Letra
e música: Caetano Veloso
© 1975
Eu
sou a filha da Chiquita Bacana
Nunca
entro em cana
Porque
sou família demais
Puxei
à mamãe
Não
caio em armadilha
E
distribuo banana com os animais
Na
minha ilha
Yeh
yeh yeh
Que
maravilha
Yeh
yeh yeh
Eu
transo todas sem perder o tom
E
a quadrilha toda grita
Yeh
yeh yeh
Viva
a filha da Chiquita
Yeh
yeh yeh
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2020 – CAETANO VELOSO E CÉU
Álbum “Orquestra Frevo do Mundo, Vol. 1”
[Varios intérpretes]
Track 1.
Plataformas digitais: 6/2/2020
1 - A FILHA DA
CHIQUITA BACANA (Caetano Veloso)
Intérpretes:
Céu e Caetano Veloso
Pupillo:
bateria e programações
Lucas
Martins: baixo
David
Bovée: guitarra
Guri:
guitarra
Carlos
Trilha: sintetizadores
Arranjos
de metáis: Maestro Duda
Roque
Netto: trumpete e Flugelhorn
Fabinho
Costa: trumpete
Gilmar
Black: sax
Nilsinho
Amarante: trombone
2020 – CAETANO VELOSO E CÉU
Álbum “Orquestra Frevo do Mundo, Vol.
1”
[Varios intérpretes]
Noize Record Club LP NRC037, A-1.
MÚSICA
Orquestra Frevo do Mundo reúne grandes nomes
e repensa o frevo através do pop
O
disco produzido por Pupillo (ex-Nação Zumbi) chega hoje em todas plataformas de
streaming.
Por: André Santa Rosa
06/02/2020
Nenhum gênero musical é 100% estável. Muitos tendem
a pensar o frevo no lugar perigoso da “antiquaria” ou som de um outro tempo,
que não se modificou desde outros carnavais. É desmistificando essa constância
da tradição que os produtores Pupillo (ex-Nação Zumbi) e Marcelo Soares lançam
mais uma página de suas carreiras e do frevo. O disco Orquestra Frevo do
Mundo - Vol 1 repensa o gênero através de um olhar pop. Disponível a partir
desta quinta-feira (06) nas plataformas digitais, tem colaborações de Caetano
Veloso, Céu, Siba, Tulipa Ruiz, Arnaldo Antunes, Duda Beat, Otto e outros.
A Orquestra Frevo do Mundo surgiu em 2007, com a
coletânea Frevo do mundo. A motivação do primeiro disco se manteve viva
nos 13 anos, muito por redirecionar a sonoridade do frevo aos beats e à tríade
clássica do rock (baixo, bateria e guitarra). Para Pupillo, o trabalho
representa uma reverberação em construção desde o manguebeat. “Vem desde quando
Chico Science articulou aquela ideia da cultura popular se moldar e se
relacionar com o pop. Sempre acreditamos que Pernambuco tem uma capacidade
incrível para isso. Desde que comecei a mexer com os BPMs (batidas por minuto)
do frevo, percebi que casa perfeitamente com outros ritmos da cultura pop, como
trap, por exemplo”, diz.
Pupillo e Marcelo também pensaram num encontro
pouco associado ao frevo: o momento de ressignificação na Bahia. Num período de
baixa em Pernambuco, o frevo fez estadia na Bahia, através de Nelson Ferreira.
No carnaval baiano, influenciou músicos como Moraes Moreira e Caetano Veloso.
Essa ponte sonora e afetiva é bem representada no disco com Caetano e Céu na
faixa A filha da Chiquita Bacana e Ciranda de maluco, com Otto e
Roberto Barreto (BaianaSystem), numa confluência da guitarra baiana com o
frevo.
Faixas
1. A FILHA DA CHIQUITA BACANA (Caetano
Veloso) Céu e Caetano Veloso
2. LINDA FLOR DA MADRUGADA (Capiba)
Siba
3. BLOCO DO PRAZER (Moraes
Moreira/Fausto Nilo) Duda Beat
4. CIRANDA
DE MALUCO (Otto/Dengue) Otto e Roberto Barreto
(BaianaSystem)
5. FREVO MULHER (Zé Ramalho) Tulipa
Ruiz
6. ELA É TARJA PRETA (Arnaldo Antunes/Betão
Aguiar/Felipe Cordeiro/Luê/Manoel Cordeiro) Arnaldo Antunes
7. VIDA BOA (Fabio
Trummer) Almério
8. ÚLTIMO DIA (Levino Ferreira) Henrique Albino [Instrumental]
8. ÚLTIMO DIA (Levino Ferreira) Henrique Albino [Instrumental]
Interdependente - música e conhecimento
Caetano Veloso, Duda Beat, Otto, Céu, Siba reunidos
no Orquestra Frevo do Mundo
Fevereiro 06, 2020
Projeto
tem produção de Pupillo (foto), ex-integrante da Nação Zumbi, que tocou bateria
em todas as faixas. Projeto reúne ainda Arnaldo Antunes, Tulipa Ruiz, Almério e
Henrique Albino
Por
Marcus Preto
Não é o apego às tradições do mais célebre gênero
da música popular pernambucana que dá impulso ao álbum Orquestra Frevo do
Mundo. Ao contrário, o primeiro volume do projeto homônimo traz o ritmo para o
centro do universo da música pop nacional, juntando, em oito gravações
inéditas, as colaborações de Caetano Veloso, Céu, Siba, Otto, Duda Beat,
Arnaldo Antunes, Tulipa Ruiz, Almério e Henrique Albino.
Figura fundamental da geração manguebeat,
ex-integrante da banda Nação Zumbi, o baterista Pupillo produziu o projeto,
idealizado por ele e Marcelo Soares, com o norte na renovação. Sua busca
primeira foi por tirar o frevo do lugar “sagrado” - e, portanto, imutável - de
manifestação popular que só é visitada no período carnavalesco. E construir um
ambiente em que o gênero pudesse ser criado e consumido em escala mais ampla,
em qualquer período do ano e não necessariamente atrelado à cartilha da cultura
popular.
O olhar pop de Pupillo sobre a história do frevo
não podia minimizar a importância da Bahia na retomada do gênero no início dos
anos 1970. Àquela altura, o frevo estava em baixa em sua terra natal. Tanto
assim que Nelson Ferreira, seu principal compositor então em atividade, foi
dispensado por todos os clubes da sociedade pernambucana. Convidado pelo
Carnaval da Bahia, partiu para influenciar não apenas os instrumentistas, mas
toda a geração de compositores baianos, sobretudo Moraes Moreira e Caetano
Veloso.
Algumas faixas de Orquestra Frevo do Mundo são
especialmente exemplares da conexão entre Pernambuco e Bahia. Frevo
tropicalista lançado em 1975, “A Filha da Chiquita Bacana” (Caetano Veloso) é
reflexo justamente do efeito de Nelson Ferreira sobre a música baiana. Na nova
gravação, ela junta a voz do autor à da paulistana Céu e aos metais de Maestro
Duda, de Pernambuco. A mesma origem tem a canção interpretada pela nova musa
pernambucana Duda Beat. Sucesso na voz de Gal Costa em 1982, “Bloco do Prazer”
(Moraes Moreira/ Fausto Nilo) foi lançada por Dodô e Osmar em 1979 e é um dos
diversos frevos compostos por Moraes e transformados em hits nacionais.
Outras faixas de Orquestra Frevo do Mundo fazem essas
conexões entre Bahia e Pernambuco por meio do arranjo. Lançada originalmente
pelo autor Otto em seu eletrônico álbum de estreia em 1998, “Ciranda de Maluco”
(Otto/ Dengue) ganha agora uma versão de trio elétrico com a adesão da guitarra
baiana de Roberto Barreto, do BaianaSystem, e, mais uma vez, dos metais de
Maestro Duda. Outro tema composto pela nova geração pernambucana é “Vida Boa”
(Fabio Trummer), lançado pela banda Eddie em 2006. Na nova versão, interpretada
por Almério, a canção ganha versos extras escritos pelo próprio cantor,
tornando-se um manifesto pelos direitos das minorias no Brasil de hoje.
É notável que o elenco desse primeiro volume de Orquestra
Frevo do Mundo seja composto por vocalistas de três estados. Além dos já
citados Pernambuco e Bahia, São Paulo entra no time como a região para onde o
Carnaval foi se instalar com maior força nesses nossos anos 2020, sobretudo na
capital. Não por coincidência, para São Paulo se mudaram, desde os anos 1990,
muitos dos músicos pernambucanos que se tornariam figuras essenciais à
renovação de nossa nova música popular.
A paulista (da cidade Santos) Tulipa Ruiz reviveu o “Frevo
Mulher” (Zé Ramalho), clássico do compositor paraibano gravado em 1978 pela
cantora cearense Amelinha. Mais mestiça do que qualquer outra faixa deste
álbum, “Ela É Tarja Preta” (Arnaldo Antunes/ Betão Aguiar/ Felipe Cordeiro/
Luê/ Manoel Cordeiro) ganha nova versão do também paulista (da capital) Arnaldo
Antunes. Mas, se repararmos no time de autores dessa faixa, vamos identificar
também três paraenses e até um filho de sangue dos Novos Baianos, Betão Aguiar.
Em suas pesquisas de repertório, Pupillo buscou
canções clássicas que extrapolassem o Carnaval. A já citada “Frevo Mulher” é
uma delas. Outra é “Linda Flor da Madrugada” (Capiba), interpretada aqui por
Siba. Um dos compositores mais importantes não apenas de Pernambuco, mas da
história da música popular brasileira, Capiba fez desse um frevo de meio de
ano, para ser tocado além da folia.
Este primeiro volume de Orquestra Frevo do Mundo
fecha com a instrumental “Último Dia” (Levino Ferreira), levada por um naipe de
sopros (saxes tenor, barítono e alto, flauta e flugelhorn) arranjado e tocado
por Henrique Albino sobre as programações de Pupillo e Luccas Maia. Uma
homenagem a todos os instrumentistas que carregaram o frevo pelo planeta,
dentro e fora do Carnaval, muitas vezes sendo hostilizados pelos mais puristas,
que não admitiam que se incluísse qualquer variação estilística no gênero.
Seguindo a mesma cartilha pop - e mestiça - do time de
vocalistas, a banda base de “Orquestra Frevo no Mundo” embaralha músicos de São
Paulo (Lucas Martins e Meno Del Picchia, tocam baixo; Mauricio Fleury,
teclados; Alexandre Fontanetti, guitarra), Pernambuco (Luccas Maia nas
programações e o próprio Pupillo em todas as baterias), Rio de Janeiro (Carlos
Trilha nos sintetizadores), Rio Grande do Sul (Guri em outras guitarras) e
outro filho sanguíneo dos Novos Baianos (Pedro Baby, também nas guitarras). O elenco
se completa com o guitarrista belga David Bovée. Além de Maestro Duda, os
também pernambucanos Roque Netto e Nilsinho Amarante assinam os arranjos de
sopros.
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