Geneton Moraes Neto
Jornalista e escritor brasileiro
[Recife, 13 de julho de 1956 - Rio de Janeiro, 22 de agosto de
2016]
Caetano escreve sobre a morte do
jornalista Geneton Moraes Neto: "Geneton
era um repórter adolescente quando o conheci. Gostei dele imediata e
imensamente. Depois, fiquei tão impressionado com a honradez que ele demonstrou
ao publicar nosso diálogo (eu tinha dito alguma coisa que soaria picante se
fosse usada por um jornalista ordinário, e ele, tendo entendido o sentido
respeitoso com que foi dito o que eu disse, nem publicou a frase arriscada),
fiquei mesmo tão grato à sua grandeza que, para deixar para trás um período de
dois anos em que me recusava a conceder entrevista a qualquer veículo da
imprensa (muita agressão gratuita e muita inverdade oportunista se lia nas
páginas dedicadas à música), escolhi falar com ele, e só com ele, para
reiniciar um diálogo normal com a confusão dos cadernos B. A impressão que o
garoto pernambucano me causara e a percepção de sua inteligência honesta só
fizeram crescer ao longo dos anos. Se o jornalismo brasileiro tem algo de que
se orgulhar, Geneton o representa melhor que ninguém - se não for exemplo
único. Eu o adorava. Fiquei tristíssimo hoje ao saber que ele tinha morrido. Eu
nem sabia que ele estava doente. Como disse Fernando Salem, essa é 'a
notícia que mata a notícia. Quando morre um verdadeiro jornalista a verdade
fica triste'".
[Caetano Veloso, 22/8/2016, Facebook]
31/8/2019 |
Literatura
Livro resgata vida e obra do pernambucano
Geneton Moraes Neto
Por:
Emannuel Bento
Publicado
em: 30/08/2019
O gênero literário biografia pode fascinar por
narrar um apanhado cronológico da vida de uma personalidade célebre. O livro Geneton - Viver de ver o verde mar
(Cepe, 246 páginas) transcorre a trajetória de Geneton Moraes Neto, mas
agrega inúmeras características que o torna uma biografia diferente. Ana
Farache e Paulo Cunha, que assinam o conteúdo, foram amigos próximos do
pernambucano e imprimiram uma visão diferenciada de um dos jornalistas mais
respeitados da história brasileira. Juntos, criaram uma “biografia ensaística”,
mais intimista e experimental.
O evento de lançamento será neste sábado (31/8), às
19h, no Cinema da Fundação/Museu (Av. Dezessete de Agosto, 2187, Casa Forte).
Antes, às 16h, será exibido o documentário Cordilheiras
no mar: A fúria do fogo bárbaro (2015), centrado no lado político de
Glauber Rocha. O livro é resultado de dois anos de uma pesquisa que envolveu 68
entrevistas com familiares, amigos e colegas de trabalho, levantamento de suas
matérias, acesso a diários, textos inéditos e imagens de arquivo.
Geneton Moraes Neto iniciou a carreira ainda na
pré-adolescência, escrevendo para o suplemento infantil Júnior, do Diario
de Pernambuco, no começo da década de 1970. Nos anos seguintes, também
trabalhou na sucursal nordestina de O Estado de S. Paulo e na Rede
Globo, como editor das atrações Jornal da Globo, Jornal Nacional e
Fantástico.
Nos anos 1970, Geneton começou a produzir
curtas-metragens no formato super-8, sob influência de Fernando Spencer,
crítico de cinema do Diario. Deu vida a um cinema alternativo e marginal
que logo se tornou febre geracional na década. A ideia para a realização do
livro Viver de ver o verde mar surgiu, na verdade, quando Geneton ainda
era vivo, em 2014. A proposta era escrever justamente sobre seu legado no
cinema, mas o projeto foi negado pelo Funcultura. Quando ele veio a falecer, em
agosto de 2016, Farache e Cunha retomaram a ideia como uma biografia, que foi
aceita pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe).
“O
livro nasceu do afeto e da admiração”, diz Paulo Cunha,
pesquisador e professor titular aposentado da UFPE. “É muito provável que, se
outro autor decidisse fazer uma biografia, seria relativamente diferente da
nossa. Esse livro tem marcas da nossa proximidade, apesar do reforço de
documentar tudo. Nós consultamos milhares de documentos. A proximidade também
facilitou o acesso a coisas que ninguém sabia que existia, que estavam
guardadas em sua antiga casa no Rio de Janeiro. Sua família teve uma
generosidade enorme ao nos receber, justamente porque sabia que iríamos fazer o
trabalho com respeito.”
“Entrevistamos
pessoas que o conheciam na época do Junior, até os colegas mais recentes do
Rio. A família dele simplesmente abriu sua antiga casa no Rio. No quarto,
encontramos um material muito rico, tendo acesso a diários dele que exprimem
sentimentos. Livros em que ele guardava suas pautas, alguns autógrafos que
recolheu. Memórias que preservam sua vida de repórter”,
conta a jornalista e fotógrafa Ana Farache, atual coordenadora do Cinema do
Museu, da Fundação Joaquim Nabuco.
Paulo Cunha, que chegou a codirigir dois curtas com
Geneton, ressalta que ele foi um cineasta incrivelmente talentoso, rompendo com
os limites entre cinema e televisão. "O
nosso livro procura realçar todas as dimensões de Geneton: cineasta, viajante,
jornalista, poeta”, explica. Em 2010, associando cinema e jornalismo,
Moraes Neto passou a dirigir documentários num formato novo. Fez Canções
do exílio, exibido no Canal Brasil, com depoimentos de Caetano Veloso,
Gilberto Gil, Jorge Mautner e Jards Macalé sobre o período em que viveram em
Londres, exilados da ditadura no Brasil.
“Foi
muito legal fazer esse livro, apesar de sempre carregar um lado de tristeza que
nunca pensamos que iríamos carregar. Percebemos que Geneton deixou boas
lembranças nas pessoas. Ele era uma pessoa doce, paciente. Foi também um
professor, por nunca negar convites para falar com estudantes, turmas e
jornalistas em início de carreira. Tudo isso com um zelo muito grande pelas
palavras. Ele costumava dizer: ‘Não importa se for um guerrilheiro ou torturado, vou com a mesma
curiosidade e o mesmo respeito. Quero dar voz independentemente de decisões
pessoais, políticas ou estéticas’.”
Segunda-feira, 2 de março de 2020
CADERNO B
Biografia
de Geneton Moraes Neto será lançada amanhã
Referência para gerações de profissionais, Geneton se dizia
do "Partido dos Perguntadores do Brasil".
Ele morreu em 2016, aos 60 anos.
Na foto com um dos seus entrevistados, o cineasta Woody Allen
|
Biografia de Geneton Moraes Neto, dos grandes jornalistas do nosso
tempo, será lançada amanhã no Rio
Editado
pela Cepe e escrito pelos jornalistas Ana Farache e Paulo Cunha, livro revela
textos e imagens inéditas
A
biografia de um dos mais notáveis jornalistas brasileiros, referência para
gerações de profissionais e que também deu considerável colaboração à produção
cinematográfica pernambucana será lançada amanhã na livraria Travessa, no
Leblon.
O
livro "Geneton, Viver de Ver o Verde Mar", escrito pelos jornalistas
Ana Farache e Paulo Cunha, é resultado de um intenso trabalho de pesquisa
realizado ao longo de dois anos, e que contou com a participação direta da
família e de dezenas de amigos que o recifense Geneton (1956-2016) cativou ao
longo de sua vida.
A capa do livro - Foto: Divulgação |
Em 246 páginas, o livro revela a vida e a
trajetória de sucesso do escritor, jornalista e cineasta. Um mosaico composto
por mais de 60 fotos, memórias do arquivo pessoal, documentos garimpados, além
de quase 70 depoimentos de amigos e colegas de trabalho. Fotos e textos
inéditos - como os produzidos por Geneton para o seu diário pessoal entre os
anos de 1977 e 1985 – estão entre as boas surpresas.
Paixão e inquietude alimentaram boa parte dos
pródigos 60 anos de vida de Geneton Moraes Neto - que começou a trabalhar aos
14 anos como colaborador do suplemento infantil do "Diario de
Pernambuco", passando a repórter profissional dois anos depois, acumulando
entrevistas com nomes estelares como Caetano Veloso (que o considerava “o meu
jornalista”), Gal Costa, Jards Macalé, Carlos Imperial, Nelson Ferreira dos
Santos, entre outros. Aos 19 anos, já integrava a equipe da sucursal do jornal
"O Estado de São Paulo" no Recife, e de lá partiu para ocupar
redações de jornais e televisões nacionais e de fora do país. Ele foi diretor
do "Fantástico", da TV Globo.
2009 - Entrevistando Woody Allen - Foto: Divulgação |
Geneton admitia fazer parte do "Partido dos
Perguntadores do Brasil", e esperava contribuir para a memória coletiva
com o seu jornalismo. “Vivo dizendo que produzir memória é uma das (poucas)
coisas realmente úteis que o jornalismo pode fazer”, lembrava. Essa
determinação resultou em produções memoráveis, como as entrevistas realizadas
com Theodore van Kirk (o navegador do avião que jogou a bomba atômica sobre
Hiroshima), Eva Schloss (sobrevivente de Auschwitz), Yoko Ono, Pete Best (primeiro
baterista dos Beatles), Desmond Tutu, Eugene Cernan (o homem que bateu o
recorde de permanência na Lua), Woody Allen, José Saramago, Jorge Amado, Millôr
Fernandes, entre muitos.
Recife/1972 - Caetano chamava Geneton de meu jornalista favorito - Foto: Divulgação |
2011 - Geneton com Yoko Ono - Foto: Divulgação |
"Viver
de Ver o Verde Mar" (verso de um de seus muitos poemas) fala ainda da
família, da sua relação com a música, a produção cinematográfica, do tempo em
que morou na Europa - para estudar cinema e trabalhando como camareiro de hotel
e motorista de família rica – e de sua vontade de mudar (“tempos medíocres,
hora de mudar. Encarar o cinema de uma vez, projeto tantas vezes adiado”) .
Geneton
morreu no dia 22 de agosto de 2016. As cinzas do seu corpo foram jogadas no mar
da praia de Pau Amarelo, no dia 24 de setembro daquele mesmo ano.
SERVIÇO:
Lançamento
do livro "Geneton, Viver de Ver o Verde Mar"
Quando:
3 de março de 2020
Horário:
19h
Onde: Livraria Travessa do
Shopping Leblon
Endereço:
Avenida Afrânio de Melo Franco, 290, Leblon
Preço
do livro: 50,00 (impresso) e R$ 15,00 (e-book)
Haverá
bate-papo com os autores: Ana Farache e Paulo Cunha
● ● ● ● ●
GENETON MORAES NETO. Caderno
de confissões brasileiras [dez depoimentos, palavra por palavra]. Editora
Comunicarte, Recife. 1983. 190 páginas.
ANTÔNIO CALLADO
ARIANO SUASSUNA
CAETANO VELOSO
CARLOS DIEGUES
FERNANDA MONTENEGRO
FERREIRA GULLAR
JOÃO CÂMARA
JOAQUIM CARDOZO
NELSON RODRIGUES
OSCAR NIEMEYER
Aviso
aos navegantes 9
GUIA
DE NAVEGAÇÃO
1 - O Escudeiro de Corpo Presente 15
2
- … Sejam Felizes 33
3 - Retrato de um Artista Quando Livre 49
4 - A Terra é um Planeta que Gira a 24 Quadros por Segundo 65
5 - Fernanda Montenegro do Brasil 83
6 - No Meio do Caminho Tinha a Poesia Tinha a Poesia no Meio do Caminho 97
7 - Feito Sócrates na Hora do Gol 117
8
- O Homem que Dorme é Melhor do que os Mortos 129
9 - Ah, Nélson Rodrigues! 145
10
- Pequena Expedição ao Redor do Universo Curvo de Niemeyer 165
No hay comentarios:
Publicar un comentario