Regrabación del tema grabado en 1978 por Fernando Mendes; forma parte de la banda sonora de la película “Lisbela e o prisioneiro”.
Autores: Fernando Mendes, José Wilson y Lucas
© 1978
Não vejo mais você faz tanto tempo
Que vontade que eu sinto
De olhar em seus olhos, ganhar seus abraços
É verdade, eu não minto
E nesse desespero em que me vejo
Já cheguei a tal ponto
De me trocar diversas vezes por você
Só pra ver se te encontro
Você bem que podia perdoar
E só mais uma vez me aceitar
Prometo agora vou fazer por onde nunca mais perdê-la
Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
E te querendo eu vou tentando te encontrar
Vou me perdendo
Buscando em outros braços seus abraços
Perdido no vazio de outros passos
Do abismo em que você se retirou
E me atirou e me deixou aqui sozinho
Agora, que faço eu da vida sem você?
Você não me ensinou a te esquecer
Você só me ensinou a te querer
E te querendo eu vou tentando te encontrar
2003 – CAETANO VELOSO
Álbum “Lisbela e o prisionero” [Varios intérpretes]
Comédia Romântica de Guel Arraes
Banda sonora original de la película del mismo nombre
Natasha Records / BMG CD 7897009035132, Track 1.
2003 – CAETANO VELOSO
Editora: Tapajós (EMI) BR-NPD-03-00002
Álbum “Lisbela e o prisionero” [Caetano Veloso/Os Condenados/Zéu Britto]
Natasha Records / BMG CD single nº NAT 009, Track 1. [Promocional]
2003 – DJ MARLBORO / CAETANO VELOSO
Álbum “Lisbela e o prisionero”
1. VOCÊ NÃO ME ENSINOU A TE ESQUECER (Fernando Mendes/José Wilson/Lucas) FUNK MIX by DJ Marlboro / 4:26 BR-NPD-03-00017
2. VOCÊ NÃO ME ENSINOU A TE ESQUECER (Fernando Mendes/José Wilson/Lucas) Versión original / 4:36 BR-NPD-03-00002
Natasha Records / BMG CD single nº NAT 011. [Promocional]
2003 – CAETANO VELOSO
Álbum “Lisbela – O Musical” [Varios intérpretes]
Show en vivo de la banda sonora de la película “Lisbela e o Prisioneiro” de Guel Arraes, exhibido el 1/11/2003 por la TV Globo.
Globo Marcas / Natasha Records DVD, Track 11 y Clip Musical (Extras). [8/12/2003]
2004 – CAETANO VELOSO
LISBELA E O PRISIONEIRO – Um filme de GUEL ARRAES
20th Century Fox / Home Entertainment DVD 25044-5, Clip Musical (Extras)
Rio, 30 de Junho de 2003.
Música contra o apartheid social brasileiro
Hugo Sukman
Caetano Veloso abre a porta e toma um susto: ouve uma de suas canções mais íntimas, “Mãe” — que de tão íntima ele nem teve a certeza de que deveria gravar — cantada de forma sentida e respeitosa por Fernando Mendes, compositor de clássicos bregas como “Cadeira de rodas”. O motivo do encontro, testemunhado pelo GLOBO, era justamente o oposto: surpreender Fernando Mendes ao mostrar, em primeira mão, a gravação que Caetano fez de “Você não me ensinou a te esquecer”, um dos maiores sucessos de Fernando do fim dos anos 70, redescoberto como tema de amor do filme “Lisbela e o prisioneiro”, de Guel Arraes, que estréia em agosto.
— Que boa gravação — conseguiu dizer Caetano de “Mãe”, notando que Fernando Mendes seguia a harmonia original da sofisticada valsa que fez, numa noite de solidão no fim dos anos 70 em seu antigo apartamento no Leblon, e que seria gravada por Gal Costa no disco “Água viva”. — Escrevi “Mãe” para mim mesmo. Como digo em “Noite de hotel”, o ato mero de compor uma canção foi naquela ocasião muito necessário.
Estava preparado o momento emocional, Mendes ouviria a versão de Caetano de sua “Você não me ensinou a te esquecer”, que chega às rádios amanhã, com toda pinta de ser um sucesso como “Sozinho”, canção do brega Peninha, que puxou as vendas de Caetano para um milhão de cópias pela primeira vez.
— Fora do comum — embasbacou-se Mendes.
Assim, Fernando Mendes, o brega, canta Caetano, o chique; e Caetano, o chique, agora canta Fernando Mendes, o brega. O encontro dos dois compositores, de igual para igual, parace traduzir o ideal estético do tropicalista Caetano, que tornou respeitável ao público culto artistas antes desprezados como Vicente Celestino, Odair José, Peninha, o funk “Um tapinha não dói” e até Roberto Carlos.
— Mais do que um projeto musical, é um projeto de vida quebrar, à minha maneira, a estrutura social e econômica do Brasil. Gravar esses compositores sempre foi para mim uma forma de gritar contra o apartheid social brasileiro — afirma Caetano.
— Que boa gravação — conseguiu dizer Caetano de “Mãe”, notando que Fernando Mendes seguia a harmonia original da sofisticada valsa que fez, numa noite de solidão no fim dos anos 70 em seu antigo apartamento no Leblon, e que seria gravada por Gal Costa no disco “Água viva”. — Escrevi “Mãe” para mim mesmo. Como digo em “Noite de hotel”, o ato mero de compor uma canção foi naquela ocasião muito necessário.
Estava preparado o momento emocional, Mendes ouviria a versão de Caetano de sua “Você não me ensinou a te esquecer”, que chega às rádios amanhã, com toda pinta de ser um sucesso como “Sozinho”, canção do brega Peninha, que puxou as vendas de Caetano para um milhão de cópias pela primeira vez.
— Fora do comum — embasbacou-se Mendes.
Assim, Fernando Mendes, o brega, canta Caetano, o chique; e Caetano, o chique, agora canta Fernando Mendes, o brega. O encontro dos dois compositores, de igual para igual, parace traduzir o ideal estético do tropicalista Caetano, que tornou respeitável ao público culto artistas antes desprezados como Vicente Celestino, Odair José, Peninha, o funk “Um tapinha não dói” e até Roberto Carlos.
— Mais do que um projeto musical, é um projeto de vida quebrar, à minha maneira, a estrutura social e econômica do Brasil. Gravar esses compositores sempre foi para mim uma forma de gritar contra o apartheid social brasileiro — afirma Caetano.
Caetano quer ‘complexificar critérios’
Fernando Mendes compôs e gravou “Você não me ensinou a te esquecer” em 1979, na época em que seguia os passos românticos do rei Roberto Carlos. É uma sofrida canção de amor, simples e direta como os muitos sucessos populares que o cabeludo e cacheado — até hoje fiel ao corte — compositor teve ao longo de três décadas de carreira. Uma canção que se convencionou chamar de brega.
— Brega é o nome que o invejoso dá ao vitorioso — replica Fernando Mendes, que diz não se incomodar com a definição.
Caetano, para quem superar tal preconceito com a música popular sempre foi uma bandeira, quase uma razão de ser de sua carreira, incomoda-se, sim.
— É uma boa definição essa do Fernando — provoca Caetano. — Há no Brasil muitos preconceitos, por exemplo contra as canções de harmonia simples. O rock quando surge parece algo regressivo. Então não se percebe como ele trouxe sofisticação formal em termos de contraponto, de timbres, de força de atitude.
Fernando Mendes compôs e gravou “Você não me ensinou a te esquecer” em 1979, na época em que seguia os passos românticos do rei Roberto Carlos. É uma sofrida canção de amor, simples e direta como os muitos sucessos populares que o cabeludo e cacheado — até hoje fiel ao corte — compositor teve ao longo de três décadas de carreira. Uma canção que se convencionou chamar de brega.
— Brega é o nome que o invejoso dá ao vitorioso — replica Fernando Mendes, que diz não se incomodar com a definição.
Caetano, para quem superar tal preconceito com a música popular sempre foi uma bandeira, quase uma razão de ser de sua carreira, incomoda-se, sim.
— É uma boa definição essa do Fernando — provoca Caetano. — Há no Brasil muitos preconceitos, por exemplo contra as canções de harmonia simples. O rock quando surge parece algo regressivo. Então não se percebe como ele trouxe sofisticação formal em termos de contraponto, de timbres, de força de atitude.
Espírito já estava nas antigas composições de Caetano
Para Caetano, o mesmo raciocínio em relação ao rock pode ser aplicado no que se chama de brega. Ou seja, há uma simplificação do pensamento sobre música no Brasil.
— Muita gente me acusa de falta de critérios quando defendo esse ou aquele tipo de música, de defender o vale-tudo. Mas o que eu busco é complexificar os critérios críticos — afirma. — Era essa complexidade que eu buscava em todas as vezes que provoquei o bom gosto dominante de Vicente Celestino ao “Tapinha”.
Para Caetano, antes de expressar tal opinião gravando os rejeitados pelos bem-pensantes da MPB, ele a incorporou em sua própria obra.
— É uma postura que já estava nas minhas composições em 1966, em “Baby”, “Divino, maravilhoso”, “Superbacana”, e depois “Tá combinado”, “A luz de Tieta” — afirma. — Não aceito, nem nunca aceitei, essa divisão que querem impor à música brasileira entre a canção popular e a música de boa qualidade da MPB.
Outro dia, na Praia de Ipanema, Caetano viveu uma cena que ilustra bem a profundidade do preconceito que nota na música brasileira:
— Um garoto da Pavuna — lembro-me do bairro porque era um bairro musical... — que gostava de música, falou-me das conversas que tinha com os amigos, visivelmente fãs da boa MPB, que o influenciavam muito. Até que ele me disse: “Olha, gosto muito de suas canções, mas, me desculpe, algumas eu acho muito pobres, como ‘Baby’ (risos) ”.
A gravação de “Você não me ensinou a te esquecer”, que sai no disco da trilha sonora de “Lisbela e o prisioneiro”, pela gravadora Natasha, é sofisticada e moderna: cordas e batidas eletrônicas arranjadas pelo pernambucano André Moraes.
— É uma canção interessante, sem refrão, numa estrutura pouco comum — diz Caetano.
Mesmo fora da mídia, Fernando Mendes não pára de dar shows pelo Brasil. Acabou de gravar um disco, a ser lançado em setembro, em que sem querer apresenta uma canção, “Seria demais”, que de certa maneira adivinha sua situação atual: “Se eu tivesse a beleza do Vinny/Ou então do Ronnie Von/Seria bom; Se eu tivesse o prestígio de Chico/Caetano, Gil e Gal/Que legal”. Por um tempo, ele terá um pouco desse prestígio. E Caetano verá o apartheid derrubado, ainda que simbolicamente.
— Muita gente me acusa de falta de critérios quando defendo esse ou aquele tipo de música, de defender o vale-tudo. Mas o que eu busco é complexificar os critérios críticos — afirma. — Era essa complexidade que eu buscava em todas as vezes que provoquei o bom gosto dominante de Vicente Celestino ao “Tapinha”.
Para Caetano, antes de expressar tal opinião gravando os rejeitados pelos bem-pensantes da MPB, ele a incorporou em sua própria obra.
— É uma postura que já estava nas minhas composições em 1966, em “Baby”, “Divino, maravilhoso”, “Superbacana”, e depois “Tá combinado”, “A luz de Tieta” — afirma. — Não aceito, nem nunca aceitei, essa divisão que querem impor à música brasileira entre a canção popular e a música de boa qualidade da MPB.
Outro dia, na Praia de Ipanema, Caetano viveu uma cena que ilustra bem a profundidade do preconceito que nota na música brasileira:
— Um garoto da Pavuna — lembro-me do bairro porque era um bairro musical... — que gostava de música, falou-me das conversas que tinha com os amigos, visivelmente fãs da boa MPB, que o influenciavam muito. Até que ele me disse: “Olha, gosto muito de suas canções, mas, me desculpe, algumas eu acho muito pobres, como ‘Baby’ (risos) ”.
A gravação de “Você não me ensinou a te esquecer”, que sai no disco da trilha sonora de “Lisbela e o prisioneiro”, pela gravadora Natasha, é sofisticada e moderna: cordas e batidas eletrônicas arranjadas pelo pernambucano André Moraes.
— É uma canção interessante, sem refrão, numa estrutura pouco comum — diz Caetano.
Mesmo fora da mídia, Fernando Mendes não pára de dar shows pelo Brasil. Acabou de gravar um disco, a ser lançado em setembro, em que sem querer apresenta uma canção, “Seria demais”, que de certa maneira adivinha sua situação atual: “Se eu tivesse a beleza do Vinny/Ou então do Ronnie Von/Seria bom; Se eu tivesse o prestígio de Chico/Caetano, Gil e Gal/Que legal”. Por um tempo, ele terá um pouco desse prestígio. E Caetano verá o apartheid derrubado, ainda que simbolicamente.
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