Os shows serão no Vivo Rio. No dia 16 de agosto será com mesas e cadeiras e no dia 17 em formato pista. |
Vivo Rio – 16 e 17 de agosto de 2013
Confira a entrevista de Caetano Veloso e Hélio
Eichbauer para o Segundo Caderno do jornal O Globo sobre o cenário do show
"Abraçaço", que será filmado hoje e amanhã no Vivo Rio.
Pela primeira vez, o público carioca poderá ver no palco os quatro quadros de Kasimir Severinovich Malevich (1878/1935) e os losangos sobre o pano de fundo preto.
Quadrado negro sobre fundo branco, que está completando 100 anos. Os outros três são: o Círculo negro sobre fundo branco, a Cruz negra sobre fundo branco e o Quadrado vermelho sobre fundo branco.
“Todas essas obras têm a ver com o show, com a geometria, a arte moderna e principalmente com Caetano”, conclui Hélio.
Pela primeira vez, o público carioca poderá ver no palco os quatro quadros de Kasimir Severinovich Malevich (1878/1935) e os losangos sobre o pano de fundo preto.
Quadrado negro sobre fundo branco, que está completando 100 anos. Os outros três são: o Círculo negro sobre fundo branco, a Cruz negra sobre fundo branco e o Quadrado vermelho sobre fundo branco.
“Todas essas obras têm a ver com o show, com a geometria, a arte moderna e principalmente com Caetano”, conclui Hélio.
O GLOBO
Caetano manda um abraçaço
para Malevich e sua bossa nova
Hélio Eichbauer leva telas do artista russo para o
cenário do show do cantor, que será filmado no Rio
por Leonardo Lichote
16/08/2013
Geometria. Eichbauer e Caetano: ideia inicial do baiano de um show sem cenário acabou virando uma homenagem ao centenário de “Quadrado negro”, marco do suprematismo Foto: Fabio Seixo |
RIO
- Caetano havia pedido ao amigo Hélio Eichbauer — cenógrafo que o acompanha
desde “Estrangeiro”, de 1989 — que fosse aos ensaios do show de “Abraçaço” para
uma tarefa simples: pensar uma capa para o livrinho onde ele leria a letra de
“Alexandre”. Afinal, a ideia do compositor era que dessa vez não houvesse
cenário. “Quero um fundo preto”, disse.
— Aí
Hélio falou: “Há pretos e pretos”. E começou a pensar. Acabou ficando um
negócio incrível, um preto mais fosco, um mais brilhante, um mais
transparente... — conta Caetano.
O
fundo do palco, com quadrados virados como losangos, costurados um no outro,
com três texturas diferentes que reagem de forma diversa à iluminação, poderá
ser visto pela primeira vez pela plateia carioca nesta sexta-feira e sábado,
quando Caetano retorna com a turnê de “Abraçaço” à cidade onde a estreou (em
março, no Circo Voador). Desta vez, ele está no Vivo Rio (ingressos de sexta já
esgotados), às 22h, para gravar o DVD do show. Além do pano, ele vem com o
cenário completo de Hélio: quatro telas da fase suprematista do artista russo Malevich
(na estreia, em palco menor, havia apenas “Quadrado negro”).
Dos
quadrados-losangos do fundo às telas de Malevich, o cenógrafo foi guiado por
uma cadeia de referências que teve como detonadores o centenário de “Quadrado
negro” e a canção “A bossa nova é foda”.
—
Hélio ligou os quadrados do fundo aos cem anos do “Quadrado negro” e quis fazer
essa homenagem — lembra Caetano. — E, ao ver os ensaios, ele pensou como
“Quadrado negro” se relacionava com “A bossa nova é foda” (música que abre o
disco e o show “Abraçaço”).
O
cenógrafo explica:
—
Isso é a bossa nova russa, de 1913. E também a bossa nova brasileira do fim dos
anos 1950, quando foi realizada a “Exposição de arte concreta”, em São Paulo (1956)
e no Rio (1957). Eles são filhos e netos de Malevich.
A
relação entre a potência sintética do violão de João Gilberto e do suprematismo
de Malevich, detalha o cenógrafo, vem primeiro como intuição, e só depois como
conceito.
— É
sempre a partir da música. E Malevich é abstrato como a música. É ritmo. E o
suprematismo é a sensação suprema, a intuição suprema. Ali, ele reduziu o mundo
objetivo ao mundo não objetivo da geometria — avalia. — A palavra vem depois.
Primeiro vêm todas as sensações que a música provoca. A suprema sensação.
A
partir de “Quadrado negro”, Eichbauer imaginou que outras telas da série
suprematista de Malevich poderiam conversar com o repertório do show. Ele
escolheu mais três delas: “Cruz negra”, “Quadrado vermelho” e “Círculo negro”.
Todas armadas sobre cavaletes.
— É
como se o show estivesse acontecendo num museu de arte futurista. E cada quadro
é iluminado em trechos do show, relacionando-os às canções. Eles funcionam como
janelas, também.
Caetano
cita um exemplo:
— Em
“Estou triste”, enquanto Pedro (Sá, guitarrista) está solando, ando para
o “Quadrado negro” e fico olhando para ele, como uma janela — diz o cantor,
ecoando involuntariamente o que Malevich disse sobre a concepção do “Quadrado
negro” (“Eu sentia apenas noite dentro de mim”).
Conceito
minimalista
Há
outros exemplos. O “Quadrado vermelho” dialoga com “Um comunista” e “O império
da lei”, e o “Círculo vermelho” refere-se a “Eclipse oculto”. Tudo dentro de um
conceito minimalista que se afina à cenografia dos outros shows da trilogia
completada pelos discos “Cê” e “Zii e Zie”.
—
Acredito que Hélio tenha sido levado a isso ao perceber como é tudo muito
conciso desde o “Cê”. Realmente são cenários bem diferentes dos outros que ele
fez para mim — diz Caetano, referindo-se a trabalhos como as inscrições
rupestres de “Circuladô” e o mural de Diego Rivera em “Fina estampa”.
A
grande mudança para o show que os cariocas viram no Circo é mesmo o cenário,
adianta Caetano. No roteiro, pouco mudou. Mais especificamente, duas músicas: a
saída de “Alexandre” e a inclusão de “De noite na cama”.
—
Retirei “Alexandre” porque não consigo decorar e fico cansado de ler. Isso
também desconcentra as pessoas, porque não me dirijo a elas. Eu devia saber a
letra e cantar para o público. “De noite na cama” foi escolha do Pedro Sá
(além do guitarrista, a BandaCê inclui o tecladista e baixista Ricardo Dias
Gomes e o baterista Marcelo Callado). Ele adora a gravação de Erasmo e
tinha vontade de fazer aquele (cantarola o riff de guitarra gravado em
“Carlos, Erasmo”).
No
Circo (“Um lugar lindo, talvez o mais bonito do Rio”, define Eichbauer), “Um
índio” entrou como comentário (e tomada de posição) sobre a polêmica em torno
da Aldeia Maracanã. Desta vez, Caetano diz não ter definido nenhuma canção que
faça referência à atualidade, mas acena com uma possibilidade:
—
Acho bacana que no show da Gal a gente tenha posto “Divino maravilhoso”, que é
sobre as passeatas daquele período. Queria cantar “Enquanto seu lobo não vem”,
outra canção sobre aquelas passeatas. “Vamos passear na avenida...” (canta).
Não ensaiei, mas até posso tocar, porque a harmonia é facílima. Mas também não
quero fazer nenhuma menção muito direta a isso. Só me tocou lembrar dessa
canção.
Uma canção que, apesar da referência temporal marcada, talvez estabeleça, por citar Caymmi, uma ponte com o essencial, o supremo de Malevich.
Uma canção que, apesar da referência temporal marcada, talvez estabeleça, por citar Caymmi, uma ponte com o essencial, o supremo de Malevich.
Caetano dá um “Abraçaço” em Débora Bloch,
Amora Mautner e Regina Casé
Caetano Veloso subiu no palco do Vivo Rio, no Aterro do Flamengo, nessa
sexta-feira (16/8) e deu de presente para seu público carioca o show de gravação do
DVD de “Abraçaço”.
Na plateia, muitos amigos dele: Regina Casé mais a filha, Benedita,
Adriana Varejão, que acaba de dar à luz Violeta, com Pedro Buarque de Hollanda,
Amora Mautner, Maria Ribeiro e Caio Blat, Paula Burlamaqui, Glória Perez e
Felipe Veloso, que assina o figurino do músico.
16/8/2013 - Zeca e Moreno Veloso |
16/8/2013 - João Pedro, Benedita e Regina Casé |
Paula Burlamaqui e Amora Mautner |
Foto: Isac Luz / EGO |
Foto: Isac Luz / EGO |
Foto: Isac Luz / EGO |
Coluna Heloisa Tolipan
19/08/2013
Com verve política, Caetano
Veloso grava DVD de seu 'Abraçaço', no Rio
Em show no Vivo Rio, astro arrebatou, mais
uma vez, a plateia carioca
Se
os quatro show que Caetano Veloso fez,
em março deste ano, no Circo Voador, no Rio de Janeiro, eram algum indicativo,
não restavam dúvidas de que o público carioca estava ávido por mais
apresentações de Caê na Cidade Maravilhosa. Atendendo prontamente ao pedido - e
aproveitando para gravar seu novo DVD -, o cantor e compositor subiu ao palco
do Vivo Rio, nesta sexta e sábado (16 e 17/8).
Se a
amiga Gal Costa arrebatou a
multidão que lotou o Vivo Rio semana passada, Veloso não faria muito diferente:
casa cheia, público empolgado e clima de celebração no ar ditavam a atmosfera
do show, neste sábado (17).
Seguindo
o roteiro estabelecido desde o início da atual turnê, Caetano subiu ao palco da
casa carioca poucos minutos depois das 22h, horário marcado para o início. Na
primeira parte do show, desfile de hits do álbum 'Abraçaço'. 'A bossa nova é
foda', 'Quando o galo cantou', 'Um abraçaço' e 'Parabéns' foram entoadas em
coro pelo público, já ganhando ares de hits da carreira do cantor.
Sem
interrupções para a gravação do DVD (dirigido por Fernando Young, diretor criativo do conceito do álbum de Veloso),
Caê mostrou sua usual desenvoltura, esbanjando vitalidade, do alto de seus
recentes 71 anos. Abrindo os botões de sua camisa, por exemplo, Caetano ainda é
vítima de gritinhos assanhados, que gritavam "lindo!".
'Um
comunista', 'Triste Bahia' e 'Estou triste' embalam um momento mais reflexivo
da noite, em que Caetano perguntou, inclusive, "cadê o Amarildo?", em
referência ao caso do pedreiro desaparecido na favela da Rocinha, no Rio. Com
suas colocações e saudações sempre recebidas com entusiasmo, Veloso ainda
misturou hits antigos ('Eclipe Oculto', 'A luz de Tieta') com canções recentes
ou pouco conhecidas, como seu ousado 'Funk Melódico' e a poética 'Mãe'.
Caetano Veloso: 'abraçaço' emocionado em show-gravação, no Rio de Janeiro |
Ovacionado,
o mais doce dos doces bárbaros fechou a noite com 'Outro', hit de seu álbum
'Cê', de 2006, primeiro da agora encerrada trilogia com 'Zii e Zie' e
'Abraçaço'. Noite catártica para celebrar a vitalidade exuberante de um dos
ídolos máximos da música brasileira.
17/8/2013 - Foto: Ricardo Nunes / Divulgação |
17/8/2013 - Chico Buarque conferiu a apresentação em família Foto: André Muzell/AgNews e Ricardo Nunes - Divulgação |
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