“Eu me
lembro nitidamente de que ‘Hey Jude’, dos Beatles, era a canção positiva.
Quando tocava, era sinal de que ia melhorar minha situação, os portões iam se
abrir, a luz ia ser vista de novo”
[Caetano
Veloso em trecho do documentário "Narciso em férias"]
"Nunca tinha cantado "Hey Jude". Digo, nunca tinha pegado o violão, sacado a harmonia e cantado mesmo. Nunca sequer aprendi a letra inteira. No dia da filmagem da entrevista para o Narciso em Férias foi a primeira vez. E ainda assim, quase só cantarolei. Por isso gravamos aqui em casa, eu e Lucas Nunes, tecladista e guitarrista da @bandadonica, ele fazendo o duplo papel de violonista e técnico de gravação, essa canção dos Beatles que era um anúncio de luz quando, na prisão, eu a ouvia no rádio de um sargento do PQD. Reouvindo aqui as canções mais marcantes de Sérgio Ricardo, vi que, mesmo as de maior sucesso na época em que foram lançadas, têm 14 mil, 22 mil, 108 visualizações. Por acaso (por algoritmo), veio na lista de sugestões do YouTube "A Day in The Life" dos Beatles: 102.196.955 visualizações. Pensei na situação periférica do Brasil. Em "Hey Jude" Lucas me ajudou, tocando violão, e mixando. Em referência aos rapazes de Liverpool (principalmente John Lennon), Lucas pôs "slap back" em minha voz. Mas reduzimos o efeito a um mínimo que significasse homenagem pós-irônica (diria Zeca) às lembranças. Assim, "Hey Jude" é a única faixa original, gravada recentemente em estúdio, single do filme. As outras são as que foram registradas durante a entrevista."
[5/9/2020, Facebook]
Single
Lançamento plataformas digitais: 4/9/2020
Producer: Caetano Veloso
Composer: Lennon/McCartney
Recording Engineer: Lucas Nunes
Mixing Engineer: Lucas Nunes
Associeted Performer: Caetano Veloso
Guitar: Lucas Nunes
Mastering Engineer: Daniel Carvalho
Executive Producer: Paula Lavigne
Manuscrito [1968] |
Letra parcial |
Caetano Veloso regrava "Hey Jude",
clássico dos Beatles - Foto: Divulgação
|
Caetano Veloso regrava “Hey Jude”, clássico dos Beatles
Faixa fará parte do documentário “Narciso em
Férias”
Caetano Veloso lança versão de “Hey Jude”, clássico dos Beatles, na
próxima segunda-feira (7/09). A canção faz parte do seu documentário “Narciso em Férias”,
que estreia com exclusividade no Globoplay. No filme, o cantor conta como ela
foi marcante durante o período em que esteve preso na Ditadura Militar.
Foto: Divulgação |
“Nunca tinha cantado “Hey Jude”. Digo, nunca tinha
pegado o violão, sacado a harmonia e cantado mesmo. Nunca sequer aprendi a
letra inteira. No dia da filmagem da entrevista para o ‘Narciso em Férias’ foi
a primeira vez. E ainda assim, quase só cantarolei”, conta Caetano.
Ao
longo da obra, o cantor também lê e comenta uma série de documentos secretos da
ditadura inéditos até hoje. Selecionado para o 77º Festival de Veneza, que
acontece de 2 a 12 de setembro na Itália, o filme é dirigido por Renato Terra
(“Uma Noite em 67”) e Ricardo Calil (“Cine Marrocos”), sendo uma realização Uns
Produções, produzido por Paula Lavigne, e coproduzido pela VideoFilmes, de
Walter Salles e João Moreira Salles.
Caetano
ainda revela que quando ouvia o clássico dos Beatles na prisão, a esperança por
dias melhores era renovada. Por isso a importância de tê-la no documentário.
“Em referência aos rapazes de Liverpool (principalmente John Lennon), Lucas Nunes, tecladista e guitarrista da Dônica, pôs “slap back” em minha voz. Mas reduzimos o efeito a um mínimo que significasse homenagem pós-irônica (diria Zeca) às lembranças. Assim, “Hey Jude” é a única faixa original, gravada recentemente em estúdio, single do filme. As outras são as que foram registradas durante a entrevista”, finaliza.
“Em referência aos rapazes de Liverpool (principalmente John Lennon), Lucas Nunes, tecladista e guitarrista da Dônica, pôs “slap back” em minha voz. Mas reduzimos o efeito a um mínimo que significasse homenagem pós-irônica (diria Zeca) às lembranças. Assim, “Hey Jude” é a única faixa original, gravada recentemente em estúdio, single do filme. As outras são as que foram registradas durante a entrevista”, finaliza.
No ‘Conversa’, Caetano se
emociona ao recordar música que ouvia na prisão: ‘Só falar o nome dá vontade de
chorar’
Caetano
Veloso é o entrevistado do programa de sexta-feira, 4/9/2020
Por Gshow
04/09/2020Reprodução/TV Globo |
"Narciso em Férias", documentário de Renato Terra e Ricardo Calil sobre a prisão de Caetano Veloso pela ditadura militar, em 1968, vai
representar o Brasil no Festival de Veneza.
Horas depois da exibição na Itália, na segunda-feira, o filme estreia no
catálogo do Globoplay. No Conversa com Bial de
sexta, 4/9, Caetano conta como foi revisitar as memórias do período
para o filme, gravado 50 anos depois.
A escolha pelo título "Narciso em Férias" se
deve ao fato de que, nos 54 dias em que esteve preso, Caetano não se viu no espelho. Trata-se do nome de um
dos capítulos do livro "Deste lado do Paraíso",
de Scott Fitzgerald, e também do capítulo do
autobiógrafico "Verdade Tropical" (1990) em
que o cantor narra a experiência da prisão.
Na esteira de seu lançamento como um livro
independente, Paula Lavigne, companheira e empresária de Caetano que assina a produção do longa, deu a ideia de
transformá-lo, também, em documentário.
No relato, Caetano contempla da
aparição dos policiais em sua casa em São Paulo até sua soltura e chegada em
Salvador. Bial comenta o fato de que, no cárcere, Caetano desenvolveu uma série de superstições e
interpretava certos eventos como sinais de bom ou mau agouro. Entre as
previsões, acertou o dia e a hora em que sairia da prisão.
“A aparição de barata, que até hoje eu tenho
medo, era o pior sinal possível. Fui fazer um
cálculo, acertei várias coisas.”
Caetano Veloso fala do documentário 'Narciso em Férias' — Foto: Reprodução/TV Globo |
Entre as músicas que davam sorte, escutadas através
do rádio do soldado, estava o clássico instantáneo “Hey Jude”,
composição de Paul McCartney que ganhou um cover do baiano lançado
hoje.
Mas Caetano emocionou-se
ao lembrar de outra música que o acompanhou: “Onde o céu azul é mais azul”,
de Francisco Alves.
"’Onde o céu azul é mais azul’ para mim é uma
surpresa que, quando eu fui levado a lembrar, só
falar o nome dá vontade de chorar. Uma coisa
comovente, não assustadora ou ameaçadora.
Tive pena de não ter cantado a canção todos
esses anos, e de não ter coragem de cantar
agora."
No 'Conversa', Caetano canta 'Terra', 'Irene' e 'Hey Jude' — Foto: Reprodução/TV Globo |
O papo conta com uma pergunta de Gilberto Gil, gravada exclusivamente para o programa,
cuja resposta está justamente na emoção de Caetano ao lembrar
de “Onde o céu azul é mais azul”. O repertório contempla
músicas que se relacionam com o período no cárcere, como “Irene” (a única composta na prisão) e “Terra”.
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