viernes, 6 de abril de 2012

2008/2009 - OBRA EM PROGRESSO // Blog






4 de junio de 2008 / 14 de abril de 2009


http://www.obraemprogresso.com.br/ ] fue una sugerencia de Hermano Vianna.

 

Revista Rolling Stone

08 de Junho de 2008, 14h17

Caetano cria hotsite do novo álbum

Da redação

Página vai acompanhar a produção do álbum Transamba; entrevistas em vídeo e textos do cantor já estão disponíveis

Caetano Veloso vai mostrar na internet o processo de criação de seu próximo álbum, Transamba. A idéia do hotsite Obra em Progresso foi do pesquisador musical Hermano Vianna, informou o jornal Folha de S. Paulo.

O nome do site vem da série de shows que Caetano e sua banda estão fazendo no Rio de Janeiro.

Desde 14 de maio, o cantor se apresenta semanalmente, sempre com convidados – já passaram pelo palco do Vivo Rio Davi Moraes, Moreno Veloso e Teresa Cristina. O repertório dos shows não se repete – e Caetano ainda aproveita para mostrar algumas das músicas que estarão no novo álbum.


"O ponto de partida foi desenvolver os tratamentos do ritmo de samba na guitarra elétrica, sugerido pelo modo como Pedro Sá cria "riffs" com sonoridades refinadas. As novas composições, em que comecei a trabalhar no verão em Salvador, serão concebidas tendo em vista esses experimentos rítmicos. Meu desejo é ir mostrando semanalmente o progresso desse trabalho”, explica Caetano na página, que, em breve, também exibirá trechos desses shows.
O disco deve ser gravado a partir de outubro, e chegar às lojas até o final de 2008.


“Obra em progresso também no mundo digital”
4/06/2008 09:48:00 AM | Postado por Obra Em Progresso

por Hermano Vianna

Obra em Progresso, série de concertos realizados no Rio de Janeiro por Caetano Veloso durante todo o ano de 2008, é oportunidade inédita para o público acompanhar de perto o processo criativo de um dos maiores artistas brasileiros.

Canções que acabaram de ser compostas são apresentadas no palco e aprimoradas em shows diferentes a cada semana. Apesar de não ter sido concebida com esta intenção (Caetano diz que resolveu agir assim inicialmente apenas como uma maneira de ficar mais tempo no Rio de Janeiro, depois de anos de muitas e demoradas excursões nacionais e internacionais), essa proposta tem tudo a ver com questões centrais que o surgimento da internet coloca para a produção cultural contemporânea.

No mês passado, Brian Eno declarou para a revista norte-americana Wired algo que poderia descrever um aspecto evidente de Obra em Progresso. A pergunta era: “Qual a influência que a internet tem exercido sobre a arte e os artistas?” Parte da resposta: “As idéias são colocadas na esfera pública muito mais cedo, e não completamente terminadas, do que elas seriam no passado.” Não é apenas o MP3, ou o filme completo, que escapa clandestinamente do estúdio de edição. Não é apenas o vídeo do show de ontem que o fã publica no YouTube. Para o artista, a facilidade de comunicação imposta irremediavelmente pela digitalização de todas as etapas de seu trabalho também sugere a possibilidade de experiências criativas que levem em consideração o feedback imediato do público, de várias maneiras e com intrigantes (e ainda não previsíveis) consequências. A lógica do segredo, que governava as estratégias de lançamento dos principais produtos da indústria cultural pré-internet (com discos trancados a sete chaves em cofres das gravadoras, distribuídos para lojas e jornalistas ao mesmo tempo na tentativa de evitar “furos”), deixa de fazer sentido quando tudo é acessível o tempo todo a poucos cliques de mouse. E essa situação pode ser libertadora.

Vi o primeiro e o segundo shows de Obra em Progresso, os únicos realizados até agora. No final do segundo show, percebendo a evolução de algumas das músicas ainda não registradas em disco, a alteração no repertório das músicas antigas e tantas outras novidades, tomei a coragem de propor para Caetano que o processo “analógico” que o público pode presenciar no show fosse acompanhado e aprofundado por uma versão digital (possibilitando também, para quem não estiver presente na “real life” dos shows do Rio, o contato com o que aqui está acontecendo).

Esse mundo cibernético paralelo terá lugar neste site que agora entra no ar, e que é uma outra obra em progresso (ciber-obra em progresso?): começa totalmente simples, hoje apenas com vídeos de uma entrevista que fiz ontem com Caetano (aproveitando a equipe do Toni Vanzolini, que planeja fazer um documentário sobre o processo, gerando uma obra em progresso fílmica!), mas aos poucos vai documentar - com cada vez maior riqueza de detalhes - o cotidiano da criação de cada show e do próximo disco, de vários pontos de vista e em várias mídias, com muitos observadores convidados. É uma aventura: ninguém pode saber onde isto aqui vai terminar (downloads de música? shows transmitidos ao vivo para outras cidades? concursos de remixagens? tudo isso já foi testado por outros músicos: queremos ser surpreendidos por muito mais…), se vai terminar um dia. Este aqui é o transamba que vamos dançar ao redor de Caetano e sua Obra em Progresso.


09/12/2008 - 04h39

Caetano Veloso coloca em blog nove músicas de novo álbum

BRUNO YUTAKA SAITO
da Folha de S.Paulo


Caetano transa internet. No ar desde junho, o blog Obra em Progresso permite que o público conheça as canções (ou ao menos os esboços) que estarão no novo disco de um dos artistas centrais da música brasileira, previsto para ser lançado no ano que vem.

Por enquanto, são nove faixas, em vídeos de YouTube linkados no site [não é necessário pagar para ter acesso]. Os arquivos registram shows realizados neste ano.

"Quando decidi fazer shows semanais para mostrar o desenvolvimento do repertório do novo disco, Hermano [Vianna; responsável pelo site] logo propôs fazermos um blog. Ele gosta muito da internet e das mudanças que ela traz às idéias de autoria, direitos e obra acabada. Aceitei imediatamente, pois, embora eu não goste tanto dessas coisas quanto ele, não me sinto em oposição a elas", afirma Caetano, 66, em entrevista à Folha por e-mail.

O disco ainda não tem nome, mas Caetano anda fascinado com o conceito de "transamba": "de trans + samba; nome de um novo gênero de música criado artificialmente (mas nem Deus sabe quão orgânica e necessariamente) no Brasil. [...] Transamba é palavra que já vem dançando entre os sentidos [...] É o samba além do samba. Um samba desencaminhado e excessivo, mas sublime e superior", escreve ele no blog.

Na prática, o músico segue no espírito de seu disco anterior, "Cê" (2006). A idéia, de uma forma bem resumida, é fazer samba com uma banda de formação de rock.

Além da música

"O intuito é mais mostrar o desenvolvimento do repertório do que auscultar a reação dos ouvintes (tanto no blog quanto nos shows). Não há interferência dos internautas na estruturação das canções", diz.

Caetano continua: "Pedi a Hermano para botar os dois arranjos que gravamos no estúdio para 'Incompatibilidade de Gênios' [João Bosco e Aldir Blanc]. Os internautas votarão e daí sairá a decisão de qual dos dois vai para o disco".

Tão interessante e revelador quanto as músicas é ler os longos textos de Caetano, além dos vídeos com entrevistas --e que resultarão em DVD. Como nos blogs de anônimos, o artista expõe impressões com a mesma desenvoltura com que reflete sobre temas esperados, como cinema, música, arte e política, e outras paixões menos óbvias, como a gramática-- portuguesa e inglesa.

"Leio todos os comments. Escrevo rápido e sem pensar muito. Não fico muito tempo diante do computador. Publico posts esporadicamente mas envio comments com freqüência. Me divirto quando entro lá. Há personagens gozados e a gente se afeiçoa [...] Mas levo mais tempo lendo jornais e livros, conversando com filhos e amigos, do que navegando na internet", diz o músico.

E, claro, há espaço para discussões inflamadas, em que Caetano diverge (ou é divergido) sobre nomes tão díspares como Fidel Castro, Tom Zé ou jornalistas --inclusive da Folha. "Minhas brigas com a imprensa nascem quase sempre da pretensão de orientá-la --não no sentido de fazê-la útil à minha afirmação pessoal ou minha vaidade, mas no de fazê-la cada vez menos lesiva ao que entendo como possibilidade e dever do Brasil. O que ninguém parece ver em minhas intervenções agressivas é meu amor pela imprensa", diz.

E repete comentário feito no blog: "A net é um imenso saco de gatos. Paulo Francis [jornalista, 1930-97] dizia que quem escreve cartas à redação é maluco. Pois bem, a internet é o paraíso desses malucos --e os blogs, os jardins do paraíso."

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