lunes, 18 de febrero de 2013

1975 - MILTON / BUARQUE / VELOSO











Foto: Cafi



























































Divulgación del show organizado por Sombrás (Sociedade Musical Brasileira), entidad representativa de los compositores brasileños.


Cartaz de divulgação do show de Chico Buarque, Caetano Veloso e 

Milton Nascimento, realizado no Canecão









Foto: Mario Luiz Thompson















MILTON / BUARQUE / VELOSO





Foto: Cafi













 







FOLHA DE S. PAULO

FOLHA ILUSTRADA

São Paulo, quinta-feira, 2 de outubro de 1975


Caetano Veloso, Milton Nascimento e Chico Buarque: um show em defesa da música brasileira e dos que trabalham com ela.



Caetano, Chico e
Milton: o encontro
musical no Canecão

Isa Cambara


RIO (Sucursal) – Para alguns, foi o “show do ano”; para outros, o “show do seculo”. Os mais entusiastas chegaram a classificar de “encontro da santíssima trindade” o espetáculo de anteontem no Canecão reunindo Chico Buarque, Milton Nascimento e Caetano Veloso. Os três artistas foram mais sucintos: “Foi um barato”. E a Sombras –entidade representativa dos compositores brasileiros e organizadora do espetáculo- foi mais explícita:
 - “O objetivo do espetáculo foi chamar a atenção do público em geral, e dos compositores novos en particular, para a dificuldade de se criar no Brasil há uma situação a ser corregida e a Sombras va a lutar por essa correção”.

Uma nota –lida antes do espetáculo por um dos integrantes da Sombras- explicava em detalles a situação a ser corregida, que envolve, principalmente as arrecadadoras, as gravadoras e os empresários. E lembrava. Também, qie o show “Milton-Buarque-Veloso” era um congraçamento de todas as pessoas que trabalham com música ou que participam desse trabalho, mesmo que seja indiretamente como a imprensa.


SUCESSO TOTAL

Graças ao talento dos três compositoes intérpretes, a Sombras conseguiu seus dois objetivos: chamou a atenção para os problemas enfrentados pelos compositores brasileiros e reuniu gente importante de todos os setores dda vida artística, inteletual e até esportiva da cidade. Na tarde de terça-feira, por ejemplo, o jogador Afonsinho lutava para conseguir um ingresso, mesmo que fosse a peso de ouro. Ele tinha vindo jogar no Rio no final da semana e deu “um jeitinho” de ficar para ver o espetáculo. Sua presença no Canecão foi saudada efusivamente por Chico, Caetano e Milton.

No ensaio geral -que quase não ouve por causa de um defeito na aparelhagem do som- os três estavam completamente à vontade e repetiam para todos que perguntavam sobre a experiência as mesmas frases entusiasmadas: “É um barato”, “maravilhoso”, “fantástico”: Milton Nascimento, num repente de eloquência (ele normalmente não fala mais de três frases), foi mais além.

  - O show é o ponto de partida para um trabalho conjunto que podemos e pretendemos desenvolver. Eu e Caetano já temos uma experiência de trabalho conjunto. Fizemos uma música, que está no meu novo LP, “Minas”, con lançamento previsto para este mes. O nome é “Paula e Bebeto”


O ROTEIRO

O roteiro do show –elaborado por Maurício Tapajós- incluía 34 músicas, apenas duas delas cantadas pelos três juntos: “Travessia”, que iniciava o espetáculo, e “Festa Imodesta”, de Caetano, que o encerrava. No roteiro, muitas músicas conhecidas e algunas novas como “Gota d’Água”, de Chico; “Fé Cega/Faca Amolada”, de Milton; e “Naturalmente”, de Caetano. Apenas uma das músicas apresentadas –“Beijo Partido”, cantada por Milton– não era composição de nenhum dos três, mas de Toninho Horta, integrante do Som Imaginário, que acompanhou os compositores.

O total da renda não foi anunciado, mas supõe-se que debe ter sido um recorde, já que todos os ingressos, ao preço de Cr$ 60,00, esgotaram-se - foram vendidos dias antes do espetáculo. Essa renda foi destinada à Sombras, que, segundo sua diretoria, “saberá dar um destino justo ao dinheiro”.

A próxima realização da Sombras não vai ser musical. Sua diretoria pretende fazer um debate sobre os critérios de arrecadação, o papel da distribuidora, os deveres das gravadoras. Tudo isso para “impedir a manipulação do artista por uma máquina que quer impor ao público um gosto popular que não corresponde geralmente à realidade cultural e política do país”.






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