Luiz Felipe Carneiro e Pedro Sá |
Luiz Felipe Carneiro e Marcelo Callado |
“Lado C” narra a
trajetória de Caetano Veloso até a reinvenção com a bandaCê
Por Rota Cult
22 de julho de 2022
Muito se conhece e se fala sobre o Caetano Veloso das palavras, o grande letrista, entre os maiores da história da MPB. A roupagem sonora que embala a desconcertante poesia do autor, porém, não é tão lembrada quando se avalia sua obra. Não que seja menos importante. Caetano é um músico incomum e antenado no resultado de seu trabalho, em que forma e conteúdo são indissociáveis. “Lado C” narra justamente a sonoridade buscada por Caetano desde o início de sua carreira, com destaque para a virada radical com a BandaCê, power trio que montou em 2006 com músicos 30 anos mais jovens. Em um período de dez anos, foram três discos de canções inéditas, outros três ao vivo e grandes turnês que rodaram o Brasil e o mundo.
Escrito pelos pesquisadores Luiz Felipe Carneiro e Tito Guedes, Lado C narra os caminhos que levaram Caetano a essa surpreendente aventura musical. A partir de informações inéditas, os autores contam os bastidores das gravações e o processo criativo de cada disco da trilogia, que culminou em Abraçaço. Eles mostram ainda a relação controversa de Caetano com a imprensa nesse período, detalhes do convívio com sua equipe e a as experiências e parcerias com artistas de diferentes gerações, incluindo os próprios filhos.
“Esse é, certamente, um período mais recente e pouco comentado da carreira de Caetano, mas que sem dúvida é um dos mais ricos. Ele se reinventou e renovou seu público”, observa Tito.
No dia 11 de agosto, o livro será lançado na Livraria da Travessa de Ipanema (Rua Visconde de Pirajá 578), a partir das 19h.
11/8/2022 - Os autores, Pedro Sá e Marcelo Callado |
11/8/2022 - Os autores e a fotógrafa Thereza Eugênia |
11/8/2022 - Os autores e o jornalista, biógrafo e escritor Ruy Castro |
Foto: Thereza Eugênia |
Pedro Sá |
20/8/2022 - Livraria da Travessa - Niterói |
Caetano Veloso é um artista inquieto, em permanente estado de reinvenção. Em 2006, já consagrado, ele criou a bandaCê, um power trio formado por músicos 30 anos mais jovens. Lançou três discos de canções inéditas, outros três ao vivo e caiu na estrada em turnês que rodaram o Brasil e o mundo, em um dos momentos mais produtivos de sua carreira. "Lado C" revela os caminhos que o levaram a essa surpreendente – e radical – aventura musical, desde as primeiras bandas que formou até os bastidores das gravações e a criação incomum de cada disco da trilogia, que culminou no elogiado “Abraçaço”. O livro mostra ainda a relação intensa de Caetano com a imprensa nesse período, o convívio com as pessoas de sua equipe a as experiências e parcerias com artistas de diferentes gerações, entre eles os próprios filhos.
Para montar esse quebra-cabeça, os autores Luiz Felipe Carneiro e Tito Guedes pesquisaram centenas de reportagens, discos e vídeos. Também entrevistaram o próprio Caetano, os três integrantes da bandaCê (Pedro Sá, Ricardo Dias Gomes e Marcelo Callado) e outros 40 nomes fundamentais nessa história, como Arto Lindsay, Jaques Morelenbaum, Arnaldo Brandão, Jards Macalé, Moreno Veloso, Kassin, Rodrigo Amarante, além de produtores, técnicos e amigos do artista.
“Lado C” traz ainda dezenas de fotos do acervo dos músicos e de pessoas próximas a Caetano. O resultado é um documento valioso não só para fãs, mas também para apaixonados pela Música Popular Brasileira.
ALGUMAS CURIOSIDADES DO LIVRO:
Disco clandestino – Em 2002, Caetano confidenciou ao guitarrista Pedro Sá que tinha vontade de fazer um disco “clandestino”, que não levaria seu nome e teria sua voz modificada eletronicamente. Anos depois, o cantor amadureceu a ideia, mas decidiu assinar o novo trabalho, que seria uma reinvenção de sua imagem. Os dois convocaram Ricardo Dias Gomes e Marcelo Callado, e assim nascia a bandaCê.
Encontro com Milton – As gravações de Cê foram feitas no mais absoluto sigilo. Milton Nascimento, sem saber de nada, telefonou para o estúdio procurando um técnico. Um ruído de comunicação fez a ligação ser direcionada para Caetano, que resolveu convidá-lo para uma visita no dia seguinte. Milton ouviu uma prévia do disco em primeiríssima mão e o amigo quis saber o que achou. “Mas que pergunta, Caetano…”, respondeu.
Novo público – A estreia da fase Cê aconteceu no Tim Festival, quase por acaso. Caetano e o trio foram chamados apenas cinco dias antes do evento para ocupar um dos palcos que estava com baixa procura de público. No show, foram apresentadas as 12 faixas inéditas do disco Cê e apenas três sucessos. Resultado: uma plateia de novos fãs fez coro em todas as músicas.
Musa desmentida – Por causa da faixa Um sonho, Caetano foi parar nas colunas de fofoca. A atriz Luana Piovani usou seu blog na época para contar que a canção tinha sido feita para ela. Só que o compositor a desmentiu, o que levou a atriz a apelidá-lo de “Banana de Pijama”.
Ronaldo e travestis – Caetano aproveitou a temporada Obra em progresso, em que testava no palco músicas que pretendia gravar no segundo disco com a bandaCê, para comentar notícias dos jornais. Quando o jogador Ronaldo foi acusado de não ter pago um programa com travestis em um motel do Rio, ele resgatou a obscura canção Três travestis, que havia composto nos anos 1980. Mas a plateia gargalhou tanto que Caetano precisou interromper e recomeçar. Semanas depois Ronaldo prestigiou o show, mas a música foi cortada do setlist.
Protesto de fãs – A nova sonoridade de Caetano com a bandaCê decepcionou algumas pessoas. Depois de uma apresentação na Dinamarca, uma produtora local foi até o camarim e cobrou a ausência de “músicas bonitas”, como Sozinho e O leãozinho. A resposta foi um dos famosos gestos de irritação de Caetano: “Música bonita é o que eu estou fazendo agora! Você é chata! Vai embora daqui, sua chaaaaaaata!!!”.
Reencontro com tropicalista – Durante as gravações de Abraçaço, Caetano se reencontrou com Rogério Duarte, que fez parte do movimento tropicalista. Quando o disco estava quase pronto, Caetano recebeu dele a música Hino gay. Mas antes que o álbum saísse, Rogério pediu que o amigo trocasse o título para Gayana, como a canção foi creditada.
Primeira banda – Antes de formar a bandaCê, Caetano já havia
experimentado grupos enxutos. O primeiro deles foi para o disco Transa, gravado
no exílio londrino em fins de 1971. Ele convocou Jards Macalé e mais três
músicos, que trabalharam nos arranjos das canções. O lançamento do LP marcou o
seu retorno ao Brasil em 1972, com shows históricos no Rio de Janeiro, em São
Paulo e em Salvador. Ainda nos anos 1970 e 1980, Caetano montaria outros dois
grupos: A Outra Banda da Terra e Banda Nova.
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