● CICLO (Caetano Veloso/Néstor de
Oliveira)
Agosto de 2013
Via Jorge Portugal (Facebook)
A TARDE
PROFESSOR NESTOR
Essa história Mabel Velloso contou aos meus 14 anos:
Caetano, ainda adolescente, estudava no Ginásio Teodoro Sampaio quando, um dia,
o professor de Português recitou, com belíssima voz de poeta, um poema de sua
autoria intitulado Ciclo. O garoto,atento, copiou o texto, levou-o pra casa,
sentou-se ao piano e desenhou uma melodia para os versos. Nascia ali a primeira
composição do futuro gênio da MPB. Nome do professor: Nestor Oliveira.
Mas não foi apenas Caetano Veloso que ele inspirou. Na
verdade, Professor Nestor Oliveira foi farol de umas duas gerações e de uma
cidade inteira. Até hoje, se você, leitor(a), conversar com algum santamarense
de prosa cativante, concordância e regência impecáveis, conhecimento literário
acima da média, e lhe perguntar em que instituto de letras estudou, receberá a
pronta resposta: eu fui aluno(a) de professor Nestor!
Nestor era Poeta e levava vida de poeta. Boêmio de tempo
integral, amante-devoto das mulheres, total descompromisso com as estúpidas
burocracias que empobrecem a vida, por insistência dos amigos, candidatou-se a
vereador em idos dos 1970 e obteve votação exponencial. Tornou-se presidente da
Câmara e eventual substituto do prefeito, vez que naquele tempo não havia
vice-prefeito. Genebaldo Correia, chefe do executivo, teve que ausentar-se por
três semanas de Santo Amaro e passou o cargo a Nestor. O professor-poeta não
pensou duas vezes e perpetrou sua grande obra como prefeito: mandou fazer um
calçamento “de primeira” em toda a zona do meretrício da cidade! A ingratidão,
com certeza, não estava entre seus possíveis defeitos.
Intelectual de proa, poeta dos maiores – parceiro e amigo de
Édio Souza, Clóvis Amorim, Godofredo Filho e Jorge Amado – Nestor faria 100
anos neste 2013. A cidade, que deveria instituir “O Ano Nestor Oliveira”, ainda
não lhe fez uma devida homenagem. Nem a Câmara, nem a Prefeitura. Lamento e
espero. Infeliz não é o povo que precisa de heróis; mas o que os têm em
abundância e não os valoriza.
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