Show estrenado en noviembre de 1978, en Rio de Janeiro en el Teatro Tereza Rachel y en diciembre en el Teatro Pixinguinha en San Pablo.
A OUTRA BANDA DA TERRA
Teclados: Tomás Improta
Bajo: Arnaldo Brandão
Batería: Vinicius Cantuária
Percusión: Eduardo [Bolão] Gonçalves
Foto: Lewy Moraes / Folhapress
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Foto: Lewy Moraes / Folhapress
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1978
Revista Manchete
Rio
de Janeiro - 16 de dezembro de 1978
n°
1.391
1 9 7 9
DIÁRIO DE SÃO PAULO
Sábado,
16 de dezembro de 1978.
Não quero ser usado
pela canalha
Entrevista: Jorge Alfredo
Caetano Veloso – Que queres saber
de mim?
Jorge Alfredo – Se você fosse
entrevistar Caetano Veloso, o que é que você perguntaria pra ele?
Caetano Veloso – Ah, eu, às
vezes, pergunto, né? (pausa) mas não encontro resposta. (risos) Eu me faço
muitas perguntas sem respostas; esse é que é o grilo…
Jorge Alfredo – Vem cá, Caetano,
você me falou outro dia lá no Rio, uma coisa sobre a tecnologia dentro da
música, você se lembra? Serginho Dias ia tocar com você nesse show…
Caetano Veloso – É. Ele ensaiou
até a véspera da estréia.
Jorge Alfredo – Serginho queria
fazer ensaios com tudo já em cima… você me falou um
troço que ficou na minha cabeça. Você disse; O meio…
Caetano Veloso – “O meio é a
mensagem”, a frase de Macluhan, eu falei “O meio é a
mensagem”, mesmo. O negócio é o seguinte; é que o Serginho, ele é um grande instrumentista
e um grande musicista, e de São Paulo, e o irmão dele é um grande técnico
de eletrônica ligado à eletrônica de música e tudo isso de alto nível.
Desde
que ele era menininho, no tempo dos Mutantes, que ele faz um teclado de alto
nível profissional; tipo já quase igual aos Beatles, quase igual ao que se
faz
no mundo desenvolvido. E sempre acompanhado por aqueles aparelhos, com aquela
convivência natural com tudo aquilo… então ele foi ensaiar com a gente, e disse;
– “Puxa, como é que vocês ensaiam com esses amplificadores mixos? Poxa, Caetano,
você devia exigir da Phonogram uns equipamentos. Lá fora, nêgo quando ensaia,
já é aquele som muito melhor do que o que você usa no show no Brasil”. E eu
acho bacana, que é um problema de desenvolvimento tecnológico, da gente se habituar
com a transa eletrônica, Ter madurecimento… O Brasil demonstra esse desejo.
A música popular demonstra esse desejo. Então tem que ser cumprido, não tem
que fracassar, né? Porque como disse Glauber Rocha; “O problema é o fracasso.”
Deus nos livre e guarde! Nada de fracassar. Tem que dar certo. Ao mesmo
tempo, o que eu estava dizendo naquela hora pra você, era que para o som que
a gente estava transando, que estava a fim de fazer, isso mudaria tudo; muda o
seu jeito de se expressar. É uma coisa complexa pra cabeça da gente. Um exemplo
claro; a apresentação de Taj Mahal no Festival de Jazz.
Ele
é americano, eu conheço um long-play dele gravado ao vivo com uma orquestra de
bombardinos e tubas, que é uma sofisticação de produção incrível; um som profissional,
maravilhoso! E no entanto ele vem fazendo discos, ultimamente, como
se ele fosse de uma favela da Jamaica ou morasse em Lagos, na Nigéria. E não
é folclore, não. É uma busca! É mais… aquilo é mais do que George Duke, entendeu?
Eu adorei George Duke, mas aquela coisa é mais do que George Duke. O principal
que eu estou fazendo agora mesmo é estar tocando com a banda. Você veja;
a imprensa que está sendo muito legal com meu show, na verdade, não chegou no
ponto… ninguém fala como é o som; parece que não tem gente tocando comigo. O único
que falou foi Tárik de Souza, pra dizer que o piano do Tomaz não tem nada a
ver com meu canto, que não deveria ter Tomaz, que o Tomaz faz firulas desnecessárias.
O que eu acho um absurdo! Por que eu nunca toquei com um pianista
que tocasse tão junto comigo; a gente faz pausas sem combinar, toca ad libitum
juntos… Eu acho Tárik de Souza burro. O único que falou da banda, falou essa
burrice. E os outros não falam; é como se não existisse a banda. E pra mim, o
som que a gente está criando é o mais importante de tudo. Como isso é o mais
importante
pra mim, então essa questão dos meios utilizados e da maturidade de cada
um de nós e de nós todos em conjunto pra utilizar esses meios, é de
fundamental
importância. Querer, de repente, um aparato que a gente não está
nele,
não está à altura dele, vai ser uma coisa que não tem nada a ver, entendeu? Vai
descaracterizar aquilo que a gente quer conseguir. Eu não sou contra o
desenvolvimento tecnológico, eu não quero que fracasse, mas a qualidade
fundamental artística de uma coisa não depende disso. Por isso que eu citei o exemplo
de Tal Mahal. E indo mais longe, uma coisa que eu tava querendo contar pro
Serginho; eu ouvi falar que nos Estados Unidos, eles estão pensando em voltar a
gravar com um microfone só, e um canal só, e direto no micro-sulco, por que
descobriram que gravando tudo separado não se está conseguindo aquele som
unitário, aquele som desejado… eles querem voltar a fazer isso de uma maneira
melhor do que se fazia. Eu me identifico com essa super vanguarda dos Estados Unidos
que fala isso. E no Taj Mahal eu vejo isso.
Foto: Mário Luiz Thompson |
Jorge Alfredo – Você busca nas
apresentações ou nas gravações, fazer com que sua música
chegue ao público da forma mais natural possível, sem muita interferência tecnológica.
Ë isso? O som da música chegando com essa interferência, através desse
aparato tecnológico, você acha que bole pra pior?
Caetano Veloso – Não bole pra
pior. Não é isso. Leminski falou uma coisa
perfeita
da Rita Lee. Ele disse assim; “Ela é o nosso rock’n’roll dream true”.
(nosso
sonho realizado de rock’n’roll ) E é mesmo! Quando você vê um show de
Rita Lee, tem um som do show
dos Rolling Stones, bicho, um som do Led Zeppelin, a luz do show do Led Zeppelin. Em São Paulo, que é
uma cidade cosmopolita, as pessoas
aceitam isso, isso é de acordo com a cabeça das pessoas. Mas, no Rio, pra
cima, a aceitação demorou por muitas outras razões, mas também por isso; eu mesmo,
vendo o show da Rita Lee, no Rio, tinha a impressão que tava vendo um filme.
Uma coisa que não ia falhar, que não dependia de mim, que eu não precisava
aplaudir, entendeu? A platéia não aplaude, já acha que aquilo está pronto
demais. Por que brasileiro é pobre.
Jorge Alfredo – Eu queria que
você falasse sobre duas músicas; Vapor Barato
(Macalé
e Waly Salomão) e O Vampiro (Jorge Mautner) que estão no repertório
desse
show.
Caetano Veloso – Vapor Barato,
muita gente sabe, é uma canção que fez sucesso há alguns
anos. O Vampiro é uma canção que muita gente pensa que é inédita, que é nova,
e depois eu informo que é antiga. Não foi pensado, mas resulta como um comentário
a respeito assim do tempo, transação de arte com o tempo, de música com
o tempo, tem um certo comentário ali, implícito. Balança um pouco a cabeça das pessoas em relação a isso.
Jorge Alfredo – No show, isso é
muito forte.
Caetano Veloso – É, a gente sente
que é forte. Eu mesmo não sabia direito quando escolhi
as canções, mas eu vejo que tem essa força também. O Vapor Barato, eu tinha
consciência. O Vampiro, eu queria cantar uma música de Mautner, fiquei escolhendo
entre outras coisas que ele tinha gravado, mas eu disse; Não, eu vou cantar
O Vampiro por que foi a primeira que me impressionou e por que Mautner é uma
pessoa que é o tipo do acontecimento, quer dizer, ele fez, escreveu, disse, pensou,
e sentiu coisas, numa época bastante anterior aquela que essas coisas vieram
ser sentidas, pensadas, escritas e ditas por muitas outras pessoas. Então eu
acho um exemplo maravilhoso cantar essa música de Mautner que é de 1959.
Jorge Alfredo – Tem uma ligação
com Londres, não é?
Caetano Veloso – É, eu ouvi em
Londres. Jorge fez "O Vampiro" antes do
tropicalismo.
E o Tropicalismo estava cheio desses temas que o Jorge tinha
abordado
e a gente não conhecia a transa dele; então é maravilhoso! E também fez a
gente pensar muito em como na verdade são questões de aproximação maior ou menor
em determinadas épocas, talvez assim de uma possibilidade de viver mais intensamente
ou ter uma qualidade de vida. Pelo menos ter uma colocação de uma exigência
de melhor qualidade de via, enquanto que isso é uma coisa que vem sempre,
vai, volta, acontece, desacontece, volta a acontecer, mas são temas que ficam
aí. O que não se pensa realmente é que não haja só progresso, quer dizer, as
pessoas não crêem que o movimento das coisas seja assim meio disforme, não linear
e pra frente, num sentido, com uma finalidade. Isso é difícil, as pessoas pensam
que o que veio depois é posterior, realmente ao que veio antes, quer dizer,
superou o que veio antes necessariamente, enfim, está na frente, foi à frente
daquilo, quando não… não necessariamente. Quando você vê Jorge Mautner ter
feito coisas assim antes do Tropicalismo, ou mesmo lendo os livros dele que são
bastante anteriores ao Tropicalismo, (ele ontem me deu esse exemplar do "Vigarista
Jorge", que foi o terceiro livro que ele escreveu , que saiu em 1965 e
que tem, não só um livro, como também na orelha do livro, escrito pelo editor e
no prefácio escrito pelo Mário Schemberg, tem uma coisa que só no tropicalismo a
gente se tornou capaz de entender). Acho que o Cinema Novo tocou também essas coisas,
Glauber Rocha principalmente. A escolha dessas músicas tem a ver com
isso.
Tem uma vontade ali pedagógica, que eu tenho uma cabeça um pouco
professoral,
eu mesmo sem querer, não estou pensando nada, quando eu vou ver, o que
eu estou fazendo está a fim de ensinar algumas coisas, lembrar, mostrar, demonstrar,
esclarecer.
Jorge Alfredo – No show, você
fala que agora quer botar pra quebrar com o
pessoal
da imprensa, “não quero ser usado pela canalha!”…
Caetano Veloso – Não quero mesmo.
Não é a imprensa. Eu falei ontem no show mais ou
menos claro; é que existe um problema de se querer orientar essa força, que é a
música popular no Brasil, e que tem um grupo, pretensamente de esquerda, ou talvez
mesmo de direita, mas enfim, um grupo que chama a si mesmo de Esquerda e é
chamado pelos os outros de Esquerda, que domina o serviço dos jornais e das revistas.
Serviço é o que? Essas páginas das estrelinhas, o que faz Tárik de Souza,
José Ramos Tinhorão, Maria Helena Dutra, Maurício Krubrusley, eles escrevem
pra dizer o que é que você deve comprar, que show você deve ir, que show
você não deve ir. Porque ninguém pode ir a todos, né? Então tem que ter um sujeito
que ganha pra isso, então tem aquela página que se chama SERVIÇO. Então essa
área de serviço para a burguesia, que vai aos espetáculos, é dominada por esse
tipo de Esquerda medíocre e de baixo nível cultural e repressora, que pretende
orientar a Música Popular. É isso que eu disse que quero acabar, pretendo
acabar e sempre atrapalharei. Sou disso! Fui desde que comecei a trabalhar.
E se eles não se tornarem uma União Soviética e mandarem me matar, não
conseguirão jamais nada comigo, a não ser que eles ganhem os tanques. Se eles
tiverem os tanques nas ruas, nas mãos deles, aí eles poderão me impedir em alguma
coisa. Fora isso é impossível.
Jorge Alfredo – E é o mesmo
pessoal que usou você, usou Glauber como estandartes de
um pensamento e de uma arte revolucionária; a coisa quente da época.
Caetano Veloso – Pois é. Mas a
mim eles só usaram quando eu não estava presente pra
impedir. Foi quando eu estava em Londres. Exatamente! Não teve um dia antes nem
um dia depois; um dia antes de eu sair de Londres, eu ainda era o inimigo, no
dia seguinte ao dia que eu voltei de Londres, eu voltei a ser o inimigo.
Então
eles só me usaram enquanto eu não estava aqui para impedir, por que o que eu
quero é impedir de ser usado por essa canalha! A visão que eu tenho é a
seguinte; são as pessoas que obedecem a dois senhores; um é o dono da empresa,
o outro é o chefe do partido. Então eles escolhem o que o burguês deve assistir
segundo essas duas ordens. Então é uma gente que não pode falar do que faço
nunca. Nunca eles estão falando realmente do que eu faço. Vem uma ordem do
Roberto Marinho, ou do dono do Jornal do Brasil, ou do Mesquita e do outro lado
vem uma ordem da célula do partido, ou sei lá do que… a visão que eu tenho
deles, a caricatura que eu faço deles é essa. Então eles não são nada. É essa
canalha que eu digo que vou acabar, que a gente já acabou, já matou; são
defuntos que fingem que estão vivos. É isso! O Tárik é mais moço do que eu, é
um sujeito que eu acho legal, ele sempre foi honesto pessoalmente comigo, mas
ele está errado, eles estão errados, a função que eles estão exercendo está
errada, eles estão botando estrelinhas pra dizer que disco você deve comprar e
pensando que estão trabalhando pelo operariado, pela revolução. Que nada! São
botadores de estrelinhas pro serviço do Jornal do Brasil, da Veja, da Isto É,
da burguesia.
E isso eu não estou falando achando que é ruim, não. Por que isso é bom. Nos
Estados Unidos eles fazem isso, mas lá não é fracasso; lá deu certo, eles são
ricos mesmo, os burgueses não têm vergonha, os caras que dizem na Broadway onde
você deve ir ou não, sabem que estão escrevendo isso. Nenhum deles diz que é
comunista, que está salvando a humanidade. Eles sabem que estão fazendo um
serviço mesmo. Aqui eles também fazem isso fingindo que estão fazendo um
trabalho da Revolução Operária, e se acham no direito de esculhambar com a
gente, por que se acham numa causa nobre. Eles são empregados do dono do
jornal, por um lado, e obedecem às linhas partidárias, pelo outro. Eu não sou
nem uma coisa nem outra; sou um artista, senhor do universo, dono da minha
vida, das minhas ações; boto minha voz na nota que eu quero, na intensidade que
mais me apraz, pra emocionar as pessoas sensíveis. Essa é a diferença entre mim
e eles… (longo silêncio)
No
Brasil tem a impostação da Veja, da Isto É, do Jornal do Brasil, quer dizer;
uma neutralidade de quem sabe que é dono do jornal, que aquele é o tom do dono
do jornal, é uma fleuma de quem é o dono do jornal; uma linguagem completamente esquizofrênica.
Por isso é que ninguém entende os artigos que os imbecis escrevem que é uma
mistura de Roberto Marinho com Carlos Prestes.
Jorge Alfredo – Acontece muito
isso; o repertório do show é bom, os músicos também, o cantor está cantando
melhor do que nunca, agora o show é péssimo!
Realmente,
é muito estranho.
Caetano Veloso – Olha, o Tárik de
Souza escreveu um negócio que chama
“Rebobagem”
sobre o disco do Gil. Esses caras pensam que isso é impune e que
passa
despercebido; por que a imprensa passa rápido, um jornal no dia seguinte
não
vale nada (tem uma música maravilhosa, que não passa, que eu sei até hoje, chamada
“Jornal de Ontem”, que é fantástica) um jornal dura um dia, uma revista uma
semana, agora, os autores, as músicas e os problemas de criação não; isso fica
durante muito tempo. O Tárik escreveu que o Gil fez rebobagem, então aquilo
passou… o Nelsinho Mota reclamou e ele escreveu uma carta péssima para o
Nelsinho Mota se desculpando, dizendo que o título não foi ele quem botou. Se
não foi ele quem botou o título, porque assina? Por que obedece ao patrão. E
não faz outra coisa senão obedecer ao patrão. Ele devia ter vergonha de dizer
que não foi ele quem botou. Foi ele! Ele é isso! Ele é aquela palavra ali posta
sem que ele deixasse… Isso é o Tárik de Souza. Além de dizer que o Refavela era
Rebobagem, que era ruim, que Gil gostava de Geisel… a pessoa gosta de quem
quer, de quem consegue. E Geisel é um homem que realmente demonstrou uma
presença muito digna na história da política brasileira recente.
Realmente,
entendeu? É um homem que marcou a presença dele. O espírito do grande governante,
do bom governante, baixou nele em muitos momentos, ou existe nele.
Ele
participa desse lance. Ele não é o governante do baixo astral só. Tem o negócio
do bom governante ali. Os caras não sabem de nada! Gilberto Gil conhece o
Iching, ele é um homem culto, pensa essas coisas; quando ele olha pro Geisel e
diz essas coisas, é por isso. O Tárik disse assim; “o problema é que eles
fizeram maus discos. Principalmente Bicho, esse desencalhado e descolorido
disco de Caetano Veloso.”, que ele mesmo tinha elogiado mais do que o de Gil,
na Veja, duas semanas antes. Quer dizer, é uma coisa sórdida, parece que eles
recebem ordens do Henfil (risos), depois recebem ordens da condessa, dona do
Jornal do Brasil, não sei o nome da condessa dona do Jornal do Brasil, não sei
se é viva ou morta, só sei que alguém deve dar ordens. Por que não é possível
que alguém seja assim! E depois, BICHO não tem nada de descolorido; é o
long-play onde saiu Tigresa, Um Índio, Leãozinho, Odara… Desenxabido é aquele
russo. Tigresa, Um Índio, Leãozinho, Odara, eu quero ver o que se diz disso.
Quem é que lança um disco com músicas assim? Eu. Por que eu sou um criador
retado, da pesada! (muitos risos). A capa é branca e ele diz que é descolorido.
Mas tem um desenho meu na capa. Que além de tudo ainda sei desenhar com lápis
de cor! (mais risos).
Jorge Alfredo – Eu gostei muito
desse show <Muito> porque senti um troço novo no ar,
parece um grupo.
Caetano Veloso – Eu acho muito
espontâneo, original, é cru… agora mesmo, um menino que toca com o Ney
Matogrosso, me telefonou dizendo que gostou muito de mim,
do show, da reação do público, mas que a gente devia ensaiar mais a banda.
Eu
achei graça porque é uma exigência tecnicista, musicista como diria Tim Maia.
Jorge Alfredo – Eu pedi no
começo da entrevista pra você falar aquele lance do Serginho
porque durante o espetáculo de estréia eu e lembrei muito daquilo. Eu achei
o show lindo, jovem, parecia que tinha um conjunto novo ali em cima tocando.
Caetano Veloso – E é um conjunto
novo! É isso que ninguém sacou. Vai ser falado pela
primeira vez na imprensa… você é o primeiro que vai transar alguma coisa pra
jornal, falando disso. Mesmo nas entrevistas ninguém tocou nesse ponto comigo.
Ontem eu estava ouvindo a fita o show com Tomaz e falando sobre isso: a gente
dizia pô bicho é lindo! original…
Jorge Alfredo – Porque música
também é isso: você se juntar a umas pessoas e criar
um som com todo mundo participando.
Caetano Veloso – Eu acho. É
muito… Isso pra mim é fundamental e é o que eu quero mais
conseguir. Isso vai crescendo, a gente vai ficando mais espontâneo, vai se acostumando
mais a tocar junto. Eu quero ficar mais tempo tocando com eles.
Buenos Aires, abril de 1979
|
R E C I F E
B R A S Í L I A
1, 2 e 3 de junho de 1979 |
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