Gal de Todos os Amores chega às lojas em maio
Rodrigo Faour
26/04/2001
Gal Costa acaba de encerrar as gravações do CD Gal de Todos os Amores, que a BMG promete lançar no mês que vem. A diva mantém segredo quanto à maior parte do repertório mas adianta o teor do disco. "É um disco centrado no amor, com canções que falam de amor de modos diferentes", explica. Pelo menos duas versões terão presença certa. O bolero Contigo Aprendi (em versão de Geraldinho Carneiro, e não a de Nazareno de Brito, já gravada por vários cantores como Simone) e a guarânia Índia (que Gal resgatou em 1973 e regravou em 1979). "Essas duas são regravações completamentes diferentes das outras versões", adianta. A canção Caminhos do Mar (Dorival Caymmi/ Danilo Caymmi/ Dudu Falcão), da trilha da novela Porto dos Milagres, aparece no CD, ao final, como faixa-bônus. "Essa não faz parte da idéia do disco, será a última faixa, bem distante da penúltima. É uma música extra mesmo", garante.
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Alice Granato
Gal Costa
Doce e Bárbara
A casa da cantora em Salvador tem a suavidade de suas canções. Foi nela
que Gal recebeu QUEM para falar da vida, do novo disco e da baianidade e contar
que se sente hoje uma mulher madura e serena.
Fotos: Calé
A chegada ao morro da paciência, em Salvador, é um prenúncio do que se vai encontrar. Uma vista esplêndida para a Praia do Rio Vermelho, em um ambiente despojado e muito aconchegante. Assim, entre a brisa do mar e o balançar dos coqueiros, vive Gal Costa, às vésperas de completar 56 anos. "Eu costumava dizer que, quando estivesse com 50 anos, voltaria a viver na Bahia", conta ela. "Isso acabou acontecendo e eu estou muito feliz. Este lugar é lindo e tem um astral maravilhoso."
Há cerca de quatro anos, Gal se desfez do apartamento que tinha no Rio, onde passou a maior parte de sua vida, e de uma casa em Trancoso, para mudar-se para Salvador, onde nasceu. "Conheci este lugar na década de 80 e fiquei absolutamente deslumbrada. É uma casa muito antiga que era um hotel e, depois de anos de insistência, consegui comprar." A cantora leva uma vida tranqüila, que somente se agita em temporada de muito trabalho, como agora. "Sou extremamente caseira, sempre fui. Gosto da vida pacata. Há dias em que eu nem saio de casa. Adoro ver a praia, mas quase nunca vou." Ela acaba de lançar seu 26º disco, De tantos amores, o primeiro trabalho temático de sua carreira.
Gal fez um disco apenas com canções que falam de amor. "Foi uma sugestão do Daniel Filho, que eu gostei muito. A unidade é muito boa", explica. Alguns críticos disseram que ela não inovou neste trabalho, já que gravou novamente canções que havia interpretado. "Cobram-me ousadia, mas o que fiz é muito ousado. Todas as grandes cantoras, como Ella Fitzgerald, Billie Holiday e Sarah Vaughan, regravaram canções em fases diferentes da carreira. É muito interessante, porque você revisita e desmistifica algumas versões. Não é preguiça. Ao contrário: é muito corajoso. Só uma grande cantora tem culhões para fazer isso." Gal cita também como exemplo seu grande mestre, João Gilberto. "Ele faz isso a toda hora. A primeira versão de Chega de saudade é muito diferente da de hoje. E é tão boa quanto. O papel do artista é reinventar a vida. Dizer que sou preguiçosa é burrice e irresponsabilidade."
Segundo Gal, várias músicas que gravou ao longo da carreira ficaram aquém do que ela gostaria. É fantástico revisitar seu repertório", enfatiza. "Os críticos avaliam um disco em dois minutos. Não é assim. Você tem de ouvir uma, duas, três, várias vezes. Não é na primeira que vai ser bom. É como sexo. Vai cada vez ficando melhor. As pessoas têm muita pressa. Quando você vê um filme, também não percebe de cara todas as nuances. Tem de ver várias vezes para absorver. Mas não é isso que vai tirar o meu sono ou me deixar entristecida." A opinião de Gal sobre o disco é de que ele representa uma fase mais madura e serena de sua carreira. "Estou em um excelente momento vocal", acredita. "O meu jeito de cantar é suave. A carga dramática nunca vem no meu canto. Tenho uma maneira mais doce de interpretar as músicas." Gal diz, contudo, que não está mais ouvindo o CD. "Ouço muito antes de lançar, depois paro. Ele não me pertence mais. Agora é do público. Fazer um disco é um trabalho emocionalmente estressante."
A serenidade do disco pode ser um reflexo da vida da cantora. A disposição física também está cada vez maior. Gal acaba de perder 5 quilos. Na dieta, ela pode ingerir 1.200 calorias por dia e tem fugido dos calóricos acarajés (de que ela tanto gosta), que têm 360 calorias cada. "Faço dieta a minha vida toda. Estou sempre gordinha e magrinha, gordinha e magrinha. É uma luta. Mas sinto-me bem melhor mais magra." Gal também tem malhado na esteira. "Pode-se dizer que faço, mas é de maneira muito desorganizada", diz, rindo. A cantora vive sozinha na sua mansão em Rio Vermelho. Mas diz que a casa está sempre cheia de gente, já que ela tem um monte de parentes e amigos que vivem por perto. "Baiano não tem hora para chegar e, quando chega, é sempre muito bem recebido, com bolo e café", conta. Para cuidar da segurança e lhe fazer companhia, Gal tem seis cachorros da raça rottweiler. "São meus filhos", brinca.
Há quatro anos, a cantora está preparando uma autobiografia, em que vai
contar histórias curiosas e os bastidores da MPB. O livro não tem data para
ficar pronto, mas tem consumido bastante do seu tempo. Recentemente, ela se
envolveu em uma polêmica ao dar apoio ao ex-governador da Bahia Antonio Carlos Magalhães, quando ele
deixou à presidência do Senado. "O
que houve foi um grande mal-entendido. Eu não dei apoio político a ACM. Dei o
meu apoio moral a ele. Não fui lá dizer que o que ele tinha feito era certo. É
claro que ele errou. O que fizeram comigo foi um policiamento injusto. Nunca
subi num palanque para fazer propaganda. Não tenho o rabo preso com político
nenhum. Eu apenas prestei solidariedade a uma pessoa que fez muito pela cultura
baiana."
Folhetim
Salvador
"Raízes"
Amigos
"Fidelidade"
Doces
bárbaros
"São doces
guerreiros"
Amor
"O amor transforma"
Novo disco
"É um recomeço"
Assistente: Lucindo Queirós
Maquiagem: Caio Soares
Produção: Carlos Moura
Agradecimentos: Academia
Estação do Corpo e Riggy
Gal Costa fora da BMG Brasil
Cantora deixa a multinacional depois de abortar projeto ambicioso de show que
seria produzido por Daniel Filho
Marco
Antonio Barbosa
14/10/2002
A gravadora BMG oficializou a saída de Gal Costa de seu cast, em comunicado enviado na tarde de sexta-feira passada (dia 11/10). Já há alguns meses, Gal vinha aventando a possibilidade de rescindir seu contrato com a gravadora, acabando uma parceria iniciada em 1984.
A possível "gota d'água" foi o desgaste causado pelo arquivamento do projeto de um disco ao vivo gerado a partir do álbum Gal de Tantos Amores.
A idéia inicial previa um show superproduzido, com
direção de Daniel Filho, mas a proposta acabou engavetada. Rumores dão
conta de que Gal poderia seguir o caminho da conterrânea Maria Bethânia - que
deixou a mesma BMG e assinou com a independente Biscoito Fino.
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