21/9/1973, São Paulo |
“...'Tenho ciúme de tudo' levou meus pensamentos a uma
voragem. Esse bolero era o exemplo mais espalhafatoso do fenômeno de massas
Orlando Dias. Dias rasgava o próprio paletó, gritava 'Obrigado, minhas fãs',
ajoelhava- se. Era o culto a Orlando Silva exibindo consequência no polo oposto
a João Gilberto. Dias ficou famoso no início dos anos 1960, mas nos 70, quando
voltei de Londres, ele brilhava ainda, com os LPs 'Obrigado minhas fãs', 1 e 2.
'Tenho ciúme de tudo', desde o título, não é uma canção moderada. No nosso
ambiente, ríamos de Orlando — e eu achava que não tinha ciúme de nada. Decidi
cantar justo esse bolero — e como último número do meu show da temporada. Tendo
encontrado Ditinha, propus-lhe que entrasse no palco toda noite para o número
final. Eu cantava para ela.
Não lembro exatamente como
era a roupa de Ditinha. Mas estou certo de que não era uma roupa do dia a dia
de uma mulher. Era roupa de palco — e havia plumas...."
[Caetano Veloso, 2011]
“… A vida tem bons
momentos, mas duram muito pouco, sentencia. Como quando, ao ir ao Rio de
Janeiro pela primeira vez, para participar, como convidada especial, de um
espetáculo de Caetano Veloso ("uma glória!"), Ditinha foi presa na
rua e passou a noite na delegacia, sem ter feito nada de mal, só porque estava
parada na calçada da Cinelàndia, quando o carrão passou.”
[José Antônio
Nonato, Jornal X -, n° 11, 1975]
Orlando Dias
Bolero
1961
Tu és a criatura mais linda
que os meus olhos já viram
tu tens a boca mais linda
que minha boca beijou
são meus os teus lábios
estes lábios
que os meus desejos mataram
são minhas tuas mãos
estas mãos
que as minhas mãos afagaram
tu tens a boca mais linda
que minha boca beijou
são meus os teus lábios
estes lábios
que os meus desejos mataram
são minhas tuas mãos
estas mãos
que as minhas mãos afagaram
sou louco por ti
eu sofro por ti
te amo em segredo
adoro o teu porte divino
pela mão do destino
a mim tu vieste
eu sofro por ti
te amo em segredo
adoro o teu porte divino
pela mão do destino
a mim tu vieste
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