SÃO PAULO (Reuters) - Um dia depois da chegada às lojas de "Cê", o novo álbum de Caetano Veloso, o músico baiano se apresentou ao lado de seu filho Moreno, na noite de quarta-feira em São Paulo, em um show exclusivo para convidados em comemoração aos 60 anos do Sesc.
Apesar de Moreno assinar a produção de "Cê", o espetáculo ficou muito longe de um show típico de lançamento de CD. A sonoridade quase roqueira de "Cê" deu lugar à doçura das duas vozes familiarmente distintas, além de dois violões e um parcimonioso pandeiro.
Ademais, as composições inéditas do álbum foram esquecidas para dar espaço a músicas bem mais conhecidas do repertório da dupla.
O show começou com a canção norte-americana "Be Kind to Your Parents", algo como "seja gentil com seus pais". A partir daí, a viagem pelo universo familiar dos músicos se acentuou.
Os dois cantaram "Minha Mulher", música composta pelo pai (Caetano) para a mãe (Dedé Gadelha) e que faz parte do disco "Jóia", lançado em 1975. Durante muitos anos, a capa do LP foi censurada por trazer um desenho de Caetano, Dedé e Moreno (com dois anos de idade) nus.
O afeto e a admiração mútuos pontuaram toda fala e canções do show. "Ele me ajudou muito a viver, e ajuda até hoje", disse Caetano sobre seu primogênito.
Pai e filho revezaram e dividiram o microfone em um harmônico passeio sonoro, que incluiu as canções "Coração Vagabundo", "Cores Vivas", "Genipapo Absoluto", "Sete Mil Vezes", "Tempestades Solares", "A Tua Presença Morena", "How Beautiful Could a Being Be", entre outras.
Como em um álbum de família, foram retratadas a música que deu inspiração ao nome Moreno, a primeira canção ensinada pelo pai ao filho e a primeira parceria aos nove anos de idade -- "ou teria sido aos oito?", perguntou Caetano. "Os filhos são sempre mais velhos do que a gente quer".
TIO GIL NA PLATÉIA
Concebido e dirigido por Carlos Rennó, o show deu início à série "Pais e Filhos", da Temporada Sesc de Artes, no Sesc Pinheiros.
A apresentação cumpriu o objetivo da série, reunindo pai e filho no palco "para fazer o que já fizeram ou pensaram em fazer na sala de casa", segundo os organizadores.
Na platéia, contudo, os menos familiarizados com os Veloso queixaram-se do repertório do show, enquanto os mais próximos se emocionaram. Entre estes estavam o ministro da Cultura, Gilberto Gil, a sua mulher, Flora.
Gil estava ali como representante do governo federal, mas também como amigo de Caetano, tio de Moreno e compositor de algumas das canções escolhidas.
Apesar da solicitação da platéia, Gil não subiu ao palco para cantar e restringiu sua participação a um breve discurso no início evento.
"O Gil está feliz ali", disse Moreno. E Caetano arrematou: "O Gil é ministro por enquanto."
Nesta quinta-feira, o espetáculo será reprisado para as pessoas que conseguiram comprar os cerca de 1.000 ingressos colocados à venda na sexta-feira -- e esgotados em meia hora.
Caetano e Moreno inauguram projeto "Pais e Filhos"
SÃO PAULO - A máxima 'tal pai, tal filho' não se aplica no caso de Caetano e o filho, Moreno Veloso. Ok, os dois são músicos, mas cada qual construiu trajetórias muito particulares. Caetano é uma peça importante na história da MPB enquanto Moreno tem formação consistente em projetos como Orquestra Imperial e Domenico + 2. No entanto, por mais que os dois façam questão de manter identidades próprias, difícil falar que não há pelo menos um pouco de influência de um para outro e de outro para um. "Desde que ele era menino, a gente canta 'Noche de Ronda' juntos", conta Caetano. E foi batata: a canção entrou no repertório do show inédito que apresentam nesta quinta-feira, no Sesc Pinheiros, estreando a série "Pais e Filhos".
Outra música, "Só Vendo Que Beleza" (Henricão e Rubens Campos), também é especial. "Foi a primeira música que ensinei para Moreno. Ele a gravou comigo no primeiro disco do Domenico + 2. São coisas que já fazem parte da nossa vida."
O repertório afetivo da dupla inclui canções de Caetano, como "Genipapo Absoluto", e de Moreno, como "How Beautiful Could a Being Be". E como o paizão previa, entraram músicas de Gil. "Moreno não se interessa muito em tirar minhas canções, que são simples. Desde menino, queria tirar as do Gil, com os mesmos toques de violão. E ele faz isso."
Concebido e dirigido por Carlos Rennó, o show deu início à série "Pais e Filhos", da Temporada Sesc de Artes, no Sesc Pinheiros.
A apresentação cumpriu o objetivo da série, reunindo pai e filho no palco "para fazer o que já fizeram ou pensaram em fazer na sala de casa", segundo os organizadores.
Na platéia, contudo, os menos familiarizados com os Veloso queixaram-se do repertório do show, enquanto os mais próximos se emocionaram. Entre estes estavam o ministro da Cultura, Gilberto Gil, a sua mulher, Flora.
Gil estava ali como representante do governo federal, mas também como amigo de Caetano, tio de Moreno e compositor de algumas das canções escolhidas.
Apesar da solicitação da platéia, Gil não subiu ao palco para cantar e restringiu sua participação a um breve discurso no início evento.
"O Gil está feliz ali", disse Moreno. E Caetano arrematou: "O Gil é ministro por enquanto."
Nesta quinta-feira, o espetáculo será reprisado para as pessoas que conseguiram comprar os cerca de 1.000 ingressos colocados à venda na sexta-feira -- e esgotados em meia hora.
14 de setembro de 2006
Caetano e Moreno inauguram projeto "Pais e Filhos"
Pai e filho apresentam show inédito nesta
quinta-feira, no Sesc Pinheiros; "Só Vendo Que Beleza", primeira
música que Caetano ensinou para Moreno, integra o repertório
SÃO PAULO - A máxima 'tal pai, tal filho' não se aplica no caso de Caetano e o filho, Moreno Veloso. Ok, os dois são músicos, mas cada qual construiu trajetórias muito particulares. Caetano é uma peça importante na história da MPB enquanto Moreno tem formação consistente em projetos como Orquestra Imperial e Domenico + 2. No entanto, por mais que os dois façam questão de manter identidades próprias, difícil falar que não há pelo menos um pouco de influência de um para outro e de outro para um. "Desde que ele era menino, a gente canta 'Noche de Ronda' juntos", conta Caetano. E foi batata: a canção entrou no repertório do show inédito que apresentam nesta quinta-feira, no Sesc Pinheiros, estreando a série "Pais e Filhos".
Outra música, "Só Vendo Que Beleza" (Henricão e Rubens Campos), também é especial. "Foi a primeira música que ensinei para Moreno. Ele a gravou comigo no primeiro disco do Domenico + 2. São coisas que já fazem parte da nossa vida."
O repertório afetivo da dupla inclui canções de Caetano, como "Genipapo Absoluto", e de Moreno, como "How Beautiful Could a Being Be". E como o paizão previa, entraram músicas de Gil. "Moreno não se interessa muito em tirar minhas canções, que são simples. Desde menino, queria tirar as do Gil, com os mesmos toques de violão. E ele faz isso."