São Paulo, sexta, 31 de julho de 1998.
NO
RIO
Fernanda Montenegro, a gaivota, estréia no Leblon
da Sucursal do Rio/ Folha de S.PauloFernanda Montenegro, a gaivota, estréia no Leblon
Fernanda Montenegro não é diva. Afirma que, ao contrário de Arkádina -sua personagem na peça "Da Gaivota", que inicia temporada hoje no Rio- não tem "o vício do divinismo".
Fernanda é mais. É a própria gaivota. "Eu sou uma gaivota no melhor sentido da palavra. Não tenho pudor de dizer que nunca tive vergonha do que um dia intuí como vocação teatral", diz a atriz.
"Determinadas coisas não cabem a uma diva. Não posso ser diva. Tenho verdadeiro horror do preconceito cênico. Quero me exercitar diante de qualquer proposta. No exercício de minha vocação quero me permitir tudo."
Vocação. Essa é a palavra que Fernanda considera essencial na peça "A Gaivota", do dramaturgo russo Anton Tchecov -que foi traduzida, adaptada e dirigida por Daniela Thomas e recebeu o nome de "Da Gaivota".
"Embora seja uma peça que fale de teatro, atores e escritores, o tema central é o rigor da vocação. Cada pessoa da platéia, tenha o ofício que tiver, levará um chamamento sobre a sua vocação criativa", diz Fernanda Montenegro.
"A pergunta é: Você está sendo fiel à sua escolha de vida?"
Para responder, Fernanda Torres -que além de interpretar Nina, a jovem atriz que deseja a fama, também é, com a mãe, produtora da peça- formou o que considera o "grupo de teatro impossível". "Impossível, porque poderia parecer impraticável misturar pessoas de tendências e experiências tão diversas como fizemos. Mas não poderia ser diferente, já que o próprio texto de Tchecov coloca no mesmo saco, sem preconceito, todas as tendências do teatro", diz Fernanda Torres.
Também não poderia ser diferente, porque a condição de Daniela Thomas, que está estreando como diretora, para realizar a peça era justamente tornar possível o que poderia parecer impossível.
"Para representar os seis personagens da adaptação que fiz (na versão original são 11), só poderia pensar em atores que pudessem representar a força extraordinária deles e romper qualquer limite de tradição", disse Thomas.
Além de Fernanda mãe e Fernanda filha, estarão no palco Celso Frateschi, Nelson Dantas, Matheus Nachtergaele e o diretor/ator Antônio Abujamra.
Para Fernanda Montenegro, "Da Gaivota" é "o resultado do desejo de seis atores e uma diretora de discutir que rumo dar, o que fazer, o que zerar no fim de século, onde todas as linguagens teatrais estão praticamente esgotadas. Como Tchecov fez há cem anos".
Em "Da Gaivota", Arkádina é uma uma atriz de renome que vive com Trigorin (Frateschi), um escritor de sucesso. Durante um final de semana em sua fazenda, seu filho, Trepliov (Nachtergaele), aspirante a dramaturgo, ensaia uma peça interpretada pela jovem atriz Nina, por quem ele é apaixonado.
O administrador da fazenda (Abujamra) é um nostálgico que relembra o teatro do passado. Sorin (Dantas), sensível irmão de Arkádina, percebe a solidão e o sofrimento de Trepliov diante das críticas e do desprezo de sua mãe.
Peça: "Da Gaivota"
Direção: Daniela Thomas
Com: Fernanda Montenegro, Fernanda Torres, Antônio Abujamra, Matheus Nachtergaele, Nelson Dantas e Celso Frateschi
Onde: Teatro Leblon - sala Marília Pêra (rua Conde de Bernadote, 26, Leblon, tel. 021/294-0347)
Quando: 31/7 a 30/8.
No hay comentarios:
Publicar un comentario