25/3/1988 |
1986 - Caetano e Rodrigo |
23/1/2014 - Roberto José e Rodrigo Velloso - Foto: Ascom Ficc
A
Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (FICC) e a Secretaria de Cultura de
Santo Amaro da Purificação, firmaram um contrato de intenção de intercâmbio
cultural entre as duas cidades. O Presidente da FICC, professor Roberto José e
o Secretário de Cultura santoamarense Rodrigo Velloso, oficializaram a parceria
na residência de Dona Canô, filha ilustre e representativa da cidade, na última
quinta-feira, 23/1/2014.
CORREIO BRAZILIENSE
O GUARDIÃO DE
RODRIGO
VELLOSO, IRMÃO DE CAETANO E BETHÂNIA, FALA AO CORREIO SOBRE
A
IMPORTÂNCIA DA CASA DE DONA CANÔ PARA PRESERVAR A CULTURA BAIANA
SANTO AMARO
Irlam Rocha Lima
12/02/2020
Com a foto de Dona Canô,
uma das figuras mais emblemáticas do Recôncavo Baiano - Foto: Iugh Mattar / Divulgação
|
Rodrigo
Antônio Viana Telles Velloso é uma das
pessoas mais conhecidas e queridas de Santo
Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano. Integrante do clã ao qual
pertencem dois ícones da música popular brasileira, os irmãos Caetano Veloso e Maria Bethânia, ele foi, por oito
anos, secretário de Cultura da cidade, que é berço do samba de roda.
Aos 85 anos, recém-completados, Rodrigo é, desde a
morte da matriarca, Dona Canô,
em dezembro de 2013, o guardião da mítica casa dos Velloso. É lá onde, em
algumas oportunidades, durante o ano, os familiares se reúnem. A mais recente
foi no último dia 2, data que marca o encerramento dos festejos comemorativos
da padroeira Nossa Senhora da Purificação, iniciados em 24 de janeiro.
Lugar aconchegante, a edificação com várias
dependências tem como parte mais importante a sala de jantar. Ali, se destaca
uma grande mesa, onde são servidos quitutes à família, com base no livro O
sal é um dom — Receitas de Mãe Canô, escrito por Mabel Velloso, a irmã mais
velha. Foi naquele espaço que Rodrigo recebeu o Correio, para um papo saboroso.
» ENTREVISTA // Rodrigo Velloso
Caetano Veloso e Maria Bethânia, expoentes da MPB,
Mabel Velloso, poeta e escritora, e você, ex-secretário de Cultura de Santo
Amaro. O que os levou a ter um grande envolvimento com a arte?
Acredito que foi a forma como fomos educados. Minha
mãe, sempre ligada à arte, vivia cantando. Meu pai, atento à literatura,
gostava de recitar poemas. Aqui em casa ouvíamos muito rádio. Graças à minha
mãe e ao rádio, Caetano pode formar seu vasto conhecimento sobre a história da
música brasileira.
Nas reuniões da família, a arte é um dos assuntos
predominantes?
Quando nos reunimos à mesa, para o almoço e o
jantar, conversamos sobre arte, mas o assunto mais presente são recordações da
família. Bethânia, por exemplo, gosta de tirar dúvidas sobre fatos e coisas da
infância e da adolescência. Nessa última reunião, todos os irmãos estavam
presentes. Caetano, que costuma ficar em Salvador no dia 2 de fevereiro para
saudar Iemanjá, em sua casa no Rio Vermelho, desta vez, também veio. E chegou
dizendo que estava com fome.
Quem prepara os quitutes servidos nessas reuniões?
Bárbara e Edinha são responsáveis pela preparação
da comida. Edinha é filha de uma antiga cozinheira da família, e vem sempre
ajudar a Bárbara, quando nos reunimos, geralmente para almoço. Nunca pode
faltar à mesa, pratos com as receitas de minha mãe, principalmente os doces.
São feitas regalias para Caetano e Bethânia?
Não tem isso, não. Talvez seja esse o grande trunfo
da família. Tratamos-nos como irmãos e amigos que somos. Nos comunicamos com
muita frequência. Com Caetano, menos, porque ele não tem celular e não gosta de
falar ao telefone. Quando precisamos resolver alguma coisa em relação à casa,
Paulinha (Paula Lavigne) é quem toma a frente. Moreno, Zeca, Tom e outros
sobrinhos que moram em Salvador também costumam a aparecer por aqui.
O que você destaca em sua atuação como secretário
de Cultura de Santo Amaro?
Fui secretário por duas vezes. Busquei dar ênfase
ao resgate de manifestações culturais da região, que estavam enfraquecidas,
como bumba-meu-boi, A burrinha e Negro fugido. Revitalizei o Bembé do Mercado,
manifestação cultural centenária de Santo Amaro, ligado ao culto de matriz
africana. Livros foram lançados sobre essa manifestação, que é patrimônio
cultural do Brasil. Promovi, ainda ,restauração de prédios históricos, como os
da Igreja do Amparo e a prefeitura.
Tanto Caetano quanto Bethânia têm difundido Santo
Amaro como um polo de cultura, em função do samba de roda. No CD mais recente,
Bethânia homenageou a Mangueira, mas levou a sonoridade do samba de roda para o
disco. Como vê isso?
Eles vivem fora, mas o amor que têm por Santo Amaro
é imenso. Nada mais natural que propague e celebre nossa música. Quando a
Mangueira homenageou Bethânia, com o enredo Menina dos olhos de Oyá,
fomos todos para o Rio de Janeiro e assistimos ao desfile campeão num camarote.
Nos emocionamos muito com título conquistado pela Mangueira e pela reverência à
nossa irmã.
A Casa de Dona Canô se tornou em ponto turístico de
Santo Amaro, com direito a placa e tudo o mais. Como administra a frequência
com que as pessoas a visitam?
Busco atender aos que querem conhecer a casa, que é
uma referência em Santo Amaro. Vem gente de todo o país querendo conhecer a
Casa de Dona Canô. Ela sempre foi uma pessoa muito ativa, mesmo na velhice, e
era ligada aos trabalhos sociais. Distribuía cestas básicas para os mais carentes
e peixe na semana santa para famílias pobres, além de colchões e cobertores no
inverno. Ela dizia que, se fosse mais nova, queria ser prefeita da cidade.
Ela era, ao mesmo tempo, amiga de Lula e de Antônio
Carlos Magalhães. Como via essa dicotomia?
Minha mãe adorava o Lula, o recebia aqui em casa
para almoço e conversavam sobre política e as ações de Lula em prol dos mais
necessitados. Mas, por outro lado, gostava de ACM, que também costumava
visitá-la. Ela era assim.
Gostaria de agradecer muito por você continuar publicando conteúdo a todos os amantes de Caetano e da sua obra! O acervo de imagens e conteúdo disponibilizado é enorme e simplesmente divino.
ResponderEliminarMuito obrigado pelo seu esforço. Dedico todo carinho à você!