martes, 12 de febrero de 2013

1968 - Programa DIVINO, MARAVILHOSO




Programa de televisión emitido por la TV Tupi, los días lunes desde el 28 de octubre al 23 de diciembre de 1968.

























 
 















Gal Costa / Tom Zé / Caetano Veloso

























Folha de S. Paulo
30 de outubro de 1968


BAIANOS NA
TV: “DIVINO,
MARAVILHOSO”

Caetano e Gil – Diferentes, avançados, prá frente

Adones de Oliveira


Um ano após o estouro de Alegria, Alegria e Domingo no Parque, um ano após a sacudidela na música popular brasileira, de que resultaram novas concepções, novos caminhos, somente um ano depois de discutidos, condenados e elogiados, Caetano Veloso e Gilberto Gil conseguem um programa na televisão. Só anteontem em “Divino, Maravilhoso”, na TV Tupi, o público telespectador, ou a massa média, começa apreciar mais extensamente a estética nova que os baianos se propõem e propõem comunicar. Só agora, com programa regular, sistemático, Caetano e Gil têm oportunidade de testar o seu novo comportamento musical. Da aceitação popular ou não, da deglutição ou não, do consumo ou não, já que eles estão na faixa do “produssumo” – produzir para o consumo, no neologismo criado por Décio Pignatari – depende a sobrevivência do grupo e a validez de suas teses, ou de sua revolução.

Um novo conceito estético, radicalmente desvinculado do passado (“Isso que anda por aí está tudo velho”, disse Caetano) e, integralmente integrado no presente – não no futuro – é o que pretendem os baianos e foi o que procuraram mostrar anteontem na estréia de “Divino, Maravilhoso”.

O programa é produzido por Fernando Faro e Antonio Abujamra e tem o próprio Cassiano Gabus Mendes, diretor da estação, trabalhando no corte de imagens. Irá para o ar toda segunda-feira, às 21h30, até dezembro, quando termina o contrato dos artistas com a Tupi. Ou por muito tempo ainda, se tudo der certo, ou melhor, se as novas estruturas, ou as novas anti-estruturas passarem a ser consumidas.

Do primeiro “Divino, Maravilhoso” participaram Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jorge Bem, Os Mutantes, Gal Costa e o conjunto Os Bichos. Quem ficou em casa para ver mais um programa de televisão, enganou-se e, diante do engano, ou aplaudiu com entusiasmo ou vaiou com ódio. Indiferente ao que acontecia no palco, todo decorado com quadros pop de um pintor japonês, é que não se ficou.

No começo aparece Caetano, de blusa militar aberta sobre o torso nu e o cabelo penteado. Senta-se num banquinho, em estilo ioga, e começa a cantar Saudosismo, sua nova música, toda nos moldes das bossa nova original, bem Tom Jobim, bem João Gilberto. Mas a música é para proclamar um Chega de Saudade e Caetano assanhar o cabelo e Os Mutantes entrarem em cena e começarem todos freneticamente, amalucadamente, a fazerem o “som livre”. No auge da improvisação, com guitarras, gritos e movimentos de quadris, Caetano diz que vieram mostrar o que estão fazendo e como estão fazendo. E o programa daí para o fim é o mau comportamento total, caótico nos sons e gestos, alucinação.

Desfilam as novas músicas: Falência das Elites, Miserere Nobis, Baby, É Proibido Proibir, Caminhante Noturno, Panis et Circencis, etc. Cada qual se transforma num happening, num pretexto para extravagância, “loucuras”. Para que Gil cante A Falência das Elites entram em cena várias latas velhas e é aquele baticum. Caetano deita-se no chão, rola-se como num estertor, vira as pernas para cima, de repente levanta-se e entra no ritmo alucinante, revirando os quadris, em gestos tão ousados que às vezes o próprio Cassiano não tem coragem de captar. O público, que lota o teatro do Sumaré, meio inibido no início, começa a aplaudir, Caetano fica satisfeito com a reação, mas depois diz que gostaria de mais participação, mais vibração. Nos próximos eles esperam, a coisa irá esquentar, por enquanto foi só o início.

No final do programa, em meio a um improviso em que todos entram, Caetano grita a palavra de ordem, “Acabar com o velho!” e dá um viva a Rogério Duprat, que está sentado na platéia.

É um programa quente, movimentado, tropical, imaginativo, diante do qual ou se tem amor ou ódio e que, por isso mesmo, vai dividir muito a opinião pública. Se pegar, como tudo indica, poderá ser para a música nova, o “som livre”, o mesmo que foi “O Fino da Bossa” para o tipo de música de que os baianos agora querem distância.





















 
 




DIARIO DA NOITE - 14/11/1968





1968
Revista inTerValo
Ano IV – n° 305
Novembro

Capa: Família Trapo
Foto de Cynira Arruda
Editora Abril












































Programa “Divino Maravilhoso”
Dirigido por: Antonio Abujamra e Fernando Faro

Sinopse

”Divino Maravilhoso” tornou-se o nome de um programa semanal de televisão da extinta Tupi, dirigido por Fernando Faro e Antonio Abujamra e o grande novelista Cassiano Gabus Mendes, diretor da estação, trabalhando no corte de imagens.

Apresentado por Caetano Veloso, Gal Costa e Gilberto Gil, o programa foi ao ar de outubro a dezembro de 1968. Um programa totalmente anárquico, com cenas antológicas de Caetano Veloso preso em uma jaula comendo bananas ou plantando bananeira; além de um dos episódios, em meio a um improviso em que todos entram, Caetano grita a palavra de ordem, “Acabar com o velho!” e dá um viva a Rogério Duprat, que está sentado na platéia e ainda conta com uma Gal Costa sensual e meio rock n'roll. “Divino Maravilhoso” apresentou nomes de cantores então debutantes no cenário brasileiro, como Jorge Ben, Jards Macalé e ainda contou com participações de Nara Leão e dos grupos Os Mutantes, Beat Boys e Os Bichos, entre outros.

No dia 13 de dezembro, o governo militar decretou o Ato Institucional 5 (AI-5), que dava direito a dissolver o congresso, prender sem hábeas corpus, cassar mandatos e impor a censura, entre outras tragédias. Com o AI-5 a ditadura endureceu ainda mais.

Na antevéspera do natal “Divino Maravilhoso” foi ao ar pela última vez, mostrando um provocante Caetano Veloso a cantar “Noite Feliz” com uma arma apontada na cabeça.

A apresentação irritou aos militares e à família conservadora que sustentava o regime militar, após tirar o programa do ar, a polícia repressiva do governo prendeu, no dia 27 de dezembro, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Os cantores só seriam libertados na quarta-feira de cinzas de 1969, quando são escoltados pela polícia até Salvador, de onde partem para o exílio em Londres. Termina o programa e o próprio tropicalismo.

Para não comprometer os apresentadores, as fitas do programa são totalmente destruídas por seus diretores, ficando apenas registrado na memória de quem o assistiu na época, e muitas fotos. “Divino Maravilhoso” era uma resposta aos bem comportados programas da TV Excelsior: “O Fino da Bossa”, comandado por Elis Regina e Jair Rodrigues, que foi ao ar de 1965 a 1967, e “Jovem Guarda”, comandado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa, de 1965 a 1969. Com “Divino Maravilhoso” o Brasil assistiu à ascensão e à queda do mais forte movimento musical desde a Bossa Nova o ''Tropicalismo''.




















 
1968
Revista inTerValo
Ano VI - n° 311

Capa: Paulo Planet Buarque
Foto de Cynira Arruda

Editora Abril


Pág. 20 e 21




















1969
Revista inTerValo
Ano VII – n° 314
Janeiro

Capa: Juca Chaves
Foto de Cynira Arruda
Editora Abril




















1969

Revista inTervalo

Ano VII – n° 315
















1969
Revista Romântica
Ano VIII - n° 94
Fevereiro

Pág. 12-15























Página 23

OS ARTISTAS QUE ABALARAM 1968








































































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