Extrato do prontuário de CAETANO VELOSO |
VLADIMIR CARVALHO |
MARIA BETHÂNIA / GERALDO VANDRÉ / NARA LEÃO / FERREIRA GULLAR / GILBERTO GIL / NELSON PEREIRA DOS SANTOS / CHICO BUARQUE |
Resenha por Tatiane de Assis
O Instituto Tomie Ohtake mergulha na história
brasileira ao apresentar AI-5 50 ANOS — Ainda Não Terminou de Acabar. A
mostra, com a participação de mais de setenta artistas, examina o aniversário e
os efeitos da mais dura norma decretada durante a ditadura militar brasileira. O
percurso dá igual importância a fotos, pinturas, vídeos, instalações e
documentos de época. Dessa forma, a poucos passos da pintura A Prisão (1968), de autoria de Claudio Tozzi, que foi censurada na 10ª Bienal de São
Paulo, está a capa do disco Barra 69, de
Gilberto Gil e Caetano Veloso, gravado às vésperas da partida dos cantores para
o exílio.
A Prisão (1968), de Claudio Tozzi |
1973 - Caetano Veloso - Loucura & Cultura
(Craziness & Culture) 9-minute 35mm Super 8 film. |
Hélio Oiticica [1937/1980] - Seja marginal seja herói [1968] |
A
Delegacia de Ordem Política e Social, no caso de São Paulo, foi criada em 1924
e extinta em 1983. No geral, as várias DOPS estaduais foram criadas na década
de 1920 e extintas ao longo da década de 80. Durante o regime militar a DOPS
era apenas uma das instituições ligadas à "comunidade de
informações", que era composta por inúmeros serviços de espionagem e
repressão política, tais como os serviços de informação das três armas
(CENIMAR, CIE, CISA), as Divisões e Assessorias de Segurança Interna dos órgãos
públicos, a Polícia Federal, as chamadas "segundas seções" das
polícias militares e das forças de segurança e o Serviço Nacional de
Informações – SNI. Com a criação do sistema CODI/DOI – Centro de Operações de
Defesa Interna / Destacamentos de Operações de Informações, em 1970, os agentes
desses vários órgãos foram submetidos ao comando unificado do Exército.
FOLHA DE S.PAULO
São Paulo, domingo, 2 de novembro de 1997
O regime contra os 'bossa-nova'
ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL
Tempos depois, um capitão convocou
Caetano para um rápido encontro que, sob o olhar do compositor, consistia numa
"versão refinada" do papo com o sargento.
Acompanhe a narrativa do livro:
"(O capitão) referiu-se a algumas declarações minhas à imprensa em que a
palavra 'desestruturar' aparecia e, usando-a como palavra-chave, ele denunciava
o poder subversivo do nosso trabalho. Dizia entender que o que Gil e eu
fazíamos era muito mais perigoso do que o que faziam os artistas de protesto
explícito e engajamento ostensivo. Ambos (o capitão e o sargento) confirmaram
uma tese que eu teria usado para valorizar politicamente meu trabalho perante
meus opositores da esquerda".
Os bossa-nova
O primeiro documento do Deops que
sugere outro raciocínio por parte do governo é de junho de 1965 (leia quadro à
pág. 5-9).
Revela que os agentes da repressão
investigavam Caetano desde aquele mês -portanto dois anos antes de o
tropicalismo nascer.
Em 18 de maio de 1965, de acordo
com o relatório, o cantor integrara o show "Evolução" no badalado
teatro paulistano Paramount.
Reuniram-se lá, entre outros, os
protagonistas de dois musicais célebres, o "Opinião" e o "Arena
Conta Zumbi", que se converteram em marcos dos espetáculos de participação
política.
O Departamento Federal de
Segurança Pública, responsável pelo documento, classificava o
"Evolução" como "mais um show dos chamados bossa nova".
Alertava que servia de
"estímulo aos movimentos estudantis, de caráter nitidamente
esquerdista". Também considerava que, das canções e diálogos do
espetáculo, extravasava "um nítido sentido subversivo".
Apontava, em especial, a música
"Carcará" -que, interpretada por Maria Bethânia e composta pela dupla
João do Vale/José Cândido, insinuava "uma aberta luta de classes".
Recomendava, assim, que o
"Centro de Operações" passasse a investigar o "comportamento
político" de todos os que entraram em cena naquele 18 de maio.
A lista incluía, além de Caetano,
nomes que, já em 1965, se ligavam diretamente à "arte engajada" (ou
iriam se ligar logo a seguir): Chico Buarque, Edu Lobo, Dina Sfat, Lima Duarte,
Gianfrancesco Guarnieri e Marília Medalha.
Como os futuros tropicalistas
ainda estavam próximos dos "artistas de protesto explícito", os
militares tendiam a jogar gregos e troianos no mesmo saco -o dos
"bossa-nova". Uma postura generalizante que se repetiu três anos
depois, conforme deixa claro outro documento.
A Mercedes azul
Produzido pelo serviço secreto do
Deops, o relatório de 4 de março de 1968 começa tratando Caetano, Gil, Maria
Bethânia e Nana Caymmi como "o grupo baiano".
Informa que, "de há
muito", tais artistas "vêm cantando 'músicas de protesto',
subliminarmente atacando o regime vigente e exaltando os regimes
socialistas".
Os termos, como se vê, poderiam se aplicar perfeitamente a cantores da esquerda militante.
Os termos, como se vê, poderiam se aplicar perfeitamente a cantores da esquerda militante.
Ocorre que, a essa altura, Gil e
Caetano já estavam à frente do tropicalismo. Tinham lançado, respectivamente,
"Domingo no Parque" e "Alegria, Alegria". Mais: acabavam de
gravar "Tropicália ou Panis et Circensis", o disco-manifesto do
movimento que chegaria às lojas por volta de julho.
O mesmo documento aponta um fato
também revelador do olhar pequeno que o governo reservava para os
tropicalistas.
Conta que, no dia 1º de março, o
então repórter Silvio Luiz, da rádio paulistana Jovem Pan, entrevistou Gilberto
Gil. E fez perguntas sobre uma Mercedes azul que o cantor acabara de comprar
(na realidade, o carro, modelo 1959, era verde).
Gil respondeu com ironia. Disse
que a compra não deveria causar surpresa porque "na Rússia e em Cuba todo
mundo pode ter Mercedes azul". O comentário irritou o serviço secreto e
lhe deu margens para julgar o compositor como "homem de parcos ou nenhum
conhecimento filosófico", que demonstrou "uma pretensão de erudição
ou simplesmente ser adepto da doutrina esquerdista".
Por causa das palavras do cantor,
o relatório recomendava "maior observação" sobre todo o "grupo
baiano" -que tinha "à sua disposição a Televisão Record e a Rádio
Pan-Americana, dois poderosos veículos de penetração".
Randal Juliano
O relatório informa que, em um
programa de 4 de março de 1968, o radialista de São Paulo noticiou as
declarações que o cantor dera para Silvio Luiz. Criticando-as, afirmou: "Em Cuba e na Rússia, há falta de
alimento quanto mais de Mercedes e da cor azul".
"Não me lembro se fiz tal comentário", disse Juliano, 72, à Folha. "Devo ter feito, porque aquela frase representa o que penso."
O nome do radialista surge duas
vezes em "Verdade Tropical". O autor do livro o menciona quando conta
que, depois de estar preso há semanas, um major finalmente decidiu
interrogá-lo.
Numa das sessões de perguntas, o
militar abordou o "episódio da boate
Sucata".
Falava de uma série de espetáculos
que Gil, Caetano e os Mutantes protagonizaram em uma casa noturna do Rio quase
três meses antes da prisão.
"O show foi possivelmente a mais bem-sucedida
peça do tropicalismo. Pelo menos, a que melhor expunha nossos interesses
estéticos e nossa capacidade de realização", escreve Caetano.
"Eu (...) levava às últimas consequências o
comportamento de palco esboçado desde 'Alegria, Alegria', estirando-me no chão,
plantando bananeira e enriquecendo o rebolado cubano-baiano do 'É Proibido
Proibir'."
"(O artista plástico) Hélio Oiticica, que
involuntariamente dera nome ao nosso movimento, estava presente naquele próprio
evento, com uma obra exposta perto do palco (...): sua homenagem ao bandido
Cara de Cavalo, na forma de um estandarte em que se lia, sob a reprodução da
fotografia do corpo do personagem, a inscrição 'Seja Marginal, Seja
Herói'."
"Uma noite, um juiz de direito, que não sei
por que cargas-d'água foi à Sucata ver o nosso show, indignou-se com o
estandarte. (...) Sem embargo, conseguiu não apenas suspender o show como
fechar a boate."
"A história da interdição da Sucata por causa
da bandeira de Hélio correu de boca em boca e, possivelmente agarrado a essa
palavra, 'bandeira', um apresentador de São Paulo, Randal Juliano, resolveu
criar uma versão fantasiosa em que nós aparecíamos enrolados na bandeira nacional
e cantávamos o Hino Nacional enxertado de palavrões."
"Esse sujeito era um demagogo de estilo
fascista que cortejava a ditadura agredindo os artistas."
"Agora o major me informava que esse locutor
tinha se dirigido explicitamente aos militares pedindo punição para nós, e que
essa arenga havia surtido efeito sobretudo na Academia das Agulhas Negras. De
lá teria saído a exigência de que nos prendessem."
Desde 1992, quando Caetano relatou
a mesma história durante o programa "Jô Soares Onze e Meia", Juliano
vem confirmando que criticou, sim, os tropicalistas na TV Record.
Mas que não inventou nada. Fez os
comentários com base em informações da imprensa. "Não lembro onde li. Sei
apenas que minhas críticas diziam algo como 'Gil e Caetano podiam gozar de
tanta coisa e escolheram justamente o Hino do Brasil'. Sou nacionalista, sempre
fui. E achei que tinha o dever de protestar."
O radialista afirma que, por causa
dos comentários, recebeu uma convocação para comparecer à sede do Segundo
Exército, em São Paulo. "Um coronel me perguntou: 'Você confirma o que
falou na televisão?' Respondi que sim porque não costumo negar minhas opiniões.
Foi só."
Papéis do Deops mostram que a voz
de Juliano não ecoava sozinha -e que o coro que a engrossava também repercutia
no governo.
Um relatório do Serviço Nacional
de Informações, com data de 11 de outubro de 1968, alertava que Caetano quase
sofrera uma "ação" de militares quando cantou "o Hino Nacional
em ritmo tropicália".
O documento indica que o SNI soube
do "incidente" pelo jornal paulistano "Folha da Tarde" que
circulara em 10 de outubro. Quem consultar o diário encontrará, na página dois,
uma pequena notícia com o título "Radicalização":
"Ontem, generais procuraram conter um grupo
(de oficiais) mais exaltado que pretendia fazer uma expedição punitiva à boate
Sucata a fim de 'justiçar' o cantor Caetano Veloso. Este, anteontem à noite,
cantara o Hino Nacional em ritmo tropicalista com versos que constituem, para
os militares, 'um atentado ao governo, às Forças Armadas e à nação'".
Outro relatório, de 26 de novembro
de 1968, elaborado pelo Segundo Exército, registra os ataques que um radialista
de São Paulo lançara sobre Caetano por força de "seu comportamento numa boate do Rio, cantando o Hino Nacional em ritmo
de bossa".
Qual o nome do locutor? Moraes
Sarmento, hoje com 74 anos. Na semana passada, ele declarou à Folha: "Não me recordo especificamente daquela
crítica. Mas nunca gostei do tropicalismo. Era um movimento oportunista".
O último relatório que a Folha
localizou também faz alusão às "provocações" na Sucata. O Deops o
redigiu em 11 de fevereiro de 1969, quando os baianos ainda estavam presos.
É, talvez, o que melhor exprime as
dificuldades do governo para diferenciar as diversas correntes culturais do
país. Ora diz que Caetano cantou o Hino Nacional em ritmo tropicalista, ORA EM
RITMO DE BOSSA NOVA. NO CABEÇALHO, CLASSIFICA O ARTISTA COMO "COMPOSITOR E
CANTOR DE MÚSICAS FOLCLÓRICAS".
FOLHA DE S.PAULO
São Paulo, domingo, 2 de novembro de 1997
O TROPICALISMO NO CÁRCERE
ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL
Hoje pode soar ingênuo, quase
improvável, mas na manhã do dia 27 de dezembro de 1968, quando agentes da
Polícia Federal o levaram preso, Caetano Veloso não entendeu por quê.
Foi só durante o cárcere que
encontrou a resposta, como demonstra em "Verdade Tropical".
E a resposta lhe chegou sob a
roupagem de uma tese que, no final das contas (e sempre de acordo com a ótica
muito pessoal de Caetano), tende a diferenciar e engrandecer o tropicalismo.
Coloca-o um patamar acima das outras correntes culturais que sacudiram o Brasil
dos anos 60.
Para o cantor, setores do governo
militar nutriam um juízo específico (e sofisticado) do movimento que os baianos
capitanearam. Tomavam-no como mais ameaçador à ordem instituída do que, por
exemplo, as canções engajadas de Geraldo Vandré ou as peças politizadas de
Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal.
Cinco relatórios que a Folha
descobriu nos arquivos do extinto Deops (Departamento Estadual de Ordem
Política e Social), em São Paulo, apontam para um caminho diferente.
Permitem inferir que os militares
não distinguiam o tropicalismo entre as tantas manifestações culturais ditas de
oposição. Confundiam umas com outras e reuniam, todas, sob os rótulos de
"subversivas" ou "esquerdistas".
A palavra "tropicalismo"
não aparece em nenhum documento. Somente dois trazem a expressão
"tropicália" ou "tropicalista".
Convém ressalvar que os cinco
relatórios são apenas a parte visível de milhares de outros papéis que se
perderam ou que a própria máquina da repressão destruiu -e que poderiam
eventualmente corroborar a tese de Caetano.
Cheios de erros gramaticais e
redigidos por informantes anônimos dos serviços de espionagem, os documentos
localizados pela Folha ostentam as inscrições "reservado",
"secreto" ou "confidencial".
Em 1992, durante uma entrevista
para Jô Soares, o autor de "Verdade Tropical" mencionou o assunto
pela primeira vez e abriu uma discussão sobre a figura do "dedo-duro"
no meio artístico.
Agora, o livro -que não se
preocupa em disfarçar o tom passional quando descreve as angústias do cárcere-
volta a investir contra Juliano.
Narciso e as baratas
Duas semanas antes da prisão de
Gil e Caetano, o presidente Costa e Silva colocou o Congresso em recesso e
assinou o AI-5 (Ato Institucional nº 5), que cassava o mandato de parlamentares
e inaugurava a etapa mais dura do governo militar.
Naquele período, os tropicalistas comandavam o "Divino Maravilhoso", programa semanal da TV Tupi que surpreendia pelo espírito anárquico.
Naquele período, os tropicalistas comandavam o "Divino Maravilhoso", programa semanal da TV Tupi que surpreendia pelo espírito anárquico.
Já na estréia, em 28 de outubro,
Gil entoava "Bat Macumba" entre gargalhadas e rodopios.
Caetano -então cultivando uma
cabeleira selvagem- se atirava, trôpego, de um lado para o outro e plantava
bananeira diante de um cenário incomum: quatro painéis em alto relevo e cores
berrantes, que exibiam seios, uma boca enorme e dentaduras.
Fechou o programa de maneira
emblemática -com a música "É Proibido Proibir", que começou a cantar
deitado no chão.
As semanas seguintes revelaram
peripécias ainda maiores. Dentro de uma jaula, o elenco do "Divino
Maravilhoso" chegou a simular um banquete de mendigos.
Cartas iradas do público mais
conservador não paravam de pedir explicações à Tupi e de condenar as
"ofensas" dos tropicalistas.
Nessa fase conturbada, a polícia
bateu à porta do apartamento de Caetano, na avenida São Luís, centro de São
Paulo.
"Nem eu nem Gil imaginávamos que seríamos
presos. Não havia expectativa de que nada de grave pudesse acontecer
conosco", escreve em "Verdade
Tropical".
Toda a terceira parte do livro se
dedica à anatomia do cárcere. São 62 páginas que levam o título de "Narciso em Férias".
Mesclam reminiscências dos quase
dois meses que Caetano passou entre grades (sua libertação e a de Gil só
ocorreram no dia 19 de fevereiro de 1969, uma Quarta-Feira de Cinzas) com a tentativa
de desvendar a razão de tudo aquilo.
O leitor acompanha a busca como
quem vê um filme labiríntico, protagonizado por um jovem bem distinto daquele
que despejava irreverência sobre o palco.
Mais magro do que o habitual,
confuso e frágil, o cantor caçava respostas não apenas nas raras conversas com
militares, mas também em estranhos sinais metafísicos que, acreditava, poderia
extrair de baratas e músicas do rádio.
Num trecho desconcertante, Caetano
esmiúça tais rituais premonitórios -um sistema que usava menos para adivinhar
as causas da prisão e mais para tentar antever quando o suplício terminaria.
"Se eu lançar o jato de Baygon nessa barata e
ela conseguir fugir, haverá um atraso de três dias na ordem de liberação", raciocinava.
Foi assim, na solidão do cárcere,
num ambiente que lhe estimulava tanto a superstição quanto o exercício da
lógica, que Caetano concluiu por que o prenderam.
O compositor destrincha a tese
contando, primeiro, que teve medo quando a polícia chegou a seu apartamento
-mas "não era, de modo nenhum, um medo que correspondesse ao tamanho do
que de fato" iria acontecer.
E explica: "Estávamos tão habituados a hostilizações por parte da esquerda,
éramos tantas vezes acusados de alienados e americanizados, que, quando me vi
diante daqueles policiais, imaginei que me estavam levando para uma conversa
com algum oficial de São Paulo, o qual nos trataria como rapazes interessados
apenas em divertir o público".
A realidade se mostrou menos
otimista. Os dois baianos seguiram, juntos, para prisões cariocas e iniciaram
um penoso caminho que culminaria com o exílio.
Certo dia, na cela da Vila
Militar, em Deodoro, subúrbio do Rio, um sargento chamou Caetano e se pôs a
atacar a peça "Roda Viva".
O espetáculo -escrito por Chico
Buarque, que José Celso Martinez Corrêa montou em 1968 e cujo elenco sofreu
agressões de militantes do CCC (Comando de Caça aos Comunistas)- lançava mão de
uma linguagem cênica chocante. Ora sugeria ações canibais e expunha a nudez dos
atores, ora estilizava símbolos religiosos.
"Em suma", resume
Caetano, "era tudo com que nosso trabalho, meu e de Gil -dos
tropicalistas-, se identificava."
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