martes, 16 de agosto de 2022

2022 - "KAETANO" - Omar Khouri


1977 - Revista Muda

Organização: Régis Bonvicino, Antonio Risério

 Projeto gráfico: Zé Augusto Nepomuceno

Erthos Albino de Souza / Wally Salomão / Paulo Leminski / Caetano Veloso / Regis Bonvicino / Antonio Risério / Aldo Fortes / Duda Machado / Marta Braga / Alfo Fortes / Rogério Duarte / Carlos Ávila / Zé Augusto Nepomuceno / Alice Ruiz / Omar Khouri / Chacal / Luiz Antonio de Figueiredo / Ênio Fonda / Eduardo Milán / Marcelo Nepomuceno / Walter da Silveira



Kaetano é uma obra que criei em 1975. Trata-se de uma carta de baralho, um Rei de Espadas, que representa Caetano, um leonino polemista. Sempre o considerei um rei da cultura e da música brasileira”, conta. “Me apropriei de uma foto de Thereza Eugênia, que fazia parte de um catálogo de um show da Gal Costa na época, uma espécie de folheto. Reproduzi e distribui para poucos amigos, mas o trabalho foi publicado na revista MUDA, em 1977. Ao saber que o Arnaldo usou esse material para homenagear Caetano, fiquei positivamente surpreendido. Na verdade o Arnaldo o recuperou para mim. Sou muito grato a ele, figura relevante da MPB”


[Omar Khouri]


Jornal da Unesp 

Obra de Omar Khouri ganha destaque nas comemorações do aniversário de 80 anos de Caetano Veloso


Professor de poesia do Instituto de Artes da Unesp analisa papel do compositor baiano como criador e pensador da cultura e sua relação com poetas concretistas.

 

13/08/2022

Renato Coelho





Em 7 de agosto de 1942 nascia na cidade de Santo Amaro da Purificação, Bahia, um dos sete filhos do casal formado por José Telles Velloso, funcionário do governo estadual, e sua esposa Claudionor Viana Telles Veloso, conhecida como Dona Canô. Desde cedo já se sabia que o garoto seria artista, mas não necessariamente músico. Talvez sua sensibilidade de criança já apontasse para uma trajetória vitoriosa ao lado de outros artistas, contribuindo para conduzir a música brasileira para alguns dos mais elevados patamares no planeta. Por isso, o Brasil celebra este mês os oitenta anos de Caetano Emanuel Viana Teles Veloso, ou Caetano Veloso. 

Personagem singular da cultura brasileira e da América Latina, desde o dia 7 passado Caetano se juntou a outros dois ícones da música brasileira e parceiros de vida no clube dos octogenários: Gilberto Gil e Milton Nascimento. Eis uma trindade ímpar que enobrece e orgulha o país. 

Compositor, cantor, violonista, escritor e ativista político brasileiro, Caetano foi líder do movimento tropicalista no fim dos anos 60, cuja proposta visava mesclar tradições nacionais e tendências estrangeiras, e ajudou a moldar a cultura nacional. Desde então, inclusive durante o período da Ditadura militar, o multiartista baiano se manteve como um personagem relevante na produção e nas reflexões sobre a cultura brasileira. Reconhecido também no cenário internacional, chegou a ganhar um Grammy no ano 2000 e foi homenageado na edição latina da cerimônia, com o prêmio de Pessoa do Ano em 2012. 

Para destrinchar sua formação artística, é necessário destacar o impacto que ele sofreu pelo contato com a bossa nova e em especial João Gilberto. Também inspirou-se em outros ícones como Dorival Caymmi, mas sempre reconheceu em João Gilberto um “mestre supremo”, que iluminou a tradição da música brasileira e abriu caminho para futuras inovações e gerações. 

Apesar dos problemas com o governo durante o período da Ditadura militar, que lhe valeram dois anos de exílio em Londres, o compositor baiano consolidou uma obra multifacetada, aberta tanto a influências internacionais quanto à releitura de estilos e ritmos brasileiros. Sua popularidade cresceu de forma significativa também fora do Brasil na década de 1980, atingindo América Latina, Europa, África e Ásia. Seus discos lançados nos Estados Unidos também ajudaram a conquistar um público bem amplo. 

Durante as comemorações do aniversário de Caetano, outro grande artista brasileiro, Arnaldo Antunes, fez uma homenagem em suas mídias sociais apresentando uma poesia intitulada “Kaetano”, a qual reverberou de forma significativa no meio artístico e entre os seguidores do músico. O autor da obra é o professor de poesia e arte do Instituto de Artes da Unesp em São Paulo, Omar Khouri. 

“Kaetano é uma obra que criei em 1975. Trata-se de uma carta de baralho, um Rei de Espadas, que representa Caetano, um leonino polemista. Sempre o considerei um rei da cultura e da música brasileira”, conta. “Me apropriei de uma foto de Thereza Eugênia, que fazia parte de um catálogo de um show da Gal Costa na época, uma espécie de folheto. Reproduzi e distribui para poucos amigos, mas o trabalho foi publicado na revista MUDA, em 1977. Ao saber que o Arnaldo usou esse material para homenagear Caetano, fiquei positivamente surpreendido. Na verdade o Arnaldo o recuperou para mim. Sou muito grato a ele, figura relevante da MPB”, diz. 

Koury vê no baiano “um personagem raro, que enobrece o país”. “Caetano Veloso é um artista que surge a cada cem anos. Ele contribui para que a gente pense o Brasil. Como poucos outros grandes artistas, ele tem um projeto Brasil; ele pensou a nação com soluções, com menos desigualdade, mais justiça social e sem totalitarismos enganosos. Além disso, é uma figura das mais importantes e com penetração no mundo latino hispânico”, diz. “Caetano chega aos 80 anos em plena atividade e com qualidade artística, aliás, essa é a marca da sua carreira”, analisa. 

Exímio conhecedor de Poesia Concreta, Omar explica que a relação de Caetano com o estilo poético é relevante e complexo. “O interesse do Caetano pelo concretismo floresceu no início de sua carreira. Na verdade, ele se encantou com a prática poeta e teórica do concretismo. Desde o início, Augusto de Campos e Décio Pignatari admiravam Caetano. O Augusto escreveu bastante sobre ele e teve experimentações verbais no Caetano. Destaco duas leituras feitas por Caetano de poemas do Augusto nos anos setenta: ‘Dias dias dias’ e ‘O Pulsar’. Ele também teve contato com Haroldo de Campos. O Haroldo se hospedou na casa londrina de Caetano e Gil no início dos anos setenta.”

 


7/8/2022

Arnaldo Antunes




É um privilégio para uma cultura, uma honra para um país, uma alegria para o mundo existir

Caetano Veloso. Uma luz no início, no meio, no fim do túnel da minha existência. Seus oitenta anos nos presenteiam! 

Na foto, "Kaetano", de Omar Khouri, na revista Muda, 1977.


 





Foto: Thereza Eugênia









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