1992
Revista VISÃO
Uma
publicação da DCI Editora
12
de agosto de 1992
N°
33 – Ano XLI
O ILUMINADO CAETANO
O compositor e cantor
Caetano Veloso faz 50 anos
Beatriz Coelho Silva e Dilson Osugi
Totalmente demais. Caetano Veloso pertence a uma
geração que despertou pra as profundas preocupações filosóficas, sociais,
espirituais e estéticas no final de década de 50. Utilizou a sua obra para
traduzir esse pensamento, extravasou os limites da música e da poesia e
transformou a música popular brasileira nos últimos 25 anos. Entrou em todas as
estruturas e saiu delas sem perder o rumo. Experimentou e misturou. Ao
completar 50 anos, nesta sexta-feira, 7, Caetano Emanuel Viana Teles Veloso é o
artista brasileiro mais moderno, brilhante e criativo do nosso tempo. E, num
Brasil mergulhado numa crise ética e moral, ele prefere falar de sentimentos
esquecidos, como o orgulho de ser brasileiro: 'Há uma dor e uma grande alegria em que nós estejamos fora da nova ordem
mundial. Nós somos diferentes e dessa diferença podemos fazer uma coisa melhor,
mais interessante do que os americanos fizeram até aqui. Criamos um estilo
nacional e uma realidade racial diferentes'.
Mostra que não tem nenhuma vocação para a nostalgia.
'Quando a gente faz alguma coisa que
caminha junto com o tempo, a gente se sente apenas contemporâneo da história
vivida', observa. Essa sensação também é compartilhada por outros quatro
músicos que estão chegando aos 50 anos, cheios de esperança e muito enxutos.
Completamente diferente da imagem tradicional de um cinquentão. A bem da
verdade, Caetano, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Nana Caymmi e Paulinho da
Viola têm em comum não só o ano de nascimento, mas também o fato de chegarem ao
meio século de idade sem notar nenhum salto brusco em suas vidas.
Por isso, em cima da hora, Caetano desistiu das
comemorações. No início da semana, junto com a mulher Paula Lavigne e o filho
Zeca, ele embarcou para Nova York. E deixou a festa para o público. Muita coisa
foi prometida para o seu aniversário. Pelo menos três livros: Caetano - esse cara, do
jornalista pernambucano Heber Fonseca, reunindo suas entrevistas à imprensa; Caetano, por que não?, um ensaio
biográfico dos professores Ivo Luchesi e Gilda Diegues; e uma terceira
biografia a ser escrita por Rodrigo Veloso, irmão mais velho do compositor.
Mas, nesta sexta-feira, quando ele estivar completando 50 anos, os projetos
ainda estarão, na melhor das hipóteses, no prelo.
De concreto, há só o especial gravado por Walter
Salles Júnior (diretor de A grande arte), que vai ao ar em seis
capítulos de uma hora, de segunda (10) a sábado (15), na Rede Manchete, e que
posteriormente será transformado em home video pela Polygram. É um
trabalho extenso e, de certa forma, inovador na televisão, a partir do sistema
em que foi gravado. Ao invés de videotape, película de 16 milímetros,
que aumenta a qualidade da imagem e dá mais recursos. 'Quando vimos o show,
achamos que simplesmente não havia como registrar esse momento. Assim como
Glauber Rocha ou João Gilberto sintetizaram perfeitamente o que este país viveu
nos anos 60, Caetano é o melhor tradutor, e também o mais iluminado, deste
Brasil fora de todas as ordens', observa o diretor.
No programa, há Caetano em quase todas as situações
possíveis: fazendo o show Circuladô, no Imperator, no Rio de Janeiro;
conversando e cantando com a mãe, dona Canô, em Santo Amaro da Purificação, sua
terra natal, na Bahia ('Aprendi a cantar
com minha mãe. E sobretudo aprendi a gostar de cantar com ela, porque ela
cantava muito em casa e assoviava afinado. Sabia tantas canções antigas e tinha
um prazer tão grande em cantar. A minha mãe sempre me passou uma sensação de
muito prazer'); sendo entrevistado pelo jornalista Matinas Suzuki em
estúdio e aproveitando para dedilhar o violão e cantar 40 de suas canções
preferidas.
Rodado ao longo de oito meses, o programa leva
Caetano de volta aos lugares onde viveu em Londres, há mais de 20 anos, e a
lembrar dos acontecimentos que marcaram seu exílio e a prisão. 'Durante o Tropicalismo havia quase uma
premonição de que aquilo era um grande sofrimento. O Gil tinha certeza de que
aquela era uma coisa que envolveria sofrimento de algum modo. Eu não, eu era um
pouco mais ingênuo. Mas não estava feliz. Eu não sentia aquilo como uma
experiência maravilhosa para mim. Achava belo, achava importante, sentia que
era forte, mas eu estava exilado, tinha estado preso, tinha medo de tudo, não
conseguia dormir em Londres. Londres era chata', comenta. Entre essas
imagens e lembranças, mesclam-se depoimentos do crítico Jon Pareles, do The New
York Times, além de farto material de pesquisa. Mas Caetano ao vivo, no seu
aniversário, não vai ter. Pelo menos no Brasil.
A falta de comemoração pode ser compensada pelos
seus 30 discos que permanecem em catálogo, especialmente pelo mais recente,
Circuladô, gravado em Nova York com produção de Arto Lindsay, que está
entre os melhores de sua carreira. Suas músicas, mesmo as mais antigas, fazem
sucesso. Melhor prova disso é 'Alegria, Alegria', que o lançou num festival de
música da TV Record em 1967, e hoje é tema da minissérie Anos Rebeldes,
em exibição na Rede Globo.
O curioso em Caetano Veloso é que, embora seus
discos não tenham sido grandes sucessos de vendagem - ele só alcançou as 100
mil cópias do disco de ouro a partir de Velô, em 1984 -, suas canções
nunca deixaram de cair no gosto popular. Ele mesmo se surpreende: 'Aquele disco Muito, por exemplo, tinha as faixas 'Terra' e 'Sampa'. O disco
não vendeu nada, a crítica esculhambou e todo mundo sabe cantar as músicas.
'Terra' nunca tocou no rádio, porque diziam que era muito longa. E, no entanto,
todo mundo canta'. Ele poderia citar inúmeras outras músicas e outros
discos e, mesmo quando não toca, canta ou compõe, é capaz de provocar frissons.
Há algum tempo, surpreendia-se com a repercussão de suas declarações. 'Não vendo tanto disco para que ouçam com
tanta atenção o que eu falo', dizia na época do lançamento de Estrangeiro,
seu disco anterior.
A disposição tranquila em correr riscos, desafiar
dogmas, empurrar delicadamente a inteligência para o terreno da inspiração
confere à personalidade de Caetano Veloso um enquadramento como fora de série.
Ele inverte alguns conceitos intelectuais. Ao contrário de ser um exemplo de
como as conquistas da modernidade vieram a se banalizar na cultura de massas,
ele é a comprovação da assimilação profunda do que os grandes artistas de
vanguarda fizeram. Basta um olhar atento no comportamento, na moda, na
linguagem. Caetano Veloso não criou rótulos nem definiu modismos. Fez música e
poesia antenadas com seu tempo. E, mesmo assim, soube criar obras atemporais. 'Por mais sofisticada que a música popular
seja, ela trabalha com os restos do que a música já fez, com lixo musical do
passado e do presente. De repente, uma coisa que é feita numa área superbanal
termina informando áreas mais densas. O interesse musical intelectualmente mais
exigente pode buscar no banal o que os artistas pop procuram nos quadrinhos,
nas latas de sopa para aumentar o repertório das artes sérias', observa.
Caetano assume tranquilamente os seus 50 anos,
deixando os cabelos grisalhos, mas não se furtando a uma nudez de segundos no
clip de Fora da Ordem. Contradição?. Só para quem ainda não se acostumou
com suas surpresas nesses mais de 25 anos de careira em que ele eletrificou a
música brasileira, cantou e compôs canções clássicas, elogiou e impulsionou
carreiras de iniciantes - quem não se lembra dos elogios rasgados ao Barão
Vermelho, ainda com Cazuza, há dez anos? Acompanhou atento o trabalho de outros
músicos, fez cinema como ator (Nem tudo é verdade, de Rogério Sganzerla,
e Tabu, de Júlio Bressane) e diretor (Cinema falado), brigou por
um comportamento mais livre, onde não faltaram drogas e bissexualidade, e pela
liberdade de expressão. Sempre através da música e da poesia. 'Eu nunca me aproximei de uma maneira
ambiciosa da poesia. A poesia é uma coisa que acena com uma grandeza que eu não
sei se tive o impulso e a coragem de encarar. Porque, ao ler poesia dos poetas,
ao ouvir a poesia dos poetas, eu reencontro essa capacidade de ser livre neles’,
assegura.
A primeira a entrar no clube dos cinquentões foi
Nana Caymmi, no dia 29 de abril passado. 'Não
vejo nenhuma diferença', diz. 'Se
minha vida tivesse sido muito fácil, talvez eu até sentisse, mas eu continuo
trabalhando, cantando, cuidando de minha casa e de meus filhos, fazendo os meus
shows sempre com muito público.’ Filha única de Dorival Caymmi, Nana
primeiro foi dona de casa e teve três filhos, ainda na década de 60, de seu
primeiro casamento com um médico venezuelano. Só em 1966, aos 25 anos, começou
a sua carreira como cantora.
'E desde então não tenho parado', acrescenta.
Tanto que a comemoração de seu aniversário teve, no lugar de festa, uma
temporada no Jazzmania carioca. Nana garante que não para para pensar no que
foi sua vida. 'Não tive tempo. Nunca
planejei nada, nunca almejei uma carreira assim ou assado, nem segui modismos.
sempre quis cantar o que é bom e consegui', observa.
Aos 50 anos, Nana até ri de quem lhe pergunta sobre
uma possível parada, ou aposentadoria, para usar uma palavra menos gentil. 'Meu público é cada vez mais jovem e eu
gosto assim, quanto mais jovem melhor', diz. O cinquentenário trouxe para
Nana apenas a tranquilidade de que tudo se resolve. 'Se aos 26 anos eu tivesse ficado sem gravadora, eu me desesperaria,
mas hoje eu sei que não é um problema muito grande. Sem gravadora, eu tenho que
investir sozinha em mim, mas isso não quer dizer que eu deixe de cantar, de
gravar e de vender'. Tanto que já tem um disco com os compositores que
fazem 50 anos.
O projeto ainda está engrenando, mas tem tudo para
acontecer até o final do ano. A proposta foi da própria Nana a Roberto
Menescal. 'É uma data legal de comemorar',
diz ele. 'E a Nana seria o elo entre os
compositores, que cantarão com ela. Difícil vai ser escolher o repertório para
um só disco, pois todos eles têm uma obra enorme e importante e mostram hoje a
mesma vitalidade de quando começaram', completa. "
Vitalidade. Esta talvez seja a palavra mágica que
define a forma como cada um desses músicos chega aos 50 anos. No caso de
Gilberto Gil, que aniversariou no dia 26 de junho, esta energia se traduz nos
quase 150 shows que faz no Brasil e no exterior todos os anos e nos discos que
grava a cada triênio. Parabolicamará, é prova de um talento que foi se
apurando nesse meio século de vida. Ele mesmo é bem modesto ao falar sobre o
seu trabalho. 'Atualmente, acho que estou
fraco em melodia, médio em ritmo e muito sabido em harmonia', define-se
Gil.
Seu disco contradiz tanta modéstia. Parabolicamará
mistura Xuxa com Dorival Caymmi, canções antigas suas com outras
semifolclóricas, num estilo que tem como constante a capacidade de Gil de
surpreender. Seus 50 anos foram comemorados com um singelo jantar em família
(seus sete filhos, dois netos, sua atual mulher, Flora, e as três ex, Belinha,
Nana Caymmi e Sandra) em casa mesmo. Na época, Gil até criticou a lembrança de
data tão redonda: 'A cronologia é uma
forma de controle racial.' Mas reconheceu que o tempo o fez mais emotivo,
chorão mesmo. Se houve mudança, foi para melhor.
Gil prefere não fazer um balanço da sua geração nem
fazer das suas desistências marcas de um fracasso de geração. A política, ele
admite que tenha mesmo sido um desses fiascos. 'Na conjuntura brasileira atual, ela é uma arte marcial, que se pauta
pela guerra, pela eliminação dos adversários, e o meu temperamento é mais
diplomático, mais inclinado à convivência com os contrários', observa. E
conclui: 'Talvez a minha geração não seja
guerreira, talvez tenha vindo exatamente para depor as armas, para fazer do
fracasso uma vitória a longo prazo, anunciando que as verdadeiras mudanças não
se fazem através dos partidos e da política, mas sim através das conquistas
espirituais'.
Gil já encerrou as comemorações de seu aniversário.
Quem está cuidando disso é Almir Chediak, que prepara para setembro o songbook
do compositor, que terá 135 músicas divididas em dois livros, uma entrevista
com o homenageado, textos de Caetano Veloso, Jorge Mautner, Antonio Risério e
Muniz Sodré, além de um CD com 30 músicas escolhidas do repertório de Gil e
gravadas por quase toda a constelação da música popular brasileira. Vai ser um
trabalho nos moldes de Noel', destaca Chediak.
Se Gil passou - e está passando - seu
cinquentenário praticamente em branco e Caetano Veloso foge de tanta
comemoração, o mesmo não parece ocorrer com o outro cinquentão, Milton
Nascimento, que chega ao meio século no dia 26 de outubro cercado de mistério.
Ativo ele está, como todos os outros, pois lançou um disco, O Planeta Blue
na Estrada do Sol, no início do ano; concorreu ao Grammy com o disco
anterior, Txai!; fez uma turnê pela Europa e ainda encontrou tempo para
revisar sua Missa dos Quilombos e apresentá-la, reintitulada como Missa
da América Negra, na Exposição Mundial de Sevilha e, no último fim de
semana, em Belo Horizonte.
A timidez não impede que Milton seja festejado como
um dos maiores músicos brasileiros em todo o mundo. Até o início deste ano,
Milton era um dos principais contratados da Sony Music, que se encarregou de
arremessá-lo definitivamente no mercado mundial. Uma tentativa que já vinha
sendo feita desde a década de 70. 'A
música brasileira pode conquistar o mercado internacional e tem caráter
universal', diz. Ele, no entanto, não quer saber, tão cedo, de assumir um
novo compromisso com a indústria fonográfica nacional. 'Eles só querem saber de trabalhos comerciais, não se preocupam com a
qualidade. Eu coloco a vida no meu trabalho e, só por isso, já mereço respeito',
desabafa.
O caçula dessa turma é Paulinho da Viola que, mesmo
com a cabeça completamente grisalha, lembra aquele jovem tímido que compôs um
dos hinos da Portela, 'Foi um Rio que Passou em Minha Vida', em 1970. Quando o
assunto é o seu aniversário no dia 12 de novembro, e os seus 50 anos, ele faz
rodeios: 'Não estou sentindo nada de
especial, não tem significado para mim, não tem essa badalação. Na verdade, não
sei falar sobre isso'. Para Paulinho, a idade não altera em nada sua vida,
levada na maior tranquilidade em seu apartamento na Barra da Tijuca, ao lado de
quatro de seus sete filhos, que já lhe deram duas netas. E, mesmo quando se
pergunta se ele corresponde à imagem que fazia, há 30 anos, de um avô de 50
anos, o sambista abre um sorriso e responde; 'Nunca tive uma imagem fixa dessa ou daquela idade. Agora, se você me
pergunta se eu me olho no espelho e vejo um velhinho que só brinca com os netos
e não faz mais nada, eu te digo que não me vejo assim, não'.
Bastava ter assistido ao show que Paulinho fez no
Rio de Janeiro, há 20 dias, no Circo Voador, lotado, para confirmar o que ele
diz. Se os cabelos estão grisalhos, o rosto é luminoso e a timidez passa mais
como uma elegância, um jeito cool de cantar seus sambas e cativar uma plateia
jovem como a que costuma frequentar o espaço sob os arcos da Lapa. E quem o
visse, nem perceberia a confessada preocupação ao entrar no palco. 'Por questões particulares', diz ele, 'eu passei seis meses sem me apresentar. Por
isso, antes do show, eu fiquei meio apreensivo. Mas, no palco, tudo voltou ao
que era antes.'
Paulinho não fala sequer de arrependimentos. Ele
diz apenas que, ao ouvir algumas músicas que fez há mais tempo, pensa: 'Se eu soubesse certas coisas, não teria
feito assim. Seria de outra forma.' E sua gentileza se estende ao falar da
nova geração: 'Fica difícil comparar,
porque são épocas diferentes. Tenho visto muita gente dizer que agora todo
mundo é 'mauricinho', de falar com saudade de outros tempos, que tudo era
melhor. Mas eu acho que o pessoal mais novo encontrou outra realidade, um país
mais deteriorado e teve mais dificuldades. Assim, fica difícil avaliar, porque
não houve um processo natural. O que a gente fazia era beber na fonte do
passado para criar. Hoje, há todo um grupo voltado para fora do Brasil. O
pessoal de hoje cria, mas de um jeito diferente da gente', diz.
Paulinho da Viola é o único que já tem data marcada
para a festa. Na verdade, acontecerá dois dias antes, em 10 de novembro, quando
ele vai receber o Prêmio Shell de Música. Uma homenagem que é prestada todos os
anos a um compositor e já recebida pelos outros três cinquentões deste ano,
além de Tom Jobim, Braguinha, Dorival Caymmi e Martinho da Vila. O sambista
fará um show no Canecão, receberá U$ 10 mil e aproveitará a ocasião para lançar
o disco que ficou devendo ano passado para a gravadora BMG-Ariola.
Se os 50 anos são recebidos de tão bom grado,
Paulinho dá a receita citando seu pai, o violonista César Farias, que foi do
conjunto Época de Ouro e até hoje o acompanha nos shows. 'Meu pai, que já é bisavô, joga bola na praia até hoje. Por isso, fazer
50 anos não me assusta', ensina. E não são apenas estes os pontos comuns
entre os cinquentões. Nenhum deles se vê como celebridade, mas é Caetano Veloso
quem sintetiza a melhor resposta: 'Eu
posso ter sonhado ser célebre, ou achado que ia ser uma pessoa célebre quando
era criança. Até me imaginava assim com uma barba grande feito um filósofo. Eu
era pequeno e achava aquilo. Mas a verdade é que eu não sinto uma atração real
por viver uma situação que não tenha a ver com a vivência cotidiana das pessoas
que eu vejo hoje ou do período que a minha imaginação pode cobrir da
humanidade. Não tenho vontade de descobrir nada que não possa ser compartilhado
pelos outros. A impressão que eu tenho é de que todo mundo pode entender tudo.'
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