● Praia de Ipanema - Posto 10, Rio de Janeiro
29/7/2000, às 18h
29/7/2000, às 18h
● Praça da Paz,
parque Ibirapuera, zona sudoeste de São Paulo
30/7/2000, às 11h
CliqueMusic
Portugueses
com sotaque musical brasileiro
A cantora
Maria João e o pianista Mário Laginha vêm ao país para shows com Gilberto Gil e
aproveitam para apresentar seu novo CD, Chorinho Feliz, resultado de uma
absorção intensiva da MPB
Carlos Calado
27/07/2000
Três meses de demora não diminuíram a boa surpresa
do novo CD da cantora Maria João com o pianista Mário Laginha, Chorinho Feliz, que a gravadora
Universal acaba enfim de lançar no mercado brasileiro, aproveitando a vinda
desses músicos portugueses ao país. A dupla se apresenta por aqui este fim de
semana – sábado no Posto 10 da praia de
Ipanema (RJ) e domingo na Praça da
Paz do Parque do Ibirapuera (SP) – ao lado de Gilberto Gil e da Orquestra
Arte Viva, com entrada franca, pela série Pão Music 2000. Juntos, o anfitrião
brasileiro e seus convidados prometem cantar Aquele Abraço (do próprio
Gil) e Desde Que o Samba É Samba (de Caetano Veloso), entre outros
sucessos da música brasileira.
Parceiros há sete anos, Maria João e Mário Laginha
estão hoje entre os músicos europeus mais conceituados no cenário do jazz
internacional. Ao aceitarem uma encomenda da Comissão Nacional dos
Descobrimentos Portugueses para gravar um disco em homenagem ao Brasil,
evitaram a obviedade. Em vez de interpretar clássicos da música popular
brasileira, como tantos outros já fizeram, preferiram compor juntos as 12
faixas de Chorinho Feliz, inspirados no que já conheciam dessa música,
ou ainda no que viram e ouviram, durante uma viagem pelo Nordeste do país, em
novembro do ano passado. Boa parte das gravações aconteceu no Rio de Janeiro,
em fevereiro último. O lançamento do disco em Portugal se deu em abril.
"Este disco não é apenas uma homenagem. É também o nosso ponto de
vista sobre o Brasil. Mário e eu fomos autênticos bisbilhoteiros, andando pelas
ruas, lendo histórias ou simplesmente vendo TV. Foi um trabalho de
esponja", diz a intérprete portuguesa, lembrando que ambos
tinham muita curiosidade em conhecer o Nordeste brasileiro. "Queríamos não só ouvir o forró e o
maracatu, mas também ver as pessoas, escutá-las, sentir o cheiro das
cidades", diz Laginha. "Além
de visitar Salvador e Recife, fomos a Caruaru, em Pernambuco. Percebemos ali
várias semelhanças com o Sul de Portugal, especialmente com o Alentejo",
analisa Maria.
Músicos brasileiros marcam presença
Segundo a cantora, o critério de seleção para os
vários convidados brasileiros que participaram das gravações misturou
"admiração, paixão e identidade musical", referindo-se às escolhas de
Gilberto Gil e Lenine, que aparecem nos vocais, além de Toninho Horta (violão),
Toninho Ferragutti (acordeão), Nico Assumpção (baixo), Armando Marçal
(percussão), Ivo Meirelles e a bateria da banda Funk’n Lata. "Jamais
convidamos uma estrela por causa de seu nome. Só nos interessam convidados que
façam a música brilhar", afirma a cantora.
Maria João relaciona entre suas primeiras
influências de música brasileira os nomes das cantoras Flora Purim, Elis Regina
e Elba Ramalho, ao lado dos compositores e intérpretes João Bosco, Caetano
Veloso, Gil, Chico Buarque e Luiz Gonzaga. Já o pianista destaca os nomes de
dois grandes instrumentistas: Hermeto Pascoal e Egberto Gismonti.
"O Brasil é pródigo em revelar novos músicos", diz Laginha, confessando a surpresa que ele e Maria João tiveram ao
ouvir pela primeira vez a música do pernambucano Lenine, num dos inúmeros
discos que compraram durante a viagem pelo Nordeste. "Ele é fantástico, é a nossa paixão mais recente. Eu me sinto
muito à vontade no balanço do Lenine", diz Maria, que tem o cuidado de
cantar em um português praticamente sem sotaque lusitano.
Outro aspecto que chama atenção, no CD Chorinho
Feliz, é a variedade rítmica das composições da dupla, que misturam baião (Forró
da Rosinha), maracatu (Flor), samba (Sambinha), toada (A
Lua Partida ao Meio) e bolero (Um Amor) com ritmos africanos (O
Chão da Terra, cantada em um dialeto falado em Moçambique), sempre com
muita improvisação. "Temos um pé no
jazz e o outro anda a saltar de país em país. Para nós, não faria sentido tocar
um jazz fundamentalista. O que fazemos hoje é muito mais a nossa cara: uma
música com influências de Portugal, da África, do Brasil, até da Índia",
autodefine-se Laginha. "Eu me vejo
como uma esponja: absorvo tudo que se passa à minha volta", completa
Maria João.
Maria João e Mário Laginha lançam CD
luso-brasileiro
Guga Stroeter
Gil participa de show e CD com a dupla portuguesa -
Foto: Carol Feichas
|
A comemoração dos 500 anos de Descobrimento do
Brasil tem rendido bons frutos artísticos.
A visita de músicos lusitanos ao Brasil tornou-se
mais freqüente e o projeto Pão Music vem colocando lado a lado, em grandes
concertos ao ar livre, os mais expressivos nomes da MPB e os novos valores da
canção portuguesa. Dentro dessa programação, Gilberto Gil apresentou-se com o
pianista Mário Laginha e a cantora Maria João, no sábado 29 em Ipanema, no Rio.
Esta surpreendente parceria ocorre também no CD Chorinho Feliz, lançado pela Universal.
O conceito e a sonoridade do álbum são peculiares:
este é um CD de música brasileira composta por portugueses. As melodias de
Laginha e as letras de Maria João recebem arranjos acústicos de virtuosos
instrumentistas brasileiros como Toninho Horta, Toninho Ferragutti, Nico
Assumpção e Armando Marçal. A viagem coletiva vai mais longe. Algumas canções
são construídas sobre múltiplos ritmos de tambores da África, num refluxo
cultural da presença portuguesa naquele continente desde o século 15.
Laginha e Maria João são reconhecidos
internacionalmente como músicos de jazz contemporâneo e isso fica claro no
repertório. Em algumas faixas, a voz de Maria João soa como um instrumento
cantando melodias intrincadas com onomatopéias. Em outras, a interpretação está
a serviço da letra e a cantora opta por um sotaque marcadamente nordestino.
Gilberto Gil participa na canção romântica “Um Amor” e empresta sua voz a “O
Chão da Terra”, cantada em dialeto moçambicano. Já Lenine colabora na suingada
“Flor”.
O resultado do trabalho é relevante e mostra que a
nova música portuguesa vai muito além do fado. Acima de tudo, celebra a
felicidade do encontro: Maria João e Laginha são explícitos, encerrando o CD
com “Sambinha”, onde declaram que “tem
gente que pensa que não gostamos de dançar/ que nossa alma é tristonha, só
cantamos pra chorar/ sorria meu senhor/ português gosta de samba e de sambar
com o seu amor.”
Rio de Janeiro - Praia de Ipanema, Posto 10 |
FOLHA DE S.PAULO
20/07/2000
Gilberto Gil canta com portugueses no próximo final
de semana em SP e no Rio
Da Folha
Online
em São Paulo
A quarta série
de espetáculos "Pão Music 2000" vai levar aos palcos de São Paulo e
do Rio de Janeiro o cantor Gilberto Gil e a dupla Maria João & Mário
Laginha, de Portugal.
As apresentações
acontecem no dia 29 (sábado), às 19h, no Posto 10 da praia de Ipanema, no Rio,
e no dia 30 (domingo), às 11h, na praça da Paz do Parque do Ibirapuera, em São
Paulo.
Os espetáculos
são abertos ao público e gratuitos.
Gil promete
repassar os principais sucessos de sua carreira num inusitado formato
sinfônico. Ele se apresentará com violão, acompanhado da Orquestra Arte Viva,
que tem 36 integrantes e é regida pelo maestro Amílson Godoy.
No repertório
estão novas versões para "Domingo no Parque", "Refazenda",
"Parabolicamará", "Estrela", "Se Eu Quiser Falar com
Deus", "Asa Branca", entre outras composições que marcaram sua
trajetória.
Gil e os
portugueses Maria João & Mário Laginha também interpretarão algumas músicas
juntos, como "Chão da Terra", "Desde que o Samba é Samba" e
"Aquele Abraço".
E ainda há
espaço para duas surpresas para o público. A organização não revela que canções
serão executadas no palco. É quase certo, no entanto, que a dupla portuguesa
arrisque um samba no palco e Gilberto Gil solte a voz interpretando alguma das
canções do ultimo CD da dupla, intitulado "Chorinho Feliz".
O GLOBO |
O baiano Gilberto Gil (esq.), que participa do CD
dos portugueses Maria João e Mário Laginha, com quem se apresenta hoje, no
Ibirapuera - João Wainer / Folha Imagem
|
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