FOLHA DE S.PAULO
São Paulo, quarta-feira, 16 de fevereiro de 1994
Caetano
anima Bahia em desfile do Olodum
ANDRÉA
DANTAS
ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR
ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR
Depois de desfilar na Mangueira, no Rio, Caetano
Veloso chegou anteontem no início da noite de volta a Salvador. E, para alegria
geral dos baianos, para quem "Caê" é onipresente, ele desfilou
novamente no bloco afro Olodum, no percurso Barra-Ondina. "O Olodum é Olodum
de qualquer jeito. Mas com Caê é uma honra", disse a baiana Marina Vieira,
29 , há cinco anos integrante do bloco –e que tentava de qualquer modo ganhar
um aceno do ídolo.
Visivelmente cansado, assim que subiu ao caminhão de som do bloco (por volta das 23h), Caetano foi chamado para cantar. Entoou de cara "Requebra", o hit do Carnaval deste ano, composto por Pierre Onasis e Nego, do próprio Olodum. Emendou depois "Mel Mulher", cujo refrão "amar, amar, amar, eu amarei / com o Olodum eu vou / Aonde você for / Não, não brigue, não mate, Nào morra não, porque a vida é preciosa, não deixe passar em vão" foi acompanhado por um grande coro afinado composto pelos 3.000 integrantes do bloco mais a multidão que assistia ao desfile.
Às duas da manhã de ontem, Caetano chegou ao camarote da Prefeitura no Campo Grande, acompanhado de sua atual mulher Paula Lavigne, e da ex, Dedé. Assim que chegou perguntou para a prefeita Lídice da Mata: "E o Ilê?" A anfitriã respondeu que ele já tinha passado, "e foi lindo". Caetano lamentou não ter visto. Quis saber ainda sobre Daniela Mercury e Filhos de Gandhiy. Lembrou que o desfile da Mangueira foi "muito emocionante". "Foi uma homenagem maravilhosa", disse, se referindo ao tema Doces Bárbaros".
Sobre a comparação entre os dois carnavais, disse apenas que "Lá (Rio) é muito bom, mas aqui (Salvador) é outro lance".
Caetano deixou o camarote às quatro da manhã e
disse que pretenderia ver ontem à tarde Daniela Mercury e depois Os Filhos de
Gandhiy.
FOLHA DE S.PAULO
São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 1994
Público
obriga Olodum a tocar 'Requebra'
LUIZ
FRANCISCO / BOB FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Cerca de
30 mil pessoas, segundo estimativas da Polícia Militar, acompanharam durante a
madrugada de ontem a primeira apresentação do bloco afro Olodum no Carnaval
baiano deste ano. Por volta das 7h, Antonio Cardoso dos Santos, 24, foi morto
com uma bala perdida na cabeça na ladeira de São Bento, no final do desfile. A
polícia suspeita que o autor do tiro seja um soldado do 8º Batalhão da PM. Ele
ainda não havia sido preso até o final da manhã de ontem e seu nome não foi
divulgado.
Pela
primeira vez em seus 14 anos, o Olodum escolheu um tema brasileiro para puxar
seu desfile do Pelourinho (centro histórico de Salvador) até o Campo Grande.
"Resolvemos homenagear o Tropicalismo pela revolução que esse movimento
proporcionou à música brasileira", disse o diretor do bloco, Zulu Araújo.
O Olodum sempre usava temas africanos.
Entre os
convidados estavam o ex-ministro Jutahy Magalhães Jr., a deputada federal
Benedita da Silva (PT-RJ), Caetano Veloso e Elba Ramalho.
Cerca de
20% dos 3.500 integrantes do bloco eram turistas. Por volta das 22h de
anteontem, cerca de 10 mil pessoas já estavam concentradas em frente à sede do
Olodum, no centro histórico.
Os sócios
do Olodum pagaram CR$ 57 mil para comprar a mortalha (camisolão comprido que
identifica o folião) do bloco. Os não-sócios desembolsaram CR$ 67 mil e as
pessoas filiadas a qualquer sindicato compravam o material com CR$ 42 mil.
Durante
as seis horas do desfile, o Olodum foi muito aplaudido pela multidão que lotava
os três quilômetros que separam o Pelourinho do Campo Grande. "A
apresentação do Olodum mostrou mais uma vez que o forte do Carnaval baiano é a
participação popular", disse o italiano Sandro Berti, 26.
Requebra
Pelo menos dez vezes durante a apresentação os três principais cantores do bloco foram "obrigados" pelos foliões a interpretar "Requebra", o maior sucesso do Carnaval baiano este ano. "Esta música é muito sensual e demonstra toda criatividade do baiano", disse o estudante paulista Rogério Azevedo Junior, 24.
Pelo menos dez vezes durante a apresentação os três principais cantores do bloco foram "obrigados" pelos foliões a interpretar "Requebra", o maior sucesso do Carnaval baiano este ano. "Esta música é muito sensual e demonstra toda criatividade do baiano", disse o estudante paulista Rogério Azevedo Junior, 24.
O
Requebra virou a dança sensação do Carnaval da Bahia deste ano. Ao som da
música ("Requebra, requebra, requebra sim / Pode falar, pode rir de mim"),
as pessoas juntas ou separadas, requebram se abaixando até quase encostar a
bunda no chão.
A música
é cantada também por outros grupos, como a Timbalada de Carlinhos Brown, que
desfilou pelas ruas de Salvador na noite de anteontem. Outra novidade do Olodum
foi a grande participação das mulheres no desfile. "Pelo menos 60% dos
nossos integrantes hoje são mulheres", disse Zulu Araújo. A próxima
apresentação do Olodum está prevista para hoje à noite, no Porto da Barra.
1994 – OLODUM
Álbum “Cartão Postal”
A. CARTÃO POSTAL
Sérgio Participação, Mestre Jackson e Ythamar Tropicália
B. CARTÃO POSTAL
Sérgio Participação, Mestre Jackson e Ythamar Tropicália
Continental S 12” n° 115903156 [Mix Promocional]
A. ROSA
Pierre Onasis
B. ROSA
Pierre Onasis
Continental S 12” n° 115903138 [Mix Promocional]
Pierre Onasis
B. ROSA
Pierre Onasis
Continental S 12” n° 115903138 [Mix Promocional]
1994 – OLODUM
Álbum “Olodum pode requebrar"
A. REQUEBRA
Pierre Onasis e Nego
B. REQUEBRA
Pierre Onasis e Nego
Continental S 12” n° 115903124 [Mix Promocional]
REQUEBRA
Autores: Pierre Onasis / Nego
Requebra, requebra
Requebra assim
Pode falar
Pode rir de mim
Deusa de marron
Jeito sensual
Quando ela passa
Agita a cidade
Pois é carnaval
Já falei que te quero
Não tenho vergonha de te assumir
Pois o homen não vive
Se seus sentimentos não admitir
Pode requebrar
Pode requebrar
Requebra, requebra
Requebra assim
Pode falar
Pode rir de mim
Faça o que quiser
Mas eu não vou te esquecer
Quero você, amor
Requebra, requebra
Requebra assim
Pode falar
Pode rir de mim
Requebra assim
Pode falar
Pode rir de mim
Deusa de marron
Jeito sensual
Quando ela passa
Agita a cidade
Pois é carnaval
Já falei que te quero
Não tenho vergonha de te assumir
Pois o homen não vive
Se seus sentimentos não admitir
Pode requebrar
Pode requebrar
Requebra, requebra
Requebra assim
Pode falar
Pode rir de mim
Faça o que quiser
Mas eu não vou te esquecer
Quero você, amor
Requebra, requebra
Requebra assim
Pode falar
Pode rir de mim
FOLHA DE S.PAULO
São Paulo,
quinta-feira, 17 de fevereiro de 1994
Encontro de trios na Bahia reúne 200 mil
MENEZES, Rogério. Um povo a mais de mil: os frenéticos carnavais de baianos e caetanos. Scritta, 1994
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