“Logo eu,
dona Maricotinha, uma doutora”.
“Estou muito feliz, pois esse é o palco mais diferente que já pisei,
para receber o aplauso mais caloroso e inesperado da minha vida, que muito me
comove e enaltece”.
“É daqui que poderá nascer o Brasil que queremos:
educado e, portanto, livre”.
Maria Bethânia
recebe título de Doutor Honoris Causa da UFBA
04/12/2016
Cerimônia
acontece no dia 9/12, às 17h, na Reitoria
O
reitor da Universidade Federal da Bahia, professor João Carlos Salles,
concederá o Título de Doutor Honoris Causa à cantora e intérprete baiana Maria
Bethânia Vianna Teles Velloso, em cerimônia que acontece no próximo dia 9 de
dezembro, às 17 horas, no Salão Nobre da Reitoria da UFBA, no Canela.
A
outorga do título a Maria Bethânia foi proposta por iniciativa da Faculdade de
Arquitetura e das Escolas de Belas Artes, Teatro, Dança e Música, que, nos 70
anos da UFBA, “prestam uma homenagem à baiana que nasceu junto com a
universidade é responsável pela divulgação e preservação, através de sua voz,
de dois importantes patrimônios imateriais brasileiros, sua voz e sua poesia”.
Salvador
CORREIO
Maria
Bethânia recebe título de Doutor Honoris Causa e brinca: 'Doutora Maricotinha'
Bastante
aplaudida, a cerimônia aconteceu na Reitoria da Ufba, com a presença de
professores da instituição, familiares da cantora e artistas como Capinam, Tuzé
de Abreu e Margareth Menezes.
Hilza Cordeiro
09/12/2016
Fez-se
silêncio absoluto para a performance que acabaria com uma rosa sendo entregue à
menina dos olhos de Oyá, agora Doutora Maricotinha, no prédio da Reitoria da
Universidade Federal da Bahia (Ufba), no fim da tarde desta sexta-feira (9). Em
seguida, aplausos que duraram cerca de três minutos. “Este é o aplauso mais
caloroso e mais inesperado da minha vida”, discursou a cantora Maria Bethânia
após ser diplomada Doutora Honoris Causa pelo reitor João Carlos Salles.
A condecoração, que é concedida às personalidades que contribuíram para
o desenvolvimento das diversas áreas do conhecimento, foi solicitada pelos
representantes da Escola de Arquitetura e acatada com unanimidade no Conselho
Universitário (Consuni) pelas Escolas de Belas Artes, Teatro, Dança e Música da
universidade. A premiação chega no aniversário de 70 anos da instituição, mesma
idade de Bethânia, e na véspera dos 50 anos do movimento tropicalista.
Como uma das requerentes, a professora de Arquitetura Griselda Kluppel,
justificou que a “arquitetura é onde se desenvolve a vida humana, na qual a
música se faz e se desfaz. Música e arquitetura dialogam com o seu tempo e vão
além dele”, disse. O reitor acrescentou que Bethânia atravessa as disciplinas,
“ela reinventa a ligação íntima entre a música e a poesia. Por isso mesmo, esse
título poderia ter sido dado ainda pelas Escolas de Letras e Filosofia”,
completou.
Nos discursos, os professores relembraram os feitos da intérprete e
exaltaram suas distintas formas de expressão, como a plasticidade e a
dramaticidade, além do seu papel educativo na difusão da literatura poética.
“Bethânia fez o Brasil ser apresentado ao Brasil, recuperando suas raízes, a
religiosidade, a legitimidade do povo negro e a cultura do interior”, afirmou
Meran Vargens, professora da Escola de Teatro. “Ela também coleciona feitos
como ter sido a primeira mulher a alcançar um milhão de discos vendidos com o
álbum Álibi”.
Foto: Almiro Lopes/CORREIO |
Familiares da cantora, como os irmãos Rodrigo, Clara e Mabel Veloso,
acompanharam a cerimônia - o irmão Caetano foi condecorado em 1998, em cima de
um trio elétrico, como símbolo de quebra das fronteiras da academia com a
sociedade. Gilberto Gil foi homenageado em 2005. A Ufba concedeu 125 títulos à
personalidades desde 1948. Também estiveram presentes o poeta José Carlos
Capinam, a cantora Margareth Menezes e o compositor Tuzé de Abreu.
O diretor e dramaturgo Gil Vicente Tavares, relembrou ainda a
importância do reitor Edgard Santos, um dos fundadores da Ufba, na promoção da
cultura. “O grande mérito dele foi que ele revolucionou não apenas nossa
província, mas o país inteiro, e Bethânia é fruto desse caldeirão. Essa
homenagem é um ciclo, é ela retornando a esse espaço. Além disso, para a Ufba,
isso é importante porque demonstra sensibilidade e acolhe a comunidade”,
avaliou.
Comovida, a cantora agradeceu o carinho. “Recebo isto com humildade e
emoção. Minha voz hoje soa como agradecimento. Deus colocou em meu caminho a
missão de fazer chegar nas pessoas as palavras, os pensamentos e a poesia”,
finalizando com um trecho da canção Yá Yá Massemba, de Roberto Mendes e
Capinam. “Vou aprender a ler para ensinar os meus camaradas”, entoou.
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No evento apenas “como fã da cantora”, a secretária de Políticas
Públicas para as Mulheres, Olívia Santana, disse que a admira como entidade.
“Ela é mais que uma artista, é forte, se impõe e nos inspira a seguir”,
exaltou.
A professora de filosofia Marina Gonzalez chegou, na quinta-feira (7),
do Uruguai especialmente para participar do momento. “Ela é um ícone, o título
é merecidíssimo. O que me comove nela é a humildade e a personalidade”, disse.
Para o doutorando em Teatro, Rafael Almeida, 29, o “prêmio vem como um
reconhecimento dessa estrada de 50 anos de carreira muito bem percorridos”.
Foto: Vagner Souza |
Foto: Vagner Souza |
A cantora recebeu o título no Palácio da Reitoria
da Universidade Federal da Bahia
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