domingo, 23 de agosto de 2015

2015 - AS CAMÉLIAS DO QUILOMBO DO LEBLON


Inédita.
Presentada el 20 de agosto de 2015 en San Pablo, Citibank Hall.
Primer show de la temporada paulista de "Dois amigos, um século de música".


"... Agora vamos cantar a mais nova. Terminamos de fazer de madrugada. Ainda mal sabemos, mas é a canção inédita que vamos lançar aqui agora". (*)

(Caetano Veloso, 20/8/2015)

 


Buenos Aires, Luna Park, 9/9/2015

Autores: Caetano Veloso e Gilberto Gil
© 2015


As camélias do Quilombo do Leblon
As camélias do Quilombo do Leblon
As camélias do Quilombo do Leblon
As camélias

As camélias do Quilombo do Leblon
As camélias do Quilombo do Leblon
As camélias do Quilombo do Leblon
Nas lapelas

Vimos as tristes colinas logo ao sul de Hebron
Rimos com as doces meninas sem sair do tom
O que fazer chegando aqui
As camélias do Quilombo do Leblon brandir

Somos a Guarda Negra da Redentora
Somos a Guarda Negra da Redentora
Somos a Guarda Negra da Redentora

As camélias da segunda abolição
As camélias da segunda abolição
As camélias da segunda abolição
As camélias

As camélias da segunda abolição
As camélias da segunda abolição
As camélias da segunda abolição
Cadê elas?

Somos assim, capoeiras das ruas do rio
Será sem fim o sofrer do povo do Brasil?
Nele, em mim, vive o refrão
As camélias da segunda abolição virão





(*) Es la 18a. canción compuesta por ambos despues de 1993.





“…
Laura Fernandes:
No DVD Dois Amigos, Um Século de Música você comenta que o repertório vai da música mais antiga, De Manhã (1963) até a recente As Camélias do Quilombo do Leblon, feita para o show após a turnê internacional. O que o inspirou?

Caetano Veloso: Fazia já um bom tempo, eu tinha lido um artigo de Eduardo Silva sobre o Quilombo do Leblon e suas camélias, que se tornaram o símbolo do movimento abolicionista. Antes de ir para a Europa, li A História da Princesa Isabel, de Regina Echeverria e Brasil, Uma Biografia, de Lilia Schwarcz e Heloísa Starling, livros onde há referência a esse quilombo. De volta da Europa, me veio à cabeça, enquanto tomava banho em minha casa de Salvador, fazer uma canção sobre o tema. A sonoridade percussiva das palavras “as camélias do quilombo do Leblon” me sugeriram a frase melódica, a primeira parte. Esbocei uma segunda parte parecida com No Tabuleiro da Baiana, de Ary Barroso (1903-1964). Fui à casa de Gil e mostrei o que tinha feito, pedindo que ele refizesse a segunda parte sem abandonar de todo a parecença com a música de Ary. Ele fez isso e ainda arrematou com a frase final. Nós adoramos essa música. Ela fala desse episódio bonito de nossa história (que não nos ensinam nas escolas!), comenta os caminhos do samba, encontra sentido na rima de Leblon com Ebron, ao comentar a passagem pela Cisjordânia, e conclama o ouvinte à realização da Segunda Abolição. ...”
(21/12/2015, Correio, Salvador)






SILVA, Eduardo. As camélias do Leblon e a abolição da escravatura - Uma investigação de história cultural. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, 136 págs.

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