sábado, 5 de noviembre de 2016

2008 - JORGE AMADO É HOMENAGEADO





O GLOBO
Chico e Caetano lembram momentos com Jorge Amado em festa em SP
Plantão
Publicada em 26/3/2008
Reuters

SÃO PAULO - Dona Flor, Vadinho e Quincas Berro D'Água foram as estrelas da noite de lançamento da reedição da obra completa de Jorge Amado, na terça-feira em São Paulo, ao lado de Caetano Veloso e Chico Buarque, que relembraram momentos curiosos partilhados com o escritor baiano.

Apesar da expectativa do público de cerca de mil pessoas, munidas de insistentes flashes fotográficos, os dois não cantaram juntos, como aconteceu pela última vez em 1986, no programa que ambos dividiam na TV Globo.

Chico leu por cerca de 10 minutos um trecho final de "Dona Flor e Seus Dois Maridos", e Caetano encerrou o evento cantando "Milagres do Povo" e "É Doce Morrer no Mar", além de ler um trecho de "Mar Morto".

O evento, organizado pelo Sesc Pinheiros e a editora Companhia das Letras, comemorou o relançamento dos 32 livros do autor previsto até 2012, ano do centenário de seu nascimento.

A noite também contou com as participações do escritor moçambicano Mia Couto, que falou da importância de Jorge Amado para os escritores africanos, e Miltom Hatoum, que leu "A Morte e a Morte de Quincas Berro D'Água".

Chico Buarque, de jeans e camisa branca de manga comprida, contou, antes de sua leitura, como conheceu Jorge Amado, a quem chamou que "queridíssimo". "Fiz um esforço para lembrar (como o conheci), me parece daquelas pessoas que a gente já conhece desde sempre", disse.

Em meados dos anos 1960, após um show na Bahia e antes do embarque para o avião de volta ao Rio, Chico recebeu a visita inesperada do escritor. Pensando que estava ali para conhecê-lo, acabou decepcionado com um pedido de última hora.

"Quando estou para embarcar, alguém me chama, 'Chico Buarque?'; eu olhei para trás e era o Jorge Amado. Eu falei 'Jorge Amado!', quase falei 'não precisava...', e ele: 'vai para o Rio? Então carrega para mim esse embrulho que tem alguém esperando no aeroporto"', disse, seguido de muitos aplausos e risos do público. Chico contou que mais tarde os dois se frequentaram muito no Rio de Janeiro e em Paris, onde ambos moraram, e Chico chegou a trazer da Europa os originais do livro e memórias "Navegação de Cabotagem", para publicação no Brasil no começo dos anos 1990.

O músico, que também é autor de livros como "Budapeste", compôs a canção-tema "O Que Será" do filme "Dona Flor e Seus Dois Maridos" (1976), dirigido por Bruno Barreto.

CANDOMBLÉ

Caetano Veloso, também de jeans, trocou a mesa que os convidados usaram nas leituras por um banquinho e violão.

Começou logo pela canção "É Doce Morrer no Mar", de autoria do próprio Amado e de Dorival Caymmi, e depois seguiu com "Milagres do Povo", composição própria para uma minissérie baseada em romance do escritor.

O músico, também baiano, contou que participou com uma pergunta de uma entrevista do jornal Pasquim com Jorge Amado. Caetano questionou sobre a verdadeira ligação do escritor com o candomblé.

E ele respondeu, de acordo com Caetano: "Não sei se feliz ou infelizmente, eu não acredito em nada. Diferentemente de Caymmi, eu não tenho absolutamente nenhuma religiosidade. Mas.. eu vi muitos milagres no candomblé."

A viúva Zélia Gattai, 91 anos, gravou um vídeo para a festa, no qual também compartilhou uma história ao lado de Jorge Amado, que morreu em 2001 aos 88 anos. A escritora contou como os personagens de Amado acabavam virando membros da família, como no caso de Dona Flor.

A filha dos dois, Paloma Amado, também aproveitou para ler o final do livro "Capitão de Longo Curso", que classificou como seu favorito por falar sobre sonhos.

"Meu pai me ensinou (...) que o sonhar é o bem mais precioso que o homem tem, que ninguém pode tomar, acabar com ele. Na pior das condições o homem ainda pode sonhar. E estar aqui hoje é conseguir chegar aqui à realidade do sonho," disse.

"Sonhamos sempre que a obra de papai tivesse o cuidado e o esmero que ela merecia."

 

26/3/08 
Chico Buarque e Caetano Veloso fazem leitura de Jorge Amado em SP
Cantores participaram de evento de relançamento da obra do escritor baiano

Do EGO, em São Paulo

Chico Buarque e Caetano Veloso participaram de um evento em homenagem a Jorge Amado nesta terça-feira, 25, em São Paulo. A dupla de cantores leu trechos da obra do escritor baiano, que teve seus livros relançados neste ano. O evento, no Sesc Pinheiros, ainda reuniu filhos e admiradores do escritor, e exibiu peças de Amado, como uma de suas primeiras máquinas de escrever.

 
Chico Buarque faz leitura de uma das obras de Jorge Amado no Sesc Pinheiros, na terça-feira, 25. 
Foto: Lourival Ribeiro/AgNews


 
Caetano Veloso também participa de leitura de textos de Jorge Amado. Ele canta no evento. Foto: Lourival Ribeiro/AgNews



 

Caetano Veloso lê trechos da obra de Jorge Amado em evento na capital paulista 
Foto: Lourival Ribeiro/AgNews





FOLHA DE S.PAULO
Ilustrada

Quarta-feira, 26 de março de 2008

Chico ri de Dona Flor e Caetano canta Amado e Caymmi
EDUARDO SIMÕES
SYLVIA COLOMBO


Como era esperado, Caetano Veloso e Chico Buarque foram os destaques do evento de lançamento da reedição das obras completas de Jorge Amado (1912-2001), pela Companhia das Letras, ontem à noite, no Sesc Pinheiros, em São Paulo.


Se, por um lado, ambos frustraram a expectativa do público, que, fartamente munido de câmeras, esperava ver os dois cantores juntos no palco, por outro envolveram a platéia, cada um de seu modo peculiar.


O carioca entrou no palco de jeans, tênis e camisa branca, com seu jeito tímido. Sentou-se à mesa para ler trecho de "Dona Flor e Seus Dois Maridos" e corou, soltando risadinhas, ao comentar o ar safado da protagonista depois que o finado Vadinho volta dos mortos.


Já Caetano, também de jeans e exibindo seu farto cabelo grisalho, cantou Dorival Caymmi ("É Doce Morrer no Mar", cuja letra é de Amado) e tropeçou na letra de "Milagres do Povo", composição sua para a trilha da minissérie "Tenda dos Milagres" (baseada em obra do escritor baiano). "Quando é para cantar uma letra do Caymmi eu faço tudo certo, nas minhas, eu erro", disse o cantor. "Isso é coisa do Jorge."


Dirigido por Vadim Nikitin, o espetáculo mesclou leituras de trechos de obras --por Chico ("Dona Flor e Seus Dois Maridos"), Milton Hatoum ("A Morte e a Morte de Quincas Berro D'Água"), e Caetano ("Mar Morto"), --homenagens --do escritor moçambicano Mia Couto e do historiador Alberto da Costa e Silva, e dramatizações. Também foram exibidas cenas do documentário "Jorge Amado", de João Moreira Sal- les, e de um depoimento gravado pela viúva Zélia Gattai, que não pôde comparecer.


Em sua fala, Gattai lembrou que, perto de terminar "Dona Flor", Amado estava "aflito" com o desenlace da trama. Ela então sugeriu matar a personagem. O escritor se recusou e, após perder a noite escrevendo, acordou a mulher com a solução: "Ó, Zélia, essa sua amiga se revelou uma boa descarada. Vadinho voltou nu, ela dormiu com ele e Dr. Teodoro, e achou ótimo". O público aplaudiu.


Jeito açucarado

O mestre-de-cerimônias foi o ator baiano Luis Miranda. A ele, juntaram-se no palco os atores Marat Descartes, Luah Guimarãez e Edna Aguiar.


Costa e Silva salientou que o que distingue um escritor de romances de um verdadeiro romancista, como Amado, são seus personagens, "que vivem durante a leitura e depois que o livro é fechado". Já Mia Couto ressaltou que, por meio da obra do escritor baiano, "o Brasil regressava à Africa", e devolvia ao continente a fala [o português] "num jeito açucarado".


A noite acabou com Caetano contando um episódio curioso: convidado para entrevistar o escritor para "O Pasquim", ele perguntou se sua relação com o candomblé era política, ideológica, cultural ou se tinha dimensão religiosa. O escritor respondeu que, diferentemente do amigo Caymmi, não acreditava em nada. Mas que já tinha visto "muitos milagres no candomblé, milagres do povo brasileiro".


 














José Patrício/AE

O cantor e compositor Caetano Veloso faz a leitura de texto de Jorge Amado, no Sesc Pinheiros, zona oeste de São Paulo, na noite de terça-feira. 25/03/2008










Mia Couto

Paloma Amado








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