"Logo
que vi Dedé, na escola de dança da Universidade da Bahia, quis que ela fosse
minha namorada. E em pouco tempo estávamos namorando. Ficávamos a maior parte do tempo juntos. Víamos filmes, íamos a todas as festas
de rua de Salvador, fugíamos pra Itapoã, pra as dunas do Abaeté. Depois nos
casamos e, tidos como o casal "existencialista" pela turma da
esquerda universitária da Bahia, tínhamos decidido nunca ter filhos. Quando
atravessei prisão e exílio, voltei ao Brasil, 3 anos depois, com vontade de ser
pai. Uma vontade biológica e transcendental. Dedé é a mãe de Moreno, o maior
acontecimento da minha vida adulta. E foi minha grande namorada.
Personalidade única, Dedé continua sendo
uma das pessoas mais importantes da minha vida. Desde que nos separamos, ela
foi mulher do gênio Hélio Eichbauer até a morte deste há alguns meses. Hoje é
aniversário dela. Estou na nossa Bahia, de onde mando um beijo com ecos da
festa de Santa Bárbara que encheu as ruas de Salvador de pessoas vestidas de
vermelho. Dedé é de Obá, outra guerreira. O dia de seu aniversário é festa
dentro de mim."
[Caetano Veloso, 6 de dezembro de 2018]
1971
Revista InTerValo 2000
Ano X - n° 472
Editora Abril
Capa: Leila Diniz e Janaína
3/11/1972 - Dedé e Caetano Veloso em Salvador - Foto: Ivan Cardoso |
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