El trabajo conjunto de Caetano Veloso y Milton Nascimento para la banda de sonido de la película O Coronel e o Lobisomem, generó un espectáculo musical basado en canciones de cine, presentando los temas nuevos, otros compuestos individualmente por cada uno para el cine y algunos de otros compositores brasileños e internacionales.
Fue la primera vez que compartieron un escenario en Rio de Janeiro, en una turné para divulgación de la banda sonora de la película antes mencionada.
Show Milton e Caetano
Presentaciones:
Rio de Janeiro (Canecão): 8, 9 y 11 de setiembre de 2005.
Belo Horizonte (Grande Teatro do Palácio das Artes): 21, 22 y 23 de setiembre de 2005.
São Paulo (Via Funchal): 29 y 30 de setiembre, 1, 7, 8 y 9 de octubre de 2005.
Escenografía:
Hélio Eichbauer
Músicos:
Lincoln Cheib (batería)
Wilson Lopes (guitarras)
Gastão Villeroy (bajo)
Marco Lobo (percusión)
Kiko Continentino (teclados)
Widor Santiago (vientos)
Repertorio
1. A FELICIDADE (Tom Jobim/Vinícius de Moraes) [1999, “Orfeu”]
2. A LUZ DE TIETA (Caetano Veloso) [1995, “Tieta”]
3. A TERCEIRA MARGEM DO RIO (Milton Nascimento/Caetano Veloso)
[“A terceira margem do rio”]
4. AS VÁRIAS PONTAS DE UMA ESTRELA (Milton Nascimento/Caetano Veloso)
5. BYE BYE BRASIL (Chico Buarque/Roberto Menescal) [1980, “Bye bye Brasil”]
6. CORAÇÃO DE ESTUDANTE [1984, “Jango”]
7. CRAVO E CANELA (Milton Nascimento/Ronaldo Bastos) compuesta para Dina Sfat
8. E DAÍ? (Milton Nascimento/Ruy Guerra) [1978, “A Queda”]
9. FAZENDA (Nelson Ângelo)
10. LA VIOLETERA [“Luzes da cidade”]
11. LUZ DO SOL (Caetano Veloso) [1982,"Índia, a Filha do Sol"]
12. MENINO MALUQUINHO [“Menino Maluquinho”]
13. O AMOR (Caetano Veloso/Ney Costa Santos sobre poema de Vladimir Maiakóvski)
14. PAÍS DO FUTEBOL [1970, “Tostão, a fera de ouro”]
15. PAULA E BEBETO (Milton Nascimento/Caetano Veloso)
16. PECADO ORIGINAL (Caetano Veloso) [1978, "A Dama do Lotação"]
17. PERIGO (Milton Nascimento/Caetano Veloso) [2005, “O coronel e o Lobisomem”]
18. ROCK AROUND THE CLOCK (Bill Haley & The Comets) [1956, “Rock around the clock”]
19. SENHOR DO TEMPO (Milton Nascimento/Caetano Veloso) [2005, “O coronel e o Lobisomem”]
20. SEREIA (Milton Nascimento/Caetano Veloso) [2005, “O coronel e o lobisomem”]
21. SOMEDAY MY PRINCE WILL COME (Larry Morey/Frank Churchill) [1937, “Branca de Neve e os sete anões”] Cita: WHEN YOU WISH UPON A STAR ["Pinóquio”]
22. SOU VOCÊ (Caetano Veloso) [1999, “Orfeu”]
23. TIGRESA (Caetano Veloso)
24. TOSTÃO [1970, “Tostão, a fera de ouro”]
25. VEJA ESTA CANÇÃO [“Veja esta canção”]
26. VOCÊ NÃO ME ENSINOU A TE ESQUECER [2003, “Lisbela e o Prisioneiro”]
9/9/2005 - Foto: Felipe Panfili |
10/9/2005 |
Caetano, Sônia, Milton e Chico festejam o sucesso do show, no Canecão, Rio. |
REVISTA CARAS
ISTOÉ Gente
19/9/2005
Platéia estrelada para ver Milton e
Caetano
A dupla lotou o Canecão de amigos famosos: do caseiro Chico Buarque, à
musa do momento Cleo Pires, passando por Sônia Braga e Luana Piovani
Carla felícia
Até Chico Buarque, avesso a badalações noturnas,
apareceu. Driblou a estréia, na quinta-feira 8, mas dois dias depois estava no
Canecão – ao lado da filha Sílvia, grávida de quase nove meses – prestigiando o
histórico show que juntou Milton Nascimento e Caetano Veloso no mesmo palco. Há
muito tempo não se via na noite carioca platéia tão estrelada como a que lotou
a casa de espetáculos nas quatro apresentações da dupla. No repertório, canções
feitas para o cinema – como Bye Bye Brasil, do próprio Chico – e para a
trilha de O Coronel e o Lobisomem, de Maurício Faria, assinada por
Milton e Caetano.
Em temporada brasileira, Sônia Braga também foi
ao show no sábado 10. Ouviu Milton contar um “causo” de um encontro entre os
dois, antes de cantar Pecado Original, tema de A Dama do Lotação,
protagonizado por ela. Sônia fez questão de retribuir o carinho dos amigos no
camarim, com direito a selinho em Caetano. Musa há trinta anos, a atriz dividiu
os flashes com a musa do momento, Cleo Pires, acompanhada da irmã, Antônia, e
do padrasto, Orando Moraes.
Antônia, Orlando Moraes e Cleo Pires na platéia |
Na estréia, a festa foi em dose
dupla. Ana Carolina, que festejava seus 30 anos assistindo ao show com os pais,
ganhou parabéns surpresa dos amigos no camarim. Gulosa, Luana Piovani não
resistiu e avançou nos morangos que decoravam o bolo da cantora. Já Cissa
Guimarães, nem prestou atenção nas guloseimas. Estava ocupada roubando uma
bitoca de Caetano. Além delas, estrelas como Bruna Lombardi, Gilberto Braga e
Deborah Secco também assistiram ao espetáculo no fim de semana.
Cissa Guimarães também trocou selinho com Caetano |
Luana se delicia com um morango |
S. Paulo |
2005
Revista ÉPOCA
Outubro
MÚSICA
Unidos pelos filmes
Milton Nascimento e Caetano Veloso
falam sobre como o cinema influenciou suas canções e os inspirou a retomar a
parceria
Cléber Eduardo e Luís Antônio Giron
Fotos:
Maurilo Clareto/ÉPOCA
Eles se conheceram em 1965, no Festival da
Excelsior em São Paulo, e, até pouco tempo atrás, tinham três parcerias. Agora,
reconciliados pelo cinema, esse número dobrou. O godardiano baiano e o
truffautiano mineiro unem-se em três canções da trilha sonora da comédia O
Coronel e o Lobisomem. O cinema os une, porém, para além do filme. Tanto
Caetano, ex-crítico do jornal O Archote, de Santo Amaro, no início dos
anos 60, como Milton, o fã de Jeanne Moreau e faroestes, são filhos das telas.
O primeiro lembra que a Tropicália foi inspirada em Jean-Luc Godard. A
reconfiguração dissonante do pop empreendida pelo cineasta francês sintonizou o
músico com as rupturas narrativas do cinema europeu. Milton se comove ao contar
que suas três primeiras composições saíram das quatro sessões seguidas de Jules
e Jim, de François Truffaut, em 1964. Ficou atordoado com o apaixonado triângulo
entre dois rapazes e uma moça no filme. Com o amigo Marcio Borges, compôs
'Novena', 'Crença' e 'Gira Girou'. A cinefilia levou os dois a escolher 26
músicas de filmes, deles e de terceiros, para o show Milton e Caetano,
mostrado no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte e que estréia no dia 29 no Via
Funchal, em São Paulo, com continuação no fim de semana seguinte. Um CD e um
DVD deverão ser lançados em 2006.
ÉPOCA - Como o cinema e a música se encontram em sua vida?
Milton Nascimento - Eu gostava de cantar só música dos outros. Certa vez Marcio Borges me motivou a compor. Falei que não, queria só cantar. Um dia vimos Jules e Jim, de François Truffaut, em Belo Horizonte. Entramos na sessão às 14 horas e saímos às 22 horas. Fomos para a casa dele e fizemos três músicas. Todas inspiradas em Jules e Jim. Anos mais tarde, acompanhei um amigo de Nova York até o apartamento de uma amiga dele e, quando a porta se abre, é a Jeanne Moreau, a atriz de Jules e Jim. Morri de susto. Ela nos convidou para um chá. Eu tinha pavor de chá, mas tomei umas 30 canecas. Comecei a gostar de chá ali, de qualquer tipo. Depois de meu amigo chutar minha canela, contei para ela minha história com Jules e Jim. Ela pôs a mão sobre a minha e fez carinho. Disse: 'A gente faz a arte, ela deixa de ser da gente e vai tocar alguém em outro país'. Linda.
Caetano - Achei lindo o filme, mas eu era godardiano. Fui crítico em 1960 de um jornal de Santo Amaro. Morava em Salvador. Tinha 18 anos. Antes disso, era cinemaníaco. Ia ao cinema todas as noites em Santo Amaro.
Milton Nascimento - Eu gostava de cantar só música dos outros. Certa vez Marcio Borges me motivou a compor. Falei que não, queria só cantar. Um dia vimos Jules e Jim, de François Truffaut, em Belo Horizonte. Entramos na sessão às 14 horas e saímos às 22 horas. Fomos para a casa dele e fizemos três músicas. Todas inspiradas em Jules e Jim. Anos mais tarde, acompanhei um amigo de Nova York até o apartamento de uma amiga dele e, quando a porta se abre, é a Jeanne Moreau, a atriz de Jules e Jim. Morri de susto. Ela nos convidou para um chá. Eu tinha pavor de chá, mas tomei umas 30 canecas. Comecei a gostar de chá ali, de qualquer tipo. Depois de meu amigo chutar minha canela, contei para ela minha história com Jules e Jim. Ela pôs a mão sobre a minha e fez carinho. Disse: 'A gente faz a arte, ela deixa de ser da gente e vai tocar alguém em outro país'. Linda.
Caetano - Achei lindo o filme, mas eu era godardiano. Fui crítico em 1960 de um jornal de Santo Amaro. Morava em Salvador. Tinha 18 anos. Antes disso, era cinemaníaco. Ia ao cinema todas as noites em Santo Amaro.
''Quando apareceu o Godard, eu estava com a cabeça no pop, na mesma direção dele, por isso ele foi fundador da idéia tropicalista em mim'' |
ÉPOCA - Você conheceu Gláuber Rocha nos cineclubes de Salvador?
Caetano - Gláuber apresentava uma sessão organizada pelo crítico Walter da Silveira. Uma vez falou mal de Umberto D, de Vittorio De Sica, gritando que aquilo era sentimental, bom mesmo era Roberto Rossellini. Me apresentaram ao Gláuber umas 40 vezes, mas nunca se lembrava de mim. Ele não apertava a mão da gente, dava a mão mole para qualquer pessoa. Uma coisa terrível.
Milton - Fora o que falava baixinho.
Caetano - Ele puxava a gente pela gola para falar no ouvido.
Milton - Conheci o Gláuber aqui em São Paulo, já em 1965 ou 1966.
Caetano - Nessa altura, eu já cantava na TV Record, aí ele me conhecia (risos), me chamou para dar conselho e dizer coisas. Falava alto também.
Milton - Quando ele vinha, eu tremia. Eu achava chato o pessoal do cinema, mas Gláuber não era chato, achava sei lá o que dele, temível, com esse negócio de falar no ouvido da gente e a gente não conseguir entender nada.
ÉPOCA - Mas e a música no cinema?
Caetano - Nino Rotta. Tinha 15 anos quando vi Estrada da Vida, do Fellini, com aquela música, o rosto da Giulietta Masina, as estradas vazias. Chorei um dia inteiro. Minha mãe até ficou preocupada. E amo a trilha de Rocco e Seus Irmãos, de Luchino Visconti. Mas a música mais bonita de cinema é a de Tom Jobim para Porto das Caixas, de Paulo César Saraceni.
Caetano - Nino Rotta. Tinha 15 anos quando vi Estrada da Vida, do Fellini, com aquela música, o rosto da Giulietta Masina, as estradas vazias. Chorei um dia inteiro. Minha mãe até ficou preocupada. E amo a trilha de Rocco e Seus Irmãos, de Luchino Visconti. Mas a música mais bonita de cinema é a de Tom Jobim para Porto das Caixas, de Paulo César Saraceni.
ÉPOCA - Qual segmento do cinema mais o
interessava?
Caetano - Eu era anti-Hollywood e pró-cinema europeu, cinema de autor, cinema japonês.
Caetano - Eu era anti-Hollywood e pró-cinema europeu, cinema de autor, cinema japonês.
''Fiz minhas três primeiras músicas depois de ver muitas vezes Jules e Jim, de François Truffaut, inspiradas pela amizade mostrada no filme'' |
ÉPOCA - Godard?
Caetano - Quando ele apareceu, eu estava com a cabeça no pop, na mesma direção dele. Godard é fundador da idéia tropicalista em mim. Ele está para o cinema como o disco Sargent Pepper's para a música pop.
Milton - Fiz algumas. A primeira foi a de Deus e os Mortos. Fui ao set e ajudei em tudo. Participo do elenco como um jagunço que arranca o olho de um sujeito. O diretor Ruy Guerra pintou comigo. Ele me deu o roteiro no apartamento dele, saiu e me trancou lá horas a fio. Depois, fui à filmagem na Bahia. Não sabia que tinha cobra em fazenda de cacau. Não posso nem ouvir falar em cobra. Mas não fugi, não.
ÉPOCA - Você tem acompanhado a produção contemporânea?
Caetano - Gostei muito de Um Filme Falado, do Manoel de Oliveira, mas do que mais gostei foi The Brown Bunny, do Vincent Gallo. É uma coisa linda, entra som, sai som, uma corrida de motocicleta em silêncio, godardiano.
ÉPOCA - E o show?
Caetano - É tudo isso que falamos!
MILTON NASCIMENTO
CAETANO
VELOSO