domingo, 22 de marzo de 2015

1976 - PARCEIROS - José Agrippino de Paula



José Agrippino de Paula [São Paulo, 13/7/1937 – Embu, 4/7/2007]





EU E ELA ESTÁVAMOS ALI ENCOSTADOS NA PAREDE
Música: Gilberto Gil y Caetano Veloso
sobre texto de José Agrippino de Paula





1967 - Gil e Caetano com PanAmérica na mão



























 

 
PAULA, José Agrippino de. PanAmérica. Editora Tridente, 1967, 1ª edição. 259 páginas.

Capa: Antônio Dias 




1988, Capa da 2ª edição





2001, Capa da 3ª edição de PanAmérica





“José Agrippino de Paula vivenciou os conteúdos da vida no final do século passado com tanta frieza e tanta paixão que talvez não haja no mundo nenhuma obra literária contemporânea de seu PanAmérica que lhe possa fazer face. O livro soa (já soava em 1967) como se fosse a Ilíada na voz de Max Cavalera”. 

[2001, Caetano Veloso, Prefacio de la 3ª Edición]












 



 
2012 – CAETANO VELOSO 
Testimonio (8:37) 
“Exu 7 Encruzilhadas 
SESCSP CD SS 028/11, Track 11. 
SESC DVD SS011/11.







Revista Brasileiros
26/06/2012

Fragmentos do guru tropicalista

Exu 7 Encruzilhadas – José Agrippino de Paula resgata a importância do autor de PanAmérica

Natalia Chiarelli

Um cronópio, como definiu o escritor argentino Julio Cortázar, é um indivíduo que vive fora do eixo do esperado. Desse desencaixe imanente resulta uma faísca que o mundo traduz em poesia. A obra variante, não linear, de José Agrippino de Paula é revista na caixa Exu 7 Encruzilhadas – José Agrippino de Paula, do selo SESC, que traz registros em áudio e dois curtas inéditos. O lançamento reitera a importância desse cronópio brasileiro, que morreu em consequência de um infarto, em 2007, às vésperas de completar 70 anos.

Excêntrico e visionário, Agrippino usufruiu organicamente de diversas disciplinas criativas e foi um artista multimídia na acepção mais ampla do termo. Autor de PanAmérica, romance divisor para a literatura brasileira, que completa 45 anos de sua primeira publicação, influenciou ícones da Tropicália, como Gilberto Gil e Caetano Veloso, que depõe na caixa. Amigos, estudiosos e admiradores, como Carlos Reichenbach, Jô Soares, Jorge Bodanzky, Jorge Mautner, Tom Zé e Stênio Garcia, também prestam homenagens a esse guru da contracultura brasileira no libreto que integra a coletânea.

Reunindo produções obscuras, Exu 7 Encruzilhadas traz um CD com dez faixas de áudio, criadas a partir de colagens em fita magnética por Agrippino e amigos. Pulsações, uivos, ragas indianos e batuques mântricos são sobrepostos e sequenciados. Tudo na mais baixa fidelidade e mais alta ambição: “Não ouça música, bicho, faça o seu barulho!”. É a recomendação deixada por Agrippino na embalagem da fita que semeou a ideia. Doada pelo cineasta Hermano Penna, diretor do premiado longa Sargento Getúlio e digitalizada pela videoartista Lucila Meirelles, a produção musical de Agrippino é seguida da reação do amigo Caetano Veloso, na última faixa do CD.

Nos anos 1970, Lucila frequentou o ateliê de José Roberto Aguilar, amigo íntimo de Agrippino, que desenhou a capa da reedição de 2001 de PanAmérica (Editora Papagaio) e atuou em muitos de seus vídeos. Na década seguinte, teve custódia sobre a obra audiovisual do escritor, fato consolidado em 1988, quando organizou a instalação Sinfonia Panamérica, simultaneamente na Galeria Fotóptica e no Museu da Imagem e Som de São Paulo. Lucila acumulou horas de conversas gravadas na casa de Agrippino, em Embu, São Paulo, onde ele viveu isolado por anos, diagnosticado esquizofrênico. Desses encontros, ela montou a entrevista Lero Lero Agrippínico, apresentada na caixa, com Áfricas Utópicas, que relata encontros do artista com a psicanalista Miriam Chnaiderman, em 2005 e 2006.

Os dois registros revelam um homem de palavras calculadas, dócil e bem articulado que, apesar da esquizofrenia, tem plena consciência de sua importância. Sua fala tem uma métrica hipnótica que lembra a narrativa do “eu”, protagonista de PanAmérica.



Outras boas surpresas são os dois curtas-metragens. Rodados em super 8, na África, em 1972, retratam ritos de Candomblé no Togo e Dahomey, e o relato fascinante da viagem que Agrippino fez com sua então companheira, a bailarina Maria Esther Stockler. Fragmentos de um legado singular, impactante e ousado.





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