17/3/2009
Maria Bethânia, abriu a Série Sentimentos do Mundo, promovido pela UFMG (Universidade
Federal de Minas Gerais), para quem a conhece apenas como cantora, foi uma bela
oportunidade de conhecer toda a ligação de Bethânia com a palavra, com os
textos que sempre disse em seus espetáculos, e sua notória contribuição para a
divulgação da importância da leitura em nosso país.
De Vieira aos Titãs
Maria Bethânia abre Sentimentos do Mundo em 2009 com leitura de autores que
influenciaram a sua carreira artística
Itamar Rigueira Jr. e Luiza Lages
Pelo menos 700
pessoas se reuniram no auditório, saguão e mezanino da Reitoria da UFMG para
acompanhar, no dia 17 de março de 2009, a apresentação da cantora Maria Bethânia no
programa Sentimentos do Mundo. Durante cerca de 50 minutos, ela recitou textos
de Antonio Vieira, Fernando Pessoa, Cecília Meireles, Caetano Veloso, Titãs,
entre outros autores, e cantou a capella trechos de canções brasileiras e
portuguesas.
O espetáculo marcou a
retomada do ciclo em 2009. Desde 2007, o projeto trouxe à UFMG nomes como o
sociólogo Boaventura de Sousa Santos, o cineasta David Lynch e a ambientalista
Danielle Mitterrand. Antes de começar a leitura, Bethânia elogiou a iniciativa
de “trazer expressões artísticas para uma casa de ensino” e defendeu a “educação
plena”. “Acho que estou aqui porque ouso me expressar com a palavra falada,
sempre gostei de emprestar vida e voz aos personagens que os autores revelam”,
ela disse.
Lucia Castelo Branco preparou um texto para apresentar a artista |
Maria Bethânia foi
apresentada pela professora da Faculdade Letras Lucia Castelo Branco. Com um
texto poético, ela lembrou seu primeiro contato com a literatura, ouvindo
Clarice Lispector na voz de Bethânia, a participação da cantora no DVD Língua
de brincar, que ela produziu sobre o poeta Manoel de Barros, e a admiração que
a escritora portuguesa Maria Gabriela Llansol – morta no ano passado – tinha
pela cantora baiana. “Maria Gabriela nunca se encontrou com Bethânia, mas creio
que o desejou profundamente”, disse Lucia Castelo Branco, que prepara um DVD
sobre a faceta “cantora de leitura” de Maria Bethânia.
Assovio
A artista disse que
escolheu textos com os quais tinha intimidade. E começou com Titãs (“a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”)
e Fernando Pessoa (poema O rio da minha aldeia). Cantarolou
Marinheiro só, gravada pelo irmão
Caetano Veloso, e convidou a plateia a acompanhá-la quando entoou Calix bento (adaptada do folclore por
Tavinho Moura e consagrada na voz de Milton Nascimento).
Com o conhecido
domínio de palco e a desenvoltura de quem sempre recita textos em seus
espetáculos – desde sua famosa estreia no show Opinião, em 1965, como ela
própria lembrou –, Bethânia se soltou ainda mais depois de alguns minutos e
reagiu com bom humor quando ouviu um assovio do público. “Pensei que em leitura
de texto não tinha isso, faça isso também no meu show”, ela disse.
Ao ler trechos do Sermão de Santo Antônio, do Padre Antônio Vieira, Bethânia citou o
local em que ele foi lido – São Luís do Maranhão – e enfatizou a data – 1654 –,
chamando a atenção para a atualidade do texto. “O saber e o poder incham os homens”, escreveu Vieira. Bethânia
recitou ainda, entre outros, Cecília Meireles, Guimarães Rosa e voltou a
Caetano Veloso, com um extrato da letra de Língua
(“Gosto de sentir a minha língua roçar a
língua de Luís de Camões”). Para terminar, certamente não por acaso, ela
escolheu Clarice Lispector: “Simplesmente
eu sou eu. E você é você. É vasto, vai durar. Por enquanto tu olhas para mim e
me amas. Não: tu olhas para ti e te amas. É o que está certo.”
Os aplausos a Maria Bethânia duraram cerca de cinco minutos. Antes de se despedir do público e deixar o palco, a artista recebeu do reitor Ronaldo Pena uma placa de agradecimento, com versos do escritor Emílio Moura, ex-aluno e ex-professor da UFMG.
Os aplausos a Maria Bethânia duraram cerca de cinco minutos. Antes de se despedir do público e deixar o palco, a artista recebeu do reitor Ronaldo Pena uma placa de agradecimento, com versos do escritor Emílio Moura, ex-aluno e ex-professor da UFMG.
Reverência
Depois da apresentação,
Maria Bethânia conversou com jornalistas sobre a apresentação no auditório da
Reitoria da UFMG e revelou-se surpresa com a recepção. “Foi um acontecimento
diferente, um ambiente muito respeitoso, reverente”. Simpática, a cantora tirou
fotos com a plateia, majoritariamente jovem, e distribuiu autógrafos. Ela
contou que, durante o processo de escolha dos textos, pensava exatamente nos
alunos, imaginando como poderia dizer em 50 minutos o que pensa. “Foi trabalhoso, mas gostei do esforço,
porque tive a chance de refletir sobre coisas nas quais normalmente não
prestamos atenção”, revelou.
Sobre a mescla de
leitura e música que marcou sua performance, Maria Bethânia comentou: “Às vezes eu faço shows só cantando. Às
vezes eu leio. Dá para separar a literatura da música. Mas eu gosto é de ser
intérprete, de misturar”.
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Rolling Stone Brasil
Bethânia: licença poética
No
espetáculo Bethânia e as Palavras, cantora recita famosos poetas,
escritores e compositores, em meio a músicas
por BR Press
3 de Set. de 2010 às 12:34
3 de Set. de 2010 às 12:34
(BR Press) - Em novo espetáculo, Bethânia e as Palavras,
a cantora baiana Maria Bethânia aflora toda sua ligação com o teatro e com a
poesia para apresentar aos fãs leituras que nos remetem a grandes escritores,
poetas e compositores. A série de apresentações acontece no Teatro Fashion
Mall, no Rio de Janeiro, de sexta a domingo, nos dois próximos finais de semana
(3, 4 e 5 e 10, 11 e 12 de setembro).
A ligação de Maria Bethânia com o teatro e com as palavras não é nenhuma
novidade. Porém, nunca esteve tão evidente como agora. Como o título já prevê,
em seu novo espetáculo, a cantora se liberta para apresentar algo totalmente
pouco usual. No palco, Bethânia mescla a leitura de textos, selecionados com
Hermano Vianna e Elias Andreatto, e poucas canções - todas capazes de reafirmar
sua íntima ligação com a palavra escrita.
Poetas de Bethânia
Pela primeira vez em teatro, Maria Bethânia lerá poetas e escritores de
todas as gerações, destacando: Guimarães Rosa, Manuel Bandeira, Cecília
Meireles, Ramos Rosa, Sophia de Mello Breyner Andersen, o moçambicano José
Craveirinha, Padre Antônio Vieira, Caetano Veloso, Fausto Fawcett e Ferreira
Gullar.
No lado da música, acompanhada somente do violonista Luiz Brasil e do
percussionista Carlos César, a cantora resgata alguma canções famosas, como
"ABC do Sertão" (Luiz Gonzaga), "Romaria" (Renato
Teixeira), "Último Pau de Arara" (J. Guimarães/Venâncio/Corumbá),
"Marinheiro Só" (adaptação Caetano Veloso), "Dança da
Solidão" (Paulinho da Viola) e "Menino de Jaçanã" (Luis
Vieira/Arnaldo Passos).
Bethânia e as Palavras
3, 4 e 5 e 10, 11 e 12 de setembro (sexta e sábado, às 21h30, e domingo às 20h)
Teatro Fashion Mall - Sala 1 (Estrada da Gávea, 899, 2º piso)
3, 4 e 5 e 10, 11 e 12 de setembro (sexta e sábado, às 21h30, e domingo às 20h)
Teatro Fashion Mall - Sala 1 (Estrada da Gávea, 899, 2º piso)
"O teatro é muitas vezes o buraco da fechadura
por onde espiamos nossas almas e nossas pátrias
e é nele que Bethânia se mantém viva e apaixonada pelo seu ofício"
Elias Andreatto
por onde espiamos nossas almas e nossas pátrias
e é nele que Bethânia se mantém viva e apaixonada pelo seu ofício"
Elias Andreatto
3/9/2010
Maria Bethânia faz
sua estreia no teatro com leitura de poemas
Marianna
Wachelke, especial para o iG
Com o projeto 'Bethânia e as Palavras', a cantora Maria Bethânia
apresentou na noite de quinta-feira (2), no Teatro do Fashion Mall, zona sul do
Rio, poemas e textos escolhidos para uma sala cheia de estudantes e convidados.
Na pré estreia, Maria Bethânia convidou alunos de duas escolas municipais,
estudantes do projeto Nós no Morro e universitários de Letras e Artes Cênicas
da PUC-Rio.
Após uma hora de espetáculo, a cantora fez questão de ficar perto da
plateia, deu autógrafos, tirou fotos com fãs e ainda conversou sobre poesia.
“Fernando Pessoa é o poeta da minha vida”, declarou. Para Bethânia, o projeto é
um desafio mais importante para aproximar a leitura dos estudantes. “Essa leitura
foi para estimular o interesse pela poesia, mostrar que não se pode viver sem.
Fui educada assim, tive ótimos professores, um em particular, o Nestor, foi um
professor de Português extraordinário que incentivava a poesia”, disse.
A jornalista Leda Nagle foi uma das que aplaudiram a cantora.
“Acho bárbaro, a gente esquece da poesia e ela mostra que é possível parar para
ler poemas. Foi lindo, só ela consegue isso”, declarou. Leiloca, do grupo As
Frenéticas, acredita que ultimamente a arte é pouco aproveitada e que é
necessário mais iniciativas como essa. “Eu estava esperando a melhor coisa do
mundo, porque Bethânia é uma entidade”, elogiou.
Depois de entrevistar a artista para um programa especial, a
apresentadora Leilane Neubarth não resistiu e foi conferir o trabalho.
“Sou louca por ela, falando textos então!”, derreteu-se. A jornalista explicou
que mesmo com falta de tempo, se dedica à leitura. “Tenho o hábito de ler, de
indicar obras, passar adiante, meus preferidos são Fernando Pessoa, Guimarães
Rosa e Paulo Leminski”, citou.
6/9/2010
Maria Bethânia lê poemas para
Fernanda Montenegro
Conhecida por lidar muito bem com as palavras, a
cantora e compositora Maria Bethânia criou o projeto "Bethânia e as
Palavras", com o qual tem se apresentado no Teatro Fashion Mall, na Zona
Sul do Rio de Janeiro.
Neste domingo (5), a baiana foi prestigiada pela atriz Fernanda
Montenegro, que atualmente interpreta a poderosa Bete Gouveia na novela
"Passione", da Globo.
Fotos:
Daniel Delmiro/AgNews
Maria Bethânia chega ao Teatro Fashion Mall; Fernanda Montenegro aguarda
pelo início da apresentação
Em "Bethânia e as Palavras", Maria
Bethânia lê poemas e textos pré-selecionados. “Fernando Pessoa é o poeta da
minha vida”, conta ela.
Teatro Fashion Mall - Sala 1 - 10/9/2010 |
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16/3/2011
Maria Bethânia apresenta em BH leituras de prosa e poesia
Para a cantora, que vai fazer três shows em BH, amor pelas letras vem da infância em Santo Amaro
Ailton
Magioli - EM Cultura
Por
mais que tente, Maria Bethânia, de 64 anos, não consegue se lembrar da primeira
palavra que falou na infância. “Não tenho
a menor memória”, confessa, às gargalhadas, ao telefone, admitindo que nem
mesmo a mãe, dona Canô, havia falado sobre o assunto com ela até então. Uma
menina falante, no entanto, ela admite que foi. “No colégio falava muito. Era conversadeira”, recorda a intérprete,
que estreia sexta-feira, no Teatro Dom Silvério, a temporada relâmpago do
espetáculo Bethânia e as palavras, com ingressos esgotados para as três
apresentações em Belo Horizonte.
“A madre superiora sempre dizia: ‘Lá vem ela, falando alto’”, acrescenta Bethânia, que, apesar de já se aventurar a cantar, achava a própria voz uma coisa medonha. “Era grave, cantava muito alto, muito gritado”, justifica aquela que viria se tornar a maior intérprete brasileira. Longe de se tornar uma cantora de banheiro, Maria Bethânia gostava mesmo de cantar era no convento, onde iniciou o processo educacional. A poesia propriamente dita, recorda, entrou em sua vida um pouquinho mais tarde. “Foi na época do exame de admissão para o ginásio.”
Como Santo Amaro da Purificação, na Bahia, era uma cidade muito pequena, em que todo mundo sabia quem era quem, Maria Bethânia tinha contato com o poeta e amigo de seu pai Nestor Oliveira, que acabou se tornando seu mestre. “Juca, professor Nestor, professor Édio, que ainda é vivo. Tinha outros poetas que eram amigos de meu pai.” A irmã Mabel, no entanto, que acabou se tornando poeta, era a mais interessada no assunto desde então. “Ela tinha interesse, o noivo dela também escrevia poesia”, salientando que Mabel também era meio madrinha de Caetano Veloso que, não por acaso, acabaria responsável por sua formação. “Eu fui pegando a caroninha assim lá de cima, uma escadinha boa.”
Já no ginásio, o poeta-professor Nestor Oliveira gostava de declamar poesia, fazer os alunos trabalharem com o tema, escrevendo poesia, rimas, quadras, sonetos e divisões. “Ele tinha cuidado de ensinar. Adorava. Nestor é um grande poeta”, elogia. “Ele era exigentíssimo com a finura no português, com o aprender a falar direitinho, elegante, gostar das palavras. Disso me lembro muito bem.” Intelectual e leitor, Caetano introduz a irmã no meio literário, quando ela começa a se apurar no setor. De Santo Amaro para Salvador, onde conhece a professora de português extraordinária (Candolina), que também tinha a ver com poesia e literatura em geral, Bethânia lembra, orgulhosa, da formação, que incluiu até aulas de dicção na escola pública de então.
“Na época fui ser bandeirante. Eu tinha uma patrulha chamada Tuti Negra. Pedi a Caetano e Nestor para fazerem o hino da minha patrulha. Infelizmente, esqueci, Caetano não lembra, não temos registro algum dele”, lamenta. De cara, por conta de Caetano, que vivia com a revista Senhor, que a família assinava, Bethânia teve acesso aos grandes poetas, incluindo Fernando Pessoa e a escritora Clarice Lispector, que, mesmo não sendo poeta, atraiu a atenção da cantora. Para ela, há muitas palavras significativas. “A cada dia isso pode mudar, mas tenho a impressão de que o sentimento de não deixar esta chama, esta criança, como costumo dizer, se apagar, é o que me move. Sou comandada pelas palavras, acho que isso é encantamento de palco, é destino, é escolha de Deus para uma profissão, para um ofício. Uma palavra que acho linda é ofício”, afirma.
Canto e leitura
Em Bethânia e as palavras, como gosta de dizer, poderia ser qualquer (outra) cantora ou atriz declamando poemas, em companhia do violonista Jaime Alem e do percussionista Carlos César. Mas não é bem assim. Trata-se da intérprete definida pela poeta portuguesa Maria Gabriela Llansol como uma “cantora de leitura”. “Não inventei nada, mas é lógico que cada um afina de um modo”, resume a experiência de declamar poesia no palco. Ao ser convidada pela UFMG para participar do ciclo de conferências Sentimentos do mundo, quando tudo começou, a cantora diz ter ficado feliz em ver tal projeto nascer dentro de uma escola. “Como eles queriam uma coisa pequena, uma performance, peguei meus papéis e falei: vou montar uns textos para ver o que dá. Fiquei brincando e adorei fazer aquilo. Senti-me tão feliz, porque a cantora veio para poder indicar caminho e também para se expressar. Mas para mim foi bonito, porque era mais a palavra falada”, avalia.
“A madre superiora sempre dizia: ‘Lá vem ela, falando alto’”, acrescenta Bethânia, que, apesar de já se aventurar a cantar, achava a própria voz uma coisa medonha. “Era grave, cantava muito alto, muito gritado”, justifica aquela que viria se tornar a maior intérprete brasileira. Longe de se tornar uma cantora de banheiro, Maria Bethânia gostava mesmo de cantar era no convento, onde iniciou o processo educacional. A poesia propriamente dita, recorda, entrou em sua vida um pouquinho mais tarde. “Foi na época do exame de admissão para o ginásio.”
Como Santo Amaro da Purificação, na Bahia, era uma cidade muito pequena, em que todo mundo sabia quem era quem, Maria Bethânia tinha contato com o poeta e amigo de seu pai Nestor Oliveira, que acabou se tornando seu mestre. “Juca, professor Nestor, professor Édio, que ainda é vivo. Tinha outros poetas que eram amigos de meu pai.” A irmã Mabel, no entanto, que acabou se tornando poeta, era a mais interessada no assunto desde então. “Ela tinha interesse, o noivo dela também escrevia poesia”, salientando que Mabel também era meio madrinha de Caetano Veloso que, não por acaso, acabaria responsável por sua formação. “Eu fui pegando a caroninha assim lá de cima, uma escadinha boa.”
Já no ginásio, o poeta-professor Nestor Oliveira gostava de declamar poesia, fazer os alunos trabalharem com o tema, escrevendo poesia, rimas, quadras, sonetos e divisões. “Ele tinha cuidado de ensinar. Adorava. Nestor é um grande poeta”, elogia. “Ele era exigentíssimo com a finura no português, com o aprender a falar direitinho, elegante, gostar das palavras. Disso me lembro muito bem.” Intelectual e leitor, Caetano introduz a irmã no meio literário, quando ela começa a se apurar no setor. De Santo Amaro para Salvador, onde conhece a professora de português extraordinária (Candolina), que também tinha a ver com poesia e literatura em geral, Bethânia lembra, orgulhosa, da formação, que incluiu até aulas de dicção na escola pública de então.
“Na época fui ser bandeirante. Eu tinha uma patrulha chamada Tuti Negra. Pedi a Caetano e Nestor para fazerem o hino da minha patrulha. Infelizmente, esqueci, Caetano não lembra, não temos registro algum dele”, lamenta. De cara, por conta de Caetano, que vivia com a revista Senhor, que a família assinava, Bethânia teve acesso aos grandes poetas, incluindo Fernando Pessoa e a escritora Clarice Lispector, que, mesmo não sendo poeta, atraiu a atenção da cantora. Para ela, há muitas palavras significativas. “A cada dia isso pode mudar, mas tenho a impressão de que o sentimento de não deixar esta chama, esta criança, como costumo dizer, se apagar, é o que me move. Sou comandada pelas palavras, acho que isso é encantamento de palco, é destino, é escolha de Deus para uma profissão, para um ofício. Uma palavra que acho linda é ofício”, afirma.
Canto e leitura
Em Bethânia e as palavras, como gosta de dizer, poderia ser qualquer (outra) cantora ou atriz declamando poemas, em companhia do violonista Jaime Alem e do percussionista Carlos César. Mas não é bem assim. Trata-se da intérprete definida pela poeta portuguesa Maria Gabriela Llansol como uma “cantora de leitura”. “Não inventei nada, mas é lógico que cada um afina de um modo”, resume a experiência de declamar poesia no palco. Ao ser convidada pela UFMG para participar do ciclo de conferências Sentimentos do mundo, quando tudo começou, a cantora diz ter ficado feliz em ver tal projeto nascer dentro de uma escola. “Como eles queriam uma coisa pequena, uma performance, peguei meus papéis e falei: vou montar uns textos para ver o que dá. Fiquei brincando e adorei fazer aquilo. Senti-me tão feliz, porque a cantora veio para poder indicar caminho e também para se expressar. Mas para mim foi bonito, porque era mais a palavra falada”, avalia.
Com a venda do recital para novas leituras (nove, ao todo), Maria Bethânia lembra que a curta duração da apresentação (1 hora e 10 minutos) acabou limitando-o à leitura. “Não é nenhum espetáculo”, adverte, salientando que botou música na performance porque a cada dia que faz a leitura, ela muda. “Já no programa informo que tudo poderá mudar de acordo com a cantora”, sorri, lembrando que as mudanças vêm de acordo com a vontade dela de ler um poeta ou um autor, além de se referir a algo que a comove. “Lógico que há três pontos básicos: chego, peço licença, passo pelos meus poetas preferidos e depois chego à dedicatória”, explica. E explica que o restante pode ser mexido de um dia para o outro. No contato com o público, muda pouco. “Estou quietinha com a partitura, lendo. Não estou fazendo um show, não tem a cara de show. É quase uma conversa meio mágica, com um pouco de dramaturgia, porque isso eu aprendi com Fauzi Arap. Tudo que faço é assim”, conclui. “É Maria Bethânia lendo, de oclinhos, com seus 64 anos.”
Letra e música
Guimarães Rosa, Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Ramos Rosa, Sophia de Mello Breyner, José Craveirinha, Padre Antônio Vieira, Caetano Veloso, Fausto Fawcett e Ferreira Gullar são alguns dos autores com presença garantida no recital, que é entremeado por trechos de canções brasileiras e portuguesas como ABC do sertão (Luiz Gonzaga), Romaria (Renato Teixeira), Estranha forma de vida (Amália Rodrigues) e Dança da solidão (Paulinho da Viola). Hermano Vianna e Elias Andreatto colaboraram na performance.
BETHÂNIA E AS PALAVRAS
Sexta-feira e sábado, 21h; domingo, 19h. Teatro Dom Silvério, Avenida Nossa Senhora do Carmo, 230, Savassi. Ingressos esgotados. Informações: (31) 3209-8989.
Bethânia e as palavras
Maria Bethânia se apresenta no Teatro Dom Silvério
Tudo começou em Belo Horizonte, há cerca de dois anos, quando a intérprete foi convidada pela professora e escritora Lúcia Castello Branco para participar de uma leitura de textos no Ciclo de Conferências Sentimentos do Mundo, no câmpus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O evento também recebeu David Lynch, Danielle Mitterrand e Arnaldo Antunes. De lá para cá, ainda que a cantora tenha lançado dois belos discos, não se fala em outra coisa: Bethânia e as palavras, o projeto especial da baiana que será retomado com apresentações na capital mineira (18, 19 e 20 de março), além de São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Em BH, os ingressos começarão a ser vendidos à partir do dia 28 de fereveiro.
Guimarães Rosa, Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Ramos Rosa, Sophia de Mello Breyner, José Craveirinha, Padre Antônio Vieira, Caetano Veloso, Fausto Fawcett e Ferreira Gullar estão no programa do recital, entremeado por trechos de conhecidas canções brasileiras e portuguesas – como ABC do sertão (Luiz Gonzaga), Romaria (Renato Teixeira), Estranha forma de vida (Amália Rodrigues) e Dança da solidão (Paulinho da Viola). O espetáculo conta com a colaboração de Hermano Vianna, de Elias Andreatto, do violonista Jaime Alem e do percussionista Carlos César. A produção negocia sua apresentação no Festival de Inverno da UFMG, em Diamantina, em julho.
Fã da cantora, Lúcia Castello Branco conta que aprendeu a ler Clarice Lispector por meio da intérprete baiana. “É uma das vozes mais bonitas que nós temos. Bethânia canta com a alma, mas sou fã dela como leitora de textos”, diz Lúcia, salientando que não por acaso a escritora portuguesa Maria Gabriela Llansol chamou a atenção para o fato de a brasileira ser “cantora de leitura”. A convivência de Lúcia com Maria Bethânia é anterior ao Ciclo Sentimentos do Mundo. Em 2006, a professora da UFMG e Gabriel Sanna dirigiram o documentário Língua de brincar. Lúcia também fez o documentário Mar interior, ainda inédito, que relata a relação da cantora com a literatura.
A ligação de Maria Bethânia com a palavra remonta à infância. Desde os tempos de colégio em Santo Amaro da Purificação, quando o professor Nestor Oliveira lhe ensinou a ouvir poesia, assim como ao irmão Caetano Veloso. Mais tarde, ela acabou levando os textos para o palco, incorporando-os definitivamente a seu repertório. Em BH, na estreia de Sentimentos do Mundo, a cantora fez uma espécie de memorial da própria carreira, recitando de Fernando Pessoa a Manoel de Barros, passando por Jorge Portugal, Ascendino Ferreira e Maria Gabriela Llansol. Bethânia intercalou a leitura com a interpretação de algumas canções.
O maestro Jaime Alem diz que um dos diferenciais de Bethânia e as palavras é a falta de compromisso da intérprete com a cena. “Ali, ela pode ler à vontade”, explica Alem, salientando que plateias geralmente menores do recital possibilitam maior proximidade da artista com o público. “Por nada ser cronometrado, ela acaba ficando mais solta”, afirma. Depois da estreia na capital mineira, onde cantou a capela, Bethânia acabou sentindo falta de música. O espetáculo, que já foi apresentado em Portugal, ganhou violão e percussão.
Espetáculo: Bethânia e as palavras
Local: Teatro Dom Silvério
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Maria Bethânia
também fará shows em
São Paulo: 29, 30 e 31 de março
Curitiba: 26 e 27 de abril
Porto Alegre: 30 de abril e 1º de maio
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Para celebrar o lançamento da nova edição do livro Maria Bethânia Guerreira Guerrilha, de Reynaldo Jardim, Marcio Debellian produziu recitais Bethânia e as Palavras, nos dias 18 e 19 de outubro de 2011, no SESC Ginástico, no Rio de Janeiro.
As apresentações contaram com a participação especial de Elias Andreato e roteiro especial, em homenagem ao poeta Reynaldo Jardim.
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“Bethânia
e as Palavras - Leitura Poética”
Teatro
Universitário, Campus da Ufes de Goiabeiras, Vitória/ES.
Sábado
7/7/2012, às 21h e
Domingo
8/7/2012, às 19h
Ficha
Técnica:
Direção:
Elias Andreatto
Colaboração:
Hermano Vianna
Violonista:
Luiz Brasil
Percussionista:
Carlos César
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2º Festival de História,
promovido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em Diamantina.
Entre 19 e 22 de setembro de 2013.
Festival realizado em
Diamantina comprova o crescente interesse do cidadão por história. Debates com
especialistas e shows, como o de Maria Bethânia, caíram no gosto do público
Ana Clara Brant
Estado de Minas: 23/9/2013
Estado de Minas: 23/9/2013
Maria
Bethânia declamou poemas e cantou em sua bela estreia em Diamantina (foto:
Leandro Couri/EM)
“…
Música e letra O 2º fHist
acertou em incorporar novas abordagens – como shows, concertos, exibição de
filmes e exposições – à discussão da história. Num dos momentos mais
emocionantes do festival, Maria Bethânia – em seu show de estreia na terra de
JK – alternou poemas e canções. A plateia delirou.Acompanhada do violonista Paulo Dafilin e do percussionista Carlos Cesar, a baiana mesclou textos e versos de Guimarães Rosa, Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Ramos Rosa, Sophia de Mello Breyner Andersen, José Craveirinha, Padre Antonio Vieira e Ferreira Gullar com trechos de conhecidas canções brasileiras e portuguesas.
O repertório musical foi de ABC do sertão (Luiz Gonzaga), Romaria (Renato Teixeira) e Último pau-de-arara (J. Guimarães/Venâncio/Corumbá) a Estranha forma de vida (Amália Rodrigues), passando por Marinheiro só (domínio público, adaptação Caetano Veloso), Dança da solidão (Paulinho da Viola) e Menino de Jaçanã (Luís Vieira/Arnaldo Passos).
A apresentação da cantora na tenda da Praça Doutor Prado, no Centro de Diamantina, foi registrada e faz parte de projeto que engloba DVD e livro, que será lançado pela Editora UFMG e distribuído para escolas da rede pública.
“Tudo começou justamente aqui em Minas, em 2009, quando a Bethânia participou do ciclo de conferências Sentimentos do mundo, no câmpus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em BH. Ela se encantou tanto que quis prosseguir com a iniciativa. Diamantina foi o local das primeiras gravações do DVD”, informou o diretor do projeto, o cenógrafo e arquiteto Gringo Cardia. O lançamento está previsto para o ano que vem.”
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26/2/2015
Em show, Maria Bethânia faz leitura e pede poesia no ensino público
Tiago
Dias
Do UOL, em São Paulo
Do UOL, em São Paulo
Maria Bethânia provou do fanatismo que somou em cinco décadas de
carreira no início da temporada do show "Bethânia e as Palavras",
no Sesc Pinheiros, em São Paulo,
nesta quarta-feira (25). Com raras aparições na rede, ela arrastou filas nas
unidades e esgotou os quatro dias de apresentação em 25 minutos. Em um dia
caótico de chuva na cidade, o teatro lotou e havia até fila de espera para
ingressos remanescentes. Tudo para poder ver Bethânia bem de perto a preço
popular de R$ 18 a R$ 60.
Quem esperava um espetáculo nos
moldes de "Abraçar e Agradecer", turnê oficial de comemoração dos 50
anos, teve, na verdade, um presente maior: Bethânia em um estado ainda mais
puro, envolta com seus poemas favoritos, em um teatro menor, mais intimista que
as casas de shows onde costuma se apresentar.
Era Bethânia a declamar,
acompanhada de interlúdios musicais precisos do violonista Paulinho Dafilin e
do percussionista Carlos Cesa. Vestida de maneira sóbria, com terno branco,
sempre descalça e com as habituais pulseiras, manteve-se no canto esquerdo, ao
pé de um pedestal com os textos.
A Bethânia cantora --a dançar
no centro do palco -- só veio no bis não programado. "Senhores, é um show pequeno, uma leitura. Eu estou aqui nesse
teatro, e meu Deus. O que podemos fazer, hein?", questionou os
músicos. Escolheu "Reconvexo", do irmão Caetano
Veloso, para brindar o público.
Intelectualmente, é um desafio,
ela reconhece, declamar poemas em "tempos tão difíceis". Ao relembrar
o professor de ginásio Nestor Oliveira, cujo poema "Ciclo" Caetano
musicou, ela pediu para que a poesia esteja presente nas salas de aula. "Eu ainda acredito no ensino
público", disse. Bethânia emociona, mas seu costumeiro sarcasmo -- ou
'piti', como os fãs costumam chamar nas redes sociais -- sempre está presente.
No bis, ela respondeu, séria, a um fã que pedia uma foto: "Por favor,
ainda estou no palco".
"Bethânia e as
Palavras" é um show em que a
cantora expõe suas descobertas no mundo literário. Ainda influenciada pelo
espetáculo "Opinião", que a projetou em 1965, suas turnês sempre
costuraram canções com poemas. A mistura aqui é o inverso: textos marcantes da
carreira são entremeados por trechos de conhecidas canções, como "Marinheiro Só" (domínio
público/adaptação Caetano Veloso), "Dança da Solidão" (Paulinho da
Viola) e "Olhos de Lince", de Jards Macalé. Em atos, ela desdobra suas descobertas: do
mundo, do amor, do Brasil profundo.
Assim, a leitura do trecho de
"Grande Sertão: Veredas",
de Guimarães Rosa, em que Riobaldo admite sua paixão por Diadorim, é
acompanhada do sucesso "Meu Primeiro Amor". Ao recitar "Navio Negreiro", de Castro Alves, cantou "Zumbi", de Jorge Ben. Dentro do contexto paulista, com
a crise hídrica, ela exalta o sertão com o poema "Águas e Mágoas do Rio São Francisco", de Carlos Drummond de
Andrade. "Está secando o velho
Chico. Está mirrando, está morrendo", ela declama, salientando que o
texto é de 1977. Poderia ser de hoje.
Já a poesia portuguesa encontra
eco nos poemas de Sofia de Melo Breyner Andresen e, principalmente, Fernando
Pessoa -- seu poeta favorito, a propósito, ganha um ato só seu. "Poema do Menino Jesus", do
heterônimo Alberto Caeiro, é seguido por "Cálix Bento" e "Romaria", acompanhada por palmas.
O projeto começou em Minas, em
2009, quando Bethânia foi convidada pela UFMG para participar do ciclo de
conferências "Sentimentos do Mundo". O próximo passo seria um blog de
poesia, mas o site foi engavetado após o pedido de R$ 1 mi na Lei Rouanet em
2011 gerar polêmica. O show deve ganhar DVD ainda este ano.
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3° Festival de História vai
ter extensa programação cultural [Portugal]
8 de maio de 2015
A programação cultural do 3º Festival de História
(fHist), em sua primeira etapa, que acontece na cidade portuguesa de Braga,
promete emocionar os participantes, de 21 a 23 de maio próximo. A primeira
apresentação será da cantora Maria Bethânia que fará na Sala Principal do
centenário Theatro Circo o espetáculo Leituras Poéticas, em que declama seus
poemas favoritos acompanhada de interlúdios musicais e mescla canções
conhecidas de seu repertório. Será no dia 21, quinta-feira, às 21 horas.
CONCERTO INTEGRADO
NO PROGRAMA CULTURAL DO 3º fHist - FESTIVAL DE HISTÓRIA
Acompanhada pelo percussionista Carlos Cesar e pelo
guitarrista Paulo Dafilin, Maria Bethânia vai dar voz a mais de 20 temas,
revisitando músicas do seu repertório como “Romaria”, “Cálix Bento”, “Menino de
Braçanã”, “Cirandeiro” ou “Rosa Vermelha”. O alinhamento musical, do qual farão
parte ainda os temas “Estranha Forma de Vida”, de Amália Rodrigues, “Comida” da
banda Titâs ou “Jenipapo”, de Caetano Veloso, entre muitos outros, será
intercalado com excertos de poemas de Fernando Pessoa, Manoel Bandeira, Mário
de Andrade, Ferreira Gullar e de textos de Guimarães Rosa e Clarice Lispector.
21/5/2015 em Braga: "Bethânia e as palavras" |
Maria Bethânia emociona o Theatro Circo de Braga
Foram uma
hora e meia de pura emoção até o centenário Theatro Circo, na Avenida da
Liberdade, explodir em intermináveis aplausos, marcando o ponto alto do
Festival de História o 3º fHist na cidade
portuguesa de Braga: as Leituras Poéticas da cantora brasileira.
A intérprete subiu ao palco alguns minutos depois de 21 horas desta
quinta-feira, dia 21, toda vestida de branco, cantou exuberante "As Ayabás
com os
ventos de Iansã, e iniciou
a leitura de poemas e textos, sempre mesclados a trechos de canções, em um
belo e coerente conjunto. Relatou que a apresentação de "Leituras Poéticas"
nasceu em 2009, quando ela participou do ciclo de conferências
"Sentimentos do Mundo" na UFMG, em Belo Horizonte e, entusiasmada,
repetiu o projeto em diversas casas de ensino e pesquisa. "Ler, ouvir e
dizer poesia na correria que as pessoas vivem hoje é como provocar o
mundo", disse a cantora, que enaltece a idéia de incentivar a leitura dos
poetas e expressões artísticas nas salas de aulas. Disse de seu prazer em
trazer as "Leituras Poéticas" a Braga e do orgulho de já tê-la
apresentado na Casa de Fernando Pessoa, seu "poeta e inspiração
maior".
Foi a leitura de Pessoa, na delicadeza de Alberto
Caieiro, um dos emocionantes momentos do espetáculo. Maria Bethânia declamou,
ainda, Carlos Drummond de Andrade, Castro Alves, Manoel Bandeira, Fausto
Fawcett: "...a lua é uma lantejoula da Nasa que brilha leitosa no meu
vestido estrelado", e Craveirinha, com o "Quero ser Tambor". Leu
textos preciosos de Guimarães Rosa, em "Grandes Sertões" e revisitou
músicas de seu repertório como "Romaria", "Cálix Bento",
"Cirandeiro" e outras de Dorival Cayme, Caetano Veloso e tantos
outros. Sempre acompanhada dos músicos Carlos César na percussão e Paulo
Dafilin na guitarra, aos aplausos finais, concedeu um "Bis" , a
conhecida e animada canção "Convexo" e deixou o palco com sorriso
aberto.
Projeto da UFMG vira livro, DVD e série de TV
Maria Bethânia foi uma das convidadas e, em vez de cantar, a baiana
declamou poesia.
por
e Ana Clara Brant 16/12/2015
Bethânia
em Diamantina, em 2013, na apresentação que está no DVD
(Foto: Leandro Couri/EM)
|
Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG) que gerou frutos importantes e, hoje, está resultando em um
livro, um DVD e até uma série de TV. O projeto Sentimentos
do mundo foi criado para
celebrar os 80 anos da instituição e tinha o objetivo de promover apresentações
artísticas e conferências com renomados intelectuais e pesquisadores
internacionais, de diversas áreas do conhecimento, reconhecidos pela
contribuição ao seu campo de atuação.
Maria Bethânia foi uma das convidadas, mas os
organizadores queriam algo diferente da cantora. Em vez de cantar, a baiana
declamou poesia. “Bethânia acabou refinando e aperfeiçoando este espetáculo em
que mescla versos e música e o apresentou em vários lugares do Brasil e até no
exterior”, destaca a historiadora e professora da UFMG Heloísa Starling. Ao
lado da própria artista, do diretor da Editora UFMG, Wander Melo Miranda, e do
artista gráfico, designer e cenógrafo Gringo Cardia, Heloísa idealizou o Cadernos
de poesia, livro que reúne poemas, canções e textos literários selecionados
pela cantora e é ilustrado com obras de renomados artistas plásticos
brasileiros. A obra será lançada hoje no Rio de Janeiro, e em março, na
abertura do ano letivo da UFMG, com a presença da intérprete que deu início ao
projeto.
Heloísa Starling lembra que a cantora sempre
valorizou sua formação em escola pública, o que ela faz questão de frisar em
suas apresentações e reforça ao dedicar Cadernos a duas mestras de sua
vida, as professoras Thereza Aragão e
Violeta Arraes.
“Alguns exemplares desse projeto serão doados
para escolas das redes municipal e estadual do país, a começar por Minas
Gerais”, acrescenta a historiadora.
O livro vem acompanhado de DVD, produzido
pelo selo Quitanda e distribuído pela gravadora Biscoito Fino, com a
interpretação dos textos por Maria Bethânia, ilustrada com recursos de animação
gráfica. O vídeo foi gravado em 2013, durante o Festival de História de
Diamantina (fHist), e tem direção assinada por Gringo Cardia, que também assina
o projeto gráfico do livro. Heloísa Starling lembra que a publicação terá outro
desdobramento: uma série de TV com a participação de Bethânia, historiadores e
acadêmicos já começou a ser gravada e deve ir ar ao no segundo semestre de 2016
no canal Arte 1.
Caderno de Poesias
Maria Bethânia
Universidade Federal de Minas Gerais [UFMG, 280 páginas]
DVD Quitanda/Biscoito Fino
2015 – MARIA BETHÂNIA
Gravado ao vivo em 20 de setembro
de 2013 no 2º Festival de História, promovido pela Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG) em Diamantina.
|
15/12/2015
Equipe Anna Ramalho
Maria Bethânia lança “Caderno de Poesias” no Rio
Com poemas, canções e textos literários selecionados por Maria Bethânia, além de ilustrações de obras de
artistas plásticos, será lançado nesta quarta-feira, dia 16, às 19h, o
livro “Caderno de Poesias” (Ed. UFMG e Quitanda Produções), na Livraria da
Travessa do Leblon. O projeto gráfico é de Gringo Cardia.
O livro é acompanhado por um DVD da leitura, “Bethânia e as
Palavras”, gravado ao vivo na Universidade Federal de Minas Gerais, em que a
cantora interpreta Guimarães Rosa, Dorival Caymmi,
Carlos Drummond de Andrade, Fausto Fawcett, Manuel Bandeira, Caetano Veloso,
Gilberto Gil, Luiz Gonzaga, Fernando Pessoa e Olavo Bilac, entre tantos. “Os nomes dos poetas
populares deveriam estar na boca do povo”, diz Bethânia.
Foto: Leo Marinho |
Entrevista
Maria Bethânia fala sobre a seleção dos mais de 70 poetas
Cantora explica por que não incluiu Adélia Prado em seu Caderno de
poesias
Ubiratan
Brasil - Estado de Minas
Publicado
em: 26/12/2015
O convite partiu da UFMG, que buscava um programa que levasse expressões
artísticas – notadamente a poesia – para a sala de aula. Era 2009, a
historiadora Heloisa Starling teve a ideia de convidar Maria Bethânia para
participar do projeto Sentimentos do Mundo.A proposta agradou à cantora, que
criou o espetáculo Leituras de textos, no qual se apresentou resgatando a arte
de declamar poemas. Neste mês, chegou às livrarias Caderno de poesias, versão
física da apresentação feita pela cantora em diversos palcos e salas, editada
pela Universidade Federal de Minas Gerais. Na entrevista a seguir, Bethânia
fala sobre a seleção dos mais de 70 poetas cuja obra – às vezes, apenas um verso
– inspirou sua vida. “Sua escrita é composta de fragmentos, as palavras
transitam entre a prosa e a poesia de livro e a canção, e o Brasil é seu
objeto, horizonte ou destino”, observa a historiadora Heloisa Starling, no
prefácio do Caderno de poesias.
Em sua apresentação, você fala da importância de um professor que teve na escola, Nestor de Oliveira. Foi nas aulas dele que descobriu sua proximidade com a poesia?
Na verdade, já em casa isso era comum. Os amigos do meu pai, que sempre gostou de poesia, eram poetas. Colégio é sempre um pouco chato para os adolescentes, mas as aulas do Nestor eram deliciosas, porque ele era poeta e isso fazia diferença. Em certos dias, quando percebíamos que ele não preparara a aula, escolhia um poema do Olavo Bilac e nos ensinava a dizer. Era um homem muito comovente, muito magro, muito alto. E de grande doçura.
A forma de se falar uma poesia você aprendeu com ele ou foi quando fez espetáculos como Opinião e Rosa dos ventos?
Foi quando comecei a trabalhar com o (diretor) Fauzi Arap. Ele descobriu essa forma de eu me expressar completamente. Foi misturando, editando, colando que descobri um novo caminho com poesia, prosa e, principalmente, música. Foi ele quem me ensinou isso.
E foi ele quem lhe apresentou Fernando Pessoa?
Foi. Eu já conhecia a obra de Fernando Pessoa, mas foi Fauzi quem me mostrou o tamanho de Pessoa – foi ele quem viu Fernando em mim, essa divisão em milhares de pessoas, cada uma mais esquisita que a outra (risos). Então, imediatamente, falei: com essa obra eu me caso. Pessoa tornou-se o poeta da minha vida.
E você tem uma bela devoção...
Criei intimidade. É como se fosse eu escrevendo. Sei que pareço metida (risos), mas adoro e me identifico muito, porque traduz tudo o que sinto, como penso, como desejo.
Podem não interessar os motivos de você não acrescentar determinado poeta, mas, ao notar sua predileção por poemas com fundo religioso, pergunto: por que Adélia Prado, cuja poesia é extremamente religiosa, não está presente?
Porque Adélia é muito forte e já tem uma interpretação poderosa de sua obra feita tanto por Ferreira Gullar como por Fernanda Montenegro. Não consigo ir além do ponto atingido por eles. É como ouvir uma cantiga cantada por Nana Caymmi – não dá para cantar depois. Ela já me preenche com o que faz e o mesmo se passa com a poesia da Adélia vista por Ferreira ou Fernanda. Não tenho com o que contribuir de tão perfeito que já está. Aliás, Nana me chamou para fazer um disco. Eu disse: Claro! Faço na hora. Você canta e eu ouço (risos). É a única maneira. Ela está muito animada. Diz que é para a posteridade. Mas que posteridade, Nana? (risos)
No disco Brasileirinho, já existe um cruzamento da prosa do livro com a poesia da canção que mostra um ponto de vista sobre o Brasil. Já era uma preparação consciente para chegar ao Caderno de poesias?
Não. Não há nenhuma relação. O ato de colar e editar poesia, faço em casa como brincadeira. Posso ouvir uma música da Marisa (Monte) e descobrir que ficaria engraçado colar um outro texto, apenas isso. Já Brasileirinho nasceu de um desejo muito pequeno, quando a Kati Braga, dona da Biscoito Fino, perguntou se eu queria fazer um selo no qual poderia fazer algo diferente. Aceitei e aí nasceu a Quitanda, um selo miúdo, que necessitava de um projeto também pequeno. Assim, entrei no estúdio certo dia de manhã e a primeira coisa que gravei foi a melodia de Sentimental. Era só violão, nada ensaiado, e com uma voz determinada. Era algo completamente novo, que me permitiu ter um olhar só meu, de Santo Amaro da Purificação, para o meu país, do jeito que eu gosto dele – o povo real, aquele que sofre, que vive confinado, mas que também festeja, tem fé, é apaixonado.
Você vai comandar um programa no canal Arte 1 chamado Poesia com Maria Bethânia?
Não vou comandar, apenas participar. A Monica Monteiro, do Arte 1, assistiu a uma apresentação que fiz em Braga, Portugal, recentemente e me convidou. Respondi que não sou jornalista, não sei entrevistar, não sou intelectual, não sou uma leitora, não sou nada disso. Posso apenas intuir o que pode ser interessante. Combinamos, então, de eu estar acompanhada de estudiosos, poetas e professores. O primeiro programa, que já gravamos, é sobre Castro Alves. Convidei o professor Alberto da Costa e Silva, um especialista em cultura africana e autor de um livro deslumbrante sobre Castro Alves, e Jorge Mautner, que é um menino que tem uma poesia completamente livre e solta da época dos anos 1960, 70. Foi sensacional. Fiquei aprendendo como acontecia com o Nestor. Num determinado momento, perguntei ao Alberto por que na Bahia se estuda mais sobre a Inconfidência Mineira que a Baiana (risos). E ele respondeu perguntando se eu sabia que Tiradentes, apesar de inconfidente, tinha escravos. Foi ótimo.
Em sua apresentação, você fala da importância de um professor que teve na escola, Nestor de Oliveira. Foi nas aulas dele que descobriu sua proximidade com a poesia?
Na verdade, já em casa isso era comum. Os amigos do meu pai, que sempre gostou de poesia, eram poetas. Colégio é sempre um pouco chato para os adolescentes, mas as aulas do Nestor eram deliciosas, porque ele era poeta e isso fazia diferença. Em certos dias, quando percebíamos que ele não preparara a aula, escolhia um poema do Olavo Bilac e nos ensinava a dizer. Era um homem muito comovente, muito magro, muito alto. E de grande doçura.
A forma de se falar uma poesia você aprendeu com ele ou foi quando fez espetáculos como Opinião e Rosa dos ventos?
Foi quando comecei a trabalhar com o (diretor) Fauzi Arap. Ele descobriu essa forma de eu me expressar completamente. Foi misturando, editando, colando que descobri um novo caminho com poesia, prosa e, principalmente, música. Foi ele quem me ensinou isso.
E foi ele quem lhe apresentou Fernando Pessoa?
Foi. Eu já conhecia a obra de Fernando Pessoa, mas foi Fauzi quem me mostrou o tamanho de Pessoa – foi ele quem viu Fernando em mim, essa divisão em milhares de pessoas, cada uma mais esquisita que a outra (risos). Então, imediatamente, falei: com essa obra eu me caso. Pessoa tornou-se o poeta da minha vida.
E você tem uma bela devoção...
Criei intimidade. É como se fosse eu escrevendo. Sei que pareço metida (risos), mas adoro e me identifico muito, porque traduz tudo o que sinto, como penso, como desejo.
Podem não interessar os motivos de você não acrescentar determinado poeta, mas, ao notar sua predileção por poemas com fundo religioso, pergunto: por que Adélia Prado, cuja poesia é extremamente religiosa, não está presente?
Porque Adélia é muito forte e já tem uma interpretação poderosa de sua obra feita tanto por Ferreira Gullar como por Fernanda Montenegro. Não consigo ir além do ponto atingido por eles. É como ouvir uma cantiga cantada por Nana Caymmi – não dá para cantar depois. Ela já me preenche com o que faz e o mesmo se passa com a poesia da Adélia vista por Ferreira ou Fernanda. Não tenho com o que contribuir de tão perfeito que já está. Aliás, Nana me chamou para fazer um disco. Eu disse: Claro! Faço na hora. Você canta e eu ouço (risos). É a única maneira. Ela está muito animada. Diz que é para a posteridade. Mas que posteridade, Nana? (risos)
No disco Brasileirinho, já existe um cruzamento da prosa do livro com a poesia da canção que mostra um ponto de vista sobre o Brasil. Já era uma preparação consciente para chegar ao Caderno de poesias?
Não. Não há nenhuma relação. O ato de colar e editar poesia, faço em casa como brincadeira. Posso ouvir uma música da Marisa (Monte) e descobrir que ficaria engraçado colar um outro texto, apenas isso. Já Brasileirinho nasceu de um desejo muito pequeno, quando a Kati Braga, dona da Biscoito Fino, perguntou se eu queria fazer um selo no qual poderia fazer algo diferente. Aceitei e aí nasceu a Quitanda, um selo miúdo, que necessitava de um projeto também pequeno. Assim, entrei no estúdio certo dia de manhã e a primeira coisa que gravei foi a melodia de Sentimental. Era só violão, nada ensaiado, e com uma voz determinada. Era algo completamente novo, que me permitiu ter um olhar só meu, de Santo Amaro da Purificação, para o meu país, do jeito que eu gosto dele – o povo real, aquele que sofre, que vive confinado, mas que também festeja, tem fé, é apaixonado.
Você vai comandar um programa no canal Arte 1 chamado Poesia com Maria Bethânia?
Não vou comandar, apenas participar. A Monica Monteiro, do Arte 1, assistiu a uma apresentação que fiz em Braga, Portugal, recentemente e me convidou. Respondi que não sou jornalista, não sei entrevistar, não sou intelectual, não sou uma leitora, não sou nada disso. Posso apenas intuir o que pode ser interessante. Combinamos, então, de eu estar acompanhada de estudiosos, poetas e professores. O primeiro programa, que já gravamos, é sobre Castro Alves. Convidei o professor Alberto da Costa e Silva, um especialista em cultura africana e autor de um livro deslumbrante sobre Castro Alves, e Jorge Mautner, que é um menino que tem uma poesia completamente livre e solta da época dos anos 1960, 70. Foi sensacional. Fiquei aprendendo como acontecia com o Nestor. Num determinado momento, perguntei ao Alberto por que na Bahia se estuda mais sobre a Inconfidência Mineira que a Baiana (risos). E ele respondeu perguntando se eu sabia que Tiradentes, apesar de inconfidente, tinha escravos. Foi ótimo.
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Maria
Bethânia, com o show Caderno de Poesias, abre no dia 2 de junho a temporada
2016 do Unimúsica, no 35º ano do projeto da UFRGS (Universidade Federal de Rio
Grande do Sul). Será uma edição feita integralmente por mulheres, a partir do
mote 'Sobre a palavra futuro'. Desde 2002 à frente do Unimúsica, Lígia Petrucci
diz que as cantoras escolhidas, cada uma a seu modo, levarão o público a refletir
"sobre o que pode a música diante do que estamos vivendo hoje".
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Jornal
Zero Hora
6/7/2016
Prosa
e verso
Maria Bethânia presta tributo aos grandes
poetas e compositores
Cantora volta ao Rio Grande do Sul para
apresentar, nesta quarta em Pelotas e sábado em Canoas, recital liricomusical
"Bethânia e as palavras"
Por:
Marcelo Perrone
Poesia é o ar que Maria Bethânia respira e canta. Desde o início da
carreira, a intérprete baiana estreitou no seu repertório a interação entre
palavra e música, cantando versos de autores clássicos e contemporâneos com os
quais compartilha percepções sobre a vida e os sentimentos. Depois de encerrar
2015 celebrando os 50 anos de uma das mais ricas trajetórias da música popular
brasileira, com um espetáculo que percorreu o Brasil, Bethânia está agora
focada no projeto literomusical que a traz novamente ao Rio Grande do Sul.
Nesta
quarta em Pelotas e sábado em Canoas (veja mais informações abaixo),
a artista apresenta o recital Bethânia
e as palavras, desdobramento do projeto Cadernos de poesias,
parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais transformada em livro e DVD
no final do ano passado. Em junho, na Capital, a performance abriu a temporada
do Unimúsica.
— É
uma leitura que venho fazendo tem seis anos. O projeto começou voltado para escolas
públicas e professores, é um trabalho completamente diferente, muito simples e
muito franco, que passa por esses poetas de língua portuguesa. Gosto de ler o
que me vem à cabeça, trechos que conheço e que vou conhecendo. Mas eu não posso
mexer muito na estrutura do espetáculo porque ele tem toda uma dramaturgia. Eu
dou uma mexidinha em elementos como o momento amor, o momento sertão, o momento
político, o momento religioso, porque preciso de uma novidade sempre — conta
Bethânia.
A
cantora é acompanhada no palco por Paulinho
Daflin (violão) e Carlos César
(percussão). No repertório, marcam presença, em cantos e leituras, autores como
Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Dorival Caymmi, Paulinho da Viola,
Wally Salomão, Vinicius de Moraes, Castro Alves, Guimarães Rosa, Clarice
Lispector, Carlos Drumond de Andrade, Fernando Pessoa e Sophia de Mello Breyner
Andersen, entre outros mestres reverenciados por Bethânia.
Por
essas mesmas águas poéticas a cantora navega também com o programa Poesia e prosa com Maria Bethânia,
que estreou domingo no canal Arte 1, com ela recebendo Caetano Veloso para homenagear Clarice Lispector.
— Eu
tive a liberdade de escolher formato, autores e convidados. Pensei no Caetano
com a Clarice, o Chico com o João Cabral, o Paulinho Pinheiro com Guimarães
Rosa e o Jorge Mautner com Castro Alves. Dois poetas e dois prosistas, com
respaldo e presença de professores, compositores e eu como intérprete — diz
Bethânia, já divulgando as atrações dos próximos domingos, às 22h.
Um
novo disco de estúdio, sucessor de Meus quintais (2014), garante
Bethânia, não está no seu horizonte:
— Quero
ficar mais resguardada. Essa turnê dos 50 anos me tirou o couro (risos).
Mais do que fazer shows, a rotina de viagem, aeroporto e hotel é o que mais cansa.
Desarma a pessoa.
Sobre
a conturbada vida política brasileira, Bethânia é sucinta:
— Tá
difícil, mas sou uma brasileira persistente. Essa questão da Lei Rouanet, por
exemplo, é mal explicada, não se tem interesse em colocar os fatos claramente.
Mas acho que a poesia e a literatura brasileira são tão maiores que uma hora a
gente ganha.
Bethânia e as palavras
Quarta 6/7/2016, às 21h
Teatro Guarany (Rua Lobo da Costa, 849, em Pelotas)
Sábado
9/7/2016, às 20h
Teatro do Sesc (Av. Guilherme Schell, 5.340, em Canoas)
Teatro do Sesc (Av. Guilherme Schell, 5.340, em Canoas)
6/7/2016 |
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