martes, 1 de diciembre de 2015

2012 - PRIMAVERA CARIOCA


 


 

"Vamos festejar a primavera carioca", diz Caetano em show histórico com Chico Buarque


"Decidi fazer um show em homenagem ao Rio de Janeiro, que se chamará Primavera Carioca, por todas as razões reais e metafóricas implicadas. Vou contar com a participação do Trio Preto+1 em algumas das canções que falam do Rio e de seus lugares. Terei ainda a presença do meu incrível colega Chico Buarque, que nunca se apresenta sozinho ao violão, fazendo um clássico da canção brasileira como nunca ninguém viu ao vivo. Sua simples presença, mesmo que ele ficasse calado, já significaria muito, poder tê-lo cantando e me acompanhando numa obra-prima será experiência única para nós dois e para quem vá ao Oi Casa Grande no dia 11 de setembro.

Tomei a decisão pessoal e cidadã de doar a bilheteria do show para a campanha de Marcelo Freixo, cuja candidatura à prefeitura do Rio - acontecimento de grande importância para a política brasileira- é apoiada por mim e por Chico. Essa campanha se ampara no empenho dos que sabem de sua relevância, já que não conta com muito tempo na TV nem tem o apoio dos poderosos. Considero acontecimento de grande significação que Chico Buarque e eu estejamos pela primeira vez atuando na campanha de um mesmo candidato, o que também prova o significado único da candidatura de Freixo."



O GLOBO

O mapa musical de Caetano

No show ‘Primavera carioca’, com participação de Chico Buarque, o artista lança um olhar pessoal sobre a cidade a partir de canções suas e de outros

por Leonardo Lichote

08/09/2012



Caetano faz show no Teatro Oi Casagrande Camilla Maia / Agência O Globo

RIO - Dentro do trem, ao passar pelo Teatro de Madureira, um Caetano Veloso adolescente ouvia a prima contar a trágica história da vedete Zaquia Jorge, fundadora da casa e da companhia que a ocupava, e que morreu afogada em 1957. Alguns anos depois, no carnaval de 1965, o compositor ouviu um samba-enredo na avenida pela primeira vez. Aprendeu sua letra ali, na rua, durante o desfile, e nunca mais a esqueceu. Os dois momentos serão invocados no show “Primavera carioca”, que o artista faz na próxima terça-feira, às 21h, no Teatro Oi Casa Grande, com participações de Chico Buarque e Trio Preto +1 — a apresentação especial marca seu apoio ao candidato a prefeito Marcelo Freixo, com a bilheteria revertida para sua campanha (os ingressos estão esgotados).

Os episódios estarão presentes nas canções “Madureira chorou” (Júlio Monteiro/ Carvalhinho), uma homenagem a Zaquia, e “Os cinco bailes da história do Rio” (Dona Ivone Lara/ Bacalhau/ Silas de Oliveira), o tal samba-enredo (do Império Serrano) ouvido na Presidente Vargas. As canções estarão juntas a outras tantas, de Caetano e de outros compositores, entrelaçadas como num roteiro de cinema, num filme cujo cenário e protagonista é o Rio do compositor.


— Faço os shows sempre assim, como um roteiro de filme — explica Caetano. — Uma coisa responde a outra e termina criando uma peça meio poética que é o show como um todo. Gosto muito disso. Queria ser cineasta, aquilo satisfaz minha fome de cineasta. Tem coisas que nem sei se o espectador capta, mas são ligações internas, que dão uma coesão ao espetáculo dentro de mim. Ajuda o show a ter caráter.

Envolvido com a gravação de seu próximo disco (com lançamento previsto para novembro), Caetano ainda não conseguiu pôr o ponto final no repertório (“Esses shows assim, mais livres, de voz-e-violão, muitas vezes eu fecho só no local, antes de entrar”). Mas já tem algumas marcações no mapa pessoal da cidade que traçará no show:


— Quero cantar “O X do problema” (de Noel Rosa) porque adoro e porque é o Estácio. “Mangueira”, do Assis Valente, por ser deslumbrante e por ele ser baiano. É um samba especialmente bonito: “Não há/ Nem pode haver/ Como a Mangueira não há” (canta). Que começo maravilhoso! Vai ter uma ou duas coisas da bossa nova, ainda não sei o quê, algo de Menescal, Tom Jobim.


Pagode romântico no novo CD


No filme-show-memória de Caetano, os clássicos de outros compositores conversarão com o Rio múltiplo que aparece em suas próprias canções.


— Tem o Rio solar, mas também tem o de “Falso Leblon”, que é sombrio, chuvoso — avalia. — Tenho uma que se chama “Meu Rio” que traça esse mapa pessoal. Queria tocá-la, assim como “Falso Leblon”, mas teria que treinar para isso, não sei se conseguirei. “Menino do Rio” vou cantar com certeza, “Lapa”, talvez “Tempo de estio”. “Tigresa”, certamente.

Numa rara aparição tocando violão sozinho, Chico fará um dueto com Caetano numa canção escolhida pelo baiano:


— Não é nem minha nem dele, é um clássico do repertório nacional, que já o vi cantar tocando violão. Quando sugeri, ele disse: “Puxa, agora você me ajudou.” Vou fazer ele cantar, esticar o máximo possível, porque é um momento muito interessante, fora do comum.

A participação do Trio Preto + 1 (Pretinho da Serrinha, Miudinho, Nene Brown e Didão) terá, entre outros momentos, o samba-enredo “É hoje” (Mestrinho/ Didi), da União da Ilha, gravado em 1983 por Caetano. À parte do roteiro carioca, sucessos como “Leãozinho” e “Sozinho” (Peninha) completam o repertório do show.


O CD que prepara, ainda sem nome, fecha a trilogia com a Banda Cê (iniciada com “Cê” e prosseguida com “Zii e zie”). Caetano diz que ele traz um tanto do caráter íntimo do primeiro e também o olhar crítico e analítico do segundo:


— Tem os dois lados em grande intensidade, embora seja mais relaxado. Não sei se vai resultar mais leve, mas mais relaxado. E talvez seja o mais simples dos três.

Entre os terrenos que explora em seu novo disco, Caetano fala do pagode romântico:


— Meu filho mais novo, que tem 15 anos, ouve funk e pagode. Ele é jogador de futebol e tem um gosto de jogador de futebol (risos). E eu adoro, fico com ele ouvindo no carro. Então, quando eu disse que estava fazendo uma canção nessa linha, ele ficou animadão. Eu poderia fazer uma imitação, mas não quero, é meio pongar na onda alheia. Vou me referir mas não vou imitar. Mostrei finalmente a ele, que falou: “É, legal, mas por que você não fez parecido com pagode?”




"Vamos festejar a primavera carioca", diz Caetano em show histórico com Chico Buarque



Fabíola Ortiz

Do UOL, no Rio de Janeiro

12/09/2012



“Vamos festejar a chegada da primavera carioca”, anunciou Caetano Veloso em show intimista no Teatro Oi Casa Grande no Rio de Janeiro, na noite desta terça-feira (11), que dividiu o palco numa histórica participação com Chico Buarque.

Com um setlist de 20 canções e dois bis, o show foi oferecido por Caetano para apoiar a campanha do candidato Marcelo Freixo (PSOL) à prefeitura do Rio de Janeiro. Por decisão da justiça eleitoral, Freixo não foi autorizado a comparecer ao show. O deputado estadual obteve a autorização do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) para a realização do evento contanto que não estivesse presente e não houvesse menção à sua candidatura.
A casa já estava lotada às 21h por fãs, eleitores e famosos. O show foi intitulado “Primavera Carioca” e lotou os 926 lugares de capacidade da casa. Os ingressos foram vendidos a R$ 360 ou R$ 180 a meia-entrada. Pelo menos R$ 160 mil foram arrecadados para a campanha do Freixo.


Apresentação intimista e cenário austero

Durante 1h40 de show, Caetano, vestido de branco, fez uma apresentação intimista com cenário austero. O artista baiano começou com "Luz do Sol", "O X do Problema", "Copacabana" e "Você é Linda", emocionando o público.
Foram 14 canções solo de Caetano apenas voz e violão. Ele seguiu com "Menino do Rio", acompanhado aos sussurros pelo público, "Pé do meu Samba" e "Ela é Carioca".
"Boa noite, viemos festejar a chegada da primavera carioca. Hoje eu quero dizer que sou muito do Rio de Janeiro. Eu nasci na Bahia, mas vim com 13 anos para o Rio. O Rio é a cidade dos brasileiros, como diz João Gilberto, sobretudo no passado quando era o centro cultural do Brasil”, disse.
Num setlist escolhido com canções de amor à cidade carioca, no palco, Caetano contou casos da infância e lembranças de quando morava em Guadalupe, no subúrbio carioca. “Eu vinha para a Central de ônibus pela Avenida Brasil”, recordou. O artista comentou ainda que passeava por bairros como Cascadura, Madureira e Marechal Hermes, na zona norte.
Para anunciar a oitava canção, "Madureira chorou", Caetano contou a história da vedete Zaquia Jorge falecida em 1957, conhecida como a “vedete de Madureira”. Zaquia foi atriz do teatro de revista e fundou o Teatro de Madureira. Depois de cantar, Caetano admitiu: “Não cantei tão limpo, eu me emocionei”.



Caetano toca "Garota de Ipanema"

Em seguida, anunciou a famosa "Garota de Ipanema", de Vinicius de Moraes e Tom Jobim. Para Caetano, a canção tornou-se referência da música brasileira no exterior. “'Garota de Ipanema' somos nós no mundo”.
Caetano seguiu no solo com "Valsa de Uma Cidade", "Terra", tendo sido acompanhado pelo público no refrão, "Um Índio", "O Leãozinho" e "Sozinho".
Na segunda metade do show, Caetano convidou para subir no palco o Trio Preto +1 integrado pelo Pretinho da Serrinha no cavaquinho e pandeiro, e que já tocou com Seu Jorge, Marcelo D2 e Arlindo Cruz.
Com uma variedade de instrumentos como cavaquinho, pandeiros, cuíca, percussão e tamborim, Caetano e o quarteto tocaram "Desde que o Samba é Samba". A seguinte, "Batucada",  Pretinho da Serrinha e o trio de músicos interpretaram juntos. Nessa, Caetano não tocou e parou para ouvir os músicos. O grupo ainda fez uma performance com pandeiros e animou o público. O Trio+1 seguiu com "Aquarela Brasileira" sem Caetano, que entrou em "É Hoje".
Mesmo sem faixas ou qualquer menção à campanha eleitoral, era possível ver algumas pessoas do público com um adesivo na camisa. No meio de "É Hoje", um eleitor entusiasmado lançou: “É hora do Freixo ganhar” antes do refrão “... diga espelho meu se há na avenida alguém mais feliz que eu...”.



Chico Buarque em momento mais esperado do show

Já no final, Caetano anunciou o momento mais esperado do show, a chegada de Chico: “Eu agora vou chamar meu colega, meu querido amigo, meu amado... Chico Buarque”.
Os dois se abraçaram e sentaram um ao lado do outro. Para fazer par com o look de Caetano, Chico vestia uma calça jeans e blusa branca. Os dois cantaram juntos "Medo de Amar" com Chico na voz e violão e Caetano na voz. “Nos tínhamos que cantar uma música de Vinicius de Morais”, brincou Caetano.
Chico Buarque emocionou o público com o solo "Futuros Amantes". Caetano, por sua vez, para não ofuscar o amigo, saiu de cena e se sentou de pernas cruzadas no palco para apreciar Chico.
“Quando o Chico viu que eu tinha escolhido algumas músicas do Rio, ele escolheu 'Futuros Amantes'... que bom”, disse Caetano.
Já próximo das 23h, os músicos cantaram duas canções de bis para o público. "O X do Problema" ganhou uma nova versão com Chico na voz e Caetano no violão. E mais uma vez no meio do bis alguém lançou: “Segundo turno!”, mas nada que tirasse a concentração dos ouvintes.
A "Voz do Morro" teve Chico, Caetano e o quarteto de músicos percussionistas.


Primavera Carioca

“Decidi fazer um show em homenagem ao Rio de Janeiro, que se chamará 'Primavera Carioca', por todas as razões reais e metafóricas implicadas. Tomei a decisão pessoal e cidadã de doar a bilheteria do show para a campanha de Marcelo Freixo, cuja candidatura à prefeitura do Rio – acontecimento de grande importância para a política brasileira – é apoiada por mim e por Chico. Essa campanha se ampara no empenho dos que sabem de sua relevância, já que não conta com muito tempo na TV nem tem o apoio dos poderosos. Considero acontecimento de grande significação que Chico Buarque e eu estejamos pela primeira vez atuando na campanha de um mesmo candidato”, afirmou Caetano em texto escrito pelo cantor.
Para Caetano, o simples fato de seu colega Chico Buarque ter estado presente mesmo que calado já “significava muito”. Segundo ele, Chico Buarque nunca se apresenta sozinho ao violão e, neste show, fez “um clássico da canção brasileira como nunca ninguém viu ao vivo”.


Famosos comentam o show

Filho do Chico Anysio, o ator Bruno Mazzeo disse ao UOL que se emocionou durante o show. “Foi lindo o Chico e Caetano juntos, eu não via isso há anos”. Mazzeo comentou que esteve na gravação do musical “Chico e Caetano”, em 1986, no extinto Teatro Fênix, no Rio de Janeiro, exibido pela TV Globo.
A atriz Leandra Leal também esteve no Oi Casa Grande e afirmou ter sido um show histórico. “É um acontecimento, é muito importante saber o que está acontecendo na política”, comentou.
A atriz Maria Flor assegurou que pagou o ingresso de R$ 360 para ajudar na campanha e salientou que uma das músicas marcantes foi "Terra".
“Foi belíssimo o show. Eu adoro 'Terra', fiquei bem emocionada. O Chico e o Caetano cantando juntos também é muito especial, é um privilégio assisti-los. Isso não acontece toda hora. Eu vim pelos dois motivos. Para apoiar a campanha, afinal é um show para arrecadar fundos, mas era também uma grande oportunidade assistir o Caetano fazendo voz e violão. É um preço caro, mas se a gente pensar que o show da Amy Winehouse custava 700 reais, para mim é mais bacana assistir o Chico e Caetano cantando juntos. É pela causa”, afirmou ao UOL.
A esposa de Freixo, a jornalista Renata Stuart, não deixou de ir ao show, mesmo após a restrição do candidato pela justiça. “Eu senti saudades dele. A gente está junto há três anos e estar aqui sem ele foi difícil”. Stuart conta que a ideia de fazer um show partiu do próprio artista baiano. “A ideia foi do Caetano quando conheceu o Marcelo Freixo e já disse que queria fazer um show. Foi o Caetano também que deu a ideia de chamar o Chico. A gente ficou preocupado em relação à justiça eleitoral, mas nós vimos que não se tratava de um showmício, era total falta de poder econômico”.



"Censura fora de época", critica deputado

O deputado federal Chico Alencar do PSOL, por sua vez, foi um dos que criticou a proibição da presença de Freixo no evento. “O Marcelo não poder assistir a esse show foi uma censura fora de época. É uma honra ter esse tipo de doador, o Caetano Emanuel Viana Teles Veloso e o Francisco Buarque de Hollanda. Fiquei comovido com os dois cantando juntos. Agora eles se encontram com este símbolo da renovação política no Brasil. É uma coisa histórica, foi 1h40 de muita emoção e grandeza”, afirmou Alencar.





Setlist:

1. LUZ DO SOL (Caetano Veloso)
2. O X DO PROBLEMA (Noel Rosa) 
3. COPACABANA (João de Barro/Alberto Ribeiro) 
4. VOCÊ É LINDA (Caetano Veloso)
5. MENINO DO RIO (Caetano Veloso)
6. PÉ DO MEU SAMBA (Caetano Veloso)
7. ELA É CARIOCA (Antonio Carlos Jobim/Vinicius de Moraes)
8. MADUREIRA CHOROU (Carvalhinho/Júlio Monteiro)
9. GAROTA DE IPANEMA (Antonio Carlos Jobim/Vinicius de Moraes)
10. VALSA DE UMA CIDADE (Ismael Neto/Antônio Maria)
11. TERRA (Caetano Veloso)
12. UM ÍNDIO (Caetano Veloso)
13. O LEÃOZINHO (Caetano Veloso)
14. SOZINHO (Peninha)
15. DESDE QUE O SAMBA É SAMBA (Caetano Veloso)
16. BATUCADA QUENTE (Pretinho da Serrinha/ Leandro Fab)
17. AQUARELA BRASILEIRA (Silas de Oliveira)
18. É HOJE (Didi/Mestrinho)
19. MEDO DE AMAR (Vinicius de Moraes)
20. FUTUROS AMANTES (Chico Buarque)
21. O X DO PROBLEMA (Noel Rosa)
22. VOZ DO MORRO (Zé Kéti)



























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