viernes, 14 de junio de 2024

2001 - MARICOTINHA

 

























Ano 17
n° 33
















Foto: Arthur Max














































8/11/2001 - Bastidores do show Maricotinha ao Vivo, no Canecão

Foto: Cleomir Tavares




O ESTADO DE S.PAULO

Sexta-feira, 14 de dezembro de 2001


Bethânia despede-se com emoção de 'Maricotinha'

Cantora faz as últimas apresentações do show, com ingressos a R$ 10 hoje e no domingo

 

UBIRATAN BRASIL

  

                                                                   Divulgação

Um dos momentos mais emocionantes do show é quando Bethânia conta como conheceu Chico Buarque, que lhe forneceria muitas de suas principais músicas


Lágrimas e risos tornaram-se um acompanhamento indispensável às apresentações de Maria Bethânia, no show Maricotinha, cujas últimas sessões ocorrem neste fim de semana, no Directv Music Hall, com preços promocionais para hoje e domingo, quando os ingressos terão valor único de R$ 10 para todas as dependências - amanhã, valem os preços normais. 

Em um espetáculo "deslavadamente apaixonado", como ela mesma reconhece, a intérprete não se limita a cantar as 14 músicas de seu último CD e comemorar os 35 anos de carreira - Bethânia relembra seus grandes sucessos e, auxiliada pela direção cênica de um antigo companheiro, Fauzi Arap, entremeia as canções com histórias sobre o início de sua carreira no Rio e em São Paulo. É o momento em que a platéia vibra, se emociona e a acompanha com carinho. 

Bethânia relembra, por exemplo, as primeiras imagens de São Paulo que ainda retém e as fortes impressões das apresentações em boates, locais muito menores que as atuais casas de espetáculo. Mas é o momento em que recorda como conheceu Chico Buarque de Holanda que a intérprete provoca as mais fortes emoções. Bethânia relembra com carinho do compositor, que lhe forneceu muitas de suas principais músicas. E, como homenagem à cidade que sempre a acolheu bem, ela interpreta Ronda, arrancando os aplausos mais emocionados. 

Como fez na temporada carioca, Bethânia conta histórias de sua chegada ao Rio: a surpresa com uma cidade diferente, nova, e a importância de se apresentar nas casas da noite de Copacabana. "Falo de situações e de pessoas que me marcaram quando cheguei e canto coisas que me marcaram naquele momento e vieram a marcar dali por diante", explica. 

Com Maricotinha, Bethânia quis fazer um show em que todos que fizeram parte destes 35 anos estivessem presentes. Como ela mesma diz: "Para comemorar tem de ser com os meus amigos." Para colocar no roteiro todos os seus compositores queridos, Bethânia chegou a selecionar milhares de músicas, que acabaram se transformando em um repertório de 39 canções. 

Um trabalho tortuoso, mas compensador: Bethânia revisita a música popular brasileira em todas as fases. Além das 14 faixas do novo CD, só com músicas inéditas, em que Bethânia valoriza a nova geração da MPB, ela homenageia também compositores de sua geração, que sempre admirou, e outros que nunca teve a oportunidade de cantar. "Sempre estive ligada ao novo, só que algumas canções demoram a amadurecer dentro da gente; não poderia comemorar 35 anos sem Cazuza e Beto Guedes", comenta. 

Admiradora do estilo e comportamento de Cazuza, que também era um grande admirador e conhecedor da intérprete, Bethânia escolheu Todo Amor Que Houver Nesta Vida para homenageá-lo. Já de Beto Guedes, fã desde sempre e de quem nunca interpretara nenhuma canção, ela canta Amor de Índio. 

De Caetano, Bethânia recria O Quereres, música que interpretou tão logo seu irmão finalizar a composição. Hoje, certamente, aquelas palavras são diferentes. Como ela mesma acrescenta: "O Quereres hoje é como uma música inédita. Afinal, o que eu quero agora não é a mesma coisa que eu queria ontem. Um prato cheio para intérprete." 

Já de Chico Buarque, Bethânia reservou uma verdadeira coleção. A começar por uma faixa do CD Maricotinha, de Chico em parceria com Edu Lobo, Moça do Sonho, que compõe a trilha do musical Cambaio, o grande fio condutor do espetáculo. Essa canção foi escolhida por Fauzi e Bethânia para desenvolverem a dramaturgia do show. 

De Roberto Carlos, Bethânia interpreta um grande sucesso que ele canta de Luís Ayrão, Nossa Canção, e, de Roberto e Erasmo Carlos, Fera Ferida. A obra de Gilberto Gil é representada por Se Eu Morresse de Saudade, música que ele compôs especialmente para seu novo CD. De Edu Lobo, Bethânia selecionou O Tempo É como um Rio, dele e de Capinam. E, para completar, ela homenageia Rita Lee com um mix de Baila Comigo e Shangrilá. 

 

Shows históricos 

Como é um show comemorativo, Bethânia revive momentos preciosos de espetáculos que já receberam a chancela de históricos. Um dos mais importantes é Rosa dos Ventos, que registrou o grande encontro com Fauzi e Flávio Império, além de inaugurar um estilo próprio de fazer show. Como não poderia ser esquecida, a experiência no Teatro Opinião, onde estreou em 13 de fevereiro de 1965, substituindo Nara Leão no show Opinião, ao lado de Zé Kéti e João do Vale, serve para ilustrar as histórias inesquecíveis da noite carioca nas boates de Copacabana. 

Como gosta de se definir, Bethânia é uma intérprete, portanto, tem um prazer inigualável em falar com o público durante o show, declamando e encenando. 

Para Maricotinha, ela selecionou textos de seus autores preferidos: Fernando Pessoa, Ferreira Gullar, Lya Luft e as poetisas portuguesas Natália Corrêa e Sophia de Mello Bryener. Estes quatro últimos são inéditos em seus espetáculos. 

Durante a temporada paulistana, Bethânia aproveitou para gravar um disco, que deverá ser lançado no segundo semestre do próximo ano. Será o último com o selo da gravadora BMG. 

Encerrado o contrato e os compromissos, seu trabalho passará a ser distribuído por uma marca pequena, o Biscoito Fino, cuja diretora é a cantora Miúcha. 

A intérprete diz ter recebido todas as garantias profissionais necessárias em uma empresa que conta ainda com poucos nomes, como Francis e Olívia Hime. 

Bethânia, que assinou um contrato de cinco anos, garante não ter ressentimentos com gravadoras multinacionais - apenas preferiu uma empresa nacional, dirigida por pessoas que entendem e são sensíveis à música brasileira.












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