[Salvador, 30/4/1914 – Rio de Janeiro, 16/8/2008]
“Você menino, tem
uma dimensão enorme, e, por isto, está criando caso mas continue mandando brasa”
[De
Dorival Caymmi para Caetano Veloso, 1968]
1968
DIÁRIO DE NOTÍCIAS
Salvador
Luto
Artistas e amigos
comentam morte de Dorival Caymmi
Dona Canô, 100
anos, disse que músico foi um "grande homem". Tom Zé afirmou que é
impossível não conhecer "obra praieira" de Caymmi"
Por
G1/ Globo.com
16/08/2008
"Dorival
(Caymmi) não foi só um grande artista, isso todo mundo já sabe, ele foi um
grande homem",
foi dessa maneira que dona Canô, 100 anos, falou ao G1 sobre a morte do cantor
e compositor baiano, que faleceu por volta das 6h deste sábado (16), em sua
casa, em Copacabana. Ele sofria de insuficiência renal e teve falência múltipla
dos órgãos.
"Quero mandar
um abraço para Danilo e para Nana, filhos de Dorival. Quero dizer a eles que
sinto muito pela morte dele. Ele estava sofrendo muito e agora está com
Deus",
disse dona Canô.
A
amiga centenária disse que Dorival Caymmi deixa um legado de composições para a
música brasileira. "Ele cantou o
Brasil como ninguém, vai fazer muita falta para nós. Eu vou ficando aqui, mas
ele foi para o céu. Está descansando com Deus", disse dona Canô.
O
músico nasceu em Salvador, na Bahia, no dia 30 de abril de 1914. Ele deixa mais
de cem composições, entre elas “Eu não tenho onde morar”,
“Maracangalha”, “O que é que a baiana tem?” e “Rosa Morena”.
Maria
Bethania disse que está muito triste sobre a morte. "Estou saudosa de vê-lo com vida. Ele está com Deus, com as
rainhas do mar. Dorival Caymmi não morreu, ele é iluminado."
"A obra dele,
a música e a genialidade dele são indescritíveis. O mundo todo sente a perda
desse homem, desse artista, desse baiano. Ele deixa em nossas mentes todo o
resplendor de seu trabalho brilhante e sereno", disse Maria
Bethania.
Professor
"Não se tem
idéia do que significa um disco com músicas praieiras de Caymmi feitas na
década de 1940",
disse o músico e compositor Tom Zé.
"A morte dele
é perder o maior professor das nossas vidas. A primeira vez que vi ele cantando
foi em 1949. Era uma coisa única. Toda música que fez foi sucesso", afirmou Tom Zé.
O
músico lembrou do tempo que era estudante e que já gostava do trabalho de
Dorival Caymmi. "Estava no ginásio e
ouvia aquelas canções que passavam uma liberdade, uma ousadia com aquelas
variações rítmicas das canções. Aquelas músicas, aquele jeito, me provocaram
muita curiosidade".
"Não tenho
nada a ver com o gênio de Caymmi, mas foi um dos meus grandes professores.
Influenciou a todos. Estou gravando um CD e a primeira canção é 'Salvador,
Bahia de Caymmi´. Tinha esperança de mostrar para ele. Agora vou mostrar aos
filhos",
disse Tom Zé.
Família
Stela
Caymmi, neta do músico, disse que "é
uma benção ser da família de meu avô. Ele estava morando em Copacabana. Ele
vinha fazendo tratamento há alguns anos e a gente imaginava que esse dia
poderia chegar".
"Ele não sabia
que tinha câncer e não queria saber, não perguntava muito sobre isso. Ele foi
internado a primeira em 1999. Meu avô se submetia ao tratamento, mas não queria
saber da doença. Ele tinha muita serenidade, que exercitava diariamente, por
isso a gente respeitava esse desejo dele", disse Stela, que
escreveu uma biografia do avô.
"Como artista,
ele marcou a Música Popular Brasileira. Ele tinha uma obra simples e não há um
músico da atualidade que não cite o trabalho de Dorival. A vida dele é a obra
que ele deixou",
disse a neta do músico.
Ministro da Cultura
"O Brasil
perdeu hoje um grande mestre, mas pessoas como Caymmi não morrem, seguem
encantados na vida e no imaginário do povo brasileiro. Uma obra permanece por
estar viva em cada um de nós. Caymmi traçou um mapa afetivo, imaginário, sensual
e lúdico de um Brasil", disse, em nota, Juca Ferreira, ministro interino da
Cultura.
Segundo
o documento, o ministro diz que "tantos
são os gênios que aqui tivemos, mas Caymmi é gênio do Brasil, irresistivelmente
brasileiro, porque sua genialidade é a expressão do nosso povo."
Redação Terra
Domingo, 17 de agosto de 2008
Caetano Veloso dá adeus a Dorival Caymmi
O cantor baiano Caetano Veloso se despediu de
Dorival Caymmi, na noite deste sábado. Caetano prestou sua última homenagem ao
músico que tanto o influenciou, na Câmara de Vereadores, no Rio de Janeiro,
onde está sendo realizado o velório do corpo de Caymmi.
Dorival Caymmi teve um forte papel na formação da
personalidade musical de Caetano Veloso, que cresceu ouvindo as composições do
cantor e compositor baiano.
Segundo Caetano, Caymmi "deve ser o artista mais importante que o Brasil produziu".
Dorival Caymmi, 94 anos, morreu na manhã deste
sábado de insuficiência renal e falência múltipla dos órgãos, em sua casa no
bairro de Copacabana, Rio de Janeiro.
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