Segunda,
15/1/2007
Redação Terra
Música
Redação Terra
Música
Caetano
ganha beijo de Carlinhos Brown na Bahia
O ensaio da Timbalada ocorrido neste domingo, em
Salvador, teve momentos especiais. Além das vozes dos vocalistas Dennis e
Amanda, a apresentação contou com a participação de Caetano Veloso - que
recebeu um beijo do colega Carlinhos Brown.
O som, realizado na área verde do hotel Othon, no
bairro de Ondina, rolou em clima típico de Carnaval e sem roteiro programado.
No total foram quatro horas de música.
Caetano, que se mostrou empolgado durante todo o
tempo, dividiu os microfones com Brown e os vocalistas da Timbalada.
Depois, em clima bem diferente daquele que
predomina no disco Cê (lançamento recente de Caetano com canções cruas e
muitas vezes tristes), o ícone da MPB conversou com o ator Luiz Fernardo
Guimarães e a humorista Sabrina Sato.
Amanda |
Dennis |
16/02/2007 - Caetano Veloso e Gilberto
Gil, também ministro da Cultura, em almoço pré-carnaval na casa de Gilberto
Gil.
Foto: João Sal/Folhapress, MÔNICA BERGAMO
|
CORREIO DA BAHIA
16/2/2007
Caetano, suor e cerveja
Ana Cristina Pereira
Ano passado, um Caetano Veloso todo serelepe
apareceu nos noticiários curtindo o Carnaval nas ruas de Olinda. Conferiu
blocos e maracatu, deu canjas e várias entrevistas declarando sua empolgação
com a folia pernambucana. “Foi a primeira
vez. Era um sonho de menino, adorei e disse que pretendo voltar, mas não no ano
seguinte. Já estava com saudades do Carnaval baiano”, afirmou ao Folha o
cantor e compositor, que retorna com todo gás, reafirmando seu espírito
carnavalesco.
Na cidade desde o início da temporada, já apareceu em vários ensaios e agitos, como o Festival de Verão e o show em homenagem a mãe Menininha do Gantois. Hoje e amanhã, encara os últimos preparativos para o trio Ó paí, ó!, uma cartada de marketing poderosa para divulgar o filme homônimo, dirigido por Monique Gardenberg e produzido pela Natascha Filmes, de sua ex-mulher Paula Lavigne. O trio sai no domingo, no circuito Dodô (Barra-Ondina), previsto para desfilar a partir das 19h.
Caetano afirma que foi o longa-metragem, para o qual fez a canção Ó paí, ó!, sua grande motivação para aceitar comandar um trio elétrico. Mas faz a ressalva, entre risos, que não se trata de um trio de Caetano Veloso. “Vai ter Jauperi, Davi Moraes, Betão Aguiar, Nara Gil e todo o elenco do filme”, enfatiza.
A aproximação com Jauperi começou na temporada pré-carnavalesca de 2006, quando Caetano foi a ensaios da banda Vixe Mainha. “Já conhecia Pierre, mas a Jauperi fui apresentado naquela ocasião. Gostava muito da dupla e da música Café com pão, que é linda”, elogiou.
Jauperi divide com Caetano os vocais do frevo Ó paí, ó!, que tem música de Davi Moraes. Coincidência ou não, Jauperi andou anunciando, depois do rompimento com Pierre, que queria fazer um som neotropicalista. Caetano, que afirmou não ter tomado conhecimento da declaração, soltou um “que bom!” para a reportagem. A dupla tem aparecido em vários lugares, como no programa Altas horas, sábado passado, e a música, candidata a hit, já está entre as mais tocadas em Salvador.
“Foi o Davi quem escolheu o ritmo da música. Achei certo, combina bem com o clima do filme. Também teve esta coicidência boa com as comemorações dos cem anos do frevo, já que a música baiana se escorou no frevo por décadas”, disse. Davi Moraes, o baixista Betão Aguiar e o violonista Luiz Brasil assinam a trilha do filme, que chega às lojas em março.
A banda que acompanhará Caetano, além de Davi, Betão e Nara Gil, respectivamente filhos de Moraes Moreira, Paulinho Boca de Cantor e Gilberto Gil, contará com Gil Aguiar (também filho de Paulinho) e Donatinho (de João Donato). Do elenco do filme, a presença de Lázaro Ramos, Wagner Moura, Dira Paes, Emanuelle Araújo e atores do Bando de Teatro Olodum. Entre os convidados ilustres, já confirmaram presenças Zezé di Camargo, Paula Bulamarqui, Taís Araújo e Bebel Gilberto.
17/2/2007
Caetano Veloso volta para o carnaval de Salvador
Cantor vai puxar o trio elétrico Ó Pai, Ó, em que o
folião não paga para brincar
Tiago Décimo
SALVADOR - Não importa que seja "apenas"
parte de uma estratégia de marketing para o lançamento do filme Ó Paí, Ó
- dirigido por Monique Gardemberg e produzido pela mulher do
ministro-cantor-e-compositor Gilberto Gil, Flora Gil. Fato é que uma das
personalidades mais importantes da cultura baiana, Caetano Veloso, volta neste
domingo ao carnaval de Salvador, depois de uma temporada ausente - passou a
folia do ano passado em Pernambuco. E a volta é em grande estilo: puxando trio
elétrico.
O trio independente (que não cobra para que a
população participe da festa) Ó Pai, Ó, tem previsão de início de desfile
previsto para as 18 horas, no Circuito Dodô (Barra-Ondina) e deve contar com as
presenças do cantor e compositor Jauperi - ex-integrante do grupo Vixe Mainha e
parceiro de Caetano na composição da música-tema do filme, forte candidata a
hit do ano no carnaval local. Além dele, atores como Lázaro Ramos e Wagner
Moura também já confirmaram presença.
A apresentação vem causando expectativa entre os
foliões mais experientes. O ministro da Cultura, Gilberto Gil, por exemplo, já
confirmou que vai assistir de camarote ao desfile do colega. Literalmente,
diga-se. Na noite de sexta-feira, ele abriu seu espaço para receber os amigos
na Avenida Oceânica, o Camarote 2222. Pouco depois, foi comandar pela primeira
vez no ano seu trio elétrico, de mesmo nome, no qual reuniu uma legião de
intérpretes famosos.
A bordo, Ivete Sangalo, Beth Carvalho, Margareth
Menezes e Lulu Santos. No camarote, quem acompanhava a apresentação era o
governador da Bahia, Jaques Wagner (PT). "Sou folião assíduo do carnaval
baiano desde que cheguei aqui, em 1975", contou o governador, bastante
animado com o show. "Lembro-me do tempo em que estava lá na pipoca."
A segunda noite no carnaval de Salvador (BA) foi
marcada, também, pela primeira apresentação do mais popular dos grupos da
chamada axé music: o Chiclete com Banana. Comandando o bloco Nana Banana, um
dos mais caros - um abadá chega a custar quase R$ 1 mil - e animados do
circuito, o grupo, liderado por Bell Marques, arrastou uma multidão pelo
Circuito Dodô.
18/2/2007 - Carnaval Salvador: a empresária Paula Lavigne posa ao lado do cantor Caetano Veloso no camarote da Contigo, em Salvador, BA. - Foto: João Sal / Folhapress
|
1/2/2007
Osmar
Martins - marrom@correiodabahia.com.br
“A grande
personalidade pop brasileira é Ivete Sangalo"
A
declaração é do cantor e compositor Caetano Veloso, durante entrevista
exclusiva à repórter Wanda Chase, que será exibida no telejornal Bahia Meio Dia
(TV Bahia), que vai ao ar às 11h, devido ao horário de Verão.
A
gravação aconteceu na casa do artista, na Enseada das Lages, no Rio Vermelho,
com a presença dos seus amigos: o músico Cézar Mendes, o escritor e tradutor
Paulo César de Souza e o museólogo Heitor Reis.
O GLOBO
20/1/2007
Ricardo Noblat
Caetano descasca a esquerda, Lula e Chávez
Salvador - Ó paí, ó, o Caetano
de babá dos dois filhos mais jovens Zeca (14 anos) e Tom (8), e de Artur e
Pedro, amigos do primeiro, e de Jennerson, Bruno e Gerson amigos do segundo e
jogadores como ele do time infantil do Fluminense – embora Tom seja Flamengo de
carteirinha assim como o pai sempre foi desde que morava em Santo Amaro da
Purificação a 70 quilômetros daqui. É no que dá ficar solteiro depois de dois
casamentos e dos 60 anos de idade. Tem ainda a neta, Rosa, filha de Moreno. E a
administração da casa no Morro da Paciência onde Caetano ficará à beira-mar
plantado até março.
De
nada disso ele se queixa – pelo contrário. O que o incomoda mesmo é um zumbido
no ouvido que o acompanha desde a infância, uma dor de lado que apareceu
recentemente, a violência que o impede de circular no Rio com a desenvoltura do
passado e... Bem, e Lula, para variar. E Hugo Chávez com a idéia de se
eternizar no cargo de presidente da Venezuela. E a esquerda brasileira que
chegou ao poder sem dispor de um projeto para o país e que de uns tempos para
cá resolveu pegar no pé da imprensa acusando-a de ser contra o povo. Está bom
ou quer mais?
Ó paí, ó,
quer dizer “olha praí”. É uma gíria baiana que virou título do longa
metragem da cineasta Monique Gardenberg que estreará em março. Caetano fez a
letra da música do filme - um frevo em parceria com Davi Moraes. E gravou junto
com o cantor Jauperi. Então com a devida licença, ó paí, ó, o que
Caetano andou dizendo às vésperas do seu show desta noite no Morro da Urca
destinado a celebrar o dia de São Sebastião, o padroeiro do Rio:
“A
primeira vez que fui ao Rio tinha 11 anos de idade. Depois, entre os 13 e os 14
anos morei na casa de minha prima Mariinha, a quem chamava de “minha Inha”.
Ela vivia em em Guadalupe. Eu tinha problemas de saúde, nenhum muito sério. A
garganta estava sempre inflamada. O fato é que em toda a minha vida eu nunca me
senti muito bem. Não quer dizer que não tenha sido feliz, nem que não tenha
vivido prazeres intensos. Mas nunca me senti fisicamente bem.
Acabei
me fixando no Rio a partir de 1975 quando já era casado com Dedé e Moreno tinha
três anos de idade. Moreno e Tom nasceram na Bahia e Zeca no Rio.
Estranhamente, ainda me sinto à vontade para morar no Rio apesar da violência.
Mas sinto também a angústia instalada na cidade. O Rio, como diz o João
Gilberto, é a cidade dos brasileiros. Tudo que acontece com o Rio afeta a
totalidade do Brasil e de alguma maneira expressa o que o Brasil tem a dizer.
No
momento, a impressão que o Brasil dá é de ser um país habitado por uma gente
cruel, impiedosa e autoritária. O esquema de territórios incrustados num
centro urbano como o Rio, disputados por chefes e milícias extra-oficiais, onde
episódios de extrema brutalidade se sucedem, é justamente uma imagem oposta
àquela do sonho de harmonia e de cordialidade que sempre dominou o imaginário
brasileiro. Dói. Mas sou teimoso. Acho que essas impertinências hiperbólicas
não deixam de ser estimulantes.
O quadro de
violência decorre apenas da falência do Estado?
Tem
a ver com a sociedade. A maneira como se pensa o papel do Estado e as
conseqüências sociais desastrosas se devem ao modo como se pensa a economia, a
cultura, o poder, tudo Há um certo desequilíbrio na forma como a sociedade
encara tudo isso. As favelas de São Paulo são invisíveis e quando seus
habitantes se manifestam parecem apenas zangados. As do Rio são estrelas da
cidade. Por outro lado elas são muito próximas das áreas ricas, o que não
acontece em São Paulo.
Uma
vez encontrei uma menina da favela de Cantagalo sentada perto da Pedra do
Arpoador. Ela me disse assim: “Essa pedra é minha”. O favelado pode dizer isso.
Por outro lado, tenho amigas granfinas que não perdem um desfile das escolas de
samba. O Rio é uma cidade assim, não é discriminatória como São Paulo. Ela é
resultado de uma mistura física e de uma mistura imaginária. Poderia estar
melhor. Mangabeira Unger tem razão ao dizer que o PT despreza a maioria
desorganizada do povo.
Ó
pai, ó. Mangabeira acabou apoiando Lula no segundo turno
Acho coerente. Eu quase votei em Lula no segundo turno
justamente por causa do Mangabeira. Acabei votando no Alckmin. A aproximação de
Mangabeira com Lula me deu esperanças e ainda me dá. Votei em Lula em 2002, mas
sempre fui contra a reeleição. Por exemplo: não votei em Fernando Henrique
Cardoso quando ele disputou o segundo mandato.
Naquela época, a imprensa foi claramente expositiva e denunciou
os procedimentos poucos louváveis dele e do seu grupo para obterem a reeleição.
Não é verdade que agora a imprensa foi destrutiva em relação a Lula porque ela
é contra o povo. Eu tenho horror a essa conversa. Defenderei a imprensa
brasileira até o fim contra tal argumento, embora tenha sérios problemas com
ela. No momento, por exemplo, estou processando a VEJA e ganhei a ação na
primeira instância.
Não sou muito leitor de jornais. Mas tiro conclusões
rapidamente, o que pode parecer um defeito, mas é também uma marca de um
determinado tipo de temperamento. Mesmo com poucos elementos minha cabeça tende
a criar uma teoria. Se erro mais ou acerto mais? Não sei. Acerto muitas vezes.
Mas minhas elaborações mentais a respeito das coisas são meio temerárias,
reconheço - afinal eu sou artista e isso é perdoável em um artista. Sigo meus
sentimentos.
Por isso queria votar em Alckmin no primeiro turno e anunciar de
público, como fiz. E me preparei para votar em Lula no segundo turno. Sabia que
ele ganharia. Quando votei em Lula em 2002 fiquei muito emocionado. Acho emocionante
o ato de votar. Chorei dentro da cabine. Veio na minha cabeça aquele histórico
de Lula e do Brasil em relação a pessoas que tiveram a mesma origem de Lula.
Foi um acontecimento histórico de grande importância.
Achei que a volta do Brasil à democracia seria difícil. Porque
um país que produz aquela ditadura, aceita as pressões norte-americanas,
alimenta a mediocridade interna a ponto de viver aquelas coisas da maneira que
viveu, não pode ficar de repente bonzinho porque a democracia foi restabelecida.
A Constituição idealizada escrita por Ulysses Guimarães e um bando de malucos
não nos garantiria uma vida maravilhosa. Nunca tive esperanças irrealistas. Já
me bastava que pessoas com um histórico razoável chegassem ao poder.
Cara, nós tivemos Fernando Henrique como presidente e depois
Lula. Infelizmente, Fernando Henrique inventou a reeleição. E agora que Hugo
Chávez inventou reeleição atrás de reeleição, entende? É uma coisa horrenda. E
é preciso que se diga em altos brados “Ó praí, ó...” Veja o enorme perigo que
existe nisso. Suspender, como ele anunciou que fará, o funcionamento de uma
empresa de comunicação, é ruim. E planejar uma permanência indefinida no poder
é pior ainda. Eu tenho uma certa raiva da esquerda...
Eu disse que defenderia a imprensa brasileira até o fim porque
acho que a acusação que a esquerda faz contra ela é perigosíssima. É um absurdo
dizer que a imprensa tentou destruir o governo Lula de maneira golpista. Os
escândalos que aconteceram, aconteceram. E eles caíram no colo da imprensa.
Eu tenho certeza disso. Ser mais simpática e cuidadosa com Lula como a
imprensa foi seria igual a Cuba. Seria como ter um só jornal e mesmo assim do
governo.
Não pode existir só a CARTA CAPITAL que é a VEJA do Lula. Tem
que ter a VEJA também. Diogo Mainard é um moderado se comparado com Paulo
Francis [ex-colunista do jornal O Estado de S. Paulo].
Caetano -
"Dirceu chorou no ombro de Fidel”
Foto: Luciano Andrade |
Mas
você ainda não disse por que negou seu voto a Lula no segundo turno...
O que pesou mais para eu não votar em Lula foi ele ter usado no
segundo turno o fantasma da privatização das empresas. Achei um recurso falso
demais. Eu me senti mal. É claro que a reação dos tucanos e do próprio Alckmin
foi de dar dó. Parecia que a privatização era uma coisa abominável Foi a volta
a um esquerdismo ingênuo, ultraprimário. Eu disse mais de uma vez que pensando
o que penso e sabendo o que sei, se eu votasse em Lula estaria agindo como um
imbecil. Mas respeito quem votou nele.
É indiscutível que Lula tem vocação para política, mas política
no sentido de se dar bem. Ele fala que foi traído e acusa os aloprados. Mas
depois aparece elogiando Zé Dirceu e Palloci. Quem foi que traiu ele? Aí o Zé
Dirceu vem e diz: “Agora eu saio”. Aí Lula deixa transparecer: “Você fica aí,
quieto, depois o tempo passa, a gente aí vê, afinal a esquerda está no poder e
sem mim não estaria...” Isso é política. O petismo pode morrer, mas o lulismo,
não. Mas o que é que Lula quer propriamente fazer? Qual é o programa dele?
Começamos com esse negócio de Fome Zero e [Henrique] Meirelles
[na presidência do Banco Central]. Como se fosse o equilíbrio. Francamente... O
próprio Frei Betto [ex-assessor especial de Lula] ficou meio indignado. Tem uma
porção de coisas aí que não são necessariamente ruins. O Bolsa Família, por
exemplo. Mas não se pode ficar no assistencialismo que desestimula a
produtividade. Eu sou favorável a aumentar o salário mínimo. Mas deveria haver
uma política que estimulasse a produção.
Deveria haver também uma ponte mínima de naylon, finíssima,
entre o que Palocci fez junto com Meirelles e as demagogias da Cultura e do
assistencialismo. O Serra tem um projeto para a economia que pensa
globalmente a questão do social, do desenvolvimento e da inserção do Brasil na economia
mundial. Mas eu nunca vi algo parecido com isso exposto com clareza por Dirceu,
Lula ou Palocci. Não vi no primeiro governo e até agora também não. Parece que
não existe.
Existe um risco muito grande na esquerda e eu sempre tive
problemas com ela. Por ser assim como sou, esquerdo para a esquerda, eu vejo
que ela sempre tende para um negócio arriscado. “Nós temos que estar no poder
porque somos os melhores. Depois a gente vê o que faz”, ela pensa. Não projeta,
não planeja suas ações. Eu vi isso com Waldyr [Pires] na Bahia. Eu fiz campanha
por ele para ajudar a acabar com a hegemonia de Antonio Carlos na Bahia. Depois
do governo de Waldyr, a Bahia ficou mais de ACM.
Se há um grande talento político que floresceu na Bahia foi ACM.
Com alguns resultados grandiosos e perfeitamente visíveis. Agora, ele é o tipo
da coisa que eu gostaria que a Bahia já tivesse se livrado há décadas. Fiquei
muito contente quando [Jacques] Wagner se elegeu governador. Foi uma surpresa
boa. Acho que ele é um sujeito bacana. ACM para mim é uma coisa ultrapassada.
Dar ao aeroporto de Salvador o nome de Luiz Eduardo Magalhães foi uma coisa
grotesca. O aeroporto deveria voltar a se chamar 2 de Julho.
Como ACM, também acho Chávez uma coisa antiga. A burka é uma
coisa antiga e medieval, mas não deixa de ser uma novidade, não é? Chávez sabe
jogar com elementos que entram no imaginário coletivo. Socialismo 21... Ele
está dizendo tudo. É como burka. Você fala em burka e logo vem uma imagem que
se tornou típica do século 21. Chavez também é assim. Isso não quer dizer que
eu seja a favor da burka nem de Chávez. Ele quer ficar no poder e quer a
imprensa a favor dele. Isso é coisa que a esquerda adora.
Você
teme que Lula se veja diante da tentação de querer ficar mais tempo no poder?
Eu acho que sim. Lula já disse algumas vezes que na China é que
é bom, que ninguém atrapalha, não tem que esperar os deputados decidirem. A
admiração dele por Chávez e vice-versa é manifesta. Uma vez Lobão, roqueiro e
meu amigo, criticou Alexandre Pires, cantor de pagode, por ter se emocionado ao
cantar na Casa Branca. Mas naquela semana ou um pouco antes, saiu uma foto de
Zé Dirceu abraçado a Fidel Castro e chorando. Eu pensei: Por que o Lobão está
reclamando do Alexandre Pires?
Lobão disse que Alexandre Pires não o representava, que se
envergonhava daquilo. Alexandre é um rapaz do interior de Minas, é preto, e de
repente se viu no centro do poder mundial e ficou emocionado. Eu não ligaria a
mínima para isso, mas eu sou um aristocrata. Agora, o Zé Dirceu era o nosso
representante oficial... E chorou no ombro de um homem que é ditador há mais de
40 anos. Bush é medíocre. Foi posto lá para fazer o serviço sujo do império.
Mas vai embora depois de oito anos. Fidel, não.
Você
critica Lula por lhe faltar um projeto para o país. Alckmin tinha algum?
Não. Não vi. É claro que o Serra quando foi candidato em 2002
tinha projeto – mas eu votei em Lula. O momento era dele. As pessoas tinham o
sonho maluco de que Lula seria a salvação. Lula pode até chamar Delfim Neto
para junto dele e ninguém vai achar nada demais. Por que? Porque ele é tido
como de esquerda. Como se Serra e FHC fossem de direita. Serra tinha um
programa para a economia muito menos ortodoxo do que o de Lula e muito menos
atrelado aos interesses americanos.
Acho que no governo Lula se avançou pouco. A economia não
cresceu. Esse negócio de nacionalismo antiprivatista, isso é Geisel [Ernesto
Geisel, general, presidente da República na época da ditadura militar de 64].
Às vezes ouço criticas a respeito de FHC. Como se o governo dele tivesse sido
uma mera continuidade dos anteriores. Aí eu digo: Bicho, FHC lutou contra a
ditadura de braços dados com Lula. Delfim Netto, não. FHC interveio mais na
economia porque ele é mais de esquerda.
Minha expectativa em relação ao segundo governo Lula é matizada
pelo desejo de que as coisas andem bem. O modo como a democracia foi
restabelecida no Brasil superou meus melhores sonhos. Eu queria que em 1989 o
Brizola ganhasse do Collor. Lula seria um desastre naquela época. Eu não gostava
da idéia de eleger um governo de esquerda com aquelas fantasias. Em 2002, não.
A Carta aos Brasileiros assinada por Lula mostrou que ele amadurecera. E que o
PT também mudara.
Por ora é muito cedo para se pensar no pós-Lula. Ninguém sabe se
ele não vai querer ficar indefinidamente no poder como Chávez quer.
Você
fala sério?
Não, não acho que ele queira, mas não sei. Apesar do Brasil
estar se manifestando mais por meio de seus aspectos de brutalidade, crueldade
e intolerância, o país é mais sofisticado e mais complexo do que a Venezuela. A
economia e a mentalidade cultural brasileira são mais complexas, mais modernas.
Tal coisa não permitiria que Lula caminhasse para o modelo Chávez. Claro que há
um certo otimismo nessa minha colocação. O otimismo talvez decorra do meu
entusiasmo com o filme da Monique Gardenberg.
O filme “Ó
pai, ó” foi inspirado por uma peça criada e encenada pelo grupo
de teatro Olodum. Ganhou forma sob a direção de Márcio Meireles. Nos anos 90,
vi a peça mais de 15 vezes. Sonhava em fazer dela um filme. Era só tirar a
história do palco e pôr nas ruas do Pelourinho. Amei a peça e amo o filme como
ficou agora. A Monique fez um filme espetacular.
25/2/2007
Os
cantores e compositores Caetano Veloso e Jauperi (ex Vixe Mainha) apresentam o
"Encontros de Verão" neste domingo (25). O evento acontece à partir
das 19 horas, no Othon Palace Hotel, em Salvador.
25/2/2007
IBahia e Globo Online
Caetano Veloso e Jauperi apresentam em
Salvador trilha de 'Ó pai ó'
SALVADOR - "Ó paí ó", filme de Monique Gardenberg, com Lázaro
Ramos e Wagner Moura, só estréia no fim de março, mas hoje (25), às 19h, os
baianos já vão poder ouvir um pouco da trilha sonora feita por Caetano Veloso e
Jauperi.
Eles se apresentam na Área Verde do Othon, em Ondina. Durante o
Carnaval, a música-título do filme conquistou o público.
- A receptividade foi sensacional. Tivemos a confirmação de que a música
foi bastante aceita - afirma Jauperi.
O filme vai ser lançado no dia 30 de março. A pré-estréia será em Salvador,
no dia 12 do mesmo mês.
- Estou muito feliz em ter participação neste filme. Ele é um filme
incrível. E, para celebrar tudo isso, nós vamos nos apresentar no Othon -
declara Caetano Veloso.
No hay comentarios:
Publicar un comentario