“ 'Anjos Tronchos' é uma canção que terminou ficando extremamente densa. Vivemos hoje mergulhados num mar de algoritmos, possibilidades diversas de redes sociais e aparatos tecnológicos que avançam muito depressa. Eu não tenho tanto domínio sobre o assunto, mas acredito que canções são capazes de obter reflexões na mente de quem as ouve”
[Caetano Veloso]
Letra e música: Caetano Veloso
Uns anjos tronchos do Vale do Silício
Desses que vivem no escuro em plena luz
Disseram: vai ser virtuoso no vício
Das telas dos azuis mais do que azuis.
Agora a minha história é um denso algoritmo
Que vende venda a vendedores reais,
Neurônios meus ganharam novo outro ritmo
E mais e mais e mais e mais e mais
Primavera
Árabe – e logo o horror.
Querer
que o mundo acabe-se:
Sombras
do amor.
Palhaços líderes brotaram macabros
No
império e nos seus vastos quintais
Ao
que revêm impérios já milenares
Munidos
de controles totais.
Anjos já mi ou bi ou trilionários
Comandam só seus mi, bi, trilhões
E nós, quando não somos otários
Ouvimos Shoenberg, Webern, Cage, canções…
Ah, morena bela
Estás aqui
Sem pele, tela a tela:
Estamos aí.
Um post vil poderá matar
Que é que pode ser salvação?
Que nuvem, se nem espaço há
Nem tempo, nem sim nem não. Sim: nem não
Mas há poemas como jamais
Ou como algum poeta sonhou
Nos tempos em que havia tempos atrás
E eu vou, por que não? Eu vou, por que não? Eu vou.
Uns anjos tronchos do Vale do Silício
Tocaram fundo o minimíssimo grão
E enquanto nós nos perguntamos do início
Miss Eilish faz tudo o quarto com o irmão.
Caetano Veloso: Voz
Pedro Sá: Guitarra e Baixo
Lucas Nunes: Sintetizador
Pretinho Da Serrinha: Zabumba e Triângulo
Técnico de Gravação: Lucas Nunes
Mixagem: Daniel Carvalho e Lucas Nunes
Masterização: Alexandre Rabaço
Gravado no Estúdio Lavigne (RJ)
Plataformas digitais
Lançamento: 21/10/2021
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