A
Bela Lindonéia (a Gioconda do Subúrbio), 1966 .
Rubens Gerchman (RJ, 10/1/1942 - SP, 29/1/2008)
Técnica: tinta acrílica,
vidro bisotê e colagem sobre madeira, 90 x 90 cm.
Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM RJ
Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM RJ
Antônio do Amaral Rocha
Jornalista e editor
O enigma de Lindonéia
Rubens Gerchman (1942-2008), falecido em
janeiro, vítima de um câncer raro de pulmão, um dos mais importantes artistas
plásticos brasileiros, deixa um importante legado, entre muitos outros
trabalhos. Trata-se da enigmática obra intitulada A Bela Lindonéia ou A
Gioconda do Subúrbio, de 1966, que pode ser assim descrita: o suporte é um
espelho, no centro há o desenho de uma imagem feminina jovem, com marcas
sombreadas, junto ao olho esquerdo, nariz e lábio inferior. Esse recurso da
sombra pode ser simplesmente só a sombra, mas também sugere que tal pessoa
possa ter sido agredida. Tal como alguém posando seriamente para uma fotografia
3x4, Lindonéia destila em seu olhar uma expressão de susto ou irritação. O
desenho caricatural, de vertente serigráfica, e efeito pop nas cores
alaranjado e preto, é emoldurado com motivos florais pintados no estilo rococó
abrasileirado, kitsch, tal como os antigos entalhes nos vidros que
cobriam os porta-retratos de casamentos de nossos avós. O espelho é montado num
suporte de cartão(?) na medida de 60 x 60 cm, na mesma cor alaranjada, onde
aparecem, como se fossem uma página de jornal sensacionalista, os títulos e
legendas: "UM AMOR IMPOSSÍVEL". "A BELA LINDONÉIA DE 18 ANOS
MORREU INSTANTANEAMENTE", fazendo uso dos registros textuais, tão ao gosto
da pop art ― "antropofagiza" e vai além de Andy Warhol.
Tanto a representação pictórica quanto o título justificam a hipótese de se tratar de um assassinato, de um acerto de contas amoroso; e são referências de um caso policial, da crua crônica policial brasileira. Por outro lado, o nome Gioconda é um claro contraponto caricato e irônico ao "sorriso" enigmático de Mona Lisa de Da Vinci. Mas, se ao invés de vítima, Lindonéia fosse ré? Certamente encimaria a obra os dizeres "Procurada", tão próxima está da técnica dos cartazes de "Wanted", difundida pelos westerns ou filmes de cowboy americanos. Naquele tempo, na era pré-industrial, esses cartazes eram reproduzidos com a tecnologia mais avançada que existia, as máquinas minervas, de impressão manual, e no seu tempo ― na era industrial ― o artista da pop art também fez uso dos cartazes, usando técnicas de reprodução de uma era pré-industrial e baixas tiragens numeradas. Vale lembrar, pouco tempo depois de Lindonéia vir a público, cartazes "Procura-se" começaram a "decorar" as paredes das cidades, em aeroportos, estações de trem, estações ferroviárias e halls de edifícios públicos. Esses cartazes produzidos pelo milionário aparato repressor da ditadura militar também fez uso de técnicas de reprodução da era pré-industrial, tal como os conhecidos "lambe-lambes". As fotos em clichês dos "terroristas políticos perigosos procurados" eram aquelas que menos os favoreciam esteticamente, figurando como "bandidos". E ainda havia a advertência: "Para a sua segurança, coopere, identificando-os ao órgão policial". O uso de uma técnica superada (impressão em máquinas gráficas manuais) gerava o sentido do rebaixamento. Seria uma maneira de rebaixar ainda mais o que já era perseguido, humilhado e enxovalhado?
Tanto a representação pictórica quanto o título justificam a hipótese de se tratar de um assassinato, de um acerto de contas amoroso; e são referências de um caso policial, da crua crônica policial brasileira. Por outro lado, o nome Gioconda é um claro contraponto caricato e irônico ao "sorriso" enigmático de Mona Lisa de Da Vinci. Mas, se ao invés de vítima, Lindonéia fosse ré? Certamente encimaria a obra os dizeres "Procurada", tão próxima está da técnica dos cartazes de "Wanted", difundida pelos westerns ou filmes de cowboy americanos. Naquele tempo, na era pré-industrial, esses cartazes eram reproduzidos com a tecnologia mais avançada que existia, as máquinas minervas, de impressão manual, e no seu tempo ― na era industrial ― o artista da pop art também fez uso dos cartazes, usando técnicas de reprodução de uma era pré-industrial e baixas tiragens numeradas. Vale lembrar, pouco tempo depois de Lindonéia vir a público, cartazes "Procura-se" começaram a "decorar" as paredes das cidades, em aeroportos, estações de trem, estações ferroviárias e halls de edifícios públicos. Esses cartazes produzidos pelo milionário aparato repressor da ditadura militar também fez uso de técnicas de reprodução da era pré-industrial, tal como os conhecidos "lambe-lambes". As fotos em clichês dos "terroristas políticos perigosos procurados" eram aquelas que menos os favoreciam esteticamente, figurando como "bandidos". E ainda havia a advertência: "Para a sua segurança, coopere, identificando-os ao órgão policial". O uso de uma técnica superada (impressão em máquinas gráficas manuais) gerava o sentido do rebaixamento. Seria uma maneira de rebaixar ainda mais o que já era perseguido, humilhado e enxovalhado?
Mas, voltemos a Lindonéia. Instigante deve ser
o efeito da apreciação da obra quando ela é vista (raramente, pois é de coleção
particular) ao vivo numa parede de galeria. Ali a imagem do espectador é
refletida no suporte espelhado e se funde com a figura feminina. Esse é mais um
aspecto da estranheza desse trabalho de Gerchman, ausente quando se aprecia a
imagem impressa em papel.
Mas por que a importância de Lindonéia extrapolou o circuito das artes plásticas e se incorporou no imaginário da música brasileira? Consta que Nara Leão encomendou a Caetano e Gil uma canção inspirada nesta obra. O resultado é a conhecida composição em ritmo abolerado que Nara, de forma delicada, registrou em sua participação no disco seminal do movimento tropicalista, Tropicália ou Panis et Circensis (Philips, 1968). "Lindonéia" (ao lado de "Miserere Nobis", "Coração materno", "Panis et Circenses", "Parque industrial", "Geléia geral", "Baby", "Três caravelas", "Enquanto seu lobo não vem", "Mamãe coragem", "Batmakumba" e "Hino do Senhor do Bonfim") se soma ao conjunto do manifesto e não causa estranhamento ― nem pelo arranjo kitsch orquestral de Rogério Duprat ― tão colada está na proposta de miscelânea estética que era a Tropicália, que comemora 40 anos, mas ressalta o drama de Lindonéia, que é um pouco o drama de todos, vivendo no estado ditatorial daquele emblemático ano de 1968, quando a "velha ordem" foi contestada.
A letra da canção "Lindonéia" é quase descritiva da representação e grande parte dos versos são sugeridos pela apreciação da obra, a começar pelo suporte. Está dito na primeira estrofe:
"Na frente do espelho
Sem que ninguém a visse
Miss
Linda, feia
Lindonéia desaparecida"
O nome Lindonéia remete a uma pessoa bonita, mas o registro cafona e popularesco do nome sugere também que ela seja um retrato da miscigenação brasileira. Na segunda estrofe:
"Despedaçados
Atropelados
Cachorros mortos nas ruas
Policiais vigiando
O sol batendo nas frutas
Sangrando"
Define-se algo que está sugerido fora da imagem de Lindonéia, mas no clima do crime descrito no suporte alaranjado, como se fosse a primeira página de um jornal. E "policiais vigiando" é também a expressão escarrada da ditadura que se vivia naquele tempo. A terceira estrofe:
"Lindonéia, cor parda
Fruta na feira
Lindonéia solteira
Lindonéia, domingo
Segunda-feira
Lindonéia desaparecida
Na igreja, no andor
Lindonéia desaparecida
Na preguiça, no progresso
Lindonéia desaparecida
Nas paradas de sucesso"
Remete ao centro da representação e define a possível origem branco/mulata da personagem, no seu cotidiano de trabalhadora, talvez empregada doméstica, um tipo brasileiro, imigrante, despossuída e descreve retratos do cotidiano de Lindonéia, sua religiosidade, sua denguice, seu sonho de se aproximar do sucesso, de vencer na vida, entrecortado com a lembrança de que este não será um sonho com final feliz, pois Lindonéia está morta. É um retrato do alto e do baixo, do sublime e do cruel. A canção se encerra com:
"No avesso do espelho
Mas desaparecida
Ela aparece na fotografia
Do outro lado da vida
Despedaçados, atropelados
Cachorros mortos nas ruas
Policiais vigiando
O sol batendo nas frutas
Sangrando"
Aqui os versos remetem novamente para dentro da representação ao se referir ao espelho, mas ao outro lado do espelho, pois a retratada é uma mera fotografia de uma vida "do outro lado da vida", isto é, a morte; e mais uma vez lembra o universo de um cotidiano violento referido pela periferia do suporte. A repetição da segunda estrofe reitera o estado policial.
No final de todas as estrofes, um refrão ― com a mesma função do coro na tragédia, como se fosse uma voz coletiva ― permite ao poeta o desfrute de assumir aquele sofrimento ao afirmar: "Oh, meu amor/ A solidão vai me matar de dor".
Lindonéia (representação gráfica) e "Lindonéia" (música), ambas cumprem assim a função de dar sentido a uma realidade perversa, uma tragédia brasileira.
Mas por que a importância de Lindonéia extrapolou o circuito das artes plásticas e se incorporou no imaginário da música brasileira? Consta que Nara Leão encomendou a Caetano e Gil uma canção inspirada nesta obra. O resultado é a conhecida composição em ritmo abolerado que Nara, de forma delicada, registrou em sua participação no disco seminal do movimento tropicalista, Tropicália ou Panis et Circensis (Philips, 1968). "Lindonéia" (ao lado de "Miserere Nobis", "Coração materno", "Panis et Circenses", "Parque industrial", "Geléia geral", "Baby", "Três caravelas", "Enquanto seu lobo não vem", "Mamãe coragem", "Batmakumba" e "Hino do Senhor do Bonfim") se soma ao conjunto do manifesto e não causa estranhamento ― nem pelo arranjo kitsch orquestral de Rogério Duprat ― tão colada está na proposta de miscelânea estética que era a Tropicália, que comemora 40 anos, mas ressalta o drama de Lindonéia, que é um pouco o drama de todos, vivendo no estado ditatorial daquele emblemático ano de 1968, quando a "velha ordem" foi contestada.
A letra da canção "Lindonéia" é quase descritiva da representação e grande parte dos versos são sugeridos pela apreciação da obra, a começar pelo suporte. Está dito na primeira estrofe:
"Na frente do espelho
Sem que ninguém a visse
Miss
Linda, feia
Lindonéia desaparecida"
O nome Lindonéia remete a uma pessoa bonita, mas o registro cafona e popularesco do nome sugere também que ela seja um retrato da miscigenação brasileira. Na segunda estrofe:
"Despedaçados
Atropelados
Cachorros mortos nas ruas
Policiais vigiando
O sol batendo nas frutas
Sangrando"
Define-se algo que está sugerido fora da imagem de Lindonéia, mas no clima do crime descrito no suporte alaranjado, como se fosse a primeira página de um jornal. E "policiais vigiando" é também a expressão escarrada da ditadura que se vivia naquele tempo. A terceira estrofe:
"Lindonéia, cor parda
Fruta na feira
Lindonéia solteira
Lindonéia, domingo
Segunda-feira
Lindonéia desaparecida
Na igreja, no andor
Lindonéia desaparecida
Na preguiça, no progresso
Lindonéia desaparecida
Nas paradas de sucesso"
Remete ao centro da representação e define a possível origem branco/mulata da personagem, no seu cotidiano de trabalhadora, talvez empregada doméstica, um tipo brasileiro, imigrante, despossuída e descreve retratos do cotidiano de Lindonéia, sua religiosidade, sua denguice, seu sonho de se aproximar do sucesso, de vencer na vida, entrecortado com a lembrança de que este não será um sonho com final feliz, pois Lindonéia está morta. É um retrato do alto e do baixo, do sublime e do cruel. A canção se encerra com:
"No avesso do espelho
Mas desaparecida
Ela aparece na fotografia
Do outro lado da vida
Despedaçados, atropelados
Cachorros mortos nas ruas
Policiais vigiando
O sol batendo nas frutas
Sangrando"
Aqui os versos remetem novamente para dentro da representação ao se referir ao espelho, mas ao outro lado do espelho, pois a retratada é uma mera fotografia de uma vida "do outro lado da vida", isto é, a morte; e mais uma vez lembra o universo de um cotidiano violento referido pela periferia do suporte. A repetição da segunda estrofe reitera o estado policial.
No final de todas as estrofes, um refrão ― com a mesma função do coro na tragédia, como se fosse uma voz coletiva ― permite ao poeta o desfrute de assumir aquele sofrimento ao afirmar: "Oh, meu amor/ A solidão vai me matar de dor".
Lindonéia (representação gráfica) e "Lindonéia" (música), ambas cumprem assim a função de dar sentido a uma realidade perversa, uma tragédia brasileira.
1985
TROPICÁLIA – UM AMOR IMPOSSÍVEL – A BELA LINDONÉIA
[Varios intérpretes]
Philips Caja 4 LP's 824 282-1
Disco 1 - 824 283-1/824 282-1
História da tropicália, SEM LENÇO, SEM DOCUMENTO
Lado A
1. ALEGRIA, ALEGRIA (Caetano Veloso) CAETANO VELOSO (P) 1967
2. DOMINGO NO PARQUE (Gilberto Gil) GILBERTO GIL (P) 1967
3. CAMINHANTE NOTURNO (Os Mutantes) OS MUTANTES (P) 1968
4. BOM DIA (Nana Caymmi/Gilberto Gil) GAL COSTA (P) 1967
5. É PROIBIDO PROIBIR (Caetano Veloso) CAETANO VELOSO
e OS MUTANTES (P) 1968
Lado B
1. DIVINO, MARAVILHOSO (Gilberto Gil/Caetano Veloso) GAL COSTA (P) 1969
2. QUESTÃO DE ORDEM (Gilberto Gil) GILBERTO GIL (P) 1968
3. QUEREMOS GUERRA (Jorge Ben) CAETANO VELOSO (P) 1968
Gilberto Gil (voz), Jorge Ben (violão) y Caetano Veloso (coro)
4. ANDO MEIO DESLIGADO (Os Mutantes) OS MUTANTES (P) 1969
5. A MORENINHA (Tom Zé) GILBERTO GIL (P) 1967
Disco 2 -824 284-1/824 282-1
TRIP TROPICAL
Lado A
1. TROPICÁLIA (Caetano Veloso) CAETANO VELOSO (P) 1967
2. FREVO RASGADO (Gilberto Gil/Bruno Ferreira) GILBERTO GIL (P) 1968
3. NÃO IDENTIFICADO (Caetano Veloso) GAL COSTA (P) 1969
4. PROCISSÃO (Gilberto Gil) GILBERTO GIL (P) 1968
5. PAISAGEM ÚTIL (Caetano Veloso) CAETANO VELOSO (P) 1967
6. ELES (Gilberto Gil/Caetano Veloso) CAETANO VELOSO (P) 1967
Lado B
1. PAÍS TROPICAL (Jorge Ben) GAL COSTA, CAETANO VELOSO e GILBERTO GIL (P) 1969
2. SOY LOCO POR TI, AMÉRICA (Gilberto Gil/José Carlos Capinam) (P) 1967
3. QUE PENA [Ele já não gosta de mim] (Jorge Ben) GAL COSTA e CAETANO VELOSO (P) 1969
4. SAUDOSISMO (Caetano Veloso) GAL COSTA (P) 1969
5. ELE FALAVA NISSO TODO DIA (Gilberto Gil) GILBERTO GIL (P) 1968
6. CLARA (Caetano Veloso) CAETANO VELOSO e GAL COSTA (P) 1967
Disco 3 - 824 285-1/824 282-1
TROPICÁLIA
Lado A
1. MISERERE NÓBIS (Gilberto Gil/José Carlos Capinam) GILBERTO GIL
2. CORAÇÃO MATERNO (Vicente Celestino) CAETANO VELOSO
3. PANIS ET CIRCENSES (Gilberto Gil/Caetano Veloso) OS MUTANTES
4. LINDONÉIA (Gilberto Gil/Caetano Veloso) NARA LEÃO
5. PARQUE INDUSTRIAL (Tom Zé)
GILBERTO GIL, CAETANO VELOSO, GAL COSTA e OS MUTANTES
6. GELÉIA GERAL (Gilberto Gil/Torquato Neto) GILBERTO GIL
Lado B
1. BABY (Caetano Veloso) GAL COSTA y CAETANO VELOSO
2. TRÊS CARAVELAS [Las Tres Carabelas] (Augusto Algueró Jr./G. Moreu -
/ Versão: João do Barro) CAETANO VELOSO e GILBERTO GIL
3. ENQUANTO SEU LOBO NÃO VEM (Caetano Veloso) CAETANO VELOSO
4. MAMÃE, CORAGEM (Caetano Veloso/Torquato Neto) GAL COSTA
5. BAT MACUMBA (Gilberto Gil/Caetano Veloso) GILBERTO GIL
6. HINO AO SENHOR DO BONFIM DA BAHIA (João Antonio Wanderlei/Petin de Villar) CAETANO VELOSO, GILBERTO GIL, GAL COSTA y OS MUTANTES
Disco 4 - 824 286-1/824 282-1
GELÉIA GERAL
Lado A
1. SUPERBACANA (Caetano Veloso) CLAUDETTE SOARES
2. DEUS VOS SALVE ESTA CASA SANTA (Caetano Veloso/Torquato Neto) NARA LEÃO
3. BOA PALAVRA (Caetano Veloso) ELIS REGINA
4. SÃO PAULO, MEU AMOR (Tom Zé) MARÍLIA MEDALHA
5. AVE-MARIA (Caetano Veloso) JOYCE y MOMENTO4ATRO
6. GLÓRIA (Tom Zé) MARÍLIA MEDALHA
7. LUNIK 9 (Gilberto Gil) ELIS REGINA
Lado B
1. CAROLINA (Chico Buarque) CAETANO VELOSO
2. CAMBALACHE (Enrique Santos Discépolo) CAETANO VELOSO
3. ALFÔMEGA (Gilberto Gil) CAETANO VELOSO
4. NAMORINHO DE PORTÃO (Tom Zé) GAL COSTA e GILBERTO GIL
5. CULTURA E CIVILIZAÇÃO (Gilberto Gil) GAL COSTA
6. THE EMPTY BOAT (Caetano Veloso) GAL COSTA e JARDS MACALÉ
Também editado em fita cassete
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