26/9/1945 - 9/11/2022
17/9/2022 - Gal Costa performa ao vivo durante o Coala Festival 2022, no Memorial da America Latina. Crédito: Mauricio Santana/Getty Images |
30/10/2022 - Gal Costa fazendo o L de Lula; cantora declarou votos nas redes sociais em 30 de outubro. Crédito: Reprodução/Redes Sociais |
“Gal era uma menina que morava na Rua Rio de São Pedro, na Graça. O mais tocante era a emissão da voz. João Gilberto, Antonio Carlos Jobim e eu percebemos isso.
Há muitos outros aspectos em que a canção brasileira se encontrou engrandecida por vozes femininas. Mas a emissão da voz em Gal era já música, independentemente do domínio consciente das notas. E isso fazia com que o espírito dela expressasse sutilezas, pensamentos, sentimentos, asperezas, doçuras, de modo espontâneo.
O disco “Recanto” diz tudo o que chego a saber sobre Maria da Graça, Gracinha, Gal. Compus novas canções (que somei a uma que eu tinha feito para Jane Duboc, exemplo de cantora com absoluto domínio da música) para que o significado da presença de Gal entre nós se explicitasse. Vou ouvir “Recanto” - e sugiro a quem me leia que faça o mesmo - para repensar a Gal Fa-Tal, a Gal Domingo, a Gal Meu Nome É Gal. Moreno Veloso me disse que reouviu esse disco esses dias e voltou a entender tudo.”
Caetano Veloso, 9/11/2022
"Em choque, triste demais, difícil demais. Eu nunca pensei um dia chegar a vocês para falar sobre a dor de perder Gal.
O Brasil que ela sempre encantou com sua voz única, magistral, hoje inteiro chora, como eu. Uma amiga que mesmo longe sempre lhe mantive admiração e respeito.
Deus
a receba na sua mais pura luz. É triste demais, difícil demais. Muito
duro."
Maria
Bethânia, 9/11/2022
Amo esta foto que simboliza uma época de costumes, protestos e de uma nova onda musical. [Thereza Eugênia/Instagram] |
10/11/2022 - FOLHA DE S.PAULO Foto: Thereza Eugênia |
11/11/2022 - Gabriel Costa Penna Burgos - Foto: Luiz Franco |
Coroa
de flores enviada por Silvio Santos ao velório de Gal Costa Foto:
Leo Franco/ Agnews |
11/11/2022 - Gabriel Costa Penna, filho de Gal Costa, se despediu da artista em cerimônia nesta sexta - Foto: Felipe Rau / Estadão |
11/11/2022 - O cantor Silva no velório de Gal Costa Foto: Maria Isabel
Oliveira / Agência O Globo |
/
11/11/2022 - Foto: Luiz Franco |
11/11/2022 - Cemitério 3a Ordem do Carmo |
ESTADÃO CONTEÚDO
Gal Costa soube estar à frente das transformações
musicais do país
O poder de romper padrões quando
bem dirigida era sua marca
09/11/2022
A voz de Gal Costa foi um marco na música brasileira. A forma como ela chegava com folga às regiões mais altas e seu timbre de cristal se tornaram uma das identidades artísticas mais fortes da MPB desde os anos 1960, e seu poder de romper padrões quando bem dirigida era sua marca. Em Domingo, seu primeiro álbum, de 1967, Gal foi dirigida por Caetano Veloso. Havia ali a afirmação de sua obsessão por João Gilberto ao mesmo tempo em que os dois apontavam para o seguimento de uma linhagem de canto joaogilbertiano modernizado. Coração Vagabundo, Avarandado, Um Dia e a própria Domingo, com arranjos de cordas, fizeram sua bela estreia, mas não a revelaram por inteiro. Gal tinha mais a mostrar.
Um ano depois, Gal, firmava-se como a voz feminina dos tropicalistas, algo que a posicionava ao lado do grupo renovador da música brasileira. Ela aparecia em três momentos no álbum coletivo Tropicália ou Panis et Circencis, cantando Mamãe Coragem (de Caetano Veloso e Torquato Neto), Parque Industrial (de Tom Zé), Enquanto Seu Lobo Não Vem (de Caetano) e, algo que se fixaria a sua imagem com mais força, Baby (também de Caetano Veloso).
Baby estaria em seu álbum de 1969, considerado o primeiro solo, com uma personalidade cada vez mais sólida. Não Identificado, Sebastiana, Divino Maravilhoso e mesmo o soul de Roberto, Se Você Pensa, ainda com os arranjos de sopros que haviam marcado a década anterior, mostram que a passagem pela Tropicália era um caminho sem volta. Gal não se prendia a campos definidos.
Sua discografia mapeia momentos políticos graves do país. Fa-tal — Gal a Todo Vapor, de 1971, mostra o registro de um dos shows realizados no teatro Tereza Raquel, no Rio, dirigidos por Waly Salomão. Sem os parceiros Gil e Caetano, exilados em Londres, Gal construía outro ponto incontornável em seu crescimento.
Saiu dali um álbum lançado com imperfeições, mas com a alma do show, mostrando a cantora, mais uma vez, estendendo seu campo de atuação, lembrando Ismael Silva, Jorge Ben, Luiz Melodia (Pérola Negra foi um arraso) e Jards Macalé com o próprio Waly Salomão (Vapor Barato é o hit). Saíram ainda daquele momento Como Dois e Dois, de Caetano, e Sua Estupidez, de Roberto e Erasmo.
Gal conseguiu adentrar e passar pelos anos 1980 com vitórias importantes. Ao contrário de artistas que penavam para transpassar o portal tecnológico imposto pela nova estética radiofônica logo no início da década (as rádios FM se tornavam um novo filtro), Gal foi absorvida imediatamente. Seu álbum de 1981 é um clássico dos tempos, com Canta Brasil; Meu Bem, Meu Mal; Faltando Um Pedaço; e a eterna Festa do Interior. Gal estava por todas as rádios, em trilhas de novelas e lançando discos quase sempre irretocáveis.
Assim que chegou 2011, quando Gal não parecia mais ter mais nada a provar, Caetano voltou a dirigir um álbum inteiro. O resultado foi Recanto, com uma cantora que parecia se reposicionar esteticamente.
Mas
Gal só estava mais uma vez sendo ela, imprevisível, irrepetível, abandonando as
expectativas que faziam sobre o que poderia ser seu álbum para entregar-se a
uma sonoridade ruidosa e muitas vezes difícil até como base harmônica para se
colocar a voz. Seu timbre e seus agudos já ganhavam outro corpo, mas sua alma
seguia fazendo cada nota que escolhia ser a nota perfeita.
Nelson Motta
Jornalista, compositor, escritor,
roteirista e produtor.
Gal Costa, música e lágrimas
Cantora usou seus dons divinos — voz e musicalidade — para dedicar a vida a construir uma obra monumental
Por Nelson Motta
10/11/2022
Gal Costa e Nelson Motta, no Copacabana Palace Foto: Alcyr Cavalcanti - Reprodução/Instagram |
“Minha cantora”, era como eu atendia aquela voz maravilhosa no telefone ou quando a encontrava, e isso diz quase tudo sobre nós. Que privilégio ouvir sua voz e ser seu amigo desde que ela chegou ao Rio, com 20 anos, como a baianinha “João Gilberto de saias”, e acompanhar sua trajetória gloriosa, seus momentos de sex-symbol rebelde em 1968, mixando bossa nova e Carmen Miranda com Hendrix e Joplin, “Fa-tal” com as pernas morenas entreabertas, “Índia” com os seios de fora, ela era ousada e doce, até gritando era melodiosa, com sua voz de veludo, cristal e labaredas que saía daquela bocona vermelha.
Gal usou seus dons divinos — sua voz e sua musicalidade — para dedicar a vida a construir uma obra monumental, coautoral, com um repertório rigoroso e diversificado, sempre de qualidade à altura da intérprete. Gal não só escolhia com bom gosto e ousadia entre novas versões de clássicos e novidades de alto nível, como o repertório vinha até ela. Que compositor brasileiro não adoraria ser gravado por Gal Costa? E foram muitos que, apaixonados pela voz daquela mulher, lhe dedicaram músicas, como Roberto e Erasmo explícitos com “Meu nome é Gal”, Jorge Benjor com “Que pena”, Tom Jobim, Chico Buarque, Gilberto Gil e muitos outros fãs, mas ninguém fez mais que Caetano para sua voz, sua vida, seus segredos e suas revelações: foi o grande intérprete dos desejos da intérprete.
Em 1988 ela me convidou para dirigi-la em uma turnê internacional que ia de Buenos Aires a 20 cidades do Japão e ao Lincoln Center de Nova York, acompanhada por uma banda espetacular de seis músicos. Nos ensaios, descobri que não havia nada a dirigir: só algumas conversas sobre a playlist, escolhas fáceis em seu repertório vasto e impecável, um ou outro palpite sobre um arranjo, mas sobre canto e interpretação, era só ouvir e aplaudir. Achei que ela estava me levando só como um amigo para fazer companhia rsrs. Sabia tudo a baianinha.
Tive a graça de ouvir Gal cantar divinamente e receber uma consagração no Olympia de Paris em 1977, apaixonante em Montreux, no Carnegie Hall, em Roma, no verão de 1983, diante de dez mil pessoas no Circo Massimo, seminua num vestido transparente dourado colado na pele morena que enlouqueceu o público.
Algumas
vezes ela me confidenciou algumas coisas, como a sua admiração pela
musicalidade de Elis Regina, tomando uma sopa de misô no café da manhã, em
Osaka.
Gal e Elis, durante algum tempo, foi uma questão de escolha, de gosto pessoal, de apaixonadas discussões tolas, tipo Chico-Caetano, Rio-São Paulo, Pelé-Garrincha, mas nunca para Elis e Gal, que protagonizaram dois duetos antológicos no programa de Elis na série “Grandes nomes”, pouco antes da sua morte, em 1981.
É muito triste e doloroso viver sem minha amiga, seria impossível viver sem a sua voz, minha cantora.
TERREIRO DO GANTOIS
9 de novembro de 2022
Nota de Pesar
Assessora de Gal Costa se emociona após preparar velório: 'Desabei'
Giovana
Chanley também relatou a ligação que recebeu da esposa de Gal com a notícia da
morte da cantora.
Por
Larissa
Albuquerque
11/11/2022
Gal Costa e assessora Giovana Chanley Foto: Arquivo pessoal de Giovana Chanley |
Nesta sexta-feira (11/11), aconteceu o velório de Gal Costa na Assembleia Legislativa de São Paulo. Amigos e familiares se reuniram para se despedir da artista, entre eles estava Giovana Chanley, assessora de imprensa da cantora. Ela não conseguiu segurar a emoção ao falar de Gal, que mais que chefe, foi uma grande amiga. A artista morreu na última quarta-feira (9/11), em casa, a causa da morte não foi divulgada.
Giovana, que trabalhou com Gal Costa por sete anos, desde 2015, relembrou como recebeu a notícia da morte da artista. "Eu estou nessa função desde que aconteceu, quando a Wilma [esposa de Gal] me ligou de manhã e falou: 'Gio, corre aqui'. Eu moro em São Carlos, estava em Campinas, por coincidência. Mas falei: 'Não imagina...'. Peguei o carro e sai. Cheguei na casa dela 10h da manhã até agora eu não tinha conseguido derramar uma lágrima, ajudei em tudo que precisou, no dia que a funerária veio buscar, eu ajudei a vestir ela, tudo. Só que hoje de manhã, estava aqui quando ela chegou e agora que está caindo a ficha. Eu não sei explicar", relata emocionada.
A assessora de imprensa também conta porque não foi divulgada a causa da morte da cantora: "Foi um pedido na Wilma e a gente vai respeitar".
Ela, então, fala do sentimento de negação que sentiu ao preparar o velório e enterro da cantora: "Ontem, eu estava fazendo a lista dos amigos que estão aqui dentro e eu pensava: 'Não é possível, eu estou fazendo a produção do enterro dela?'. No dia 13, a gente ia fazer show em Estocolmo, a gente ia viajar dia 09 para Lisboa e Estocolmo. E, agora, quando vi meus irmãos de estrada que eu vi que é verdade. Não sei se vamos nos derrubar depois. Mas acho que não porque a gente tem que estar forte. Ela está aqui, não foi embora".
Em outro momento, Giovana atribui a força que está tendo para lidar com a morte da amiga a Deus: "É Deus que está com a gente (...) No dia em que eu cheguei, só tinha eu para ajudar a Wilma e ele [filho de Gal] porque a família mora longe, no Rio e em Salvador, e não sei... Deus está cuidando de mim como sempre fez. Ontem, fiz o que tinha que fazer, hoje fiz o que tinha que fazer".
Mas ela confessa que teve um momento de sofrimento: "Agora, quando vi minha equipe chegando, que eu era a produtora pessoal dela e artística, de estrada. Aí, eu desabei. Ela era a pessoa mais presente de se ter".
Equipe de Gal Costa - Foto: Isabela Frasinelli/ iG Gente
Em seguida, a assessora começa a relatar as lembranças que tem de Gal: "Ela era a pessoa mais divertida de se ter como chefe, eu ria muito com ela, muito doce. Eu fiquei muitos anos com ela, nunca teve um desentendimento ou foi grossa ou brigou. Mesmo quando ela queria falar alguma coisa que não tinha gostado, era na brincadeira. Eu não sabia se ela estava brincado ou se era verdade... não tenho o que dizer".
Giovana também faz questão de pontuar o carinho que Gal tinha com ela com uma história."Há um dois anos atrás, em um show em Belém, eu acho, antes de entrar no palco, ela falou: 'Esse show é para a Giovana'. Era meu aniversário. Eu não estava perto, mas quando eu cheguei ela falou: 'É para a Giovana. Esse show é para ela", lembra.
Por fim, Giovana se emociona ao falar do legado que
Gal Costa deixou para o Brasil e para o mundo. "Vão ser anos, anos e anos
e não vai acabar. Ela conseguiu [um legado] no mundo inteiro. Quando saiu na
imprensa do Brasil [a notícia da morte], minha prima, que está em Israel,
mandou: 'Gio, está na televisão aqui em Israel, a Gal faleceu. É verdade?. Eu
falei: 'E verdade', como se fosse um nada, eu estava muito...", finaliza
com a voz embargada.
Redação Alô Alô Bahia
13/11/2022
Caetano Veloso e Maria Bethânia participam de homenagem a Gal Costa no Fantástico
Neste domingo (13/11), o Fantástico,
na TV Globo, vai exibir uma homenagem a Gal Costa com a presença de Caetano
Veloso e Maria Bethânia. Os irmãos conversaram com a jornalista Renata
Ceribelli sobre as décadas de amizade e parceria musical com a cantora
baiana, que morreu nesta quarta (9/11),
aos 77 anos.
Caetano Veloso e Maria Bethânia falam sobre Gal
Costa: 'Nossa história é amor da cabeça aos pés'
Caetano e Bethânia falam da falta que Gal Costa vai fazer |
A voz de
Gal, apesar de única, sempre esteve perto de outras três vozes: as de Gil,
Bethânia e Caetano. Juntos, eles transformaram a amizade em arte. A repórter
Renata Ceribelli ouviu duas dessas vozes. Elas falam de lembranças doces e de
uma bárbara saudade.
Por Fantástico
Renata Ceribelli: Eu queria que vocês
definissem a amizade de vocês com a Gal. Uma história de amor antes de tudo?
Amor da cabeça aos pés?
Caetano: Eu acho que sim. A nossa história
é amor da cabeça aos pés.
Bethânia: Amor da cabeça
aos pés.
Renata Ceribelli: Foi o Caetano que
apresentou a Gal pra você?
Bethânia: Foi, foi.
Renata Ceribelli: Foi amor à
primeira vista?
Bethânia: Eu com a Gal? Foi
amor à primeira vista, eu me apaixonei na hora que eu conheci Gal. Primeiro que
era soteropolitana, não era do interior lá do sertão nem de Santo Amaro. Então
ela tinha todo um jeito diferente, era muito charmosa, muito quieta, sabida.
Caetano: Ela não era uma pessoa da fala
assim, o negócio dela era mais cantar e se mover.
Renata Ceribelli: O Gil uma vez
definiu essa amizade de vocês como uma amizade de alma, né?
Caetano: O Gil gosta muito
da dimensão espiritual quando ele fala e pensa.
Bethânia: Eu também tenho
muita fé na coisa intuitiva. Porque que coincidiu nós quatro nos conhecermos
naquele momento.
Em
1976, na ditadura militar, Bethânia, Caetano, Gal e Gil se apresentaram pela
primeira vez juntos no palco. O show "Doces Bárbaros" pregava a liberdade. As roupas,
a dança, a música, tudo era protesto.
Renata Ceribelli: A gente poderia
dizer que aquela amizade virou um ato revolucionário no sentido de transformar
mesmo vidas?
Caetano: Doces Bárbaros era
uma espécie de celebração do que vinha acontecendo. E foi Bethânia que intuiu.
Bethânia: Eu achei que era
uma hora que a gente devia se reunir.
Renata Ceribelli: Qual foi seu último
encontro com a Gal?
Caetano: Foi no Altas Horas.
O Serginho a convidou sem me avisar, pra ser uma surpresa. Eu fiquei
emocionadíssimo. Chorei na hora.
Renata Ceribelli: Logo que a notícia
foi divulgada e vocês apareceram na televisão, deram o primeiro depoimento
muito impactante, a emoção de vocês transbordou pra todos nós. Como é que vocês
estão fazendo pra lidar com essa tristeza?
Caetano: A gente está
aprendendo ainda.
Bethânia: Eu falei pra
Caetano assim, é como uma mesa estabilizada e tira uma perna. Desequilibra.
Tudo fica muito desequilibrado.
Caetano: A mesa fica...
Bethânia: Bambeia. Até você
entender, e o esforço a ser feito para que os três pés que restam se mantenham
é muito grande, demora, não é rápido.
Caetano: Gal era madrinha do
meu filho mais velho, do meu primeiro filho, Moreno. Ficamos conversando a
noite toda e Moreno começou a me ensinar a lidar com essa nova realidade,
porque é outro mundo. O mundo sem Gal é outro mundo.
Bethânia: É esquisitíssimo.
São muitos anos, uma vida inteira.
Renata Ceribelli: Ficou alguma
sensação de algo que não foi dito, de algum projeto que não foi feito?
Caetano: Sempre há, mas não
deu tempo, o sentimento que eu tive não me deixou até agora ter tempo de pensar
em nada parecido com isso, poderíamos ter feito isso, não fizemos...
Renata Ceribelli: A Gal vai continuar
te inspirando?
Caetano: Ah, eternamente.
Renata Ceribelli: Onde vocês vão
colocar essa saudade, gente?
Bethânia: Ah eu não quero
perder não. A saudade vai ficar, eu quero que fique.
Renata Ceribelli: O que mais a gente
pode dizer para as pessoas sobre Gal nessa intimidade que só vocês tiveram?
Caetano: Olha nem sei,
porque Gal, cantando, se movendo, deu tanto a todas as pessoas que elas sabem,
as pessoas sabem.
Enquanto
a repórter Renata Ceribelli conversava com Bethânia e Caetano, Gilberto Gil,
o outro doce bárbaro, fazia sua homenagem a Gal num festival de música na
Região Serrana do Rio.
Fantástico
Gabriel,
filho de Gal Costa, revela ao Fantástico detalhes do lado materno da cantora
Aos 17 anos,
filho adotado de Gal disse que tinha gosto musical muito diferente, mas conta
qual era sua música preferida da mãe
13 de nov de 2022
'Só tinha a visão de que ela é minha mãe, não tinha visão da dimensão dela como cantora. Só percebi isso no velório', diz filho de Gal Costa
Depois de se despedir da mãe, uma das maiores
cantoras do Brasil, que morreu aos 77 anos, Gabriel conversou com a repórter
Ana Carolina Raimundi. Ele diz que sentiu que precisava, de alguma forma,
agradecer aos fãs que amam tanto a mulher que ele conhece tão bem.
14/11/22
Filho de Gal Costa diz que mãe era 'melosa' e fala sobre luto: 'Minha mãe revolucionou o mundo inteiro'
Gabriel Costa ressalta que pensou muito antes de decidir falar publicamente sobre a mãe, a cantora Gal Costa, que morreu, aos 77 anos, na última quarta-feira, vítima de um infarto, em casa. Em entrevista ao "Fantástico", o jovem de 17 anos afirmou que só enfrentou a timidez porque sentiu que precisava agradecer aos fãs da artista. Artista, aliás, que ele apenas enxergava como mãe.
"Por mais que, tipo, minha mãe fosse incrível e todo mundo conhecesse ela no mundo inteiro, eu não tinha essa visão. Eu só tinha a visão de que ela é minha mãe, e só minha. E eu não tinha visão da dimensão dela como cantora, que todo mundo tem hoje em dia. Só percebi isso no velório dela", o jovem afirmou.
Gabriel foi adotado pela cantora quando tinha quase 2 anos de idade, depois que ela o conheceu num abrigo, no Rio de Janeiro. A maternidade, segundo a artista, mudou completamente sua vida. "Ele é um amor, uma luz na minha vida. Sempre me fez muito bem ficar perto dele. Agora... é um típico adolescente que fica no quarto trancado, jogando", contou a baiana, numa entrevista ao GLOBO em 2021. Gal Costa morava na capital paulista com a companheira, a produtora Wilma Petrillo, a quem Gabriel chama de madrinha.
"Pra mim, ela era só minha mãe. Só", reforçou Gabriel, em entrevista ao "Fantástico", ao comentar a relação com a mãe. "Então, foi por este motivo que eu vim aqui: pensei, 'ah, eu não tenho que pensar só em mim, senão vai ser muito egoísta'. Tenho que pensar nas outras pessoas que amavam minha mãe também, não só como eu amava. Então, tipo, elas merecem ver um pouco mais sobre a vida dela. Então, quem poderia dar mais afirmações sobre a vida dela se não for o filho? Não tem ninguém que possa dar. Aí eu decidi vir pra cá", acrescentou o jovem.
Gabriel relatou que custou a aceitar o fato de o velório da mãe ser aberto ao público. "Antes de o velório acontecer, acho que um dia antes, eu tinha pensado: 'mano, por que que o velório é aberto para todo mundo?' Acho que devia ser só para os familiares e amigos, sabe? É um negócio íntimo. É minha mãe que morreu, sabe?", afirmou Gabriel. "Mas eu tive uma conversa com uma pessoa que falou: 'os fãs às vezes sentem mais do que o familiar, os amigos, porque os fãs acompanharam a vida. Eles amam a Gal, entendeu?' Eles queriam ser amigos, queriam ser familiares também. Queriam estar perto da Gal. Então eles merecem um pouco desse adeus, desse carinho, sabe?", acrescentou.
'Minha mãe era muito melosa'
Emocionado, Gabriel lamentou que, algumas vezes, tenha reclamado, em tom de brincadeira, do comportamento "grudento", como ele disse, cultivado pela mãe. Gal Costa costumava dizer que nutria um "amor incondicional" pelo filho, e, sim, o paparicava em casa, na rua... Em seus shows, lá estava o adolescente no camarim.
Sempre. "Eu ia no show e quando ela fazia aquele agudo... Nossa... Eu falei: 'Meu deus, Jesus amado, vai estourar um copo de vidro'. Eu me assustava", lembrou o filho da cantora.
"Minha mãe era muito melosa. Muito
grudenta", contou Gabriel, brincando que ela o ficava abraçando em todo o
lugar, o que o deixava envergonhado em determinados momentos. "Aí tinha
umas horas que eu queria ficar na minha, de boa, quietinho, aí ela chegava e
grudava já. Já chegava grudando, abraçando, beijando. Eu falava: 'ô, mãe, pelo
amor de Deus'", recordou-se.
"Acho que eu não aproveitei muito a minha mãe, a presença da minha mãe aqui. Porque, vamos supor, quando eu chegava em casa, eu não ficava muito tempo ali sentado com ela e com a minha madrinha conversando. Eu ia direto para o meu quarto. Aí ou eu dormia ou conversava com os amigos. Eu ficava jogando, via uma série... Não ficava muito lá embaixo com elas, conversando com elas. Então eu acho que a gente não conversou muito", lamentou o jovem.
Gabriel contou, também ao "Fantástico", que costumava ouvir determinadas músicas da mãe ao lado dela. "Cuidando de longe", canção que Gal Costa gravou com Marília Mendonça no disco "A pele do futuro" (2018), é a sua preferida. "Às vezes ela chegava no meu quarto e eu estava escutando essa música. Ela sorria. Ela não fala muita coisa... Mas ela sorria. Ou então ela entrava no quarto e começava a rir", rememorou o rapaz, que é fã de artistas do funk e do trap.
'Vou ter que mudar minha cabeça'
Gabriel conta que sempre se incomodou ao ser reconhecido como o "filho da Gal Costa". Hoje, o comportamento é diferente. "Vou ter que mudar minha cabeça em relação a tudo: o jeito de pensar, o jeito de agir. Acho que minha maturidade vai mudar porque perder sua mãe com dezessete anos é fod*. Então, eu acho que minha maturidade vai mudar muito. Meu jeito de agir talvez vai mudar um pouco, e eu vou pensar mais. Vou raciocinar mais no que escolher, no que fazer, nas consequências", contou ele, que gosta de cozinhar e que, em breve, ingressará na faculdade, no curso de Administração.
"Tenho uns pensamentos, que são seguir em
frente, não chorar. Por mais que tenha que chorar, soltar tudo, né? Mas é
chorar o suficiente e manter a cabeça no lugar e seguir... Sei que minha mãe
está lá em cima já olhando, e, é isso, mantém firme, forte e segue",
afirmou Gabriel. "Pelo que eu sei, pelo que eu já ouvi, pelo que eu
conheci, minha mãe foi uma mulher que revolucionou o mundo inteiro, da forma
dela, sendo original, sendo ela mesma, sendo a Gal Costa. E espalhou isso por
todo o mundo", disse o filho da cantora.
2023 |
2023 |
Paru le:
11/11/2022
Gal Costa est
décédée
2013 – Jazz Festival
Montreux - Ueli
Frey |
Une
légende de la musique populaire brésilienne, venue cinq fois au Montreux Jazz
Festival, est décédée avant-hier 9 novembre 2022.
Gal
Costa était aussi l’une des fondatrices du mouvement Tropicalismo, qui a
révolutionné la musique dans son pays.
Lula,
le nouveau président du Brésil, s’est dit attristé et l’Assemblée législative
de l’État de Sao Paulo a organisé une veillée en sa mémoire.
Elle
est venue en 1980, 1985 et 1991 au Casino de Montreux et en 1995 et 2013 à
l’Auditorium Stravinski.
23/12/2022 - Spotify - Times Square - New York |
29 de novembro de 2022
Chico Buarque incluiu na turnê
'Que tal um samba?' uma de suas composições gravadas por Gal Costa, 'Mil perdões'.
A homenagem fará parte do roteiro.
Gal Costa gravou “Mil perdões” no disco “Baby Gal” (1983). A inclusão da música foi uma das novidades que Chico mostrou ao público que lotou o Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.
2022 - Foto: Mario Canivello |
Imagem de Gal: Thereza Eugênia |
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