martes, 30 de noviembre de 2021

1982 - MENINO CAE

 

Paulinho Camafeu 

Paulo Vitor Bacelar [Salvador, 1948 - Salvador, 29 de novembro de 2021] foi um músico e compositor brasileiro, um dos criadores da axé music.


Em entrevista jornal O Estado de S. Paulo, o cantor Caetano Veloso lamentou a partida do amigo. "Como já disse de público uma vez, o autor de 'Que Bloco é Esse' abriu uma nova era na Cidade do Salvador - e iluminou o Brasil. Anunciou o Ilê Aiyê, que anunciava a amplificação da cultura popular baiana. O gesto de a Bahia autodeclarar-se negra pelos versos de Paulinho - nunca esqueceremos, nunca poderemos esquecer esse fato", reforçou.



MENINO CAE

(Paulinho Camafeu)

 

Menino Cae, Cae

Menino Caetano

Menino Cae

Axé e feitiço baiano

 

Menino Cae, Cae

Menino Caetano

Menino Cae

Axé e feitiço baiano

 

Curte o Zanzibar

Ilê e Badauê

A terra da capoeira e do maculelê

E pula atrás do trio do trio do trio do trio elétrico



 Clipe gravado na rampa do Mercado Modelo, Salvador.




1982 – PAULINHO CAMAFEU

Lado A: QUE É QUE EU SOU (Paulinho Camafeu) 61772461

Lado B: MENINO CAE (Paulinho Camafeu) 6177 2429

FIF Fermata Indústria Fonográfica Ltda. S 7” n° FIF.80.019







Caetano Veloso: Paulinho Camafeu

 

11/2/2015

 

Ele era um menino que assistia Camafeu de Oxóssi no Mercado Modelo. Sua graça, sua inteligência, sua vivacidade fizeram dele uma figura única na Cidade do Salvador. Era um baiano autêntico e tinha se tornado o que se chamava de uma figura folclórica. De perto, sempre um encanto para o interlocutor, um estímulo à vida mental. Compondo ‘Que bloco é esse?’, canção que logo foi gravada por Gilberto Gil, Paulinho não apenas deu voz à reação espontânea - de surpresa, encantamento, curiosidade - que provocou nos soteropolitanos a aparição do Ilê Aiyê: ele inaugurou uma era nova na cidade. 

A autoimagem de Salvador mudou com o surgimento do Ilê - e a canção de Paulinho foi o poema-notícia desse acontecimento. É uma canção duplamente histórica: é a História contada no calor da hora e é ela mesma inesquecível. Artistas como O Rappa, Criolo, anos depois de Gil, retomaram seus versos e notas. É um marco que anunciou um marco. Salvador afirmando-se negra e temperando melhor o Brasil. Neste ano em que o Carnaval da cidade comemora os 30 anos do que foi chamado de ‘Axé Music’ com intuito pejorativo,  mas que virou o jogo em pouco tempo, o nome de Paulinho Camafeu não foi saudado como devia na imprensa nacional. Alguns comentaristas e colunistas baianos o citaram, mas a história desse fenômeno de vitalidade artística do nosso povo foi contada nos grandes veículos do Eixão sem que o nome de Paulinho fosse lembrado. 

O fenômeno seria impossível sem a invenção do trio elétrico e sem o surgimento, pouco mais de duas décadas depois, dos blocos afros. A subida do ritmo de afoxé para cima do caminhão e a introdução do canto nos trios - ambas façanhas de Moraes Moreira - abriram o caminho para Chicletes, Danielas e Ivetes. O pagodão - chamado de Suingueira no Recife e estruturado sobre a base da chula do Recôncavo - não teria se desenvolvido sem esses antecedentes. Mas, com todas as honras feitas à Banda Reflexu’s, o acontecimento ‘Fricote’ foi marco inaugural de toda essa saga musical, poética, técnica e empresarial de que não podemos não nos orgulhar. 

E ‘Fricote’ (com sua linguagem fotográfica e desprovida de intenções de juízo de valor, como se quem canta fosse a própria Baixa do Tubo e não alguém que a observa e comenta) é obra de Paulinho Camafeu (em parceria com Luiz Caldas). Como Ruy Barbosa e Macaco Beleza, Jorge Amado ou Marighella, Paulinho Camafeu é um dos nomes mais importantes da história cultural da cidade do Salvador.




domingo, 28 de noviembre de 2021

1969 - MARIA BETHÂNIA - Recital na BOITE BLOW-UP
























































 


































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Brasil, São Paulo, SP, 04/12/1969.

 

Carlos Imperial e Maria Bethânia, durante a gravação do disco da cantora no estúdio da Odeon, em São Paulo. Crédito: Alfredo Rizzutti

Bethânia cantou para convidados seletos, entre amigos e jornalistas e dali foram gravadas faixas do disco “Maria Bethânia ao vivo”, que teve a produção de Carlos Imperial.



1969
Revista inTerValo
n° 362









4/12/1969 - Leina Krespi e Maria Bethânia - Foto: Abraham Lincoln






































1972 - MARIA BETHÂNIA EN VIVO - Argentina









1977 - MARIA BETHÂNIA AO VIVO - Uruguay























Folha de S. Paulo

27/02/70 

Artur Laranjeira


Bethânia precisa gravar outro elepê

Uma Bethânia sufocada pelos instrumentos que a acompanham. 
De voz abafada pelos gritos de bravo, maravilhosa, pelos aplausos. Às vezes tendo de gritar para ser ouvida, não conseguindo dar o seu recado que sempre ela soube transmitir tão bem em outros discos, com sua voz quente, amarga, com o seu canto aprendido em Santo Amaro da Purificação, Salvador, Bahia.

Muito diferente da cantora de Preconceito, Ponto do Guerreiro Branco, O Tempo e o Rio, Frevo Número Dois de Recife, Duas Contas, Andança, Onde Andarás, as melhores faixas do seu penúltimo elepê. Agora ela tenta cantar Ponto de Iansã, Meiga Presença, Sambas de Roda, Marinheiro Só, Nada Além, Com Açúcar e Com Afeto, Irene, 9º Andar, Os Argonautas, Fósforo Queimado, Voltei Pro Morro, Maria e Ponto de Oxóssi. As melhores faixas são as de seleção de sambas de rodas, Meiga Presença, Nada Além, 9º Andar, Voltei Pro Morro e Maria, uma música que Gilberto Gil fez para ela quando os dois moravam na Bahia. Em Meiga Presença, já gravada por Elisete Cardoso, a voz de Bethânia parece retomar a sua força. O mesmo acontece com o sucesso de Orlando Silva, em 1941, o fox Nada Além, de Custódio Mesquita e Mário Lago.

Mas em Com Açúcar e Com Afeto, Irene, Fósforo Queimado – sucesso antigo de Ângela Maria – parece que Bethânia não vai agüentar chegar ao fim da música. A maior parte da culpa dos defeitos desse disco deve ser dada ao orquestrador e regente Leonardo Bruno, com seus arranjos que só desvalorizam a voz de Bethânia.

A outra parte cabe a Carlos Imperial – assistente de produção que diz: "este disco foi gravado ao vivo durante uma homenagem que prestamos à Bethânia, somente com o trio (piano-baixo-bateria). Depois fizemos um estudo do som-ambiente e onde julgamos possível e necessário colocamos instrumentação condizente".

Mas era justamente isso que a voz de Bethânia não precisava para continuar cada vez mais forte. Ao contrário do que aconteceu nesse disco, às vezes irritante, gravado pela Odeon, onde ela grita, luta com os instrumentos para poder ser ouvida.



























Maria Bethânia e Terra Trio


Maria Bethânia e o pianista Gilberto Garcia - Crédito: Livro Os Sons da Memória – Uma Leitura Crítica de 40 Discos que marcaram época na Música do Espírito Santo”, de José Roberto Santos Neves.

 




Bethânia gravou este seu segundo disco ao vivo num pequeno auditório em sua gravadora, recriando o ambiente das boates nos quais brilhava na ocasião. Mesmo antes de seus roteiros mais teatrais dos anos 70 a consagrarem, seus shows de pequeno porte não pareciam menos apoteóticos. Pelo menos, esta é a sensação que temos ao ouvir discos como este, no qual a platéia parece em estado de êxtase. No repertório, algumas pérolas que Caetano e Gil compuseram para ela pouco antes de partirem para o exílio forçado; deliciosos sambas e sambas-canções dos cantores do rádio e dois pontos de candomblé - um para abrir e outro para fechar o roteiro, como que exorcizando a onda de baixo astral que se abatia sobre o Brasil de 1970. Ah! E foi também neste disco a sua primeira gravação de Chico Buarque, Com açúcar, com afeto, de quem se tornaria a melhor intérprete.

[2006, Rodrigo Faour]


























2002 - 2 CDs



2003 - DVD


2002 – MARIA BETHÂNIA

Álbum “Maricotinha ao vivo”

Gravado ao vivo no Direct TV Hall (SP), em dezembro de 2001

Biscoito Fino 2 CD’s bf 521, CD 2, Track 7. | DVD bf 701, Track 30. [2003]



Texto: Boites Sampa (Maria Bethânia)


“Depois do Rio de Janeiro, São Paulo foi a cidade, a segunda cidade grande, importante, longe da minha Bahia. E aqui eu vivi noites também inesquecíveis, deslumbrantes, cantei em casas espetaculares aqui nesta cidade, além do teatro onde eu fiz Opinião ao lado de João do Vale e Zé Keti. Mas eu fiz as boates, eu fiz a Blow-Up, que era uma casa linda, fiz o João Sebastião Bar, com Vinícius de Moraes e Baden. E fiz a boate, talvez a mais tradicional de vocês, a Boate Cave, eu fiz com o Hermeto Pascoal. Olha aqui que dupla do barulho. Vestida pelo Dener; o Dener fez um colete de esmeraldas pra eu cantar. Era um paetê vagabundíssimo, mas nas mãos dele viravam esmeraldas verdadeiras. Mas certamente a impressão e a coisa mais forte que tem da minha chegada em São Paulo, foi aqui nesta cidade que conheci Chico Buarque de Holanda com seus olhos de mar e suas lindas canções. São Paulo tem recebido merecidamente canções lindíssimas, amorosas, lindas declarações de amor da música popular brasileira. Certamente que a de meu irmão, Caetano é uma das mais belas. Mas foi com uma canção do Paulo Vanzolini que eu cheguei no coração de São Paulo e o coração de São Paulo bateu junto com o meu.”



Dener e Maria Bethânia






28/10/2002

Maria Bethânia

Dirceu Alves Jr. 

Um dos melhores momentos do CD Maricotinha ao Vivo, que acaba de chegar às lojas pela gravadora Biscoito Fino, é quando Maria Bethânia deixa de lado o que melhor faz – cantar – e conta histórias sobre a experiência como artista da noite, no final da década de 60. Enquanto Caetano, Gil e Gal testavam sonoridades com o Tropicalismo, Bethânia preferiu o caminho contrário, longe das extravagâncias, próxima aos clássicos. Disposta a enterrar a imagem de cantora de protesto que a popularizou a partir do sucesso de “Carcará” no show Opinião, em 1965, Bethânia passou a percorrer casas noturnas interpretando apenas o que queria. A primeira escala foi na Boate Barroco, no Rio. A seguir, a baiana chegaria também a casas paulistas, como a Blow-Up e a Cave, ou o Encouraçado Butikin, de Porto Alegre, onde foi clicada a foto ao lado, em 1969. 


Em 1969, Maria Bethânia percorria as boates disposta a enterrar o rótulo de cantora de protesto que ficou ligado a sua imagem depois do sucesso de “Carcará”.

“Tudo comigo era só ‘Carcará’, música que detestava e hoje peço para cantar. Aquela temporada foi um sonho, podia cantar o que quisesse, fosse “Lama” ou “Anda Luzia”. E eu estava penteada, com um vestido lindo. Era o oposto de ‘Carcará’”, lembra a estrela, aos 56 anos.

Maricotinha ao Vivo é um dos tantos discos ao vivo de Bethânia em 37 anos de estrada e mostra por que ela é considerada a cantora da MPB que melhor domina o palco. O primeiro de seus registros ao vivo, porém, é justamente o recital da Boate Barroco, de 1968, que volta, agora, ao mercado em forma de CD na coleção Odeon 100 Anos, organizada pelo músico Charles Gavin.