FOLHA DE S.PAULO
Ilustrada
12 de janeiro de 1972
"Caetano: 'Quero viver na Bahia'"
Achando
tudo maravilhoso, até o próprio calor, Caetano Veloso chegou ontem, às 6 horas,
ao Rio. Ele está preocupado apenas em desfazer "uma grande confusão que a
nossa imprensa criou sobre minhas últimas apresentações no
exterior"."Não fui sucesso, mas não fui fracasso. As pessoas que se
interessam por música ficaram 'ligadas' em mim porque eu oferecia alguma coisa
de novo e isso acontece com quase todos que aparecem por lá", afirmou.
Seus
shows no Brasil (3 no Rio, 2 em São Paulo, 1 no Recife, e 2 na Bahia) servirão
para explicar isso, através de bate-papos e músicas, que ainda não foram
liberadas pela censura.
Portas
abertas
"Eles
estão lá na piscina", informava Irene, a irmã mais nova de Caetano, a
todas as pessoas que apareciam na porta do apartamento de Maria Bethânia, onde
o compositor e a mulher, Dedé, ficarão até embarcarem para São Paulo.
Desde a
hora da chegada de Caetano até às 13 horas, as portas do apartamento ficaram
abertas e os curiosos ou fãs eram recebidos com o sorriso de Irene e um convite
para irem ao terraço. Lá em cima, Cae, Bethânia, Gal Costa, Dedé, e mais cinco
amigos conversavam a respeito do sol. "É muito diferente vir ao Brasil no
verão. As pessoas estão lindas, maravilhosas, douradas. Fica tudo mais
alegre", dizia o compositor.
Dentro
da piscina a manhã inteira, Caetano brincava com Bethânia, rindo das novidades
e reclamando do cansaço. Preocupados em não aborrecer Cae, todos mantinham um
clima de brincadeira, trocando de assunto a cada minuto.
Do sol, passaram a
comentar uma almofada com fotos de mulheres nuas, trazida de Londres. Muitas
risadas e um novo papo: o show de Gal no Teatro Opinião, que Caetano pretendia
assistir à noite.
A
ambientação do instrumentista inglês Chris Burton no Rio foi o único assunto
que resistiu mais de cinco minutos. Caetano riu muito quando soube que Chris
estava desde cedo na praia, beijando todas as pessoas que encontrava, e
resolveu explicar as razões do comportamento do inglês. "As pessoas em
Londres nunca se beijam, mas nós, brasileiros, costumávamos nos abraçar e
beijar sempre que nos encontrávamos. Chris estava sempre conosco e ficou
achando que isso era um costume da nossa terra. Agora ele deve estar criando
mil confusões e ainda vai acabar se dando mal".
Bahia
Depois
de "matar as saudades" e procurar saber de Macalé, que chegou sábado
último e ontem não esteve na casa de Bethânia, Caetano resolveu dormir e
recebeu, com um leve protesto, o pedido de uma entrevista. "O que vocês
querem saber? Eu quero dormir". No quarto, ao mesmo em que dizia a Dedé
que tomaria banho depois do almoço e que só queria uma roupa seca pra poder
deitar, o compositor falou rapidamente sobre sua vida em Londres e sua
programação para a temporada de três meses no Brasil.
12/1/1972 - Logo
após sua chegada, Caetano Veloso recebeu os jornalistas de calção de banho junto de
seu violão
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15 de janeiro de 1972 - Foto: Carlos Mesquita |
1972
Revista fatos e fotos
n° 573 – Ano XI
Brasília, 27 de janeiro
Revista fatos e fotos
n° 573 – Ano XI
Brasília, 27 de janeiro
Fotos: Equipe da FeF
1972
Revista
Manchete
nº
1.032 - Ano 20
Rio de Janeiro - 29
de janeiro de 1972
Pág. 24-29
Gil - Caetano
Bethânia - Gal
A CURTIÇÃO DOS
4 BAIANOS
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