". . .
Sempre
tive muita fé na vida
Esperei sempre ser feliz
Meu pai e minha mãe ali juntinhos
Derramando carinho sobre nós…
Só me tornei triste e amarga
quando descobri
que a felicidade
não é hereditária"
. . ."Esperei sempre ser feliz
Meu pai e minha mãe ali juntinhos
Derramando carinho sobre nós…
Só me tornei triste e amarga
quando descobri
que a felicidade
não é hereditária"
[DNA, Mabel Velloso, do livro Poemas Grisalhos, 1997]
"... Mabel foi meu primeiro modelo de projeto. Reler
seus poemas me leva não apenas a reconhecer cada pedaço de arquitetura e
urbanismo oucada minúcia geográfica: também me põe diante dos processos
sentimentais que exigem a criação dos mesmos. Por essa razão,"DNA” (com
adesão significativa à forma inglesa da sigla - que venceu a portuguesa ADN,
que foi como ainda aprendi - por parte de uma professora que atuou nos anos 50,
60 e 70) é o poema central para mim.
Ela o dedica a seus irmãos. Não posso imaginar
que um de nós o leia sem chorar. ..."
Caetano Veloso
SE EU TIVESSE UMA CASA
Poema: Mabel Velloso
Música: Paulo Costta
© 2013
Poema: Mabel Velloso
Música: Paulo Costta
© 2013
Se eu tivesse uma casa
Onde pudesse cantar
E onde andasse correndo
Onde pudesse sonhar
Se eu tivesse uma casa
De porta e janela aberta
Pra receber os amigos
Sem dia nem hora certa
Se eu tivesse uma casa
Aonde eu fosse rainha
Quebraria essas correntes
Pra ter uma vida minha
Se eu tivesse uma casa
Sem trancas e sem portão
Ah! Se eu tivesse uma casa
Igual ao meu coração
Participação Especial: CAETANO VELOSO
Álbum “Meu Recôncavo - Samba & Poesia”
Álbum “Meu Recôncavo - Samba & Poesia”
Paulo Costta canta Mabel
Velloso
Sony Music CD 88875091662, Track 10.
A TARDE
Sony Music CD 88875091662, Track 10.
2019 - PAULO COSTTA
Participação Especial: CAETANO VELOSO
Álbum “Meu Recôncavo - Samba & Poesia”
Álbum “Meu Recôncavo - Samba & Poesia”
Paulo Costta canta Mabel Velloso
Biscoito Fino CD, Track 10.
Biscoito Fino CD, Track 10.
2019 – PAULO COSTA E MORENO VELOSO
Álbum “Meu
Recôncavo – Paulo Costta e Moreno Veloso ao vivo - cantam Mabel Velloso”
Gravado no Teatro SESI
CENTRO (RJ) em 15 de dezembro de 2016
Biscoito Fino DVD, Track 12.
A TARDE
Entretenimento
Cultura
Quinta-feira, 17/12/2015
Paulo Costta reúne família
Velloso em disco
Daniel Oliveira
No
cair da noite de Santo Amaro da Purificação, em 16 de novembro de 2009, o violonista
baiano Paulo Costta, radicado na França, recebeu uma proposta de sua professora
da época do jardim de infância, Mabel Velloso: transformar os poemas dela em
música e gravar um disco. A ocasião era o aniversário de 102 anos e 2 meses de
Dona Canô, mãe de Mabel, de Caetano Veloso e Maria Bethânia.
Quase
seis anos depois, Meu Recôncavo - Samba & Poesia ficou pronto.
Lançado pela Sony Music no segundo semestre de 2015, o álbum traz 14
poemas de Mabel musicados por Paulo e dois declamados por Bethânia.
"Nunca pensei
em escrever nada para virar música. Acho que o músico da família para compor é
Caetano. Mas depois de um tempo, percebi que a poesia quando sobe na pauta fica
mais bonita, por isso falei com Paulo", diz Mabel.
Entre
os convidados do álbum, Moreno Veloso - também produtor -, em Anoitecendo,
Caetano, que empresta sua voz para Se Eu Tivesse Uma Casa, Belô Velloso, em Meu
Recôncavo, e Jota Veloso, em Estações da Vida. O violoncelista Jaques
Morelenbaum também participa nessa última faixa, além de em Pra Te Agradar.
Do rio Garona ao Subaé
Tudo
começou quando Paulo estava em sua casa, na cidade de Toulouse, sul da França,
assistindo pela internet ao programa Provocações, da TV Cultura. O
apresentador, Antônio Abujamra, declamou o poema Circo, de Mabel, e aquele
momento fez o músico visitar as suas memórias da infância em Santo Amaro e da
professora. Ou melhor, a sua primeira amiga adulta, fora os pais e outros
familiares.
"Sempre fui
muito introspectivo, sonhador, e percebia que Mabel entendia isso. Por causa
dela comecei a ler os primeiros livros de Monteiro Lobato. Ela sempre me deu
força na escrita. Nós tínhamos uma empatia muito grande. Ela me fez ver a
pessoa sensível que eu sou. E me veio tudo isso", conta Paulo.
A
partir dessas lembranças, o violonista, que ganhou de um jornal francês a
alcunha de embaixador da bossa nova, decidiu musicar o poema da escritora.
Arquitetou a harmonia e a melodia de Circo, gravou e enviou para Mabel em um
registro caseiro, com um desenho. "Ela
ficou emocionada e eu fiquei entusiasmado e fiz mais uma". Foi o poema
Anoitecendo, que, nas palavras de Paulo, "é
uma aquarela de Santo Amaro".
Em
2009, ao desembarcar em Salvador para um show no Espaço Cultural da
Barroquinha, nas comemorações do ano da França no Brasil, ele foi convidado por
Mabel para ir ao aniversário de Dona Canô. Lá, sob as bençãos da matriarca da
família Velloso, junto com a proposta do álbum, Paulo recebeu quase 400 poemas
das mãos da escritora.
"Percebi que a
obra de Mabel possui uma beleza chapliniana. Aquela coisa do palhaço,
divertido, mas que também é triste. Os poemas são simples, não no sentido de
pobre, é uma coisa bela. Aquela coisa quase que inocente".
Depois
de fazer a seleção dos quatorze, Paulo começou a criação das músicas. O
movimento foi deixar de lado a exclusividade da bossa nova, que caracteriza as
suas apresentações na França, e retomar uma aproximação com as vertentes
musicais que marcaram a sua vivência no Recôncavo, como samba de roda, baião,
samba amarrado, xote, toada, valsa e maxixe.
"Pensei
em fazer uma coisa que tivesse os sons que ouvia na época, o meu universo
musical, o que ouvia no rádio quando vivia em Santo Amaro. Por isso tem uns
três ou quatro sambas de roda, mas também tem esses outros ritmos, quis diversificar
para também não ficar algo repetitivo".
O
resultado agradou a autora. Segundo ela, os poemas ganharam força quando se
tornaram música. "Eles cresceram,
ficaram mais bonitos. E Paulo foi colocando diferentes ritmos em cada um,
parecendo com a vida, que sempre vai mudando", afirma Mabel.
Dona Canô Velloso, Paulo Costta e Mabel Velloso |
Não posso ler os poemas de Mabel
como quem abre o livro
e os encontra. Já me dirijo à
idéia da existência do livro com
o coração comprometido. Reconheço
cada núcleo de conteú-
do, cada esboço de gesto de
sentimento. Sou irmão. E irmão
que era menino quando ela já
estaba virando mulher. Mabel
foi, entre todos os meus irmãos,
quem mais me influenciou
inteletualmente em minha meninice.
Eu me sentía parecido
com ela. Morenos escuros ou
mulatos de cabelo mole, ela e
eu éramos como que genéticamente
mais próximos de meu
pai. E ela teve sempre a
excitação mental que a levava para
as letras e para ambições
teóricas. Nicinha era música e medi-
tação: me fascinava com sua
sabedoria não estudada. Rodrigo
era visualidade e discrição: me
levava a desenhar e a aceitar o
inexplicável. Mabel quería
aprender a ensinar: reunia os temas
dos outros mestres num projeto
lúcido. Eu era mais ela. Clara
e Roberto só vieram a me
influenciar mais tarde: ele na ado-
lescência, ela na juventude.
Bethânia e Irene, claro, por ser
mais novas do que eu, também
passaram a influenciar.
Mabel foi meu primeiro modelo de
projeto. Reler seus poemas
me leva não apenas a reconhecer
cada pedaço de arquitetura e
urbanismo ou cada minúcia
geográfica: também me põe diante
dos processos sentimentais que
exigem a criação dos mesmos.
Por essa razão,"DNA” (com
adesão significativa à forma inglesa
da sigla - que venceu a portuguesa
ADN, que foi como ainda
aprendi - por parte de uma
professora que atuou nos anos 50, 60
e 70) é o poema central para mim.
Ela o dedica a seus irmãos. Não
posso imaginar que um de nós
o leia sem chorar. Mas o pranto provocado
em nós por esse poema
não
nubla (...). Tudo
o que sei comecei a aprender com Mabel.
VELLOSO, Mabel. Poemas grisalhos. Capa por
Humberto Vellame. Fotos da capa: Igreja de Nossa Senhora da Purificação por
Marta Viana, Nossa Senhora da Purificação por Filomena Pereira, Album de
Família por Mabel Velloso. Prefácio por Dona Canô Veloso. Salvador: Casa de
Palavras, 1997. 96 p., il. ISBN 85-7278-027-0.
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