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Dona Mariah Costa Penna (9/2/1902 - 16/2/1993)
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Depoimento de D.
Mariah, mãe de Gal
Extraído do programa "Ensaio" (TV Tupi) documentado
pelo Fernando Faro, em abril de 1971.
A história do nascimento
da Gal não tem nada de complicado, nada de complicar.
(Você
ouvia música?)
Eu? Ouvia muito,
muito, muito, muita música mesmo.
(Que
músicas?)
Eu ouvia discos
clássicos, que eu gostava muito da música clássica. Naquele tempo lá não estava
muito em voga a música popular as músicas clássicas eran muito mais apreciadas
e eu..
(Você
quería que eu nascesse musical, mãe?)
Queria sim, eu queria ter um filho que fosse um grande
pianista, um grande compositor. Inclusive todos os
días eu punha um disco para tocar e deixava que a música revoasse no meu cérebro
e felizmente ela deu um bom resultado a filha que eu tive não nasceu um menino
que desde pequena com um ano e 7 meses ela já cantava isto é, ela antes de
falar ela já cantava lá, ela nasceu cantando.
(A
senhora ouve as da sua filha, as músicas de Gal?)
Se eu gosto das
músicas de Gal? Que ela canta?. Gosto muito, sobretudo as do Caetano Veloso. É
que é o meu compositor popular o que eu mais gosto, que eu mais aprecio.
(Qual
do Caetano? Qual a música do Caetano?)
Todas elas!
(Não
tem uma que gosta mais?)
A que eu mais gosto
últimamente é “London, London”, tem também..
(“Você
Não Entende Nada” você diz que gosta)
Eu estou falando
muito feio. Não sei, você precisa cortar esse pedaço
(Não,
tá bonito) / (Que
nada, mãe!)
Tá horrível!
(Você
não gostaria de fazer um discurso?) / (Um
discurso)
Não, eu não quero
fazer discurso porque eu não..
(Ô
mãe! Vem, cá! E o seu livro que você está escrevendo)
O livro que eu
estou escrevendo?. Você me pediu que escrevesse minhas memorias da infancia,
não é?. Quer dizer, dos primeiros anos de minha vida e eu estou fazendo para
dedicar justamente a você, mas não tem nada, não tem pretensão literaria e nada
disso. De todas as cantoras que mais gosto, olhe. Quase todas as mães são
corujas, não?. E eu não fuio..
(À
regra)
À regra, eu não
fujo à regra. Quando as pessoas
me perguntam se eu me sinto vaidosa me sinto por ter uma filha cantora eu
respondo sempre que não. Que o amor e a ternura que eu sinto por ela são tão
grandes que eu não deixo nenhum lugar para outros sentimentos.
1972
Revista inTerValo
2000
Ano
X – n° 498
31
de julho de 1972
Capa:
Maysa
Foto
de Jorge Butsuem
Editora
Abril
Pág.
38
1972
Revista Amiga
n° 115
1 de agosto de 1972
1975
Revista Romântica
Ano XV - n° 199
Editora Vecchi
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23/9/1978 - JORNAL DO BRASIL |
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25/9/1978 - JORNAL DO BRASIL |
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1978, A Casa do Morro |
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Caetano e Dedé Veloso
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Emílio Santiago e Gal Costa - Foto: Acervo Paulinho Lima |
Fotos: Acervo Paulinho Lima
1978
Revista Manchete
14
de outubro de 1978
n°
1.382
1978
Revista Contigo
n° 266 – Novembro 1978
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Hacia fines de febrero de 1989, la madre de Gal Cosa presentó "Vidas da vida" su segundo libro en Curitiba.
Entre los invitados por Jaime Lerner, prefecto de la ciudad estaban Caetano Veloso y Gilberto Gil.
En 1978, había publicado "A
Casa do Morro", en la editorial Tormes (263 pág.).
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14/10/1989 - JORNAL DO BRASIL |
COSTA PENNA, Mariah. Vidas da vida - aos Humildes e Humilhados
Horizonte Editora Ltda., Brasilia. 1989, 183 pág.
1989
Revista Manchete
11
de novembro de 1989
Ano
38 – n° 1.960
21/2/1989
Estado do Paraná
Texto de Aramis Millarch
Dona Mariah, a mãe de Gal, vem lançar
"Vidas da Vida"
Uma boa notícia: talvez a
vinda de Gal Costa a Curitiba seja antecipada para o próximo fim de semana. Não
que o lançamento oficial de sua linha de perfumaria vá acontecer imediatamente
(conforme aqui registramos na coluna de domingo), mas, sim a bela superstar
viria para um evento bem mais afetivo e familiar: prestigiar a noite de
autógrafos de "Vidas da Vida", livro de crônicas-contos de sua mãe,
Mariah Costa Penna.
A arquiteta Consuelo
Cornelsen, que se divide entre Curitiba-São Paulo-Rio de Janeiro, deve voltar
hoje à cidade para definir a festa de lançamento de "Vidas da Vida",
"que será uma grande celebração a Dona Mariah, uma pessoa maravilhosa e
que todos os artistas baianos adoram". Justamente por isso, não se
surpreendam se a colônia baiana, em peso, chegar a Curitiba a partir de
sexta-feira, a convite do prefeito Jaime Lerner - amigo de Gilberto Gil e Caetano
Veloso, com quem sempre se desdobrou em gentilezas quando vêm a Curitiba.
Agora, numa retribuição a Lerner, Gal, Gil, Caetano e outros baianos bem
sucedidos escolheram Curitiba para fazer o lançamento nacional de "Vidas
da Vida".
A produção deste volume
de 183 páginas tem muitas ligações com Curitiba, conforme aqui registramos há
mais de um ano, quando Consuelo Cornelsen começou a armar o projeto. Miran
(Osvaldo Miranda), o mais conhecido designer e artista gráfico da terra, fez
ilustrações para o livro - em preto e branco, numa linha simples e, de certa
forma num estilo diferente daquele estilo que tradicionalmente caracteriza seus
trabalhos. Consuelo coordenou a edição, embora oficialmente seja Geraldo
Vasconcelos, da Horizonte Editora (de Brasília) que faz o lançamento. Pequena
editora, pouco conhecida ainda, a Horizonte já fez, entretanto, 390 edições,
atingindo uma respeitável cifra de tiragem: um milhão e cem mil exemplares,
somando todos os seus títulos. Num estilo simples, mas muito bem trabalhado nas
palavras, Dona Mariah Costa Penna, uma senhora com mais de 80 anos,
extremamente simpática segundo todos que a conhecem, coloca nos textos de seu
"Vidas da Vida" flagrantes humanos, estabelecendo uma empatia dos
personagens com os leitores.
Sente-se em seus textos os
reflexos de personagens reais, com estórias acumuladas ao longo de toda a sua
vida - o que faz com que a leitura de seu livro (o segundo que publica, pois há
12 anos, pela Editora Tommes já havia lançado "A Casa do Morro") seja
agradável e estimulante. São seis textos avulsos - "Pedaço de Vida",
"Adversidade", "O Anjo do Canteiro", "A Menina e o
Cão", "Charuteiras" e "O Mar e o Menino", que espelham
o universo de pessoas simples e extremamente humanos - em suas paixões,
problemas do quotidiano, dúvidas e inquietações. Na dedicatória, Dona Mariah
reporta-se a Dostoievski ao dedicar seu livro aos "humildes e
humilhados", mas acrescenta seu justo orgulho de ver a filha Gal como uma
de nossas maiores estrelas: "tudo que escrevo é para minha filha". No
curto prefácio, Márcia Stein diz com precisão: "a linguagem porreta de
boa, faz sorrir de saudade de um tempo que se a gente não viu, reconhece por
ser brasileiro. A postura é a do galo; das esporas prontas para a briga, essa
que acontece todo dia, a de sobrevivência do corpo e da alma".
25/2/1989
Estado do Paraná
Texto de Aramis Millarch
Dona Mariah, as lições de uma jovem de 84 primaveras
Aos 84 anos - completados no último dia 9 de fevereiro, ela oferece a imagem da juventude e energia. Em sua simplicidade, tornou-se mais do que a amiga de toda uma geração de baianos que se tornaram nomes famosos nas artes brasileiras a partir dos anos 60: cantores, compositores, músicos, artistas plásticos, escritores - ou simplesmente gente, a quem parece transmitir sua receita de felicidade e simplicidade de saber bem viver. Por isto, não será surpresa se, até o último vôo de segunda-feira, 27, desembarcarem no aerorporto Afonso Pena, nomes famosos que aqui estarão apenas para dar aquela força, à noite, quando estiver autografando os primeiros exemplares de seu segundo livro ("Vidas da Vida", 176 páginas, Editora Horizonte), na livraria Dario Velozzo (Praça Garibaldi, 7) Guru carinhosamente estimada e admirada pelos baianos, Dona Mariah Anunciação da Costa Ferreira Sanchez Bordálio Galante Penna, baiana de São Feliz do Paraguassu, no recôncavo de Salvador, tem, entre as alegrias de sua vida a de ser a mãe daquela que, para muitos, é uma das cantoras de voz mais belas do mundo - Gal Costa. A amizade que a une à curitibana Consuelo Cornelsen, arquiteta, especialista em projetos especiais e agora associada a Gal na Olubagê - empresa que está lançando a perfumaria Gal Costa, fez Dona Mariah vir a Curitiba para aqui autografar o seu livro. Estava sendo esperada ontem à tarde, para descansar na chácara da família Cornelsen - na qual, sua famosa filha, costuma anonimamente, repousar.
A presença de Dona Mariah Costa Penna entre nós valerá muitas notícias na imprensa e televisão. Por certo, falará de seu lado literário - embora as perguntas sempre insistam mais em torno da filha. Para antecipar aos leitores do TABLÓIDE, um pouco de Dona Mariah, uma amiga da coluna, a bela Christina Bastos - que é também amiga e assistente voluntária de Consuelo, conversou com a autora de "Vidas da Vida" e o resultado está na entrevistinha informal, simples que merece publicação especial neste sábado.
25/2/1989
Estado do Paraná
Entrevista de Christina Bastos
Idéias atuais de uma mulher de sentimentos
Christina Bastos - Dona Mariah, quais seus autores preferidos?
D. Mariah - Atualmente não leio muito autores estrangeiros. Mas já li muito, sobretudo os franceses que lia no original. Anatole France tem a minha preferência apesar de gostar de Victor Hugo, Baudelaire, Balsac... Lia também muito os portugueses: Eça de Queiroz, Fernando Pessoa. Dos escritores da atualidade, naturalmente dois baianos já internacionais: Jorge Amado e João Ubaldo.
Christina - A Sra. citou somente os homens. E as escritoras mulheres?
D. Mariah - Não gosto muito não... a não ser Clarice Lispector... Cristina - Qual o livro que mais a impressionou? D. Mariah - Houve uma época em que lia muito as bigrafias de personalidades americanas e inglesas. Mas o livro mais forte do mundo é a Bíblia. Porque com verdades e mentiras faz a gente meditar, ter medo e confiança na vida.
Christina - O que a Gal significou para a Sra. - como filha e cantora?
D. Mariah - Gal como filha significa para mim todo o lado emotivo, a minha coragem, minha força. A integração. Agora, como cantora acho que ela é a melhor, porque a voz, ao ouví-la, desde pequena se tornou para mim tão nítida, tão clara, tão penetrante, tão linda...
Christina - E de sua experiência de vida, no alto de seus 84 anos de sabedoria, o que dá para concluir?
D. Mariah - A vida é uma dádiva de Deus, e apesar de todos os pesares viver é muito bom. A gente não ser é horrível e ser é terrível. Tudo que recebi foi um presente da humanidade. Tudo que recebemos vem através de outras pessoas. Através de outras vidas recebemos estas dádivas todas. Ao mesmo tempo que criamos alguma coisa, nós somos parasitas.
Christina - O que a Sra. sente quando escreve?
D. Mariah - Não sinto nada quando escrevo. Quando escrevo eu penso na criação. Criação de personagens - é uma coisa boa a gente ver nascer um personagem na cabeça, que se tornam verdadeiros pra gente. São obras humanas e não obras de arte.
Christina - A Sra. tem algum personagem preferido?
D. Mariah - Neste "Vidas da Vida" são, de certa forma, todos os mais simples - os humilhados e os humildes, aos quais, aliás, dediquei este meu segundo livro.
Christina - E o seu primeiro livro?
D. Mariah - Há 12 anos, pela primeira vez mostrei meus escritos ao Rubem Braga. Ele me incentivou a publicá-los e o meu primeiro livro, hoje esgotado, chama-se "A Casa do Morro".
Christina - Com a sua sabedoria qual o conselho que daria aos que estão começando?
D. Mariah - Eu não dou conselhos porque cada um segue o seu destino. Só digo que aproveitem. Não olhem o lado amargo da vida.
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16/3/1993 - O GLOBO |
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16/3/1993 - JORNAL DO BRASIL |
Dona Mariah Costa Penna (9/2/1902 - 16/2/1993)
Cemitério de São João Batista (Rio de Janeiro / Botafogo)
Perpétuo 9509-A, Quadra 13
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Foto: Evangelina Maffei |
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