Gabinete de Leitura Guilherme Araújo - Rua Redentor 157 - Ipanema |
Guilherme Araújo (RJ, 6/9/1936 - RJ, 21/3/2007) - Foto: Thereza Eugenia |
LAR DA CULTURA. Fachada do Gabinete de Leitura Guilherme Araújo, na rua Redentor - Ana Branco / Agência O Globo
Na próxima
terça-feira, 19h, o Rio ganha mais um centro cultural, o Gabinete de
Leitura
Guilherme Araújo. Mas não espere a biblioteca silenciosa que o nome
sugere: o
espaço será dedicado a exposições, lançamentos (de CDs, DVDs, livros), cursos e
outras atividades.
O nome do local foi exigência extravagante do próprio Guilherme
(1936-2007), co-criador da Tropicália e um um dos reis da noite carioca. Ele
explicava, com uma expressão que era sua marca pessoal: “Meu querido, chamar de
‘gabinete de leitura’ é mais chique.”
A instituição fica no endereço onde ele viveu seus últimos 30 anos, uma
casa na Rua Redentor 157, em Ipanema. Em 2001, Guilherme doou o imóvel para o
Estado do Rio para que, após sua morte, fosse dedicado à cultura.
— Devido a questões burocráticas, o projeto foi várias vezes anunciado e
adiado. Também foram necessárias muitas reformas. Mas agora vai — diz Gilda
Mattoso, jornalista e presidente da associação que administra o imóvel.
O evento de
estreia é também uma homenagem ao antigo morador: uma exposição de Thereza
Eugênia, fotógrafa oficial de Guilherme desde os anos 1970. Nas imagens, ele
aparece ao lado de ícones da MPB e de Hollywood, socialites e travestis. Eram
todos “seus queridos”.
— O Guilherme conhecia todo mundo, circulava em todos os meios e botava todos
na mesma festa — diz Thereza, enquanto mostra os vídeos que fez a partir da sua
coleção de fotos.
Ainda que não gostasse de ser lembrado disso, Guilherme nasceu no
Engenho de Dentro, na Zona Norte. Só completou o ensino médio, o que não o
impediu de aprender inglês, italiano, francês e de se destacar como produtor da
TV Tupi carioca. Após passar pela gravadora Elenco, virou empresário musical.
Uma das primeiras clientes foi Maria Bethânia, que ele classificava de
“internacional” — outro bordão. A partir da baiana, chegou a Caetano Veloso,
Gilberto Gil e Maria da Graça que, por sugestão sua, virou Gal Costa. Como
escreve Carlos Calado no livro “Tropicália”, Guilherme “dava palpites no
repertório, no roteiro dos shows, ou até mesmo no visual dos seus artistas”.
Gil, que teve o exílio com Caetano em Londres “organizado” por Guilherme, exclama por e-mail:
Gal Costa fala sobre o cara que dizia “Divino, maravilhoso”, um de seus primeiros hits:
Guilherme também trabalhou com Raul Seixas, Ney Matogrosso e Luiz Melodia.
A escritora inglesa Jill Drower, amiga de vários artistas brasileiros, conheceu o empresário durante o exílio em Londres e admirava sua visão:
— Eu sempre o chamei de Brian Epstein brasileiro — ela diz, fazendo referência ao empresário dos Beatles. — Ele tinha a habilidade para antever o que iria capturar a imaginação do público.
No final dos anos 70, usou todo o seu prestígio e agenda para reviver os grandes bailes de carnaval, parando a cidade com festas como Sugar Loaf Carnival Ball, Gala Gay e Jeca Chic.
— Guilherme deixava a imprensa entrar, mas para ficar um minuto e ir embora. Assim, as celebridades se soltavam — diz Thereza, que lembra outro detalhe. — Tinha muito penetra, claro. Mas ele dizia: “O bicão que faz a festa.”
A chegada dos camarotes do Sambódromo esvaziou os bailes, e Guilherme passou a ser mais caseiro. A diabetes dificultou sua memória e locomoção (ainda que não tenha modificado seu cardápio). Morreu em 2007, aos 70 anos.
Para a secretária estadual da Cultura, Eva Doris Rosental, é fundamental preservar a memória de Guilherme:
— Ele faz parte de uma cultura carioca muito própria, que vem desaparecendo. É muito importante que esta casa, que recebeu tantos artistas, seja entregue ao público, como era o desejo dele, recuperada.
14/9/2015
Dedicado à cultura brasileira, Gabinete de Leitura Guilherme Araújo é aberto em Ipanema
Exposição de fotos do empresário, morto em 2007, inaugura espaço, que deve receber saraus e lançamentos de livros e discos.
15/9/2015 - Caetano imita pose de foto da exposição de Thereza Eugenia,
que abriu o espaço Fernando Lemos / Agência
O Globo
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Gilberto Gil e Caetano Veloso |
Dedé Gadelha |
Caetano e Flora Gil |
Dedé Gadelha, Caetano e Rogéria |
Thereza Eugênia e Caetano |
Caetano e Jorge Salomão |
Caetano e Gil descobrindo o Busto de Guilherme Araújo |
Fotos: Thereza Eugênia
26/6/1982 - A ex-miss Brasil Marta Rocha, Caetano Veloso, Helô Amado e Guilherme Araújo no primeiro baile de São João no Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro (RJ)
Foto: Manoel Pires/Folhapress
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26/6/1982 - Dedé Veloso à caipira: blusa branca e saia preta, armada, com bandeirinhas coloridas espalhadas aqui e ali |
16/7/2015 - O GLOBO |
23/11/2016 |
O baú de
memórias do ‘Anjo do Bem, Gênio do Mal’
Publicado por: Equipe Anna Ramalho
Data:18 novembro 2016
Empresário, produtor e editor musical de incontáveis estrelas da cena musical brasileira – como João Gilberto, Gilberto Gil, Marina Lima, Lulu Santos e Fafá de Belém, Paulinho Lima -, Paulinho Lima lança na próxima quarta-feira, dia 23, às 18h, a autobiografía Anjo do Bem, Gênio do Mal, no Gabinete de Leitura Guilherme Araújo, em Ipanema.
Ele abre seu baú de memórias e revela deliciosas histórias de bastidores, como a que presenciou com as cantoras Gal Costa, com quem trabalhava, e Linda Batista nos estúdios da extinta TV Tupi, na Urca.
Paulinho acompanhava Gal, que fora convidada por Oduvaldo Vianna Filho para um programa de variedades. As duas deveriam responder as mesmas perguntas sobre temas aleatórios. A proposta era mostrar as diferenças entre as duas gerações. Assim que entraram no estúdio, havia um contraste no comportamento das cantoras: enquanto Gal estava calma e doce, Linda demonstrava um ar mais agressivo. As duas divergiram sobre quase tudo e ao responder sobre elegância, Linda provocou a baiana. Disse que ser elegante era vestir roupas que combinassem com a hora do dia e, principalmente, não usar tamancos, exatamente o que Gal estava usando. A provocação foi tão hostil que Gal respondeu com uma sonora gargalhada e deixou Linda sem reação.
Na foto de arquivo em destaque, uma das que ilustram a autobiografia, Hélio
Oiticica, Paulinho Lima e Gal Costa. |
Foto: Altamiro Santos. Projeto gráfico de Caroline Santos |
28/4/1971 |
“No seu extraordinário livro de memórias Anjo do bem, gênio
do mal, Paulinho Lima conta sua fascinante vida, que em grande parte se passa
entre o mundo do teatro, do cinema, da música popular e, finalmente, o da
poesia, como letrista e produtor de discos de poesia recitada. É uma delícia
ler os surpreendentes episódios que viveu com personalidades como, por exemplo,
Ângela Ro Ro, Cacilda Becker, Caetano Veloso, Chacrinha, Dalva de Oliveira,
Dercy Gonçalves, Fernanda Montenegro, Gal Costa, Gilberto Gil, Glauber Rocha,
Guilherme Araújo, Hélio Oiticica, Ítalo Rossi, Jards Macalé, João Gilberto,
Jorge Mautner, Marina Lima, Nana Caymmi, Walmor Chagas, Waly Salomão, Zizi
Possi, Zózimo Barroso do Amaral e tantos e tantos outros personagens-chave da
segunda metade do século XX, quando, graças, em parte, à atuação deles, a
cultura brasileira se encontrava em polvorosa”
Antonio Cicero, filósofo e poeta
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