26ª Edición: 2014 - Prêmio da Música Brasileira 2015 - VALE
Año Maria Bethânia
Entrega: 10-6-2015, Theatro Municipal de Rio de Janeiro.
Foto: Tino Monetti |
10 de junho de 2015
As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Maria Bethânia será
homenageada por cantoras no Prêmio da Música Brasileira
Nana
Caymmi é amiga desde os anos 1960. Alcione recebeu de suas mãos o primeiro
disco de ouro, em 1975. Adriana Calcanhotto a tem como "bússola".
Mônica Salmaso, como uma pesquisadora fundamental para a música brasileira.
Mariene de Castro a considera uma madrinha. Já Zélia Duncan a visualiza num
olimpo. Maria Bethânia será homenageada pelas seis cantoras na cerimônia de
entrega do Prêmio da Música Brasileira, nesta quarta, 10, no Teatro Municipal
do Rio. De gerações e estilos distintos, cada uma delas cantará uma faceta de
Bethânia.
Dizendo-se feliz por vê-la
glorificada em vida, Nana, acompanhada do irmão Dori, voltará ao início da
carreira da baiana, com Pra Dizer Adeus (Edu Lobo-Torquato Neto), do disco Edu
e Bethânia (1967). "Fiquei deslumbrada quando ouvi pela primeira vez.
Bethânia sempre esteve na vanguarda", disse Nana, sobre a ligação iniciada
em 1966, quando venceu o Festival da TV Globo, com Saveiros (Dori/Nelson
Motta). "As famílias eram muito amigas. Tenho muita admiração pelo gosto dela.
Hoje, só nos vemos a trabalho: eu fico no camarim dela tomando uísque, dando
risada e atrapalhando."
Para
Alcione, o criador do PMB e seu diretor-geral, José Maurício Machline, escolheu
Negue (Enzo de Almeida Passos-Adelino Moreira), canção dramática, clássico do
repertório de Nelson Gonçalves, gravada por Bethânia em Álibi (1978). A cantora
maranhense se orgulha de ter apresentado a tradição dos cantadores de sua terra
para Bethânia, como o bumba meu boi de Humberto de Maracanã. Ela marcou a
carreira de Alcione por lhe ter entregue a primeira láurea de uma série.
"Éramos
da mesma gravadora e ela me deu o disco de ouro. No Álibi, me convidou para
cantar com ela O Meu Amor (Chico Buarque). Depois a levei ao Maranhão para ser
homenageada e por ter gravado João do Vale (maranhense que compôs, com José
Cândido, Carcará, primeiro sucesso de Bethânia). A gente aprende muito com
Bethânia. Ela é muito reta na trajetória artística", afirmou Alcione, que
recentemente endossou a escolha da sua escola de samba, a Mangueira, de ter a
intérprete como enredo para o carnaval de 2016 (em 1994, a escola fez desfile
sobre os Doces Bárbaros).
Nascida
19 anos depois de Bethânia, Adriana Calcanhotto foi apresentada à sua voz por
uma tia, professora de língua portuguesa, que apreciava os poemas e textos
inseridos nos espetáculos. "Tia Istellita me inoculou. Bethânia é a
bússola, para além de cumprir o papel de rainha", enalteceu a compositora
gaúcha, já gravada pela baiana. "Não conseguia acreditar que aquela voz,
que mudou meu mundo, estava dizendo palavras escritas por mim. Ouvia de novo e
de novo, para me convencer." No PMB, Adriana interpretará Âmbar,
composição sua que virou título do disco de Bethânia de 1996. "Fiz para
ela, nunca cantei, nunca gravei, é toda dela. A sensação que tenho é que vou
interpretar uma canção de Maria Bethânia."
O
universo interiorano do cancioneiro registrado pela homenageada ficou com
Mônica Salmaso, a quem couberam canções do CD Brasileirinho (2003). "É o
meu favorito, me interessou muito pela densidade e a qualidade do mapeamento
musical que faz." Ligada ao candomblé, a soteropolitana Mariene de Castro,
que foi casada com o compositor e produtor J. Velloso, sobrinho de Bethânia,
exaltará orixás femininos já cantados por ela. Paiol de Ouro (Alexandre Leão/Olival
Mattos) foi a primeira música que cantei em meu primeiro show. Bethânia está na
minha carreira desde o início."
Roteirista
do PMB, Zélia Duncan apresentará versão de Rosa dos Ventos (Chico Buarque), de
1971, música emblemática da trajetória de Bethânia por marcar o início da
parceria com o diretor Fauzi Arap. "Esse show mudou a forma de se fazer
show no Brasil. É impossível cantar essa música sem ouvir a voz dela na minha
cabeça. Vira quase um dueto", disse Zélia. "Eu era pré-adolescente e
ganhei (o disco ao vivo) Chico Buarque e Maria Bethânia (1975). Vivia cantando
pela casa com sotaque baiano."
O
tributo da noite desta quarta, 10, terá também participações masculinas: de
Caetano Veloso, Arnaldo Antunes, Chico César, Lenine, Johnny Hooker e Roque
Ferreira. Caetano cantará a primeira composição sua gravada pela irmã, De Manhã
(lado B do compacto de 1965 que tinha Carcará) e falará da relação deles na
juventude. Chico Buarque não aceitou o convite para participar.
A
teatralidade de Bethânia será lembrada por atores, como Renata Sorrah e Matheus
Nachtergaele, que lerão textos recitados em seus shows. A cantora estará no
palco duas vezes, na abertura e ao fim da cerimônia.
O PMB privilegia autores
nas homenagens, mas outros intérpretes já foram celebrados, como Maysa, Elis
Regina e Jair Rodrigues, entre outros. O mais abrangente do País, com 106
indicados em categorias que se estendem da música clássica ao pop, o prêmio
está na 26.ª edição. Os campeões de indicações da noite são Mônica Salmaso, com
quatro, seguida de Fernanda Takai, Ney Matogrosso, Gilberto Gil, Hamilton de
Holanda e o grupo baiano Ganhadeiras de Itapuã, com três.
O GLOBO
11/06/2015
Maria
Bethânia é homenageada no 26º Prêmio da Música Brasileira
Comemorando os 50 anos de
carreira, ela cantou, dançou e agradeceu. Bethânia foi aplaudida de pé no
Theatro Municipal, do Rio de Janeiro.
Uma noite de homenagens. A
cantora Maria Bethânia foi o grande destaque da 26ª do Prêmio da Música
Brasileira. Comemorando os 50 anos de carreira, ela cantou, dançou, sambou e
agradeceu. O público se emocionou e aplaudiu Bethânia de pé no Theatro
Municipal do Rio de Janeiro.
E foi com a canção Carcará
que Maria Bethânia começou a escrever seu nome na história da música
brasileira. Era justo repeti-la para começar a relembrar os principais momentos
da carreira.
Foi uma noite para
satisfazer os apaixonados pelo timbre inconfundível, pela interpretação sempre
enérgica e teatral das músicas e poesias. Não era difícil encontrar semblantes
de admiração na plateia do Municipal, que vibrava até com o errinho de
Bethânia.
Atores e cantores
interpretaram músicas e poesias que foram marcantes na voz de Bethânia. Coube a
Matheus Naschtergaele a tarefa de recitar Menino Jesus, de Fernando Pessoa, um
dos principais do repertório de Bethânia.
A participação de Alcione
foi uma das mais aplaudidas. Entre um número musical e outro, os troféus do 26º
Prêmio da Música Brasileira foram distribuídos. Ney Matogrosso ganhou duas
estatuetas, como melhor cantor pop e pelo melhor álbum da mesma categoria.
Alceu Valença engatinhou no
palco para buscar seu prêmio de melhor cantor regional. E depois ainda quase se
enrolou ao cumprimentar a assistente. O melhor DVD foi para Gilberto Gil, os
melhores cantores de samba foram Arlindo Cruz e Alcione. Maria Bethânia dessa
vez não concorreu, mas ela já ganhou 22 estatuetas dessa premiação, entre 1985
e 2014.
No final da festa dos 50
anos de carreira, a cantora que faz 70 anos em 2016, sambou como se ainda fosse
a menina baiana que saiu de Santo Amaro para emocionar o país.
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