lunes, 6 de septiembre de 2021

2021 - CANÇÃO PRA AMAZÔNIA

 



“AMAZÔNIA!

RAZÃO DE TANTA INSÂNIA E TANTA INSÔNIA!

AMAZÔNIA!

OBJETO DE OMISSÃO E AÇÃO ERRÔNEA!

AMAZÔNIA!”



Canção pra Amazônia

Nosso maior patrimônio está ameaçado. Vítima do apetite voraz de grileiros, madeireiros, garimpeiros e invasores - e fragilizada pelas ações e pelo discurso de um governo omisso e irresponsável - a Amazônia corre perigo. 

O desfile de notícias ruins é desesperador e interminável: no primeiro semestre de 2021 os alertas de desmatamento apontaram para um aumento da devastação; o mês de junho registrou o maior número de focos de calor em 14 anos; e o registro de conflitos no campo em 2020 é o maior dos últimos 35 anos. 

Esse cenário, no entanto, não passa despercebido. É por isso que dois dos maiores artistas do nosso país - o cantor e compositor Nando Reis e o compositor-letrista Carlos Rennó - criaram a Canção pra Amazônia: um manifesto poético-musical em vídeo em defesa da maior floresta tropical do mundo. 

Juntos a dezenas de outros músicos, de vários estilos e gerações, eles convocam a todos para nos unirmos na proteção de um patrimônio tão único e especial. Anavitória, Djuena Tikuna, Criolo, Duda Beat, Flor Gil, Gaby Amarantos, Iza, Péricles, Vitão e Xande de Pilares são alguns dos músicos que atenderam ao chamado e se juntaram a essa mobilização. 


Canção Pra Amazônia

Ficha Técnica

Autores

Nando Reis e Carlos Rennó

Músicos

Bateria - Pupillo
Baixo - Felipe Cambraia
Guitarra - Walter Villaça
Teclados - Alex Veley
Vocais - Sebastião Reis, Alexandre Fontanetti, Pedro Lipa e Felipe Cambraia

Gravado no estúdio Space Blues/SP por Alexandre Fontanetti
Engenheiro assistente - Pedro Luz
Mixado por Gustavo Lenza
Masterizado por Carlos Trilha

Gravado, mixado e masterizado entre abril e agosto de 2021

Produção Musical - Pupillo
Direção musical - Felipe Cambraia
Produção executiva - Carol Marçal e Diogo Damascena

Intérpretes

Agnes Nunes
Anavitória
Arnaldo Antunes
Baco Exu do Blues
Caetano Veloso
Camila Pitanga
Céu
Chico César
Criolo
Daniela Mercury
Diogo Nogueira
Djuena Tikuna
Duda Beat
Elza Soares
Flor Gil
Gaby Amarantos
Gal Costa
Gilberto Gil
Iza
Majur
Maria Bethânia
Milton Nascimento
Nando Reis
Péricles
Preta Gil
Rael
Rincon Sapiência
Samuel Rosa
Thaline Karajá
Vitão
Xande de Pilares

Videoclipe

Direção, fotografia e edição: Fred Siewerdt
Assistente de direção e produção: Karine Carvalho

Imagens adicionais

Antonio Stickel
Augusto Nascimento
Eliza Capai
Fábio Nascimento
Fernanda Ligabue
Inara Chayamiti
Leandro Cagiano
Lucas Landau
Marlon Marinho
Patrick Rouxel
Paulo Cezar Freire
Thiago Dezan
Todd Southgate
Valentina Ricardo
Greenpeace

Projeto

Direção de Arte: David Azevedo
Comunicação: Jorge Eduardo Dantas e David Azevedo
Assessoria banco de imagens: Caio Paganotti
Identidade visual: Bijari
Página: Miranda Creative Stuff Makers
Realização: Greenpeace Brasil e Relicário Produções.
Apoio: Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), Fase Amazônia.

Agradecimentos

Alberto Pitta
Aline Borghesan
Ane Alencar
Antonio Nobre
Augusto Nascimento
Carlos Rittl
Cézar Mendes
Claudio Angelo
Cristiane Fontes
Diogo Damascena
Felipe Milanez
Flora Gil
Instituto Socioambiental (ISA)
Jaqueline da Silva
Juca Novaes
Karine Carvalho
Leão Serva
Marcelo Leite
Nilo Dávila
Pasquale Cipro Neto
Paula Lavigne
Renata Amaral
Tasso Azevedo
Tica Minami

 

















“O caderno "Ilustrada Ilustríssima", da Folha, publicou domingo, Dia Internacional da Amazônia, a letra da minha parceria com o Nando Reis, que está servindo à campanha do Greenpeace em defesa da floresta, contra a sua deplorável destruição em curso.” 

Carlos Rennó, 9/9/2021, Instagram/Facebook










1. AGNES NUNES


2. ANAVITÓRIA


3. ARNALDO ANTUNES


4. BACO EXU DO BLUES


5. CAETANO VELOSO


6. CAMILA PITANGA



7. CÉU



8. CHICO CÉSAR



9. CRIOLO


10. DANIELA MERCURY 



11. DIOGO NOGUEIRA


12. DJUENA TIKUNA




13. DUDA BEAT


14. ELZA SOARES


15. FLOR GIL


16. GABY AMARANTOS


17. GAL COSTA


18. GILBERTO GIL


19. IZA



20. MAJUR

 

21. MARIA BETHÂNIA


22. MILTON NASCIMENTO


23. NANDO REIS


24. PÉRICLES


25. PRETA GIL


26. RAEL



27. RINCON SAPIÊNCIA


28. SAMUEL ROSA


29. THALINE KARAJÁ


30. VITÃO


31. XANDE DE PILARES

 



14/4/2021

Com o novo parceiro Nando Reis e o produtor e baterista Pupillo: vem vindo canção nova por aí!

Um projeto ambicioso está despontando.

A gravação da base e da voz de Nando (que aliás vai servir de guia para outros/as intérpretes) está acontecendo nesses dias.

Desde que combinamos compô-la juntos, a canção demorou um ano pra ser feita.

Mas nasceu. E agora está na fase inicial da sua vida... Essa história vai longe!

Carlos Rennó [Instagram]





13/5/2021 

Com Criolo (ao centro), um dos intérpretes de minha canção em parceria com Nando Reis, e Pupillo (à direita), o produtor da música. 




Ontem, durante a gravação da voz de Criolo. A “Canção para ...” (o projeto ainda é segredo, e se eu disser o título da canção, vai deixar de ser, pois vou entregar seu tema) constitui mais um projeto meu - e de parceiros - de canção e vídeo engajados, na sequência de “Demarcação Já”, “Manifestação” e “Para Onde Vamos?”. 

Além de Criolo e Nando, quatro outros artistas já puseram suas vozes na canção, engrossando o coro da causa que a canção defende (suspense...). 

Carlos Rennó [Instagram]



15/5/2021 

Com os grandes Samuel Rosa e Pupillo. O cantor e compositor do Skank é mais um intérprete da canção que fiz com Nando Reis e que está sendo gravada por um elenco de peso – em quantidade, qualidade e intensidade. O ex-baterista da Nação Zumbi é o produtor da música.

 

Na segunda foto aparece também o igualmente grande Ruriá Duprat, maestro agora à frente da Orquestra Jazz Sinfônica, outro que se juntou ao projeto.

As fotos são de três dias atrás, durante a gravação da voz de Samuel, logo depois da do Criolo (ver meu post imediatamente anterior). A “Canção para ...” (não posso completar o título pra não entregar o projeto, ainda em sigilo) é mais uma que compus – com um parceiro – na linha de “Demarcação Já”, “Manifestação” e “Para Onde Vamos?”. 

Ou seja, trata-se – junto ao vídeo que integra – de uma obra de “artevismo”, para remeter ao termo pioneiramente usado pelo meu irmão Bené Fonteles, décadas atrás. 

Além de Nando, Samuel e Criolo, mais cinco artistas já puseram suas vozes na composição, engrossando o coro da causa ecossocioambiental que ela defende.

Carlos Rennó [Instagram]

   

27/5/2021 

Com Gal Costa ao centro, eu e Pupillo, logo depois da gravação da voz dela na canção socioambientalmente engajada que Nando Reis e eu compusemos e que está sendo cantada por dezenas de intérpretes, com produção do ex-baterista da histórica Nação Zumbi. Não é à toa que a canção – mais uma com letra engajada q escrevo – afirma, exatamente no trecho brilhantemente registrado ontem por Gal: “Amazônia, / Razão de tanta insânia e tanta insônia; / Amazônia: / Objeto de omissão e ação errônea”. 







Enquanto gravávamos, notícias davam conta do ataque sofrido, em sua terra no Pará, por mundurukus vítimas de garimpeiros ilegais, que atiraram e incendiaram as casas de alguns de seus líderes (ver uma das fotos). Contra esses criminosos incentivados pelas palavras de um assassino q se tornou presidente do país, resistimos com música e poesia, arte em defesa da vida.



28/5/2021

A cantora Thaline Karajá, que se projetou no programa The Voice, é mais uma artista a compor o elenco de intérpretes da canção socioambiental que Nando Reis compôs comigo. 

Ela gravou sua participação (foto) há três dias em Helsinque, onde está morando no meio de uma floresta. E de lá lamentou, chorando, logo após a gravação (foto), a invasão da terra de seus parentes mundurukus por garimpeiros ilegais, que incendiaram casas como a da grande líder Maria Leusa Munduruku, ameaçada de morte por esses criminosos seguidores do genocida fora-da-lei Boçal-ignaro (também chamado Bozo), que levam doença aos povos indígenas e envenenam suas terras no Norte. Destroem, enfim, aquilo que os versos gravados por Thaline cantam: “Visão monumental que maravilha / Obra da natureza que exubera / De cores, seres, cheiros, som, de vida / Tão pródiga, tão pura, tão diversa”. As gravações seguem, e a canção deverá ser lançada no início de setembro. A luta também continua: com letra e música, arte a favor da vida.




1/6/2021 

Com o grande e querido Arnaldo Antunes, parceiro e amigo, na tarde desta quarta, logo após a gravação da sua voz na canção em defesa da natureza que fizemos eu e seu ex-companheiro de Titãs Nando Reis. Mais uma voz a juntar-se ao elenco de intérpretes da música, entre os quais se contam, até o momento, Anavitória, Bethânia, Caetano, Chico César, Criolo, Daniela, Djuena Tikuna, Elza, Gal, Péricles, Samuel Rosa e Thaline Karajá, que já gravaram. O trecho que reservei para o Arnaldo, naturalmente, teria de ser o mais rockoncretista joycecarrolliano da letra, com direito a longo vocábulo-valise: Que ignorância, repugnância, a cada lance, a cada vídeo! Que grande bioecoetnogenomatrisuicídio! 

Aproveitando a ocasião, eu levei e ele autografou meu exemplar de seu mais recente livro de poesia, “Algo Antigo”. E tiramos uma foto também com o cineasta Fred Siewerdt, que o filmou pois está fazendo o clipe da canção e foi uma grata indicação dele (e além do mais é meu conterrâneo, natural de São José dos Campos). 

Hoje, no estúdio Space Blues.

[Carlos Rennó, Instagram]

 



15/6/2021 

Essa menina – Flor Gil – protagonizou um dos momentos mais bonitos, fofos e felizes até agora desse projeto que estamos realizando, a partir de uma canção de temática socioambiental minha e do Nando Reis. Minha mais nova intérprete! E como, num grande elenco de cantores/as, poderia faltar uma criança – em início de adolescência – numa composição atual que grita contra a destruição da floresta? Mas, um detalhe: a razão por que A chamamos é a cantora que ela é. Que ela JÁ é. Confirmando o DNA dos Gil, do avô, tias, tios e primos (não o da mãe, rs, Bela Gil, que se dedica a atividade fundamental em outro terreno, o da arte fundamental da vida), Flor é da música. E provou isso pra todos nós, que nos encantamos com ela durante a gravação de ontem (fotos do nosso cineasta, Fred Siewerdt). Como aliás já havia me dito a avó, Flora, e como eu tinha sentido ao conversar com ela no Camélia Ododó, o restaurante das coisas saborosíssimas q sua mãe inaugurou há pouco tempo aqui em SP. Com seu canto doce e delicado mas igualmente preciso e afinado, Flor nos deixou enlevados, a mim e ao Pupillo, o produtor da canção, e a todos que estávamos no estúdio Space Blues, do Fontanetti. E também ao pai, claro, o querido João Paulo Demasi, que lá estava acompanhando-a.

[Carlos Rennó, Instagram]






18/6/2021

Tinha de ser uma amazônida legítima como a paraense Gaby Amarantos para lançar um canto-grito dos mais arrepiantes contra os destruidores da floresta: os madeireiros que a detonam; os garimpeiros que a infeccionam; e os grileiros que a fracionam. E foi o que se deu na gravação de sua participação na canção que Nando Reis e eu fizemos para expressar a nossa indignação contra o processo de degradação ambiental em curso. 

Com seu canto forte, seu improviso emocionado e emocionante, Gaby nos deixou arrepiados a todos os presentes à seção: eu, o Pupillo, o produtor da música, o Fontanetti, dono do estúdio Space Blues, o cineasta Fred Siewerdt e a sua assistente Karine Carvalho. O resultado disso e das gravações todas, todos poderão ver no começo de setembro, quando está previsto o lançamento do vídeo da composição. Já somaram no projeto: Anavitória, Arnaldo, Baco Exu do Blues, Bethânia, Caetano, Chico César, Criolo, Daniela, Djuena Tikuna, Elza, Flor, Gaby, Gal, Nando, Péricles, Samuel Rosa e Thaline Karajá.

 [Carlos Rennó, Instagram]






7/7/2021 

“Caetano é um dos 18 artistas que já gravaram sua voz na canção-manifesto que Nando Reis e eu compusemos pela natureza e seus povos. 

Foi em seu próprio estúdio, filmado e fotografado por nosso querido diretor, Fred Siewerdt. 

O trecho cantado por Caetano, a última das 18 estrofes de uma letra com 18 versos, tem um caráter reflexivo, onde se refere à maior floresta tropical da Terra assim: 

“Amazônia...

Quando afinal o homem dimensione a

Amazônia,

Que venha a ter valido a nossa insônia

– Amazônia –,

Enquanto nos encante e emocione a...

Amazônia!” 

Preta Gil juntará a sua voz à do Caetano nessa passagem. 

Os 17 que já gravaram são: Anavitória, Arnaldo, Baco Exu do Blues, Bethânia, Chico César, Criolo, Daniela Mercury, Djuena Tikuna, Elza, Flor Gil, Gal, Majur, Nando, Pericão, Rael, Samuel Rosa e Thaline Karajá.” 

Carlos Rennó [Instagram]



5/7/2021 - Aeroporto Santos Dumont


 







21/8/2021 

Habemus Gil! 

A canção que Nando Reis e eu fizemos para cantar um dos principais biomas da Terra e denunciar a sua destruição em curso – e que tem lançamento marcado para o próximo dia 5 de setembro – nos propiciou, entre outras imensas e profundas satisfações artísticas, contar com a participação desse grande mestre, sem o qual, aliás, canções como essa talvez nem tivessem sido feitas... 

Afinal, foi Gil quem – a mim, pelo menos, e a tantos de minha geração e da posterior – nos despertou a consciência socioambiental lá atrás, em meados dos anos 70. 

Devido ao seu grande interesse pela causa dos indígenas, esses grandes protetores da natureza, nós o convidamos para cantar uma passagem que fala das ameaças que esses povos vêm sofrendo. 

A estrofe, na verdade, é dividida com outro monstro sagrado – também com uma profunda ligação com os índios – que é ninguém menos Milton Nascimento, que canta imediatamente em seguida, cada um fazendo quatro versos. 

Eis a estrofe toda:

Dos povos da floresta sob pressão,

O indígena, seu grande guardião,

Em comunhão com ela há milênios,

Nos últimos e trágicos decênios

Vem vendo a mata sendo ameaçada

E cada terra deles atacada

Por levas de peões de poderosos

Com planos de riqueza horrorosos.

 

As fotos – do nosso diretor do clipe, Fred Siewerdt – mostram Gil “pegando a canção” momentos antes de pôr sua voz nela, em gravação que ocorreu em seu estúdio no Rio, gentilmente cedido por Flora Gil para o projeto. 







29/8/2021 

Preta Gil, Rael e Vitão, participantes da gravação da canção que Nando Reis e eu fizemos em defesa da floresta, da natureza e da vida, foram retratados por Fred Siewerdt no dia em que este os filmou para o clipe, em cuja edição ele agora se encontra totalmente imerso, já que o lançamento está marcado pra exatamente daqui a uma semana, domingo próximo. 

Preta divide com Caetano a última estrofe contendo o refrão da canção, antes da volta de todo mundo junto fazendo o coro do final da canção, que dura cerca de dez minutos. 

A quadra cantada pelo Vitão eu já publiquei aqui, no post anterior. Já a do Rael, versando sobre os rios aéreos, diz o seguinte: 

“Mais volumosos do que o Amazonas,

Os rios voadores distribuem

Seus límpidos vapores que afluem

Ao Centro-Sul, chegando noutras zonas.” 


Carlos Rennó [Facebook]





4/9/2021

A “Canção pra Amazônia”, música do Nando Reis e letra minha, será lançada amanhã, domingo, durante o Fantástico, da Globo. O clipe de Fred Siewerdt, de quase 11min de duração, servirá a projeto do Greenpeace de defesa da floresta, bem como da Apib – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil. Eis aqui sete dos 31 artistas que participam da gravação: Gil, Caetano, Elza, Péricles, Camila, Samuel Rosa e, naturalmente, o Nando. 

5 de setembro é o Dia Internacional da Amazônia. Vamos lutar para salvar o que resta dos destruidores, entre os quais esse desgoverno federal e a bancada ruralista ecocidas! A forma de lutar que eu, como letrista e artista, encontro de colaborar para essa causa é esta: me empenhando pra escrever as letras poeticamente falando melhores possíveis, que resultem em canções engajadas e comunicativas mas sem concessão para o rebaixamento da fatura artística. Nesse sentido, em “Canção pra Amazônia” encontrei no Nando um novo e grande parceiro, cuja colaboração poderá render mais frutos. 

Carlos Rennó [Instagram]







“Canção pra Amazônia”: um manifesto poético-musical em defesa da maior floresta tropical do mundo

Jorge Eduardo Dantas

5 de setembro de 2021

 

Mais de 30 artistas, de vários estilos e gerações, pedem pela conservação do maior bioma brasileiro 

Foi lançado na noite deste domingo (5/9), no programa “Fantástico”, da Rede Globo (RJ), um novo projeto artístico em prol da conservação das florestas brasileiras: é a “Canção pra Amazônia”, a nova empreitada do compositor Carlos Rennó no mundo das canções engajadas. 

Disponibilizada em áudio e vídeo, a Canção pra Amazônia é um grande apelo pela conservação da maior floresta tropical do planeta. Em sua letra, ela cita diversos problemas ambientais que ocorrem naquele bioma e que agravam a crise climática – como garimpo, a extração predatória de madeira, o ataque aos povos indígenas, e “as boiadas” do governo Bolsonaro que aumentam a pressão sobre a floresta e seus povos. A letra foi feita por Carlos Rennó e a melodia, por Nando Reis. 

Participam da canção Agnes Nunes; a dupla Anavitória; Arnaldo Antunes; Baco Exu do Blues; Caetano Veloso; a atriz Camila Pitanga; Céu; Chico César; Criolo; Daniela Mercury; Diogo Nogueira; Djuena Tikuna; Duda Beat; Elza Soares; Flor Gil; Gaby Amarantos; Gal Costa; Gilberto Gil; Iza; Majur; Maria Bethânia; Milton Nascimento; Nando Reis; Péricles; Preta Gil; Rael; Rincon Sapiência; Samuel Rosa; Thaline Karajá; Vitão; e o sambista Xande de Pilares. 

Nando Reis contou que o objetivo da Canção pra Amazônia é chamar a atenção para a violenta e gravíssima destruição deste grande patrimônio natural brasileiro: “Essa destruição vai na contramão de todo pensamento moderno ou sensato que existe até mesmo sobre a produção de riquezas. A destruição da Amazônia tem transformado a riqueza da floresta em um deserto, algo que trará gravíssimas consequências para o mundo. Por isso, a única medida cabível é alertar sobre a conservação”, disse. 

O cantor e compositor contou também que os artistas, devido a sua popularidade e notoriedade, contribuem para levar mensagens importantes para “mais gente”: “Mas o que está por trás de um movimento como esse, da Canção pra Amazônia, é o pensamento de um cidadão. De todos nós emprestarmos as ferramentas que temos disponíveis em favor dessa causa”, contou o músico. 

Amplificar vozes 

É importante dizer que a Canção pra Amazônia não tem fins comerciais. Todos os custos envolvidos no processo foram para despesas fixas, como horas de gravação em estúdio. Os artistas participantes responderam a um convite e não receberam cachês, além de cederem sua imagem e voz para este projeto. “Queríamos mobilizar segmentos diversos, trazer artistas comprometidos com a causa e que pudessem amplificar, com suas vozes, o alcance da canção”, explicou Nando. Os cantores e cantoras participantes responderam ao chamado baseados em suas agendas, disponibilidade de tempo e afinidade com a pauta. 

Letrista da canção, Carlos Rennó contou que a Canção pra Amazônia é um projeto que existe há quase dois anos. A letra foi feita entre o final de 2019 e o início de 2020. “Entreguei a letra ao Nando no início do ano passado, quando a gente se preparava para colocar o projeto de pé. Mas aí veio a pandemia e mudou tudo”, disse o compositor. 

A gravação da música levou cerca de sete meses, entre fevereiro e agosto de 2021. Cada artista gravou seu trecho separadamente, como forma de minimizar os riscos de contaminação por Covid-19. Por isso, houve um intenso trabalho logístico nos bastidores para garantir que todos os artistas gravassem de maneira segura e eficiente, e pudessem também gravar sua participação no clipe da canção. 

Participação de todos 

Coordenadora-executiva da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Nara Baré afirmou que a luta pela vida e pela conservação das florestas exige a participação de todos aqueles preocupados com o futuro do planeta. 

“Estamos vivendo um período de grandes retrocessos, de grande violência contra a Amazônia e de grandes agressões aos povos indígenas. Ter tantas vozes somando neste movimento e chamando a atenção para esses problemas é muito bonito e útil. Mas precisamos de mais gente, de mais ação e de mais atitudes se queremos mudar o futuro que está se desenhando e as perspectivas negativas que temos hoje para a Amazônia”, disse a coordenadora. 

Carolina Marçal é a Porta-Voz da Campanha da Amazônia do Greenpeace. Ela afirmou que apoiar este tipo de projeto faz parte da história da organização. 

“O Greenpeace sempre procurou formas criativas e não-violentas de disseminar as mensagens que acreditamos e de engajar as pessoas na construção de um mundo mais verde e justo. Participar de um projeto desse porte, com tantos artistas importantes e relevantes da música brasileira, é uma maneira poética e forte de passar as nossas mensagens e de posicionar a sociedade a respeito da Amazônia. Apesar do desgoverno Bolsonaro que implementa uma agenda anti-ambiental destrutiva, nós continuaremos resistindo e lutando pela Amazônia. A arte é uma forma poderosa de ativismo, de luta e de resistência, e para nós é uma honra participar de um projeto como este”, disse a especialista. 

Dados 

A Canção pra Amazônia é uma iniciativa do Greenpeace e da Relicário Produções, que cuidaram da produção executiva da ação. Este projeto teve apoio também da Articulação dos Povos Indígenas no Brasil (Apib), da Coiab, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional – FASE Amazônia. 

Recentemente, dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostraram que agosto de 2021 registrou 28.060 focos de calor, o terceiro pior índice da década! Este ano ficou atrás apenas de agosto de 2019 e agosto de 2020, mostrando como a gestão Bolsonaro tem sido ineficiente no combate ao fogo na Amazônia. 

Além disso, estudo recente do MapBiomas mostrou que, entre 1985 e 2020, a área utilizada para garimpo e mineração no Brasil cresceu seis vezes – saltando de 31 mil para 206 mil hectares. Só a Amazônia concentra 72,5% desse total. Isso significa que, de cada quatro hectares minerados no Brasil, três deles estão na Amazônia. Outro dado importante mostra que, entre janeiro e julho de 2021, 74% da abertura de novas áreas para mineração incidiu em áreas protegidas – como Terras Indígenas e Unidades de Conservação – revelando como o patrimônio natural brasileiro vem sendo depredado de maneira irracional e inconsequente.

 

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