O GLOBO
Chico e
Caetano lembram momentos com Jorge Amado em festa em SP
Plantão
Publicada em 26/3/2008
Reuters
SÃO PAULO - Dona Flor, Vadinho e Quincas Berro D'Água foram as estrelas
da noite de lançamento da reedição da obra completa de Jorge Amado, na
terça-feira em São Paulo, ao lado de Caetano Veloso e Chico Buarque, que
relembraram momentos curiosos partilhados com o escritor baiano.
Apesar da expectativa do público de cerca de mil pessoas, munidas de
insistentes flashes fotográficos, os dois não cantaram juntos, como aconteceu
pela última vez em 1986, no programa que ambos dividiam na TV Globo.
Chico leu por cerca de 10 minutos um trecho final de "Dona Flor e
Seus Dois Maridos", e Caetano encerrou o evento cantando "Milagres do
Povo" e "É Doce Morrer no Mar", além de ler um trecho de
"Mar Morto".
O evento, organizado pelo Sesc Pinheiros e a editora Companhia das
Letras, comemorou o relançamento dos 32 livros do autor previsto até 2012, ano
do centenário de seu nascimento.
A noite também contou com as participações do escritor moçambicano Mia
Couto, que falou da importância de Jorge Amado para os escritores africanos, e
Miltom Hatoum, que leu "A Morte e a Morte de Quincas Berro D'Água".
Chico Buarque, de jeans e camisa branca de manga comprida, contou, antes
de sua leitura, como conheceu Jorge Amado, a quem chamou que
"queridíssimo". "Fiz um esforço para lembrar (como o conheci),
me parece daquelas pessoas que a gente já conhece desde sempre", disse.
Em meados dos anos 1960, após um show na Bahia e antes do embarque para
o avião de volta ao Rio, Chico recebeu a visita inesperada do escritor.
Pensando que estava ali para conhecê-lo, acabou decepcionado com um pedido de
última hora.
"Quando estou para embarcar, alguém me chama, 'Chico Buarque?'; eu
olhei para trás e era o Jorge Amado. Eu falei 'Jorge Amado!', quase falei 'não
precisava...', e ele: 'vai para o Rio? Então carrega para mim esse embrulho que
tem alguém esperando no aeroporto"', disse, seguido de muitos aplausos e
risos do público. Chico contou que mais tarde os dois se frequentaram muito no
Rio de Janeiro e em Paris, onde ambos moraram, e Chico chegou a trazer da
Europa os originais do livro e memórias "Navegação de Cabotagem",
para publicação no Brasil no começo dos anos 1990.
O músico, que também é autor de livros como "Budapeste",
compôs a canção-tema "O Que Será" do filme "Dona Flor e Seus
Dois Maridos" (1976), dirigido por Bruno Barreto.
CANDOMBLÉ
Caetano Veloso, também de jeans, trocou a mesa que os convidados usaram
nas leituras por um banquinho e violão.
Começou logo pela canção "É Doce Morrer no Mar", de autoria do
próprio Amado e de Dorival Caymmi, e depois seguiu com "Milagres do
Povo", composição própria para uma minissérie baseada em romance do
escritor.
O músico, também baiano, contou que participou com uma pergunta de uma
entrevista do jornal Pasquim com Jorge Amado. Caetano questionou sobre a
verdadeira ligação do escritor com o candomblé.
E ele respondeu, de acordo com Caetano: "Não sei se feliz ou
infelizmente, eu não acredito em nada. Diferentemente de Caymmi, eu não tenho
absolutamente nenhuma religiosidade. Mas.. eu vi muitos milagres no
candomblé."
A viúva Zélia Gattai, 91 anos, gravou um vídeo para a festa, no qual
também compartilhou uma história ao lado de Jorge Amado, que morreu em 2001 aos
88 anos. A escritora contou como os personagens de Amado acabavam virando
membros da família, como no caso de Dona Flor.
A filha dos dois, Paloma Amado, também aproveitou para ler o final do
livro "Capitão de Longo Curso", que classificou como seu favorito por
falar sobre sonhos.
"Meu pai me ensinou (...) que o sonhar é o bem mais precioso que o
homem tem, que ninguém pode tomar, acabar com ele. Na pior das condições o
homem ainda pode sonhar. E estar aqui hoje é conseguir chegar aqui à realidade
do sonho," disse.
"Sonhamos sempre que a obra de papai tivesse o cuidado e o esmero
que ela merecia."
26/3/08
Chico Buarque e Caetano Veloso fazem leitura de
Jorge Amado em SP
Cantores participaram de evento de relançamento da obra do escritor
baiano
Do EGO, em São Paulo
Chico Buarque e Caetano
Veloso participaram de um evento em homenagem a Jorge Amado nesta
terça-feira, 25, em São Paulo. A dupla de cantores leu trechos da obra do
escritor baiano, que teve seus livros relançados neste ano. O evento, no Sesc
Pinheiros, ainda reuniu filhos e admiradores do escritor, e exibiu peças de
Amado, como uma de suas primeiras máquinas de escrever.
Chico Buarque faz leitura de uma das obras de Jorge
Amado no Sesc Pinheiros, na terça-feira, 25.
Foto: Lourival Ribeiro/AgNews
Caetano Veloso também participa de leitura de textos
de Jorge Amado. Ele canta no evento. Foto: Lourival Ribeiro/AgNews
Caetano Veloso lê trechos da obra de Jorge Amado em
evento na capital paulista
Foto: Lourival Ribeiro/AgNews
FOLHA DE S.PAULO
Ilustrada
Quarta-feira, 26 de março de 2008
Chico ri de
Dona Flor e Caetano canta Amado e Caymmi
EDUARDO SIMÕES
SYLVIA COLOMBO
SYLVIA COLOMBO
Como era esperado, Caetano Veloso e
Chico Buarque foram os destaques do evento de lançamento da reedição das obras
completas de Jorge Amado (1912-2001), pela Companhia das Letras, ontem à noite,
no Sesc Pinheiros, em São Paulo.
Se, por um lado, ambos frustraram a
expectativa do público, que, fartamente munido de câmeras, esperava ver os dois
cantores juntos no palco, por outro envolveram a platéia, cada um de seu modo
peculiar.
O carioca entrou no palco de jeans,
tênis e camisa branca, com seu jeito tímido. Sentou-se à mesa para ler trecho
de "Dona Flor e Seus Dois Maridos" e corou, soltando risadinhas, ao
comentar o ar safado da protagonista depois que o finado Vadinho volta dos
mortos.
Já Caetano, também de jeans e exibindo
seu farto cabelo grisalho, cantou Dorival Caymmi ("É Doce Morrer no
Mar", cuja letra é de Amado) e tropeçou na letra de "Milagres do
Povo", composição sua para a trilha da minissérie "Tenda dos
Milagres" (baseada em obra do escritor baiano). "Quando é para cantar
uma letra do Caymmi eu faço tudo certo, nas minhas, eu erro", disse o
cantor. "Isso é coisa do Jorge."
Dirigido por Vadim Nikitin, o
espetáculo mesclou leituras de trechos de obras --por Chico ("Dona Flor e
Seus Dois Maridos"), Milton Hatoum ("A Morte e a Morte de Quincas
Berro D'Água"), e Caetano ("Mar Morto"), --homenagens --do
escritor moçambicano Mia Couto e do historiador Alberto da Costa e Silva, e
dramatizações. Também foram exibidas cenas do documentário "Jorge
Amado", de João Moreira Sal- les, e de um depoimento gravado pela viúva
Zélia Gattai, que não pôde comparecer.
Em sua fala, Gattai lembrou que, perto
de terminar "Dona Flor", Amado estava "aflito" com o
desenlace da trama. Ela então sugeriu matar a personagem. O escritor se recusou
e, após perder a noite escrevendo, acordou a mulher com a solução: "Ó,
Zélia, essa sua amiga se revelou uma boa descarada. Vadinho voltou nu, ela
dormiu com ele e Dr. Teodoro, e achou ótimo". O público aplaudiu.
Jeito açucarado
O mestre-de-cerimônias foi o ator
baiano Luis Miranda. A ele, juntaram-se no palco os atores Marat Descartes, Luah
Guimarãez e Edna Aguiar.
Costa e Silva salientou que o que distingue um escritor de romances de um verdadeiro romancista, como Amado, são seus personagens, "que vivem durante a leitura e depois que o livro é fechado". Já Mia Couto ressaltou que, por meio da obra do escritor baiano, "o Brasil regressava à Africa", e devolvia ao continente a fala [o português] "num jeito açucarado".
A noite acabou com Caetano contando um episódio curioso: convidado para entrevistar o escritor para "O Pasquim", ele perguntou se sua relação com o candomblé era política, ideológica, cultural ou se tinha dimensão religiosa. O escritor respondeu que, diferentemente do amigo Caymmi, não acreditava em nada. Mas que já tinha visto "muitos milagres no candomblé, milagres do povo brasileiro".
José Patrício/AE |
O
cantor e compositor Caetano Veloso faz a leitura de texto de Jorge Amado, no
Sesc Pinheiros, zona oeste de São Paulo, na noite de terça-feira. 25/03/2008
Mia Couto |
Paloma Amado |
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