“É muito grande essa homenagem para mim. É grande demais, a Mangueira deve saber. Eu sou pequena para compreender tanto”
(Maria Bethânia na quadra da Mangueira, 4/10/2015)
G.R.E.S. ESTAÇÂO PRIMEIRA DE MANGUEIRA
PRESIDENTE: FRANCISCO DE CARVALHO
VICE-PRESIDENTE: ARAMIS SANTOS
DIREÇÃO DE CARNAVAL: JUNIOR SCHALL
CARNAVALESCO: LEANDRO VIEIRA
PRESIDENTE: FRANCISCO DE CARVALHO
VICE-PRESIDENTE: ARAMIS SANTOS
DIREÇÃO DE CARNAVAL: JUNIOR SCHALL
CARNAVALESCO: LEANDRO VIEIRA
O GLOBO
10/09/15
Maria Bethânia visita
barracão da Mangueira pela primeira vez.
Escola vai homenageá-la em 2016
Escola vai homenageá-la em 2016
Maria
Bethânia ouve atentamente as explicações do carnavalesco da Mangueira, Leandro
Vieira
Foto: Diego Mendes
|
Maria
Bethânia não é uma celebridade das mais acessíveis. E quase não é fotografada
por aí. Mas a cantora aparece bem diferente num registro. Com os fartos cabelos
presos e de óculos de grau, ela esteve no barracão da Mangueira esta semana.
Esta foi
a primeira vez que Bethânia pôs os pés no local de onde saem as alegorias e
adereços da escola, que vai homenageá-la no carnaval de 2016. E ouviu
atentamente os planos do carnavalesco Leandro Vieira para o desfile na Marquês
de Sapucaí.
Na
ocasião, foram apresentados os figurinos, o projeto de alegorias, e os
protótipos das fantasias criadas para o enredo “Maria Bethânia: A Menina dos
Olhos de Oyá”.
Encantada
com os detalhes, a cantora mostrou-se empolgada: “Tudo está muito bonito. Minha
Mangueira está linda”.
Maria
Bethânia esteve no Barracão de Alegorias da Mangueira para ver o que está sendo
preparado em sua homenagem
Foto: Diego Mendes
|
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4/10/2015 - Maria Bethânia é enredo da Mangueira e foi conferir
a escolha do samba (Foto: Reprodução / Globo) |
"Quem me chamou? Mangueira/ Chegou a hora, não dá mais pra segurar/ Quem me chamou? chamou pra sambar/ Não mexe comigo, eu sou a menina de Oyá"
Parceria: Alemão do Cavaco, Almyr, Cadu, Lacyr D'Mangueira, Paulinho Bandolim e Renan Brandão
Quem me
chamou? Mangueira
Chegou a hora, não dá mais pra segurar
Quem me chamou? chamou pra sambar
Não mexe comigo, eu sou a menina de Oyá
Não mexe comigo, eu sou a menina de Oyá
Raiou... Senhora mãe da tempestade
A sua força me invade, o vento sopra e anuncia
Oyá... Entrego a ti a minha fé
O abebé reluz axé
Fiz um pedido pro Bonfim abençoar
Oxalá, Xeu Êpa Babá!
Oh, Minha Santa, me proteja, me alumia
Trago no peito o Rosário de Maria
Sinto o perfume... Mel, pitanga e dendê
No embalo do xirê, começou a cantoria
Vou no toque do tambor... ô ô
Deixo o samba me levar... Saravá!
É no dengo da baiana, meu sinhô
Que a Mangueira vai passar
Voa, carcará! Leva meu dom ao Teatro Opinião
Faz da minha voz um retrato desse chão
Sonhei que nessa noite de magia
Em cena, encarno toda poesia
Sou abelha rainha, fera ferida, bordadeira da canção
De pé descalço, puxo o verso e abro a roda
Firmo na palma, no pandeiro e na viola
Sou trapezista num céu de lona verde e rosa
Que hoje brinca de viver a emoção
Explode coração
Quem me chamou... Mangueira
Chegou a hora, não dá mais pra segurar
Quem me chamou... Chamou pra sambar
Não mexe comigo, eu sou a menina de Oyá
Não mexe comigo, eu sou a menina de Oyá
Chegou a hora, não dá mais pra segurar
Quem me chamou? chamou pra sambar
Não mexe comigo, eu sou a menina de Oyá
Não mexe comigo, eu sou a menina de Oyá
Raiou... Senhora mãe da tempestade
A sua força me invade, o vento sopra e anuncia
Oyá... Entrego a ti a minha fé
O abebé reluz axé
Fiz um pedido pro Bonfim abençoar
Oxalá, Xeu Êpa Babá!
Oh, Minha Santa, me proteja, me alumia
Trago no peito o Rosário de Maria
Sinto o perfume... Mel, pitanga e dendê
No embalo do xirê, começou a cantoria
Vou no toque do tambor... ô ô
Deixo o samba me levar... Saravá!
É no dengo da baiana, meu sinhô
Que a Mangueira vai passar
Voa, carcará! Leva meu dom ao Teatro Opinião
Faz da minha voz um retrato desse chão
Sonhei que nessa noite de magia
Em cena, encarno toda poesia
Sou abelha rainha, fera ferida, bordadeira da canção
De pé descalço, puxo o verso e abro a roda
Firmo na palma, no pandeiro e na viola
Sou trapezista num céu de lona verde e rosa
Que hoje brinca de viver a emoção
Explode coração
Quem me chamou... Mangueira
Chegou a hora, não dá mais pra segurar
Quem me chamou... Chamou pra sambar
Não mexe comigo, eu sou a menina de Oyá
Não mexe comigo, eu sou a menina de Oyá
Nota: Oyá – outro nome dado a Iansã, orixá de Maria Bethânia
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26/1/2016 - VIVO RIO
O ESTADO
DE S.PAULO
28/01/2016
Repertório de Bethânia é
revisitado por artistas
A
baiana Mariene de Castro abriu o "Show de verão" da Mangueira, na
terça-feira (26), à noite, com Mel (Caetano Veloso), A Dona do Raio e do Vento
(Paulo César Pinheiro) e Oração pra Mãe Menininha (Dorival Caymmi), saudando a
sua madrinha de santo. O baluarte Tantinho da Mangueira emendou com Maria
Bethânia (Capiba) e Mora na Filosofia (Monsueto e Arnaldo Passos), para depois
entrar Martnália, a quem couberam Baila Comigo (Rita Lee e Roberto
de Carvalho), Último Desejo (Noel Rosa) e Sonho Meu (Dona Ivone Lara e
Délcio Carvalho). A filha de Martinho da Vila fez graça ao contar: "Vocês
sabiam que quando a Bethânia tinha 20 aninhos, ela gravou um disco incrível
cantando Noel Rosa? Olha a Vila Isabel!".
Era o início de uma noite calcada na diversidade do repertório de Maria Bethânia, de sambas-canção e sacudidos, baladas, canções de Chico Buarque, Caetano Veloso, Gonzaguinha, Roberto Carlos, interpretadas por nomes ligados diretamente ou não à agremiação - no primeiro caso, Chico Buarque, Tantinho, Alcione e Rosemary; no segundo, Mariene, Martnália, Pretinho da Serrinha, Ângela Rô Rô, Sombrinha e a portuguesa Carminho. Todos cantaram de graça. Dois foram ovacionados: Chico, por ser Chico, e Carminho, por sua versão à flor da pele de Sangrando (Gonzaguinha), que compartilhou com Alcione.
Uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio, fundada em 1928, a Mangueira realiza esse show há 14 edições, para levantar recursos para seu desfile (estima-se que tenham entrado R$ 250 mil nos cofres verde-e-rosa). Este ano, deixou de lado as exaltações à própria história e se voltou à de Bethânia, a homenageada do enredo A Menina dos Olhos de Oyá, que trata de sua religiosidade e trajetória artística de 50 anos.
A grande estrela desses shows sempre foi o mangueirense Chico Buarque. O compositor é presença certa desde a primeira edição, em 1998, ano em que foi ele o enredo da escola, sagrada com ele campeã do carnaval. Desta vez, Chico, chamado ao palco por Alcione como "guri da Mangueira", "abriu" para Bethânia. Por duas músicas, Anos Dourados e Olhos nos Olhos, ele penou com problemas técnicos, que fizeram sua voz chegar muito baixa ao público. Sua expressão era de agonia.
Quando Bethânia entrou, tratou de parar tudo para que a falha fosse corrigida: "Eu não canto sem ouvir Chico nem morta!". Era o primeiro encontro no palco desde 2001, quando ela fez 35 anos de carreira no Canecão e ele foi uma das participações especiais.
A exigente Bethânia não se deixou abater. Eles reeditaram o dueto de Noite dos Mascarados, que haviam registrado no LP Chico Buarque e Maria Bethânia, 40 anos atrás. Depois Chico saiu e ela cantou Carcará (João do Valle e José Cândido), Vento de Lá (Roque Ferreira), Reconvexo (Caetano) e O Que É, o Que É (Gonzaguinha), para tudo terminar no samba-enredo da Mangueira (Alemão do cavaco/Almyr/Cadu/Lacyr da Mangueira/Paulinho Bandolim/Renan Brandão). Bethânia puxou o refrão - "Quem me chamou... Mangueira/ Chegou a hora, não dá mais pra segurar/ Quem me chamou... chamou pra sambar/ Não mexe comigo, eu sou a menina de Oyá" - e convidou ao palco o intérprete mangueirense Ciganerey, para que ele continuasse a letra. Com ele, voltou o elenco, para o grand finale.
A escola havia cogitado uma entrevista coletiva com Chico e Bethânia pós-show, mas ele não participou. Bethânia fez questão de declarar-se tanto para Chico quanto para a Mangueira: "É grande demais a emoção (de ser homenageada), evito pensar de tão grande que é. Penso que é uma homenagem ao meu orixá, isso me dá um distanciamento, alguma paz", disse. Ela estava frustrada pelo fato de a apresentação com Chico não ter sido a apoteose que se esperava. "À tarde, no ensaio, estava uma delícia", lamentou. "É muito emocionante voltar a cantar com Chico. Ele tem uma graça, uns truques de rapaz, um charme que não acaba. Ele continua rindo da gente, de tudo que a gente faz. A gente é feliz, brinca que namora, faz anarquia."
Era o início de uma noite calcada na diversidade do repertório de Maria Bethânia, de sambas-canção e sacudidos, baladas, canções de Chico Buarque, Caetano Veloso, Gonzaguinha, Roberto Carlos, interpretadas por nomes ligados diretamente ou não à agremiação - no primeiro caso, Chico Buarque, Tantinho, Alcione e Rosemary; no segundo, Mariene, Martnália, Pretinho da Serrinha, Ângela Rô Rô, Sombrinha e a portuguesa Carminho. Todos cantaram de graça. Dois foram ovacionados: Chico, por ser Chico, e Carminho, por sua versão à flor da pele de Sangrando (Gonzaguinha), que compartilhou com Alcione.
Uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio, fundada em 1928, a Mangueira realiza esse show há 14 edições, para levantar recursos para seu desfile (estima-se que tenham entrado R$ 250 mil nos cofres verde-e-rosa). Este ano, deixou de lado as exaltações à própria história e se voltou à de Bethânia, a homenageada do enredo A Menina dos Olhos de Oyá, que trata de sua religiosidade e trajetória artística de 50 anos.
A grande estrela desses shows sempre foi o mangueirense Chico Buarque. O compositor é presença certa desde a primeira edição, em 1998, ano em que foi ele o enredo da escola, sagrada com ele campeã do carnaval. Desta vez, Chico, chamado ao palco por Alcione como "guri da Mangueira", "abriu" para Bethânia. Por duas músicas, Anos Dourados e Olhos nos Olhos, ele penou com problemas técnicos, que fizeram sua voz chegar muito baixa ao público. Sua expressão era de agonia.
Quando Bethânia entrou, tratou de parar tudo para que a falha fosse corrigida: "Eu não canto sem ouvir Chico nem morta!". Era o primeiro encontro no palco desde 2001, quando ela fez 35 anos de carreira no Canecão e ele foi uma das participações especiais.
A exigente Bethânia não se deixou abater. Eles reeditaram o dueto de Noite dos Mascarados, que haviam registrado no LP Chico Buarque e Maria Bethânia, 40 anos atrás. Depois Chico saiu e ela cantou Carcará (João do Valle e José Cândido), Vento de Lá (Roque Ferreira), Reconvexo (Caetano) e O Que É, o Que É (Gonzaguinha), para tudo terminar no samba-enredo da Mangueira (Alemão do cavaco/Almyr/Cadu/Lacyr da Mangueira/Paulinho Bandolim/Renan Brandão). Bethânia puxou o refrão - "Quem me chamou... Mangueira/ Chegou a hora, não dá mais pra segurar/ Quem me chamou... chamou pra sambar/ Não mexe comigo, eu sou a menina de Oyá" - e convidou ao palco o intérprete mangueirense Ciganerey, para que ele continuasse a letra. Com ele, voltou o elenco, para o grand finale.
A escola havia cogitado uma entrevista coletiva com Chico e Bethânia pós-show, mas ele não participou. Bethânia fez questão de declarar-se tanto para Chico quanto para a Mangueira: "É grande demais a emoção (de ser homenageada), evito pensar de tão grande que é. Penso que é uma homenagem ao meu orixá, isso me dá um distanciamento, alguma paz", disse. Ela estava frustrada pelo fato de a apresentação com Chico não ter sido a apoteose que se esperava. "À tarde, no ensaio, estava uma delícia", lamentou. "É muito emocionante voltar a cantar com Chico. Ele tem uma graça, uns truques de rapaz, um charme que não acaba. Ele continua rindo da gente, de tudo que a gente faz. A gente é feliz, brinca que namora, faz anarquia."
Chico Buarque mostra como foi reencontro com Maria Bethânia nos palcos
Chico Buarque deixou seus fãs enlouquecidos nesta quinta-feira (28) ao compartilhar em seu perfil do Facebook um vídeo de seu reencontro com Maria Bethânia nos palcos. Os dois artistas não cantavam juntos havia 14 anos. O dueto se deu na casa de espetáculos Vivo Rio, no show de verão da Mangueira, evento promovido anualmente pela escola de samba para angariar recursos para seu desfile.
No vídeo, o cantor e compositor começa a interpretar "Olhos nos Olhos" sozinho e recebe, no meio da música, Bethânia, que assume o vocal sob aplausos e gritos da plateia. Ao final da canção, os dois fazem uma reverência e começam, então, a cantar juntos "Noite dos Mascarados", dando as boas-vindas ao Carnaval.
É tradição Chico Buarque participar do show, mesmo em anos em que ele não está em cartaz com nenhum espetáculo. Já Bethânia será a homenageada deste Carnaval pela Mangueira, que cruzará a Sapucaí com um desfile inspirado em sua obra. Com o título de "Maria Bethânia, a Menina dos Olhos de Oyá", o enredo é o segundo da trajetória da agremiação que homenageia a artista. Em 1994, ela já foi tema da Mangueira ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gal Costa.
O desfile oficial da Mangueira fecha o segundo dia em 8 de fevereiro entre 2h55 e 4h20.
Fotos: Thyago Andrade/ Brazil News
Ensaio
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Tom Veloso / Facebook Caetano Veloso |
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27/1/2016 - TOM BRASIL (SP)
28/1/2016
Após
14 anos, Chico Buarque e Maria Bethânia se reencontram no palco com Mangueira
em SP
Apresentação celebrou a música brasileira
Thiago
Calil, do R7
Maria Bethânia e Chico Buarque dividem o palco do Tom Brasil - Leo
Franco/AgNews
|
A
Estação Primeira de Mangueira pintou o Tom Brasil, na zona sul de São Paulo, de
verde e rosa na noite de quarta-feira (27). A escola de samba carioca trouxe
para a capital paulista o Show de Verão, que neste ano homenageou a
cantora Maria Bethânia. Se a apresentação contasse ponto no Carnaval, a
agremiação já poderia comemorar o campeonato.
Antes
de falar sobre o show em si é preciso lembrar que não é todo dia que se tem
dois enredos da Mangueira dividindo o mesmo palco. Chico Buarque ajudou a verde
e rosa a vencer o Carnaval de 1998, com Chico Buarque da Mangueira. A
cantora, por sua vez, é a estrela de 2016, no enredo Maria Bethânia: A
Menina dos Olhos de Oyá.
Essa,
aliás, não será a primeira relação entre a irmã de Caetano Veloso e a escola
carioca. Em 1994, Bethânia participou da homenagem aos Doces Bárbaros no
desfile Atrás da Verde e Rosa Só Não Vai Quem Já Morreu.
Chico
e Bethânia não dividiam o palco há 14 anos e a homenageada da noite exaltou o
encontro.
—
Tenho amigos de dentro dessa escola espetacular, escola da poesia. Muito
obrigado por essa noite. É uma alegria voltar ao palco com Chico Buarque. E uma
alegria para mim, uma menina de Santo Amaro (BA), ser enredo de uma escola de
samba como a Mangueira.
No
palco, diversos artistas gabaritados se revezaram para cantar músicas que já
foram sucesso na voz de Bethânia. A apresentação começou ao som de Mel,
interpretada por Mariene de Castro, que já deixou o público em clima de
euforia.
Sombrinha
deixou as pessoas em pé para cantar Gota D’água e Apesar de Você.
Ângela Rô Rô — e sua voz inconfundível — relembrou Gota de Sangue e
Fogueira, sucessos de sua autoria cantados por Bethânia.
—
Ela é de uma generosidade. Faz um bem à carreira da gente, à alma da gente.
Figurinha
carimbada da verde e rosa, Rosemary soltou o vozeirão e foi ovacionada ao
interpretar Eu Preciso de Você e As Canções que você fez pra Mim/Fera
Ferida. Um dueto da portuguesa Carminho com Alcione emocionou — a ponto de
algumas pessoas da plateia chorarem. As duas cantaram Sangrando, sucesso
de Gonzaguinha.
Mostrando
que integração é a palavra de ordem quando o assunto é Carnaval, o verde e rosa
deu lugar ao azul e brando da Vila Isabel, para Mart’nália, e ao verde e branco
da Império Serrano, para Pretinho da Serrinha. “Vou contar uma historinha.
Maria Bethânia, quando tinha uns 20 aninhos,
gravou um disco só com músicas de Noel [Rosa]. Ou seja, Vila Isabel. Dá
licença, Mangueira!”, brincou a sambista, que fez graça o tempo todo que esteve
no palco.
Chico, que participou das 14
edições do Festival de Verão, surgiu arrancando gritos do público e cantou Anos Dourados. No
meio de Olhos nos Olhos,
entrou Maria Bethânia. Eles ainda dividiram o palco em Noite dos Mascarados. Nessa hora,
acabou-se a divisão de lugares. Todo mundo ficou em pé para celebrar a noite.
Sozinha, a cantora
seguiu o show com Carcará
e Reconvexo. Em O que É, O que É,
a bateria da verde e rosa subiu no palco. Era o sinal que estava na hora de
Bethânia puxar o samba em sua homenagem, já na ponta da língua de todo mundo
que lá estava.
No bis, a
Mangueira, desta vez sozinha, relembrou os carnavais Brazil com “Z” é pra Cabra da Peste, Brasil com
“S” é a Nação do Nordeste (2002), Atrás da Verde e Rosa Só Não Vai Quem Já Morreu
(1994) e Chico
Buarque da Mangueira (1995).
Foi o fim de uma noite que não
vai ser esquecida tão cedo para os fãs samba, Carnaval e MPB. A apresentação
teve direção de Túlio Feliciano e produção assinada por Vinicius França.
Se o Verão é a estação preferida da maioria dos brasileiros, ele ficou ainda
melhor com as cores verde e rosa.
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Mangueira dá destaque à fé
para celebrar Maria Bethânia
Escola aposta no sincretismo religioso que faz
parte do cotidiano da cantora, que completa 50 anos de carreira
por Rafael Galdo
31/1/2016
A cantora Maria Bethânia será homenageada
pela Mangueira com o enredo 'Menina dos Olhos de Oyá' - Marcos Ramos /
Agência O Globo
|
Do berço católico ao axé de Mãe Menininha do Gantois. Ou das novenas em
Santo Amaro à proteção dos orixás. O sincretismo religioso faz parte do
cotidiano de Maria Bethânia. E será à fé da artista que a Mangueira dedicará
grande parte da homenagem que fará a ela neste carnaval. O nome do enredo já
diz muito: “Maria Bethânia, a menina dos olhos de Oyá”. Faz referência à
divindade dos ventos e das tempestades no candomblé, conhecida também como
Iansã, entidade da qual a cantora é devota. Uma alusão que aparecerá em toda a
abertura da escola, da comissão de frente ao abre-alas. Mas que não será a
única menção às crenças que influenciaram a estrela.
A abordagem da verde e rosa — que espera encerrar um jejum de 14 anos
sem título — deixa a cantora mais serena para ter vida e obra celebradas na
Sapucaí num momento em que comemora 50 anos de carreira.
— Entendo calmamente que é uma homenagem ao orixá. Isso me dá um
distanciamento e alguma paz. Acho que Oyá merece o triplo. E eu ser a menina
dos olhos dela, uma brincadeira do carnavalesco, é uma poesia, como a Mangueira
sabe fazer — afirmou a artista após o show que fez para a escola na última
terça-feira, no Vivo Rio.
Nesse compasso, conta o carnavalesco Leandro Vieira, a primeira alegoria
da escola se chamará “Oyá e Oxum, orixás de frente”. Serão, na verdade, dois carros
acoplados, que, em vez do verde e rosa, terão a predominância de tons de
amarelo, dourado e marrom. O primeiro lembrará Oyá, que aparecerá na forma de
uma de suas representações mais comuns: os búfalos. No centro desse cenário,
virá o baluarte Nelson Sargento, sentado num trono para simbolizar o axé
ancestral da Mangueira. No segundo carro, aparecerá Oxum, em forma de água e
peixes gigantes.
Estandartes com santos católicos
Desde o começo do desfile, diz Leandro, a ideia é contar a história de
Bethânia para além da estrela da música brasileira que ela é. O intuito também
é aproximá-la do público e ressaltar sua ligação com a cultura popular. A
própria religião, diz o carnavalesco, será apresentada nas formas em que as
manifestações do povo costumam interpretá-la.
Assim, um tripé levará os balangandãs que os baianos costumam carregar
em festas como a de Santa Bárbara (em 4 de dezembro). Já quando o enredo chegar
ao catolicismo que marcou a vida de Bethânia na cidade de Santo Amaro, no
Recôncavo Baiano, haverá estandartes com imagens de São João e Santa Bárbara.
No segundo carro, com referências ao Senhor do Bonfim e ao Rosário de Maria, as
laterais vão lembrar azulejos portugueses. E, no alto da alegoria, aparecerá um
menino Jesus com cabelo de anjo.
— Sou fã da Bethânia e acompanho a trajetória dela. Então, imaginava
como fazê-la se sentir homenageada. Não podia apresentá-la como um mito da
música. Ela é, mas não se coloca assim. Lembro um episódio curioso, quando a
gravadora fez um trono para que Bethânia desse uma entrevista. Ela se sentou no
chão. O enredo mostrará a Bethânia brasileira, a menina — diz Leandro.
A carreira musical dela, claro, será mostrada. Um carro remeterá a
alguns de seus principais espetáculos. Outro trará o carcará, ave que dá nome à
música de João do Vale e José Cândido eternizada na voz de Bethânia. E, na
sexta alegoria, aparecerá a abelha-rainha da canção “Mel”. Ali estará também a
única escultura do rosto de Bethânia no desfile, esculpido numa medalha
dourada. É nesse carro que estarão Caetano Veloso, Moacyr Luz, Jards Macalé,
Sueli Costa, Chico César, Zélia Duncan, Leda Nagle, Regina Casé, Renata Sorrah,
Bia Lessa, o maestro Jaime Alem e os músicos da banda da cantora.
Mangueirenses ilustres, como Alcione e Rosemary, também terão lugar de
destaque ao longo do desfile, que marcará a volta de Beth Carvalho, depois de
quatro anos afastada por motivos de saúde. Uma ausência, contudo, é confirmada
pela escola: Chico Buarque, com quem Bethânia cantou no show de terça-feira
passada, mas que terá um compromisso fora do Rio no carnaval.
Já Bethânia desfilará no último carro, ao lado das afilhadas Nina e
Júlia, gêmeas de 12 anos, filhas de sua produtora, Ana Basbaum. Perguntada
sobre como será sua fantasia, a cantora brinca, diz que virá de “Bethânia
mesmo”. A escola só adianta que será uma roupa de festa, com verde e rosa,
feita por Gilda Midani, a mesma que confecciona os figurinos dos shows da
cantora. A alegoria também terá verde e rosa, mas misturados com azuis, para
encerrar o setor sobre a cidade de Santo Amaro. Será um circo, recordação que
leva a homenageada a seus primeiros contatos com a arte.
— Toda a minha primeira memória de teatro é de circo. Em Santo Amaro, vi
vários. Mas o Golden Circo foi o que ficou mais na minha cabeça. Tinha o
palhaço Poli, que era minha paixão. Quando tinha sessão à tarde, eu podia ir.
Tinha o globo (da morte), as motos, os palhaços, os trapezistas... Eu dizia: “é
isso que eu quero ser” — lembra Bethânia.
Cantora fez apenas três pedidos
No carro, ela estará a uma altura de três metros do chão. Não tão alto
quanto outros homenageados na Sapucaí costumam desfilar. Mas foi a própria
cantora que quis assim. Em 1994, no enredo “Atrás da verde e rosa só não vai
quem já morreu”, ela passou apuros devido à altura em que estava na alegoria. O
que não quer repetir agora.
— Vou na altura de criança. Eu estou velha, então posso exigir essas
coisas — brinca.
Esse foi um dos três únicos pedidos que Bethânia fez à escola, conta o
carnavalesco Leandro. O segundo, por causa da religião, foi que não houvesse
máscaras nem caretas no desfile. E o terceiro foi restringir o uso da cor
preta, que aparece apenas no carcará de um dos carros. Já para a escola mirim
Mangueira do Amanhã, ela fez uma indicação: que crianças refugiadas da ONG IKMR
desfilassem integradas aos jovens da comunidade.
— Bethânia é uma mangueirense nata. Quando a convidamos para gravar um
trecho do samba no CD das agremiações do Grupo Especial, ela se prontificou
imediatamente. Ela está ajudando e vibrando muito com a escola — afirma o
presidente da verde e rosa, Chiquinho da Mangueira.
A cantora tem mesmo sido uma homenageada participativa: ficou até
amanhecer na quadra da agremiação na final do samba, conheceu os desenhos de
fantasias e alegorias e foi ao barracão ver os protótipos dos figurinos da
escola. O resultado final de como será a homenagem, no entanto, ela só
conhecerá na madrugada de terça-feira, quando a Mangueira, ultima escola a
desfilar, despontar na avenida. Será a apoteose onde se concretizará uma festa
que começou a ser planejada pelo carnavalesco Leandro, idealizador do enredo e
que apresentou a Bethânia a proposta.
— Ela me ouviu, gostou... Pediu que eu assinasse o texto da sinopse e
guardou com ela. Só esperou a autorização do axé para saber se ela poderia
receber essa homenagem. Deu tudo certo — comemora Leandro.
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1/2/2016 Fotos: Divulgação
Em entrevista à TV Globo, Caetano, que desfilará no quarto carro da agremiação, falou um pouco sobre o desfile:
– "Meus irmãos todos vêm”, disse ele, que contou, ainda, que o samba ainda não está na ponta da língua.
– "Não decorei tudo, mas tô aprendendo. Mas estou suficientemente preparado nos dois refrões", afirmou.
A Mangueira será a última escola do Grupo Especial a pisar na Avenida neste ano, fechando o desfile da Segunda-Feira de Carnaval.
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Novembro 2015
Álbum "Sambas de Enredo
2016"
Grupo
Especial - Rio de Janeiro
Universal
Music CD
Gravado ao vivo na
Cidade do Samba, com as baterias e puxadores oficiais das Escolas, além das
participações especiais de Arlindo Cruz, Lucy Alves, Maria Bethânia, Mart’nália, Martinho da Vila, Zezé di Carmargo
& Luciano.
10. MARIA BETHÂNIA,
A MENINA DOS OLHOS DE OYÁ
[Estação
Primeira de Mangueira]
Compositores:
Alemão do Cavaco, Almyr, Cadu, Lacyr D Mangueira, Paulinho Bandolim e Renan
Brandão
Intérprete:
CIGANEREY com Participação
de MARIA BETHÂNIA
Gravado
15/10/2015
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