernando Negreiros/Ricardo Barreto/Evandro
Mesquita)
4. BETTY
FRÍGIDA (Antônio Pedro/Patrícia Travassos/Ricardo Barreto/Evandro Mesquita)
5. RÁDIO
ATIVIDADE (William Forghieri/Chacal/Ricardo Barreto/Evandro Mesquita)
6. BIQUINI
DE BOLINHA AMARELINHA TÃO PEQUENININHO [Itsy bitsy
teenie weenie yellow polkadot bikini] (Lee Pockriss/Paul Vance – Versão: Hervé Cordovil)
Equipe de produção durante as filmagens |
MAIS
DE TRÊS FOI O DIABO QUE FEZ
Ano: 2012
15 min
Direção:
Leonardo Souza
Produção: Daniel Accioly
Edição: Alan Ribeiro e Tita Berredo
Fotografia: Leonardo Magliano
Assistente de fotografia: Leonardo Neumann
Som direto: Ivan Mussa
Produção: Daniel Accioly
Edição: Alan Ribeiro e Tita Berredo
Fotografia: Leonardo Magliano
Assistente de fotografia: Leonardo Neumann
Som direto: Ivan Mussa
A
exibição do documentário “Mais de Três Foi O Diabo Que Fez”, que conta a
história da canção “Você não soube me amar”, da Blitz, foi no Cine Jóia,
lendária sala de cinema de Copacabana, apenas para convidados, no 30 de
setembro de 2012.
Evandro Mesquita |
O ESTADO DE S.PAULO
Há 30 anos, Blitz derrubava o mau humor do
rock nacional
Documentário 'Mais de Três' conta história da
banda
Julio
Maria
17
Fevereiro 2012
A
criação da juventude se deu em Saquarema, Rio de Janeiro, em um dia de verão de
1982. Seu autor é um surfista das antigas que odiava quando se referiam a ele
como Zeca Mendigo - prefere Zeca Proença até hoje. Sem vontade de ser nada além
do que já era, com uma vida que se resumia a pegar ondas na praia de Itaúna e a
tocar rock and roll à beira da fogueira, Zeca rascunhou um refrão de cinco
palavras que um dia poderia virar música, ou não. "Você não soube me amar,
você não soube me amar." A letra criou asas e saiu voando da região dos
Lagos para Ipanema. Caiu nas mãos de uma outra banda de rock, ganhou arranjos,
solo de guitarra, estrofes gigantes, entrou em um estúdio e saiu aos milhares
em formato de LP. Num país em que os velhos estavam tensos e os jovens pareciam
velhos demais, Você Não Soube Me Amar era um choque de vida nos
espíritos revolucionários da época. Ao ser lançada primeiro em EP (os
disquinhos que traziam uma música de cada lado) e depois em LP, ajudaria a
banda Blitz a sair vendendo mais de 1 milhão de cópias com um discurso ingênuo
apenas na superfície.
A
história da canção que fez eclodir a banda Blitz em 1982, e que por tabela
ajudou a criar o rock brasileiro dos anos 1980, será contada no documentário de
curta duração chamado Mais de Três Foi o Diabo Que Fez, uma referência
às quatro cabeças que assinam a música: Zeca Proença (o surfista autor do
refrão), Evandro Mesquita (que recebeu o refrão de um amigo que tinha em comum
com Zeca), Guto Barros (guitarrista da Blitz que pensou nos arranjos, harmonia
e melodia), e o guitarrista Ricardo Barreto (que completou a letra com
Evandro). Ao saber da poliautoria, Caetano Veloso disse a frase que batizaria o
projeto. O filme deve estrear somente no circuito de festivais, em março.
Os versos de Zeca foram sendo
lapidados por um longo caminho até serem gravados no EP que tinha de um lado Você
Não Soube Me Amar e, do outro, uma voz que repetia "nada, nada, nada,
nada". A brincadeira vendeu 100 mil cópias em três meses.
Sessenta dias depois de
lançada, aparecia de novo no LP As Aventuras da Blitz. "Foi uma
música criada em meio àquela cultura de surfe dos anos 80", diz Zeca
Proença.
O
restante da letra de Você Não Soube Me Amar, o equivalente a 90% do
todo, foi inspirada em um espetáculo que Evandro dirigia à época no grupo
teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone, semente da Blitz que tinha como casa o
Circo Voador, na divisa das Praias de Ipanema e Copacabana. "Existia uma
cena onde o ator contracenava com seis ou sete garotas. Elas representavam na
verdade uma mulher que, de tão boa, era várias em uma só. A letra estava sendo
desenvolvida, mas, por ser grande e meio falada, estava difícil de ser
musicada", diz o produtor do documentário, Daniel Accioly, 26 anos (nenhum
dos parceiros de Accioly no projeto tem idade para ter curtido 1982 com a
idolatria que se instalou nas rádios FM a partir da gravação da Blitz. O
diretor Leonardo Souza tem 22 anos e a editora Tita Berredo, 24). A tarefa de
fazer aqueles versos virarem música ficou com o guitarrista Guto Barros. Apenas
com um refrão pronto, ele criou o riff de guitarra e musicou as partes.
Quando
o Circo Voador ficou pequeno para a Blitz, que tinha em sua formação o
baterista Lobão e a bailarina e backing Fernanda Abreu, a censura cresceu os
olhos. Nem tudo seria verde limão e rosa new wave para um grupo que chegava ao
Olimpo tão rápido. Cruel, Cruel Esquizofrênico Blues e Ela Quer Morar Comigo
Na Lua receberam o carimbo de impróprias. Em sinal de protesto, Evandro e
amigos riscaram a master do LP com um prego, fazendo com que todas as cópias
saíssem com o que Evandro chama hoje de cicatriz. "A ideia era passar ao
público a agressão que sofremos." Mais tarde, as duas músicas censuradas
seriam lançadas em um novo compacto.
Foi
preciso ali dar um chute na porta, nas palavras de quem viveu os primeiros anos
da década de 1980 sob a lona do Circo Voador. E pior, a porta estava fechada
com cadeado. A música brasileira não estava para piadas, com artistas ainda
tateando no escuro de uma ditadura traumática. O presidente João Baptista
Figueiredo vinha em um processo de abertura mais lenta do que gradual e a
inflação batia nos 200% ao mês. As rádios e TVs não tinham clima para festa. Os
artistas ouviam a Blitz e torciam o nariz. Quando o segundo disco chegou, em
1983, com o nome de Radioatividade e dois cavalos de batalha, a balada A
Dois Passos do Paraíso e a quase censurada Betty Frígida, não deu
para segurar. A nova juventude estava criada. E o rock virou pop.
ENTREVISTA
- Evandro Mesquita
'Ainda
temos flecha'
Ninguém
sabia ao certo no que aquelas brincadeiras todas poderiam dar. Evandro Mesquita
lembra bem de quando o seu carrossel começou a girar.
Vocês sabiam o que estavam fazendo naquele
momento?
Queríamos
fazer música que a gente curtisse, os amigos, namoradas e família. Queríamos
fazer o que não ouvíamos nas rádios. Ouve um período que nada acontecia depois
dos Mutantes, Novos Baianos e Raul, fora os mestres Gil, Caetano e Chico. Mas a
música da minha geração não tinha vez nem voz nas gravadoras, rádios e TVs.
Antes de querer gravar não tínhamos a menor esperança de abrir essas portas das
gravadoras e seus homens de terno. Depois dos primeiros shows, sentimos no
bairro e na praia que nossa galera adorava e queria mais!
Como foi que a classe artística viu a chegada
da Blitz?
Caetano
Veloso falava da nossa Disneylândia pop. Gilberto Gil disse que demos uma blitz
na MPB. Paulinho da Viola assistiu a um show nosso no Canecão e falou que
começou a ter mais simpatias pelo rock. Dorival Caymmi foi ao camarim do
Canecão nos abençoar. Roberto nos chamou para uma grande participação em seu
especial de fim de ano.
Rock, no momento, não era coisa séria demais?
O
Rio era mais o berço do samba e Sampa sempre foi mais rock and roll, mas tinha
aquela onda dark, todos de preto e com cara de bandido. O que não tinha muito a
ver com nossa realidade de praia, verão e cores. Viemos nessa contramão, o que
incomodou muita gente. Estávamos impregnados de Bob Marley e sua sonoridade
tropical com energia rock. Hoje, a Blitz segue na turnê sem fim. Enquanto
houver bambu... tem flecha.
No hay comentarios:
Publicar un comentario