jueves, 21 de mayo de 2015

1983 - PARCEIROS - Néstor de Oliveira

Néstor da Costa Oliveira, poeta santamarense (10/6/1913 - 23/6/1979)




 

● CICLO (Caetano Veloso/Néstor de Oliveira)





Agosto de 2013
Via Jorge Portugal (Facebook)

A TARDE

PROFESSOR NESTOR


Essa história Mabel Velloso contou aos meus 14 anos: Caetano, ainda adolescente, estudava no Ginásio Teodoro Sampaio quando, um dia, o professor de Português recitou, com belíssima voz de poeta, um poema de sua autoria intitulado Ciclo. O garoto,atento, copiou o texto, levou-o pra casa, sentou-se ao piano e desenhou uma melodia para os versos. Nascia ali a primeira composição do futuro gênio da MPB. Nome do professor: Nestor Oliveira.


Mas não foi apenas Caetano Veloso que ele inspirou. Na verdade, Professor Nestor Oliveira foi farol de umas duas gerações e de uma cidade inteira. Até hoje, se você, leitor(a), conversar com algum santamarense de prosa cativante, concordância e regência impecáveis, conhecimento literário acima da média, e lhe perguntar em que instituto de letras estudou, receberá a pronta resposta: eu fui aluno(a) de professor Nestor!

Nestor era Poeta e levava vida de poeta. Boêmio de tempo integral, amante-devoto das mulheres, total descompromisso com as estúpidas burocracias que empobrecem a vida, por insistência dos amigos, candidatou-se a vereador em idos dos 1970 e obteve votação exponencial. Tornou-se presidente da Câmara e eventual substituto do prefeito, vez que naquele tempo não havia vice-prefeito. Genebaldo Correia, chefe do executivo, teve que ausentar-se por três semanas de Santo Amaro e passou o cargo a Nestor. O professor-poeta não pensou duas vezes e perpetrou sua grande obra como prefeito: mandou fazer um calçamento “de primeira” em toda a zona do meretrício da cidade! A ingratidão, com certeza, não estava entre seus possíveis defeitos.

Intelectual de proa, poeta dos maiores – parceiro e amigo de Édio Souza, Clóvis Amorim, Godofredo Filho e Jorge Amado – Nestor faria 100 anos neste 2013. A cidade, que deveria instituir “O Ano Nestor Oliveira”, ainda não lhe fez uma devida homenagem. Nem a Câmara, nem a Prefeitura. Lamento e espero. Infeliz não é o povo que precisa de heróis; mas o que os têm em abundância e não os valoriza.


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