Ficha Técnica
Chico
- Artista Brasileiro
Ano:
2015
Gênero:
Documentário
Direção
e Roteiro: Miguel Faria Jr.
Elenco:
Chico Buarque, Maria Bethânia, Ney Matogrosso, Hugo Carvana, Milton Nascimento,
Mart'nália, Carminho, Mônica Salmaso, Laila Garin, Moyses Marques, Adriana
Calcanhoto, Ruy Guerra
Gênero:
Documentário
Nacionalidade:
Brasil
Distribuição:
Sony Pictures
Sinopse
Personagem fundamental da cultura brasileira nos últimos 50 anos, autor, dramaturgo e compositor de uma extraordinária coleção de canções que habitam o
imaginário coletivo do país, Chico Buarque dialoga com a própria memória.
17ª edição |
1/10/2015
Festival
do Rio é aberto com documentário sobre Chico Buarque
Edição apresenta cerca de
250 filmes, 100 a menos que em 2014.
Artistas e profissionais do cinema compareceram a abertura.
Artistas e profissionais do cinema compareceram a abertura.
Começou nesta quinta-feira (1º) o Festival do Rio, que nesta edição
apresenta cerca de 250 filmes —100 a menos que em 2014 — de mais de 60 países.
A abertura da 17ª edição aconteceu no Centro Cultural Luiz Severiano Ribeiro, o
Cine Odeon, na Cinelândia, com exibição do aguardado Chico: Artista Brasileiro,
que tem direção de Miguel Faria Jr.
Artistas e profissionais do mercado de cinema acompanharam a exibição do
documentário, que mostra o cantor e compositor Chico Buarque na montagem de um
show com convidados, mostrando seu cotidiano, seu método de trabalho, seu
processo criativo e sua trajetória.
Miguel Faria Jr. acredita que o festival tem uma atmosfera diferente. "Sou um cineasta carioca e esta é a terceira vez que tenho a oportunidade de abrir o Festival do Rio. É uma honra".
Antônio Pitanga disse que Chico serviu a dezenas de filmes com suas músicas. "Nada melhor do que abrir o festival com o mais carioca de todos, que é o Chico. Ele pensa que é da música, mas é do cinema."
Miguel Faria Jr. acredita que o festival tem uma atmosfera diferente. "Sou um cineasta carioca e esta é a terceira vez que tenho a oportunidade de abrir o Festival do Rio. É uma honra".
Antônio Pitanga disse que Chico serviu a dezenas de filmes com suas músicas. "Nada melhor do que abrir o festival com o mais carioca de todos, que é o Chico. Ele pensa que é da música, mas é do cinema."
Foto: Isac Luz/ EGO |
Festival do Rio recebe
Caetano Veloso em sua abertura no Cine Odeon
Em noite
de festa, o Cine Odeon mais uma vez foi palco para famosos, na abertura do Festival
do Rio 2015.
O filme
escolhido para a abertura foi o documentário “Chico: Artista Brasileiro”, com
direção de Miguel Faria Jr. Pelo tapete vermelho passaram nomes como o cantor
Caetano Veloso, as atrizes Betty Faria, Paola Oliveira, Maria Zilda Bethlem e
outros.
Caetano
Veloso passou rapidamente pelo
tapete sem falar com a imprensa.
Antônio Pitanga e Miúcha Foto: Ciadafoto |
Chico:
Artista Brasileiro
25/11/2015
Robledo Milani
Crítico de cinema, vice-presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de
Cinema do Rio Grande do Sul, e membro da ABRACCINE - Associação Brasileira de
Críticos de Cinema. Formado em Comunicação Social pela UFRGS, é também
sócio-diretor da Phosphoros Novas Ideias, empresa de assessoria de imprensa e
produção de conteúdo. Criador do portal Papo de Cinema.
Que Chico Buarque seja um dos maiores nomes da
música popular brasileira, disso ninguém duvida, nem questiona. No entanto, é
surpreendente perceber que, mesmo com mais de cinquenta anos de carreira,
somente agora um cineasta decidiu se debruçar sobre sua personalidade para a
elaboração de um documentário a seu respeito. Felizmente, não foi qualquer um –
afinal, o responsável por Chico: Artista Brasileiro é Miguel Faria Jr., o mesmo de Vinícius (2005),
uma das produções nacionais do gênero de maior bilheteria em todos os tempos.
Mas mais do que isso, do que entregar um filme pronto para cair no gosto
popular, há espaço para descobrirmos Chico de uma maneira como poucas vezes
fora possível antes, além da figura pública, privilegiando tanto seu talento
singular como também sua intimidade – dentro da medida do possível, é claro.
Afinal, Chico: Artista Brasileiro não é um filme oportunista. Não se trata de uma produção barata – não no sentido financeiro, mas de cuidado e detalhamento – e feitas às pressas. É algo, pelo contrário, que denota interesse a refinamento, bem de acordo com a personalidade do retratado. Faria Jr. reuniu-se com Chico Buarque no apartamento dele no Rio de Janeiro e em uma sequência de conversas conseguiu abordar os principais tópicos de sua trajetória em mais de setenta anos de vida. A infância, a influência paterna, os primeiros amigos, a adolescência na Europa, a volta ao Brasil, o começo do sucesso, as grandes parcerias musicais, a luta contra a Ditadura, as poucas experiências como ator, o medo do palco, a paixão pelo esporte, a consagração como escritor. Mas do que isso, discorre também sobre as relações familiares, o casamento com Marieta Severo – que durou três décadas – e os filhos e netos frutos dessa união, sua vida atual e como lida com a solidão – ou mesmo a ausência dessa.
Tudo é construído de modo cronológico, como se o espectador tivesse se sentado em frente ao Chico e pedido ao próprio que narrasse, com suas palavras, os momentos mais importantes de sua vida. Chico não se exime de cada detalhe, muitas vezes acha graça de si mesmo – seu bom humor é invejável – e mesmo em assuntos mais delicados, como a convívio com o pai – e a longa sombra dele sobre os filhos – ou o período de exílio, durante o Governo Militar, não deixam de ser tratados. No entanto, tudo está ali sob o seu ponto de vista, e não há ninguém para corroborá-lo – ou mesmo contradizê-lo. Assume-se sua visão dos fatos como a sua verdade, e ao espectador cabe confiar nessa versão, dependendo muito para isso da empatia que o artista possui com seu público.
Mas mais do que um convite ao mundo particular de Chico Buarque, muitos do que forem até este longa farão isso pelo interesse que possuem por sua música – ainda que ele afirme ser mais conhecido internacionalmente como escritor do que como cantor e compositor, é certamente sua veia musical que fala mais alto por aqui. É justamente nessa questão que Chico: Artista Brasileiro revela seu ponto fraco. Afinal, pouco se escuta de sua voz – apenas duas canções são interpretadas por ele, a de abertura (Sinhá) e a de encerramento (Paratodos). As demais ou são ouvidas em trechos de suas gravações originais, ou defendidas por artistas de uma nova geração e não tão populares. Apenas dois nomes de peso foram convidados para essas participações – Ney Matogrosso e Milton Nascimento. Talvez o objetivo tenha sido justamente esse, privilegiar suas letras, sem destacá-lo como intérprete. Mas é quase impossível não se frustrar com essa decisão.
Miguel
Faria Jr. estava há anos sem filmar – seu último longa fora justamente o citado
Vinícius, dez anos atrás. O peso do tempo é inevitável,
e se neste trabalho anterior ele demonstrava uma vivacidade e um aprofundamento
de pesquisa muito maior, aqui ele decide jogar uma partida já ganha. O Chico
Buarque que se revela em Chico: Artista Brasileiro é merecedor de todas as honrarias
possíveis, mas não chega a ser surpreendente ou inesperado. Para quem não o
conhece – como, talvez, o irmão alemão, que gera uma das melhores passagens do
filme – talvez sirva como um ótimo cartão de visitas. Algo que, é preciso
concordar, ele não precisa. Para todos os demais, tem-se algo bonito, merecedor
do homenageado, mas que serve apenas para reafirmar o óbvio e eternizar algo
que não pode ser esquecido. Válido, porém sem compreender em toda a sua
abrangência e totalidade o talento deste verdadeiro gênio nacional.
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