Crítico, musicólogo e jornalista.
“Zuza
Homem de Mello morreu dormindo. Ou pelo menos é o que podemos imaginar, tendo-o
conhecido. Paz perene, Zuza foi a melhor pessoa que conheci nos bastidores da
TV Record entre 1966 e 1968, quando esta era a emissora mais focada em música
que existia no mundo (ainda não havia a antiga MTV). O livro que Zuza escreveu
feito de conversas que teve com tudo quando é músico, compositor e cantor
brasileiro nos 1960, é terno, equilibrado e rico. E tem, na estrutura, uma
ideia crucial: todos os
entrevistados falam em João Gilberto. E João Gilberto é o único que não fala.
Zuza viveu lúcida e tranquilamente observando o desenvolvimento da Música
Popular Brasileira e, em artigos, livros e lives, iluminando-a. Ele cuidava do
som na TV. Mas ir à casa dele (não em festas de anfitrião vaidoso, mas em
conversas íntimas e audição de clássicos da canção popular do mundo) era a
coisa mais importante que podia acontecer a um contratado da Record. Eu fui
presenteado com essa convivência educadora e quero saudar a existência e Zuza.
Sinto saudade e orgulho de tê-lo tido como uma espécie muito especial de amigo.”
[Caetano Veloso, 4/10/2020]
HOMEM DE MELLO, José Eduardo. Música Popular Brasileira cantada e contada por tom, chico buarque, johny alf, carlos lyra, milton nascimento, eumir, menescal, vinicius, edu, dori, baden, elis, caetano, gil. Edições Melhoramentos, Editora da Universidade de São Paulo, 1976. 280 pág.
Roberto
Menescal, guitarrista e compositor, foi o lider do primeiro e mais ativo
conjunto instrumental na época da Bossa Nova – Foto: Arquivo de Chico Pereira |
SEVERIANO, Jairo e
HOMEM de MELLO, Zuza. A canção no tempo: 85 anos de músicas brasileiras -
Vol.1: 1901-1957. São Paulo: Editora 34, 1997. 366 pág.
SEVERIANO,
Jairo e HOMEM de MELLO, Zuza. A canção no
tempo - 85 anos de músicas brasileiras - Vol.2: 1958-1985. São Paulo:
Editora 34, 1998. 366 pág.
HOMEM de MELLO, Zuza. A Era dos Festivais - Uma parábola. Editora 34, 2003. 528 pág.
O livro traz a biografia oral do movimento bossa nova, tecida pelo crítico e historiador Zuza Homem de Mello.
Testemunha ocular e auditiva de todos os passos decisivos que nossa música popular deu nas últimas seis décadas, Zuza escreveu a primeira versão de "Eis Aqui os Bossa-Nova" em 1976.
A obra logo se transformaria numa raridade bibliográfica. Estava tudo lá: da gênese do movimento à entrada em cena de Caetano Veloso & cia. Passados 32 anos, Zuza Homem de Mello remontou todos os depoimentos recolhidos entre 1967 e 1971, acrescentou detalhes esclarecedores e enriqueceu a obra com novas reminiscências.
O livro traz depoimentos de
27 grandes nomes da música popular brasileira. Entre eles, estão: Tom Jobim,
Caetano Veloso, Carlos Lyra, Chico Buarque, Elis Regina, Gilberto Gil, Nara
Leão, Johnny Alf, Roberto Menescal e Vinicius de Moraes.
17/11/2017
Tropicalismo, 50 anos de um marco na cultura brasileira
Política, moral e comportamento também fizeram parte das mudanças advindas da Tropicália
O
movimento tropicalista reuniu diferentes manifestações artísticas em
meio à ditadura civil-militar, iniciada em 1964. Se expressou através das artes
plásticas, cinema e teatro, mas recebeu maior destaque com a música, tendo como
principais representantes Caetano Veloso, Torquato Neto, Gilberto Gil, Gal
Costa, entre outros artistas.
Assim, diante da sua importância para a cultura brasileira, o Diálogos na USP desta semana aborda os 50 anos da Tropicália. O programa teve a participação do professor Celso Fernando Favaretto, autor do livro Tropicália: Alegoria, Alegria, e do musicólogo Zuza Homem de Mello, também apresentador do Playlist do Zuza, ao ar na Rádio USP.
O início do movimento foi alvo de questionamento durante o programa. O crítico Zuza Homem de Mello considera que o grande marco do tropicalismo foi em 1968, com a gravação da música Tropicália, de Caetano Veloso. Por outro lado, o professor Favaretto acredita que: “Sob o ponto de vista da estética, podemos dizer que Alegria, Alegria e Domingo no Parque, já têm alguma coisa de tropicalismo”, se referindo ao Festival da Record de 1967, quando as canções foram apresentadas. Para ele, as composições também trazem uma nova forma de se repensar a cultura brasileira – um dos pilares do movimento.
Ambos concordam quanto ao fato dessa intervenção na música ter promovido uma série de outras manifestações. “A área de teatro, bem como a de cinema, integram-se em volta da música e acabam dando ao tropicalismo um aspecto único em termos de movimento cultural dentro da música brasileira”, afirma Zuza.
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