viernes, 10 de enero de 2020

2002 - EU VIM DA BAHIA






















 


1. EU VIM DA BAHIA (Gilberto Gil) Gal Costa
2. SIM, FOI VOCÊ (Caetano Veloso) Gal Costa





3. É UM TEMPO DE GUERRA (Augusto Boal/Gianfrancesco Guarnieri/Edu Lobo) Maria Bethânia
4. GLORIA IN EXCELSIS [MISSA AGRÁRIA] (Gianfrancesco Guarnieri/Carlos Lyra) / CARCARÁ (João do Vale/José Cândido) Maria Bethânia
5. DE MANHÃ (Caetano Veloso) Maria Bethânia




6. SAMBA EM PAZ (Caetano Veloso) Caetano Veloso
7. CAVALEIRO (Caetano Veloso) Caetano Veloso




8. RODA (João Augusto/Gilberto Gil) Gilberto Gil
9. PROCISSÃO (Gilberto Gil) Gilberto Gil
10. YEMANJÁ (Othon Bastos/Gilberto Gil) Gilberto Gil



 

11. SÃO BENEDITO (Tom Zé) Tom Zé
12. MARIA DO COLÉGIO DA BAHIA (Tom Zé) Tom Zé










Gravações seminais dos baianos agora em CD

Gal Costa, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Tom Zé têm seus primeiros registros relançados na coletânea Eu Vim da Bahia

Marco Antonio Barbosa
03/07/2002

A BMG acaba de lançar o álbum Eu Vim da Bahia, compilação que registra as primeiras gravações de Gal Costa, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Tom Zé para o extinto selo RCA, feitas em 1965.

No CD foram reunidas as faixas que os (então) jovens baianos lançaram em compactos simples, registrando os primeiros passos do embrionário Tropicalismo.

Pode-se ouvir raridades como Sim, Foi Você (Caetano), na voz de Gal - que ainda se apresentava como Maria da Graça - , É Tempo de Guerra (Guarnieri e Edu Lobo), com Bethânia, e São Benedito, de Tom Zé.



Coletânea reúne o comecinho da geração do Tropicalismo

Hoje eles são monstros da MPB, conhecidos além de nossas fronteiras como alguns dos maiores talentos musicais do século (passado). Mas um dia foram apenas cinco artistas baianos que aportaram no Rio e São Paulo em busca de um lugar ao sol.

A coletânea ''Eu vim da Bahia'' reúne as primeiras gravações lançadas em compactos simples de Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Maria Bethânia e Tom Zé. No encarte, o crítico Mauro Ferreira faz um histórico destas primeiras gravações.


Gilberto Gil,  Maria Bethânia, Gal Costa e  Caetano Veloso estão na coletânea
"Eu vim da Bahia" com seus compactos de estréia - Foto: D
ivulgação

Com exceção de Bethânia, os demais mergulharam de cabeça com outros nomes no Tropicalismo, um movimento que reformulou a estética da MPB num ímpeto modernizante e experimental, que causou polêmica ao introduzir novos conceitos de instrumentação, letras e de trazer a linguagem do rock para um cenário musical dominado pelos conceitos minimalistas da bossa nova. Deu uma polêmica desgraçada, até passeata liderada por Elis Regina aconteceu contra eles. Mas a roupagem musical mais tradicional que a Pimentinha queria que os baianos usassem predomina nestes primeiros lançamentos, de 1965, dois anos antes que Caetano lançasse o disco-manifesto que virou tudo de cabeça para baixo.

Caê e Gil - Foto: Divulgação
No seu primeiro compacto, pela RCA, Caetano gravou dois sambas, ''Samba em paz'' e ''Cavaleiro'', que não davam a pálida idéia do que vinha por aí. Só da qualidade de seu trabalho, particularmente de sua poesia. Com arranjos de sopros e a base de violão-baixo e bateria, os dois números têm boas letras mas nada excepcionais. No primeiro, Caetano defende o samba dizendo que ele vai crescer quando o povo perceber que é o dono da jogada. Parece inspirado no samba reivindicativo de Zé Keti no espetáculo Opinião, que a irmã dele, Bethânia, veio integrar no Rio substituindo Nara Leão. No segundo ele se proclama um cavaleiro mítico em linguagem alegórica que não ficaria mal num filme de Glauber Rocha.

Ao contrário de Caetano, Gil estreou com duas músicas que se incorporaram ao seu repertório definitivo, ''Roda'' e ''Procissão'', lançadas em compacto num arranjo diferente das regravações posteriores, quando estas músicas receberam uma coloração tropicalista. A terceira canção de Gil é uma raridade: ''Yemanjá'', parceria dele com o ator Othon Bastos, um mergulho no universo de Dorival Caymmi, gravado ao vivo no 4º Festival da Balança, na Universidade Mackenzie, em São Paulo.

Gal Costa estreou com um timbre de voz bem mais grave do que viria a ter mais tarde. Suas canções também são comportadas, um contraste com as experimentações e loucuras que ela faria na fase tropicalista de sua carreira. Ela canta bem o samba ''Eu vim da Bahia'', de Gilberto Gil, um cartão de visitas dos que chegavam, cantando as belezas da terra do Senhor do Bonfim. ''Sim, foi você'', de Gilberto Gil, é um samba canção colorido por um arranjo de cordas que merecia uma releitura.

Maria Bethânia estreou no musical ''Carcará'', com Zé Keti e João do Valle no Teatro Opinião, no Rio, em 1965. Com sua voz áspera e interpretação veemente, ela transformou ''Carcará'' num hino da MPB e logo ficou conhecida como uma cantora de protesto, rótulo que descartaria mais tarde. Aqui ela canta a bela ''É de manhã'', de Caetano e três mísseis nucleares. ''É um tempo de guerra'' tem assinaturas de peso: Edu Lobo, Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal, tema de um musical que refletia a indignação dos produtores de cultura com o golpe militar de março de 1964. A música estreou no musical 'Arena canta Zumbi' e depois no show 'Tempo de guerra', de Bethânia. Uma verdadeira preciosidade. Igualmente preciosa é a reunião de ''Gloria in Excelsis [Missa agrária]'' com ''Carcará'' gravada no citado 4º Festival da Balança.


Tom Zé é o mais alternativo dos tropicalistas e até hoje o guardião da chama do movimento. Nesta estréia, só na voz e violão, ele conta em "São Benedito" um causo da estátua do santo que ficava na igreja de Irará, descarregando sua verve numa história de ciúme entre Benedito e seu colega Santo Antônio. "Maria do Colégio da Bahia conta a história de uma vendadora de acarajé que reclama contra a concorrência.

















2002
Álbum “EU VIM DA BAHIA” 
[Varios intérpretes]
Gravações de 1965
BMG CD 74321931672


1. EU VIM DA BAHIA (Gilberto Gil) Gal Costa
2. SIM, FOI VOCÊ (Caetano Veloso) Gal Costa
3. É UM TEMPO DE GUERRA (Augusto Boal/Gianfrancesco Guarnieri/Edu Lobo) Maria Bethânia
4. GLORIA IN EXCELSIS [MISSA AGRÁRIA] (Gianfrancesco Guarnieri/Carlos Lyra) / CARCARÁ (João do Vale/José Cândido) Maria Bethânia
5. DE MANHÃ (Caetano Veloso) Maria Bethânia
6. SAMBA EM PAZ (Caetano Veloso) Caetano Veloso
7. CAVALEIRO (Caetano Veloso) Caetano Veloso
8. RODA (João Augusto/Gilberto Gil) Gilberto Gil
9. PROCISSÃO (Gilberto Gil) Gilberto Gil
10. YEMANJÁ (Othon Bastos/Gilberto Gil) Gilberto Gil
11. SÃO BENEDITO (Tom Zé) Tom Zé
12. MARIA DO COLÉGIO DA BAHIA (Tom Zé) Tom Zé











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