"Que nossa música sirva de consolo e
protesto, diz Caetano em homenagem a Brumadinho"
[Caetano Veloso, Folha de S.Paulo, 25/1/2020]
25/1/2020 - Caetano Veloso - Foto: Moisés Teodoro/BHAZ |
Com Racionais, Caetano Veloso e Djonga, festival Planeta Brasil une
pluralidade musical e conscientização um ano após a tragédia de Brumadinho
O evento, que aconteceu ao longo do último sábado,
25, levou rap, MPB, funk, trap e eletrônico ao Estádio do Mineirão
IGOR BRUNALDI, de Belo Horizonte
26/01/2020
Mano Brown, Caetano Veloso e Djonga - Fotos: Igor Brunaldi e Frank Bitencourt |
Enquanto
a cidade de São Paulo comemorava 466 anos, o estado de Minas Gerais processava
o peso de saber que há exatamente um ano acontecia o rompimento da barragem da
mineradora Vale, responsável por matar 259 pessoas e deixar 11 desaparecidas em
Brumadinho.
Com
isso em mente, é importante notar que todo luto é obviamente triste, mas nem
toda reflexão que provém de um luto precisa ser. E no último sábado, 25,
aconteceu em Belo Horizonte o festival Planeta Brasil, que pediu ajuda à MPB,
ao funk, rap, trap e à música eletrônica para conscientizar milhares de pessoas
sobre a importância vital que devemos dar não apenas ao cuidado com o planeta,
mas também ao cuidado e solidariedade que devemos ter com todo e qualquer ser
humano.
Com
quatro palcos espalhados pela Esplanada do Mineirão, e um localizado dentro do
próprio estádio, o evento levou a BH artistas nacionais como Caetano Veloso, Racionais MC's, Djonga, Marcelo Falcão, Natiruts, Duda Beat, Anavitoria, Sidoka, Kevin O Chris, Vintage Culture e Nervo, além de internacionais
como o rapper Tyga,
o multi-instrumentista Nick
Murphy (conhecido anteriormente como Chet Faker) e a banda
australiana Sticky Fingers.
Com
tantas atrações de peso em tão pouco tempo de festival, selecionamos os melhores
momentos da 11ª edição do Planeta
Brasil.
A simplicidade genial e cativante de Caetano Veloso
Foto: Nathália Pacheco |
Assim como os Racionais, Caetano Veloso é veterano, é mestre e é
incomparável no palco. Ele começou a tocar no momento em que o calor começava a
dar uma trégua e o vento começava a trazer o medo da chegada da chuva.
Mas
isso não foi nem de perto o suficiente para intimidar o gigante da MPB que, aos
77 anos e com as mãos trêmulas, comandou uma multidão acompanhado apenas pelos
dedilhados em um violão de cordas de nylon, uma taça de água e pelas plantas
posicionadas ao fundo do palco que chacoalhavam de um lado para o outro com a
ventania.
Além,
claro, da emoção de ouvir aquela voz suave cantar clássicos como "Baby", "Leãozinho", "Sampa", "Reconvexo" e "A Luz de Tieta", um dos
maiores encantos de presenciar uma performance dessas de Caetano Veloso, é vê-lo dar
preciosos sorrisinhos contidos mas que claramente irradiam internamente uma
imensa alegria, toda vez que a multidão gritava o nome dele ou explodia em
adoração e palmas.
Caetano faz 'perpétuo
protesto' à tragédia de Brumadinho no Planeta Brasil
Cantor baiano ocupou o Palco Sul no início da noite
deste sábado (25); rapper Djonga, que se apresentou antes, promoveu minuto de
silêncio pelas vítimas
Pedro Galvão
25/01/2020
Caetano Veloso faz show voz e violão no Planeta Brasil - Foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A.Press |
Em seu show no Palco Sul do Planeta Brasil,
no início da noite deste sábado (24), Caetano Veloso se referiu às
chuvas que castigam Belo Horizonte e à tragédia de Brumadinho, que
completou um ano na data de hoje.
O cantor e compositor baiano observou que
"ontem e hoje" Belo Horizonte convive com tragédias naturais. E
acrescentou: "Houve um desastre em
Brumadinho e esse não foi um desastre natural. Que a nossa música sirva de
consolo, no primeiro caso, e, no segundo, de perpétuo protesto". Ele
emendou a fala com a canção Um índio.
Caetano subiu ao palco para uma apresentação no formato voz e
violão, logo após o show "Ladrão", do rapper mineiro Djonga. A apresentação de
Djonga, com horário de início às 16h20, estava em curso às 17h, horário em que
foi localizado o primeiro corpo entre as 270 vítimas do rompimento da barragem
da mina do Córrego do Feijão.
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