sábado, 1 de octubre de 2022

1986 - MINISTÉRIO DA CULTURA / DIREITOS AUTORAIS / Revista ÍMÃ

 

Aluísio Pimenta [Peçanha, 9/8/1923 — Belo Horizonte, 9/5/2016]

Ministro da Cultura (1985-1986)

 

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Pimenta foi convidado para assumir o recém-criado Ministério da Cultura (Minc), deixando, com isso, a presidência da Fundação João Pinheiro. Empossado em maio de 1985, propôs a descentralização das atividades da pasta, prometendo discutir todos os projetos com a comunidade do setor. Segundo afirmou, não caberia ao Estado a imposição de nenhuma política oficial, mas apenas a coordenação e o incentivo à produção cultural. 

Apesar destas declarações, o ministério foi visto com desconfiança por alguns setores da classe artística, descrentes da necessidade de existência do órgão e preocupados com a burocratização que ele poderia trazer à cultura do país. Além disso, a retórica de Pimenta em defesa de algumas tradições brasileiras foi encarada como sinal de populismo e de manifestação de um novo patriotismo. Na imprensa, notadamente no jornal Folha de S. Paulo, passaram a ser recorrentes as ironias à sua valorização da broa de milho e das “bandinhas” de música do interior como aspectos importantes da cultura nacional. Em resposta, Pimenta sustentava que a cultura incluía não apenas a arte, mas também a alimentação, o vestuário e a linguagem e que, a seu ver, “certas pessoas (tinham) medo de se identificar com o Brasil subdesenvolvido”. Ao apoiar as manifestações regionais, denunciava o “colonialismo cultural” brasileiro, embora negasse a vinculação de sua idéias com teses esquerdistas. 

Esses princípios manifestaram-se, por exemplo, durante a organização da Semana da Pátria de setembro de 1985, a primeira após 21 anos de ditadura militar. No plano apresentado a um dos patrocinadores do evento constava que o Minc pretendia realizar “uma festa popular articulada nacionalmente, onde o povo não figurasse como simples espectador, mas como ativo participante”. Tais intenções foram censuradas em reportagens da Folha, que acusaram o ministro de ufanismo ao pretender uma festa tão grandiosa. 

A despeito das críticas, a gestão de Pimenta tinha aprovação em vários segmentos da classe artística, resultado de sua atuação na defesa do direito autoral e da nomeação de alguns escritores, músicos e cineastas para o Conselho Nacional do Direito Autoral (CNDA), órgão responsável pela condução da política do setor. Assim, em janeiro de 1986, quando era tida como certa a sua substituição à frente do ministério, recebeu “apoio incondicional” dos principais representantes da música popular brasileira, que iniciaram um movimento pela sua permanência no cargo. Todavia, Pimenta não conseguiu vencer as resistências a seu nome. Ainda em janeiro, o anúncio da construção da sede do Minc em Brasília foi duramente combatido por alguns artistas e arquitetos e até mesmo por integrantes do governo federal, que não viam a obra como prioritária e criticavam o fato de o projeto ter sido encomendado ao arquiteto Oscar Niemeyer sem a abertura de concurso público. De acordo com Pimenta, a escolha do arquiteto — um dos responsáveis pela construção de Brasília — justificava-se pela necessidade de manutenção da “linha arquitetônica” da cidade. 

No início de fevereiro, confirmando os rumores de sua saída, Pimenta antecipou-se à reforma ministerial de Sarney e demitiu-se do Minc. Na ocasião, declarou que o governo não havia perdido o “ranço autoritário” e que a juventude estava perplexa diante da impossibilidade de participação nas decisões do regime, visto que “uma minoria continuava a mandar” no país. Substituído pelo economista Celso Furtado, responsabilizou o governador de Minas Gerais, Hélio Garcia, pela sua saída.

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Conselho Nacional do Direito Autoral (CNDA), do Ministério da Cultura.

































































































1986
Revista ÍMÃ
Número 2
 
Edição de texto: Sandra Medeiros – Waly Salomão
Edição gráfica: Sandra Medeiros e Ivan Alves
 
Capa de César Cola


A ÍMÃ número 2 publicou: Antonio Cícero, Roberto Almada, Bernadeth Lyra, Adilson Vilaça, Amylton de Almeida, Waldo Motta, Arnaldo Antunes, Caetano Veloso, Júlio Bressane, Stephania Medeiros, Carlos Renó, Maurício Stycer, Matinas Suzuki, Ademir Assunção, Paulo Leminski, Oliverio Girondo, Léo Ferreira, Chacal, Juó Bananeri, Roberto Piva, Jorge Salomão, Vicente Huidobro, Alice Ruiz, Waly Salomão, Iran Caetano, Elisa Lucinda, Luciano Figueiredo.

 
 
REVISTA IMÃ POESIA, à parte entrevista com CAETANO VELOSO

A entrevista de Caetano Veloso ganha destaque, prolongando-se em um encarte separado, em papel jornal, em formato pouco menor que o do tablóide da época.

 

Entrevista: Sandra Medeiros


Foto: Vânia Toledo



















28/4/1986









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